Baby, Baby escrita por Lura


Capítulo 1
Pergunte ao Gildarts


Notas iniciais do capítulo

Esta one já foi postada no Spirit, onde atualmente eu posto a a maioria das minhas histórias.
É difícil para mim ver que o Natsu, atualmente no mangá, é tão alheio aos aspectos banais de uma vida íntima.
Honestamente, eu prefiro acreditar que ele se faz de sonso para viver, talvez para evitar pressões em relação a relacionamentos, mas a verdade é que eu acho que idiotizaram o personagem. É só observar que, no início da obra, lá na saga do Duque Everlue, enquanto eles estavam na biblioteca procurando o livro que deveriam destruir, Natsu alegou ter achado um “pornô”. Ou seja, tinha conhecimento do que se tratava. Esse é apenas um exemplo, existem outros indícios na obra.
De qualquer maneira, se essa é a realidade atual, ao menos vou aproveitá-la para fazer uma história que me divirta.
Então aqui está, mais uma one Nalu. Estou aproveitando a vibe (que eu sei que é passageira) para explorar o casal, já que a inspiração para “Conspiração” não veio, por enquanto.
Para situá-los, a fic se passa após o término da missão de cem anos.
É isso. Espero que gostem.



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Era difícil acreditar que Natsu, em seus vinte anos biológicos, ainda pensasse que os bebês humanos vinham de ovos.

Biológicos sim, pois boa parte dos membros da Fairy Tail tinham um lapso de sete anos de congelamento que preferiam ignorar na maior parte do tempo, para não confundir suas mentes, o que apenas não se aplicava às situações em que tinham que usar seus documentos pessoais.

O caso de Natsu e dos outros dois dragon slayers da guilda, era ainda mais complicado, uma vez que tinham por nascimento uma data de quatrocentos anos no passado.

Mas o eclipse os aproximou, então, sim, Natsu tinha apenas vinte anos efetivamente vividos, mas nenhum membro da Fairy Tail, àquela altura, duvidava que mesmo que ele tivesse vivido os quatrocentos, ainda seria denso o suficiente para acreditar que bebês humanos vinham de ovos. 

Não era fácil de aceitar, no entanto.

Gildarts — o membro que passava pouco tempo na sede da guilda e, portanto, estava menos suscetível aos disparates do mago do fogo —, ainda o encarava, após ele fazer tal afirmação, como se fosse algum tipo de anomalia. O dito rapaz, no entanto, seguia tomando sua bebida, indiferente ao espanto do mais velho.

Não entendia porque tanto estardalhaço sobre o assunto. 

Filhotes vinham de ovos.

Assim Igneel lhe contara. 

Ele mesmo havia presenciado Happy vir ao mundo dessa maneira, então qual o sentido em insistir no contrário? 

— Isso é sério? — Gildarts indagou, apontando o dedo para o jovem de cabelos rosas, enquanto perpassava os olhos sobre as demais pessoas ao redor.

Makarov, sentado sobre o balcão, apenas meneou a cabeça resignado, enquanto Laxus olhava para o lado oposto, claramente indicando não querer se envolver. Lucy, por sua vez, suspirou desanimada e Happy seguiu roendo seu peixe, pois nada mais importava no mundo.

— Pensávamos que ele assimilaria a verdade com a gravidez de Levy-chan, mas não ajudou que os gêmeos tenham nascido prematuramente e nosso time estivesse em missão durante o parto — foi a maga estelar quem tomou a palavra e explicou. — Quando fomos informados sobre o nascimento, a primeira coisa que ele perguntou foi se os bebês saíram do mesmo ovo ou se Levy-chan botou dois — emendou com um estremecimento, a lembrança de um Gajeel furioso pelo questionamento assombrando sua mente. 

Gildarts soltou uma risada pelo nariz, mas logo franziu o cenho novamente, ainda incrédulo quanto à limitação do conhecimento do rapaz sobre certos… Assuntos.

Tal realização fez com que automaticamente alternasse o olhar entre Natsu e Lucy. Houve um tempo em que ele pensou que, em algum momento, o mago do fogo se assumiria com Lisanna, porém bastou colocar os olhos pela primeira vez na interação que ele mantinha com a maga estelar para concluir que seu palpite provavelmente estava errado.

Naquela época, ele e muitos outros acreditavam que, nessa altura, os dois estariam estabelecidos. Era o normal a se esperar, uma vez que Gajeel já havia constituído família; Erza e Jellal estavam noivos e Gray e Juvia estavam próximos disso. 

Contrariando a expectativa geral inicial, o relacionamento de Natsu e Lucy permanecia o mesmo de sempre. 

Uma amizade intensa; um laço mais forte que qualquer coisa que já tenham visto. Algo que geralmente leva anos para se estabelecer, mas havia sido praticamente instantâneo entre eles. Hoje, sabiam a influência indireta que Anna Heartfilia tivera nisso.

Mas era só.

Agora, não era realmente difícil perceber o limitador do avanço deles, visto que todos sabiam que a maga estelar constituía a parte inteligente da relação.

Inevitavelmente, Gildarts sentiu pena da garota.

— Você não teve “a conversa” com todos os pirralhos da guilda? — foi o questionamento que fez ao voltar-se para Makarov, e também a deixa para que Lucy e Happy saíssem apressadamente dali.

O velho mestre suspirou.

— Enquanto Porlyusica ficou responsável por dar uma palestra para as meninas na Fairy Hills, eu reuni todos os moleques aqui na guilda para explicar o que eles precisavam saber... Bem... Da vida — expressou. — Mas você sabe o que o Natsu fazia quando se aproximava de qualquer outro membro, independente de gênero ou tamanho — lembrou, e o ruivo pôde facilmente imaginar um pequeno dragon slayer do fogo importunando os colegas um a um, convocando-os para brigar, enquanto um Makarov exasperado tentava seguir sua explicação, diante de um quadro mágico com desenhos bem didáticos. — Honestamente, fico aliviado que Gray tenha assimilado o principal, visto que eles se agrediam a todo momento — continuou o velho, olhando para o mago do gelo, sentado em uma das mesas da guilda, com uma Juvia muito contente apoiada em seu ombro. — Então apenas conclui que se Natsu precisasse, procuraria saber — completou, dando de ombros.

A última fala provocou um estalo na mente de Gildarts: Natsu obviamente sabia o que era conteúdo impróprio para menores, uma vez que parecia bem consciente do teor das revistas que o devolveu, quando trocaram as bagagens sem querer, na oportunidade em que se esbarraram por acaso em sua viagem.

E, ainda assim, não tinha conhecimento a respeito da maneira que os bebês nasciam? 

Era realmente difícil conceber. Literalmente e figurativamente falando.

— Ok, Natsu, assim não dá para continuar — falou, atraindo a atenção do rapaz, que terminava sua bebida. — Eu vou te contar como os bebês nascem e o que exatamente os pais precisam fazer para criar um, em primeiro lugar.

Makarov e Laxus se encararam, questionando-se com o olhar se deveriam continuar ali. 

— Eu já disse que Igneel me explicou que filhotes vêm dos ovos — argumentou, lançando ao ruivo um olhar entediado.

A resposta de Natsu foi suficiente para que avô e neto decidissem que aquele era um evento interessante demais para perder, pelo que, após acenarem com as cabeças um para o outro, permaneceram onde estavam.

Gildarts, por sua vez, adotou um semblante exasperado.

— Continue com essa atitude e nunca terá filhos! — avisou.

— Eu terei — Natsu contestou, casualmente, para espanto dos três homens ao redor. — Eu vi em Edolas — lembrou. — Edo-Eu e Edo-Lucy tiveram uma filha, então acho que em algum momento Nasha vai nascer por aqui — explicou. — Só não sei exatamente quando Lucy vai botar o ovo — concluiu.

Gildarts, Laxus e Makarov encararam o rapaz, estupefatos.

— Ele realmente tem expectativa de formar uma família com a Lucy — comentou o mestre, admirado.

— Sinto menos pena dela agora — Laxus observou, sorvendo um longo gole da sua bebida antes de continuar: — Será que ela ao menos sabe disso?

Por sua vez, a mente de Gildarts clareou. Ele havia encontrado o meio de despertar o interesse de Natsu e, talvez, enfiar a verdade em sua cabeça.

— Bem, eu sei que Igneel lhe deu boas explicações, mas eu duvido seriamente que você prestou atenção em todas elas, provavelmente porque estava chamando-o para lutar ou algo assim — alegou, tratando de reiniciar o assunto de modo a isentar o dragão que criou o rapaz de qualquer responsabilidade, a fim de driblar sua resistência.

O dragon slayer de cabelos róseos chegou a abrir a boca para questionar, mas cruzou os braços, emburrado. Mesmo ele era consciente de que não poderia refutar aquele argumento.

— Por outro lado, se você prestar atenção, vou dizer exatamente o que tem que fazer para que a Nasha nasça neste mundo — contou, sorrindo maliciosamente, satisfeito por ver que o mais novo lhe encarava com interesse. — E se você entender, eu luto com você mais tarde — prometeu.

— Certo! — a proposta foi o incentivo que faltava para que Natsu concordasse, com empolgação.

Sem perder tempo, Gildarts começou sua palestra, em termos baixos e diretos, que faziam os olhos do mago do fogo se arregalarem mais e mais, ao passo que Makarov e Laxus lutavam para manter suas expressões sérias e não estragar o momento.

Em uma mesa não muito longe dali, mas distante o suficiente para que a conversa não chegasse aos seus ouvidos, encontrava-se Lucy, curiosa com o modo que, ocasionalmente, Gildarts e Natsu paravam de conversar e a encaravam, o primeiro com expressão sacana, o segundo com o semblante espantado, enquanto Makarov e Laxus pareciam se esforçar para manter seus rostos neutros.

Involuntariamente, sentiu a face esquentar, lembrando-se do assunto que discutiam antes que ela fugisse para o bem de seus ouvidos e questionando-se mentalmente se ainda continuavam nele.

— É impressão minha ou os quatro idiotas estão falando de mim? — indagou, sem cessar de balançar o bebê que vinha segurando, consciente que, na verdade, havia apenas um idiota no citado quarteto.

Levy observou como a irritação da amiga afetava a forma que ninava seu filho, mas após concluir que a criança estava segura, olhou para a direção indicada por ela.

— Parece que sim — respondeu, também intrigada pela maneira que, ocasionalmente, os quatro fitavam Lucy, ostentando diferentes expressões, para em seguida lançar um olhar questionador a Gajeel, o único naquela mesa que realmente era dotado de uma audição super afiada.

A risada característica do dragon slayer do ferro era tudo que a maga estelar precisava como confirmação para ir até lá tirar satisfações.

— Eu não faria isso se fosse você, coelhinha — vendo que a loira fez menção de se levantar, Gajeel aconselhou, sem descuidar de balançar a metade feminina de seus gêmeos, que dormia tranquilamente em seus braços. — Se você os interromper, perderá a chance da sua vida — alertou, abrindo um sorriso tão maldoso quanto o que Gildarts sustentava.

Lucy tornou a enrubescer,  desconfiando cada vez que os quatro homens permaneciam no mesmo assunto de quando os deixou, embora não soubesse dizer como aquilo afetaria uma pessoa tão inocente quanto Natsu. Mesmo assim, lançou um olhar indagativo em direção à Levy, que apenas deu de ombros, inconsciente em relação ao que o companheiro se referia, embora, no fundo, tivesse certa intuição.

De volta ao balcão, Natsu encarava a parede à sua frente de maneira completamente atônita, tentando assimilar as informações que Gildarts jogara em cima dele. Era demais para processar e, parecia tão estranho que viu a necessidade de questionar o ruivo se havia, de fato, entendido direito:

— Então eu tenho que colocar o meu…

— Aham.

— Dentro da…

— Isso mesmo!

— E depois de nove meses o bebê nasce.

— Você entendeu.

O mago do fogo caiu novamente em um silêncio atordoado, mal percebendo que os três outros homens já não conseguiam segurar suas risadinhas.

— E como no mundo eu vou convencer a Lucy a me deixar fazer isso? — perguntou e os mais velhos finalmente explodiram em gargalhadas.

— Isso, meu amigo — Gildarts começou, entre um fôlego e outro —, você vai ter que descobrir por si mesmo — acrescentou, decidindo que o mais novo poderia muito bem correr atrás de um pouco de informação. Afinal, se não conseguisse, eles estariam ali para explicar tudo novamente. — Mas se quer saber, não acho que será tão difícil assim — acrescentou, vendo a maneira curiosa com que a maga estelar os observava. — Então, você e eu lá fora? — questionou por fim, lembrando-se da sua parte do acordo.

— Hoje não — recusou ele, ainda aturdido, antes de caminhar para longe do grupo em direção à saída, despedindo-se com um aceno.

Laxus assobiou, impressionado.

— Ele deve ter ficado realmente perturbado, para recusar uma luta com você, Gildarts — apontou.

O ruivo apenas abriu um largo sorriso,  antes de responder:

— Mas agora, talvez, as coisas evoluam de forma interessante — falou, sem ignorar que Lucy praticamente corria para seguir Natsu para fora da Guilda.

E quando Happy passou voando próximo ao balcão, a fim de alcançar os dois, não pôde evitar de, num impulso, segurar o exceed pelo rabo.

O gato azul gritou assustado pela interrupção de seu trajeto.

— Por que fez isso, Gildarts? — choramingou, completamente confuso com o comportamento do ruivo.

— Fique aqui por mais um tempo e eu te dou mais um peixe — propôs.

Happy o encarou, desconfiado quanto ao que motivava o mago mais forte da Fairy Tail a suborná-lo, mas decidiu que poderia deixar seu estômago levar a melhor, desde que fosse bem pago.

— Dois — lançou a contraproposta.

— Fechado — Gildarts concordou, apertando a própria destra na pata direita do exceed para selar o acordo.

Fora da guilda, Lucy estudava, com extrema curiosidade, o dragon slayer do fogo, que mantinha um semblante um tanto sério enquanto caminhavam, coisa que não era de seu feitio, já que fazia qualquer trajeto envolvido em brincadeiras e conversas animadas.

A loira estava tão compenetrada em sua investigação, que mal notara que o outro tomara intuitivamente o rumo de seu apartamento, coisa que, em outra situação, faria com que ela reclamasse por todo o caminho, em razão de ter sua habitação constantemente invadida pelo mago do fogo e seu parceiro felino azul.

— Você parece ter ficado assustado, depois de conversar com Gildarts — tentou extrair algo dele, não tão sutilmente quanto desejava.

Mas era Natsu, afinal. Natsu que estranhamente a encarou de forma apática, após o assunto ser levantado.

— Ele me explicou algumas coisas — respondeu, simplesmente.

— Que tipo de coisas? — a loira indagou, embora sentisse que se arrependeria mais tarde.

Os dois avançaram mais alguns passos em silêncio, até que o dragon slayer soltou de supetão:

— Me falou o que eu tenho que fazer com você para Nasha nascer nesse mundo.

Lucy congelou na calçada, o rosto tornando-se mais vermelho que nunca. Agora ela entendia porque Gajeel ria de gargalhar quando a conversa entre Gildarts e Natsu chegava ao fim.

— Eu achei que você apenas botaria nosso ovo quando chegasse a hora, mas Gildarts disse que para fazermos um bebê eu preciso enfiar o meu…

— NATSU!!! — a maga estelar gritou para interrompê-lo, mortificada e sentindo-se repentinamente grata pela rua ser tão deserta àquela hora da noite.

— É, eu também achei estranho no início — o rapaz falou, interpretando erroneamente o comportamento da parceira. — Mas veja o lado bom, Lucy! Isso significa que podemos escolher quando vai acontecer! — acrescentou, levemente animado. — Eu meio que esperava que você botaria um ovo aleatoriamente em algum momento — admitiu.

A garota não pôde evitar de bater com a mão na própria testa. Ela não acreditava que o dragon slayer realmente tinha entendido a mecânica de fazer um filho e estava discutindo o assunto casualmente com ela.

Pior, estava tomando por certo que eventualmente fariam isso.

Novamente, Gajeel lhe veio na cabeça, e ela questionou-se intimamente se era isso que queria dizer por “chance da sua vida”.

— Natsu — choramingou, mal conseguindo encará-lo em razão do constrangimento. — Eles ao menos te disseram tudo o que tem que acontecer antes que cheguemos a esse ponto? — arriscou perguntar.

O rapaz de cabelos róseos tombou a cabeça e adotou uma expressão de genuína confusão.

— Como assim “tudo o que tem que acontecer”? — indagou. — Lucy, se o que Gildarts me falou está certo, nós podemos ir para o seu apartamento agora e fazer um filho, se quisermos — afirmou com convicção.

Lucy, claro,  atingiu seu limite e disparou em passos apressados, antes que desmaiasse de vergonha.

— Espera, Lucy! — Natsu avançou para acompanhá-la.

— Vai embora! — gritou ela, apertando o passo.

 — O quê? Por quê? — perguntou, confuso com a mudança brusca. — Eu disse algo errado? — acrescentou, enquanto corria.

— Você disse tudo errado! — a maga estelar parou e virou para gritar com ele, os punhos cerrados ao lado do corpo. — Sim, há muito o que acontecer antes que duas pessoas decidam ter um filho e, não, ninguém vai fazer um no meu apartamento esta noite! — concluiu, voltando a correr.

— Muito o que acontecer? — repetiu. — O que tem que acontecer? — gritou, enquanto a seguia.

— Vá perguntar pro Gildarts! — foi a resposta irada que recebeu.


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Notas finais do capítulo

É isso. Espero que tenham gostado.

Se você gostou da minha história, que tal conhecer minhas outras ones e longs Nalu? O apoio do leitor é sempre bem vindo! visite meu perfil no Spirit (Alura).

P.S: Está fic possui uma continuação em andamento! Se chama “Honey, Honey”. Dê uma olhada nela também. Logo também vou postá-la no Nyah.



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