Me lembrei do meu pesadelo na noite passada. Eu não conseguiria dar conta. Que tipo de pai um demônio poderia ser? Eu deixei meu anjo tomar álcool todos esses meses. Nosso bebê nem havia nascido e eu ja era um pai d emerda.

Soltei a mão de Aziraphale e me levantei caminhando até  porta.

"Crowley? aonde você vai?" meu anjo perguntou com a voz quebrada. Olhei para ele e me arrependi, meu anjo parecia tão magoado.

Forcei um sorriso, ainda confuso "Eu vou apenas tomar um ar. Eu ja volto meu anjo" e saí pela porta do chalé.

Aziraphale

Oh céus, um bebê. Eu vou ter um bebê! Eu nunca cuidei de um bebê antes. Bem, eu sou um anjo, eu sei que vai dar certo, eu vou conseguir. Ah merda, a quem eu quero enganar? isso vai dar errado, eu vou estragar as coisas com ele assim como fiz com Warlock. E Crowley? Oh céus, ele parecia em pânico. Será que ele vai me deixar? Nós nunca conversamos sobre crianças nossas, eu nem sabia que isso era uma possibilidade e agora esta acontecendo. Crowley vai me deixar, eu sei que vai. Casar comigo e ficarmos juntos para sempre é uma coisa mas com uma criança...uma criança imortal também seria para sempre, uma criança é um vinculo para a vida toda. É muita responsabilidade.

"Aziraphale, eu preciso que você se acalme" o anjo ouviu de longe uma voz feminina falar com ele.

Se acalmar!? como fazer isso quando ele estava perto de se tornar um pai e divorciado?

O anjo não havia percebido que estava falando seus pensamentos até ouvir novamente a voz falar com ele. A voz de Anathema "Az, se acalma, você não esta sozinho nisso. Você tem a mim e o Newt e mais importante: você tem o Crowley. Ele te ama desde sempre, ele nunca te largaria principalmente agora. Agora, respira comigo, mais lento, isso, tenta respirar como eu. Sim, isso mesmo. Vai ficar tudo bem."

O anjo começou a chorar "Mas não vai ficar tudo bem. Eu o amo demais e sei que ele me ama mas ele saiu por aquela porta. Ele não quer um bebê, ele deixou isso claro. E eu me sentiria horrível se ele ficasse comigo por obrigação, por causa desse bebê, eu não quero que ele se sinta pressionado. E eu nunca cuidei de uma criança, eu sei que vou estragar tudo fazendo isso sozinho."

Anathema sinalizou para Newt deixa-los a sós.

Aziraphale sentiu suas mãos serem seguradas com força enquanto Anathema se agachava a sua frente "Mas aí é que ta. Você não tá sozinho. mesmo se Crowley cair fora -o que me obrigaria a amaldiçoar ele pras roupas dele sempre ficarem cor de rosa" o comentário provocou um pequeno sorriso em ambos" o que eu tenho certeza de que não acontecer porque ele te ama mais do que tudo, você não estaria sozinho. Eu tô aqui com você. E a Sra Tracy também, eu sei que ela vai amar a idéia de um bebê seu ja que ela te adora"

"Eu gosto muito dela também, ela é uma companhia adorável assim como você querida Anathema" o anjo disse fracamente. Ele estava emocionalmente exausto. Ele queria seu cobertor Tartan e seus livros, talvez uma caneca de chocolate. Mas mais do que tudo, ele queria um abraço e o conforto de seu amado Crowley.

Crowley

Como isso aconteceu? Como ele deixou que isso acontecesse? 

Tá, ele sabia como havia acontecido mas mesmo assim, como isso aconteceu?!

Ele e seu anjo tinham a vida perfeita. Eles estavam muito felizes.

Porque tinha que surgir essa...criança?

Ele não queria filhos, Aziraphale com toda certeza também não. Eles nem souberam como criar o Warlock, e veja só no que deu. Essa criança não teria a menor chance. Ele ja estava sendo um péssimo pai e seu filho nem tinha nascido.

"Que piada de mal gosto, Deus. Isso não é justo!" Crowley explodiu, dedo em riste e acusador apontado para o céu "Isso é uma piada horrível mesmo pra você! e adivinha só? nós não achamos a menor graça".

"Não acho que seja uma piada" disse uma voz próxima a Crowley.

"Cara, não faz isso, eu poderia ter te acertado com um soco. Ou um milagre doloroso" Crowley disse olhando para o namorado estranho da bruxa.

"Desculpa. Oi" o idiota acenou timidamente.

"Oi. Oque você quer?"

O garoto hesitou "Eu queria checar pra ver como você estava".

Crowley olhou cético "E por que isso? Você não me conhece e nem gosta de mim".

"Não desgosto de você, e só porque não nos conhecemos a muito tempo não quer dizer que eu não me importe. É normal se importar com outras pessoas". disse dando de ombros.

"Você esta duplamente enganado. Eu não sou humano e estou aqui a tempo demais para saber que não é normal"

"Não importa se você não é humano. Você tem sentimentos. Você ama aquele anjo mais do que tudo. Todos podem ver isso. Oque te preocupa".

"Eu amo ele. Mas eu não sou matéria de pai. Eu ja to estragando tudo".

"O bebê nem esta aqui ainda, acho dificil você ter estragado alguma coisa e mesmo depois que ele nascer, se acontecer de você ou o Aziraphale estragarem algo vocês sempre podem consertar".

"Eu não tenho cuidado do meu anjo, ele tem se esforçado e não comido e ele esta sempre cansado. Se eu não cuido bem do meu anjo, quem garante que vai ser diferente com o bebê. Eu deixei meu anjo beber vinho e comer peixe cru!"

"Você e ele não sabiam e agora que sabem vão ter mais cuidado"

"Mas eu deveria saber. Eu como pai deveria saber"

"E Aziraphale como...mãe também deveria saber, não? Ele se esforçou e ficou sem comer, isso faz dele um péssimo pai?"

"Claro que não. Ele nunca poderia. Ele não sabia sobre o bebê."

Seu anjo fazer algo propositalmente errada era uma idéia risível.

"Justamente. E você ja ama o bebê e o anjo também. Você já é um bom pai apenas por se importar. E agora, você precisa falar com seu anjo".

Crowley franziu a sobrancelha "Aconteceu alguma coisa com ele? ele esta bem?"

"Ele ficou um pouco chateado quando você saiu e pode ter entrado em pânico achando que você largaria ele ou que ficaria preso a ele por causa de um bebê surpresa. Ele parecia pensar que estragou tudo e que não seria um bom pai"

"É OQUE!? Isso é ridículo. Porque você não me falou isso antes?" perguntou ja deixando o humano para trás e indo o mais rápido possível de volta ao chalé.

"Porque antes de você estar lá para ele, você precisava se acalmar e ver em que ponto você está" disse o humano esbaforido correndo atrás do demônio.

Crowley nunca admitiria mas o garoto estava certo.

Depois ele falaria com ele e com a bruxa , agora ele tinha uma prioridade. Seu anjo e seu filho.

Aziraphale

O anjo ainda via suas mãos tremendo enquanto segurava a xicara com chocolate quente que Anathema havia preparado para ele, mas não havia oque fazer a respeito. Ele não achava que poderia se acalmar até falar com Crowley, mesmo que ele soubesse que isso não faria nada bem para o bebê.

A porta de repente se escancarou com um estrondo e nela estava seu amado que parecia ansiosa.

"Anjo!" Crowley se ajoelhou em frente a Aziraphale e pegou com cuidado a xícara de suas mãos , a colocando sobre a mesa de centro para então poder abraçar seu anjo "Por favor, me perdoe ,anjo. Eu não queria que você se sentisse só. Você nunca me forçaria a nada que eu não quisesse. Eu te amo tanto e amo esse bebê. Eu nunca quero que você pense que não. Você vai ser um ótimo pai e eu que vou ser o sortudo de poder te ajudar, vou estar com você a cada passo. Eu te amo muito muito muito mesmo".

"Oh Crowley. Eu também te amo muito. Eu sei que foi uma surpresa mas eu ja o amo tanto. Eu não quero fazer isso sozinho"

"Você não vai estar sozinho. Eu sempre vou estar lá para você e pra ele."

Anjo e demônio finalmente estavam bem com sua nova situação e nos braços um do outro.

Enquanto isso, uma ocultista abraçava seu namorado e o agradecia por seu um humano muito maravilhoso.