Crush Culture escrita por bimmbinha


Capítulo 1
Centro da Atenção




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Mais uma segunda feira. Mais um dia completamente comum e monótono no colégio Saint de Luna: Rock Lee se machucou durante o teste para algum esporte incrivelmente violento, provavelmente hóquei – dessa vez Tenten realmente não prestou atenção – Neji estava reclamando porque tinha levado um fora de uma garota com quem estava saindo da outra escola, e ela comemorava secretamente esse fato e toda a escola parecia enlouquecida.

O motivo? Sasuke Uchiha, é claro. É bom frisar que Tenten realmente não tinha absolutamente nada contra o cara inexplicavelmente popular e bonitão, apesar de realmente não entender o porque as garotas eram tão obcecadas por ele. Ele não tinha nenhum interesse em jogar futebol, basquete, hóquei ou qualquer esporte que fosse e também não participava de nenhum clube, ele era um rapaz comum nesse sentido. Também não era o ser humano mais carismático ou simpático do planeta, mas, bem, ela era afim de Neji Hyuuga, que era basicamente um Sasuke de cabelo grande, então, esse detalhe era irrelevante.

De qualquer forma, assim como em todas as manhãs dos trezentos e sessenta e cinco dias anteriores, uma multidão se formou em frente aos portões para vê-lo chegar de moto com o irmão mais velho.  As garotas gritavam como se ele fosse alguma estrela do rock ou cantor de kpop.

—O que é que as garotas veem nesse Sasuke?

Tenten rolou os olhos. Não era Rock Lee, seu melhor amigo desde o jardim de infância que perguntava, era a Inveja que ele sentia pelo Uchiha. Afinal, ele era possuidor do coração da garota mais bonita do colégio – e também irritante, Sakura.

Enquanto Lee se humilhava de todas as maneiras patéticas e desesperadas para tentar chamar a atenção da rosada, tudo o que o Sasuke tinha que fazer era simplesmente encará-la por quinze segundos e ela chorava emocionadamente como se tivesse acabado de ouvi-lo recitar um poema do Shakespeare.

Completamente desinteressada no seu colega de classe e também nas suas fãs loucamente apaixonadas, a Mitsashi deu as costas para aquela visão deplorável de garotas que deveriam ser emponderadas e autossuficientes se humilhando por um galã típico de filmes clichês da Netlifx.

Mas, novamente: ela era apaixonada por Neji, não tinha moral nenhuma para falar dele nesse ponto.

—Me responde, Tenten, o que é o que Sasuke tem que eu não tenho? — Rock Lee choramingou, agarrando-se ao braço dela.

—Que fique claro, foi você quem perguntou, ta? — Com um sorriso diabólico, ela começou a enumerar. — Ele tem um irmão mais velho super gostoso, dinheiro, altura, não deixa as sobrancelhas virarem uma Super Monocelha para impressionar o professor preferido dele e ah, eu já mencionei que ele tem músculos?

—Você é uma babaca! Eu te odeio! Desgraçada! — Rock Lee gritou, afastando-se dela, tendo mais uma Super Crise Existencial.

Ela apenas fungou uma risadinha sádica acenando cinicamente na direção dele, enquanto apressava seus passos pelo extenso corredor do colégio. Até aquele momento não havia visto nem os longos e sedosos cabelos do seu amor vulgo melhor amigo gostoso, como também nenhum sinal da tia da cantina que sempre chegava cedo para esconder os seus cookies.  

Tenten fez um beicinho, percebendo que, de fato, aquele dia seria chato e comum como os demais. Ela foi praticamente se arrastando até a sala de aula.

Enquanto boa parte das suas colegas estavam interessadas em realizar o máximo de atividades idiotas possíveis para se destacar, ela só queria terminar logo o terceiro ano para fazer intercambio em outro país, provavelmente no Japão ou na Coreia do Sul.

Estalando o pescoço e se espreguiçando, Tenten adentrou a sala de aula e caminhou até um lugar vazio próximo a janela. Abriu a mochila tirando seu caderno e seu estojo e os colocou sobre a mesa.  Uma das principais desvantagens em ser uma otária antissocial era justamente o fato de que não havia ninguém com quem ela pudesse conversar durante o tempo livre. Se Neji e Rock Lee não aparecessem, ela só teria a parede com quem conversar.

Ou Sabaku no Temari, a garota idiota que ela odiava com todas as forças e que fazia questão de perturbá-la sempre que tinha a oportunidade, mas ela preferia bater a cabeça a parede a ir puxar assunto com a loira.  Elas se detestavam há tanto tempo que a Mitsashi sequer conseguia se lembrar a razão para tantas implicações e brigas.

—O Rock Lee me ligou chorando.

Ela não precisou erguer a cabeça para saber que era Neji. O tom repreensivo era inconfundível. Suspirando fundo, a morena deu de ombros enquanto começava a desenhar distraidamente em seu caderno de álgebra. O Hyuuga, indignado, fechou o caderno bruscamente.

—Ei!

—Tenten, você não pode fazer o Lee chorar desse jeito as sete horas da manhã.  Você sabe que eu não tenho paciência para aguentar os dramas daquele imbecil!

Fungando uma risada divertida ela o encarou.

—Ah, e por acaso eu tenho?

—Exatamente, princesa, se você não tem paciência para lidar, imagine eu! — Vociferou irritado, sentando-se na cadeira de frente para ela, entretanto ele se sentou de lado para poder encará-la. — Aquele idiota do Nara vai dar uma festa nessa sexta feira, quer ir com a gente?

É claro que “a gente” significava ele e Rock Lee, os três eram simplesmente inseparáveis desde um terrível incidente na quarta série que acabou culminando com os três sem sobrancelhas sofrendo bullying das outras crianças. Entretanto, é uma longa história e Tenten não queria relembrar esse fato vergonhoso agora. Ela ainda estava refletindo sobre o convite.

 Festa na casa de Shikamaru Nara significava uma coisa: a sua detestável arquinimiga com certeza estaria presente.

—Bem, alguém tem que cuidar do príncipe encantado aqui. — Debochou, apertando as bochechas do Hyuuga que corou fortemente.

Ele sempre corava inexplicavelmente quando ela tocava no rosto dele. Quando ela o perguntou, ele disse que tinha uma “condição médica extremamente rara que fazia com que seu rosto super aquecesse”.  Ela não podia provar, mas desconfiava que ele falava com pompa justamente para ela se sentir idiota e não se atrever a perguntar.

—Eu já não pedi para você parar de apertar minhas bochechas assim, Tenten? Eu não tenho mais seis anos!


—Você era mais fofinho quando tinha seis anos. — Ela riu.

Ele revirou os olhos e afastou as mãos dela de seu rosto, respirando fundo e voltando a mesma pose arrogante e altiva de sempre.  Os dois se olharam por alguns segundos até a porta da sala de aula ser aberta, revelando justamente a realeza estudantil e suas fieis servas apaixonadas.

—Sabe, se você não fosse tão patético, Neji, eu tenho certeza que você conseguiria superar a legião de fãs obcecadas do Uchiha.

—Não tenho interesse. Eu posso jurar que os olhos do Sasuke gritam por socorro toda vez que ele é rodeado por um grupinho de garotas.

Essas palavras e o tom com que foram ditas levou a Mitsashi a gargalhar genuinamente, tombando a cabeça para trás e chamando a atenção do próprio Uchiha que a encarou inexpressivamente como de costume antes de voltar sua atenção para o celular que tinha em mãos.

Tenten riu ainda mais alto, ela não tinha a menor dúvida de que ele ficava agoniado com toda aquela aproximação e a intimidade forçada que as faziam se atirar nos braços dele. Era tão engraçado.

(...)

Um show à parte sem sombra de dúvida eram as aulas de educação física, onde as garotas tentavam se exibir desesperadamente para o amor platônico delas e, mais uma vez, Sasuke simplesmente as ignorava.

Embora sempre achasse hilário assistir aquelas babacas dançando obscenamente para chamar a atenção do moreno, naquela manhã a Mitsashi estava totalmente desinteressada naquelas cenas toscas, claramente concentrada no desenho que fazia em seu caderno dela e de Neji se beijando.

O próprio Hyuuga já tinha a flagrado desenhado algumas vezes, e ela sempre respondia que era apenas coincidência e ele era o único cara que conseguia desenhar com facilidade. Surpreendentemente, o idiota acreditava. Toda vez.

Ela estava com fones de ouvido e cantarolava uma das suas músicas preferidas, terminando de pintar o longo cabelo castanho escuro do Hyuuga com lápis.

—Ei, T! — Lee retirou os seus fones, recebendo um olhar furioso por parte da melhor amiga. Obviamente, ele não deu a mínima. Já estava acostumado. — As meninas estão te chamando para jogar queimada, você não quer?

—Eu tenho cara de quem pratica esporte as nove horas da manhã, Lee? Pelo amor de Deus.

—É que o time da amiga da Sakura vai ficar desfalcado, estão precisando de mais uma.

Tenten revirou os olhos.

—Eu prefiro nadar dentro de um vulcão a ir jogar queimada com a sua namorada platônica, me deixa.

Não querendo correr o risco de invocar a ira da melhor amiga tão cedo, Lee decidiu fazer a única coisa que julgou decente; se virou na direção do grupo de alunas esperançosas e gritou.

—Ela disse que ta menstruada!

Tenten fechou os olhos por alguns segundos, escondendo-os entre as mãos enquanto a quadra inteira gargalhava do que aparentemente era um motivo hilariante.  

—Meu Deus do Céu, Lee, vaza antes que eu te empurre da arquibancada abaixo! — Gritou enfurecidamente.

(...)

A hora da saída foi um verdadeiro teste de autocontrole e paciência.  Todos os garotos idiotas ficaram rindo e apontando para ela.  Algumas garotas gentilmente se aproximaram e perguntaram se ela precisava de algo, o que ela prontamente negou. Graças a Lee o tabu sobre os hormônios femininos tinham voltado.

Que legal.

—Nós não vamos esperar o Lee? — Neji perguntou receosamente, embora já desconfiasse de qual seria a resposta. A morena estalou a língua, avançando alguns passos.

—Alguma coisa me diz que ele vai ligar para a mãe dele vir busca-lo.

Ele sempre fazia isso quando sentia – sabiamente – que Tenten estava prestes a exibir um novo golpe de Muay Thai para ele.

O Hyuuga gargalhou, ajustando a alça da sua mochila, andando lado a lado com a morena.

—Eu iria estranhar se ele não ligasse. Ele berrou para todo mundo ouvir, foi muito ridículo.

A morena, é claro, concordou com ele e os dois afastaram-se do colégio, andando a passos lentos ao lado um do outro.  Eles ficaram em silêncio, caminhando tranquilamente pela calçada até um porshe cor de rosa parar próximo a eles, e Tenten não precisava virar a cabeça para adivinhar que filha perdida do capeta abriria a janela.

Ino abriu a porta do lado do carona e sorrindo divertida, pegou um pacote de absorvente e literalmente arremessou nela, que apenas ficou parada, completamente em choque.

—Eu não sabia o seu tamanho, então comprei o maior que tinha na farmácia. O nome disso, caso você não saiba, emo, é absorvente, ele serve para você não sujar a sua roupinha, ta querida?

E dito isso, voltou a entrar no carro e a pedir para que quem quer que estivesse dirigindo, acelerasse.

Tinha como o dia dela ficar pior?

Para a sorte de Tenten, Neji não era feito do mesmo material questionável que os outros caras da sua idade então, ao invés de achar graça na pegadinha ele simplesmente ficou parado e puto, encarando com ódio o carro da Barbie Malibu se afastando velozmente.

Ele pegou o pacote das mãos da Mitsashi e simplesmente o jogou na direção do carro, enquanto pronunciava incontáveis palavrões e pragas sobre a Yamanaka.

—Não liga para aquela galinha, Tenten.

—Como é que eu não vou ligar, Neji? Ela jogou um pacote de absorvente na minha cara!

O Hyuuga mordeu levemente a boca, encarando o local de onde o carro desapareceu.

—Nós vamos nos vingar daquele projeto mal feito de Regina George. Deixa comigo. Ninguém mexe com a minha... Amiga e sai ilesa da história. — Ele piscou para ela e então estendeu a mão para ela acompanha-lo durante o caminho.

Respirando fundo, Tenten aceitou de bom grado. Ele sempre fazia isso quando ela tinha um dia extremamente difícil. Ou quando ela planejava enviar Rock Lee para o outro plano astral.

(...)

Que situação deplorável, irritante e embaraçosa era aquela? Ele estava literalmente abaixado dentro da própria casa, para não ser visto pelas suas stalkers malditas. Sasuke não fazia ideia de quando começou aquele inferno terrestre: em um momento ele era apenas um garotinho de cinco anos que gostava de brincar no balance e no outro, já estava no fundamental sendo rodeado por malucas que se diziam cegamente apaixonadas por ele e passaram a simplesmente vigiar tudo o que ele fazia ou deixava de fazer.

Mas sem sombra de dúvida o tormento ficou ainda pior no primeiro dia de aula do ensino médio. Ele tinha passado alguns meses com os pais na casa dos avôs e tinha passado um tempo considerável treinando na academia e cuidando do próprio corpo apenas por puro tedio e, quando pisou os pés dentro do colégio, foi cercado por algumas garotas que jogaram inúmeras cartas sobre ele. Todas as cartas perfumadas e com inúmeros desenhos.

Ele não tinha paz nem na própria casa! Elas ficavam arrumando pretextos para ir visita-lo.  Ele odiava isso do fundo do coração.  Já sua mãe, por outro lado, achava o máximo, adorava ver o quanto ele era perseguido pelas garotas sem noção do colégio. “Nunca imaginei que pudesse fazer dois filhos tão lindos assim”.

Ele rolou os olhos. Torcia mentalmente para elas descobrirem a existência de Itachi e deixa-lo em paz de uma vez.

Desabar com Naruto era completamente inútil;  o loiro cheio de hormônios nos lugares inapropriados, só via o “lado bom” de toda aquela fama.  

—Você é o único cara no planeta que reclama de toda essa atenção. — O pai comentou, andando em direção a poltrona, com seu jornal em mãos.

—Eu não posso ter uma vida normal por causa dessas doidas. Elas estragaram todos os meus testes para os esportes que já tentei e se eu inventar de participar de um clube, vão atrás de mim. Eu não aguento mais.

—Filho, tem certeza de que você gosta de mulher? Está tudo bem se disser que não, mas eu realmente não entendo porque você detesta tanto ser o queridinho delas.

—Pai, eu sou heterossexual. Só não sou um imbecil que precisa reafirmar isso ficando com todas as malucas que me perseguem. Eu não gosto, é irritante. Além do mais, eu não posso nem jogar basquete sem ser incomodado.

Fugaku meneou a cabeça compreensivamente.


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