The Strawberry and the Sky escrita por Yuushirou


Capítulo 6
六 Two kids




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Quando os gêmeos Shiroganehiko e Koganehiko avistaram a figura de Yuushirou se aproximando da residência dos Shiba em pleno final da tarde, sua reação imediata foi de ir abordar “a jovem visitante desconhecida” a fim de saber das suas intenções. O garoto já ouvira falar dos dois e já esperava por uma recepção um tanto quanto calorosa, mas não com tanta gritaria e até saltos acrobáticos.

— PARADA AÍ!

— ONDE A MOCINHA PENSA QUE ESTÁ INDO??

Típico. Não seria a primeira vez que alguém constataria que se parece muito com sua irmã, o que naturalmente queria dizer que ele se parecia com uma garota. Eles levaram apenas alguns instantes para sacar que a tal “mocinha” lhes era bem familiar...

— WOW! – exclamaram em uníssono – YORUICHI-DONO! SEJA MUITO BEM-VINDA!!

Yuushirou suspirou.

— Eu não sou a nee-san!

Os dois grandalhões se entreolharam.

— "Nee-san"???

— Sim, ele disse "nee-san"...!!

E então voltaram a olhar para o menino.

— ........................................................WOOW, NÃO É A YORUICHI-DONO!!!

— SÓ PODE SER...

— YUUSHIROU-DONO?????????? – gritaram ambos, em uníssono.

— Eeh... – ele respondeu, apontando para si mesmo com o seu melhor sorriso de cumprimentos – Sim, sou eu. Vocês devem ser os gêmeos Shiroganehiko-san e Koganehiko-san. Já ouvi falar dos dois servos gêmeos da Família Shiba.

— Yuushirou-dono, a última vez que o vimos era apenas um bebê!!!

— Yuushirou-dono, como podemos ser-lhe úteis???

— Eu... Gostaria de falar com Kuukaku-dono. Imagino que, se há alguém a quem posso pedir ajuda no Rukongai, este alguém é ela.

Ele voltou novamente os olhos dourados para a casa logo atrás dos gêmeos, sentindo-se surpreso com o seu tamanho – um tanto quanto pequeno para a residência de um nobre da Soul Society – e aparência. Que tipo de proprietário construía algo tão esquisito como se quisesse gritar para todos que passam “Ei, eu moro aqui!”? Pensou ao observar os dois braços humanos enormes esculpidos em pedra, que seguravam uma enorme bandeira vermelha escrito "Shiba Kuukaku", e que tinham como acompanhamento uma torre ainda maior posicionada logo atrás da casa.

— Oh, claro! – disse um dos gêmeos, virando o corpo de lado.

— Seja muito bem-vindo, Yuushirou-dono! – disse o outro.

— Obrigado – respondeu - E... Onde eu posso encontrá-la?

Eles seguiram na frente, guiando-o por uma escada que parecia infinita e que o fazia se perguntar onde terminava.

— Yuushirou-dono nunca esteve aqui antes, certo?

— Kuukaku-sama criou uma passagem subterrânea que dá para a residência dos Shiba em si, por medidas de segurança!

— E já estamos quase lá!

— Incrível... – murmurou Yuushirou enquanto olhava para todos os lados – Vocês dois parecem ser muito gentis. Apesar da queda dos Shiba em status, vocês continuam seguindo Kuukaku-dono.

— Mas é claro!

— Cuidamos de Kaien-sama, Kuukaku-sama, Ganju-sama e, agora também, Sora-sama, como seus tutores!

— Nós seguiremos a Família Shiba para sempre!!

— “Sora”...?

Yuushirou já havia ouvido falar dos outros três, mas quem era o tal Sora?

— ...!!!

— Shiroganehiko! Você falou demais!!

— Desculpe, Koganehiko!!!

— Quem é Sora?

— Então, Yuushirou-dono...

— Sora-sama, é...

— O filho de Kuukaku-sama!!!

A informação fez o menino dos olhos âmbares arregalar os olhos. Um filho de Kuukaku-dono? Mas, ela não tinha filhos! Não que tenham conhecimento, pelo menos... Os gêmeos lhe abriram as portas de correr e ele viu uma mulher vestida com um incomum conjunto de duas peças de roupa que pouco cobriam do corpo curvilíneo, definitivamente não sendo um quimono nem nada do tipo. Embora com um visual um tanto quanto desleixado se comparado ao típico modo de vestir dos nobres da Soul Society, era uma mulher imponente. Yuushirou se adiantou para fazer o seu característico curvar do corpo para a frente.

— Shihouin Yuushirou Sakimune, 23º Chefe da Família Shihouin e Guardião do Armamento Divino! Hã... Pelo menos eu era.

— Ah...! Yuushirou, hã? O irmãozinho de Yoruichi. Faz muito tempo, moleque! Devo dizer que está muito parecido com sua irmã – ela disse em um tom debochado, enquanto expelia fumaça de sua boca – Deixe-me adivinhar: você abandonou o seu posto.

Não somente o jeito de se vestir, mas o seu linguajar também era o que seus tutores classificariam como “vulgar”, típico de gangues de encrenqueiros.

— É... – fez um sorriso amarelo – Mas, eu pretendo voltar, juro! É só um pouquinho!

— Hm... Era de se imaginar. Você provavelmente viria se algo acontecesse, ou fugiria por estar de saco-cheio da sua função. Como sua cara não indica que algo de grave aconteceu, então o que resta é a segunda opção... Enfim!

— Aah, Kuukaku-sama, sobre isso... – por um momento cogitou perguntar a respeito de Sora, mas decidiu focar no tópico que inicialmente queria tratar ali – Eu só queria "respirar" um pouco. É um saco não poder sair de casa ‘pra nada! Eu poderia contar com a senhora? Digo, porque já devem estar me procurando...

— É claro! Não deixaria o irmão de Yoruichi ser pego pelos almofadinhas chatos da Seireitei! Mas... – ela fez uma pausa e sorriu de forma de maneira insolente – Você não terá vida de nobre bunda-de-almofada aqui, moleque! Ajudará nos serviços do dia-a-dia, entendeu? Se aceitar, não terá problemas em conviver conosco!

— Err...

É, ela não utilizava um linguajar adequado para uma mulher da nobreza... Nem mesmo para um homem, mesmo que o fosse. Yuushirou agora se perguntava se Kuukaku-dono havia se tornado mais informal depois que foi viver no Rukongai, ou se esse por um acaso foi um dos fatores determinantes para a Família Shiba ter sido rebaixada.

— Sim, senhora! – respondeu, por fim.

— Ótimo! Shiroganehiko! Koganehiko! Acomodem Yuushirou e depois mostrem a ele o que fazer a partir de amanhã. Mas, antes disso, gostaria de dar um aviso, moleque... – Kuukaku tragou o cachimbo e expeliu mais fumaça, ficando séria, quase ameaçadora – Não comente nada com ninguém a respeito de Sora fora daqui.

Oh... Claro. É claro que ele não daria com a língua nos dentes, afinal, não era da sua conta!

— Sim, senhora, eu ficarei em silêncio!

— Ótimo!

 

 

Sora sentiria falta dos Visored. Foram poucos os dias em que precisou permanecer com eles, e o garoto já havia se habituado a lutar com Hiyori nas suas eternas tentativas de "matá-lo" e já até mesmo recebeu algumas aulas de música de Rose. Foi uma adaptação rápida e fácil, mas agora ele precisava retornar à Soul Society. Urahara finalmente havia terminado sei lá o que ele precisava fazer e logo o menino estava pronto para partir. A ida ao mundo humano tinha sido até fácil. O Kouryuu* podia ser bem problemático para almas comuns passarem, mas Sora havia recebido um treinamento especial para ser capaz de atravessá-lo sem ficar preso. Contanto que o Koutotsu** não aparecesse, seria simples... E é claro que o Koutotsu apareceria, para tornar tudo muito mais "divertido"... Uma vez Urahara tendo-lhe aberto o Senkaimon com a ajuda de Tessai, o Tarado, Sora pulou dentro, pois sabia que o portal só ficaria aberto por quatro minutos. Embora preparado para fazer boas corridas, o garoto não pôde deixar de ser surpreendido pela grande velocidade da entidade limpadora de lixos espirituais. Era impossível tentar de alguma forma pará-la ou destrui-la, quem seria louco? No entanto, precisou arriscar uma combinação de Kidou para evitar ser arrastado ou esmagado. Invocando o Bakudou de número 37, Tsuriboshi, para criar um grande colchão macio em forma de estrela que servisse para evitar o contato direto entre Sora e o Koutotsu, o Shiba sabia que o colchão mágico não iria suportar ser esticado por muito tempo, já que era feito para amortecer ou impedir quedas, e emendou um segundo Kidou, este mais simples e experimental, mas quae seria crucial para deixar o Dangai¹ com vida. O Bakudou de número 8, Seki, embora tivesse a função de apenas repelir quem ou o que tentasse atingir o seu usuário, pelo raciocínio de Sora acabaria tendo o efeito contrário, pois o Koutotsu era muito maior e mais pesado que ele e estava vindo numa velocidade absurda em sua direção. Felizmente funcionou, e Sora logo foi arremessado para a saída do Dangai, indo parar em algum ponto da Soul Society que não era possível determinar onde. Por sorte, o ponto de queda foi justamente onde havia grama macia, o que não garantiu uma queda 100% livre de contusões, mas, ao menos ele estava vivo, e com todos os seus ossos e órgãos nos devidos lugares. Descansaria um pouco antes de partir rumo à sua casa, mal sabendo que encontraria visitas "nobres" quando chegasse lá.

 

 

— Waaaa, espera!!! – gritava um Yuushirou desesperado atrás de Bonnie-chan, a javali de estimação de Ganju – Ganju-san vai ficar bravo comigo se eu não lavar você!!

O "adorável" javali de estimação de Shiba Ganju, mais conhecida como Bonnie-chan, era o animal mais terrivelmente difícil de lidar que Yuushirou já havia conhecido. Na verdade, ele nunca tivera que cuidar de bicho algum, quem dirá um selvagem. Ainda por cima, um selvagem que parecia saber usar shunpou! Seria possível que teria que usar shunpou para conseguir dar banho em, basicamente, um porco-do-mato? Javalis realmente aprendiam shunpou?! Os gêmeos Shiroganehiko e Koganehiko assistiam à cena de braços cruzados e berravam incentivos para o Shihouin.

— MAIS RÁPIDO, YUUSHIROU-DONO!

— VAI PERDÊ-LA DE VISTA DE NOVO!

Ganju ria e bebia, satisfeito. Afinal agora tinha alguém para ajudá-lo com o banho de Bonnie-chan, já que O Merdinha, como ele chamava o sobrinho Sora, ainda não havia voltado de sua viagem.

— Oe, Yuushirou! – riu o irmão mais novo de Kuukaku – Não é possível que você está levando um “olé” da Bonnie-chan! Tem certeza de que é um Shihouin??

— Mas eu nunca cuidei de animais! E ei, este aqui utiliza shunpou?? É rápida demais!!

— Hahahaha! Vou te mostrar como se faz... Vê se aprende aí, Menino-gato!

Ganju colocou dois dedos na boca, emitindo um longo assovio para chamar a atenção de Bonnie-chan. Os olhos do javali brilharam e ela correu na direção ao dono. Pareceria um típico momento adorável de animal e tutor, se o mesmo não tivesse acabado atropelado e jogado para o alto.

— Muito bom, Bonnie-chan! – congratulou Ganju, enérgico, ainda de cara no chão e erguendo um polegar.

Mas Boonie-chan não pareceu nem um pouco feliz de ter recebido um elogio, simplesmente passando por cima do dono, pisoteando-lhe a cara.

— ...!!

Yuushirou suspirou, preparando novamente o balde com água e a escova, um em cada mão. Hora de tentar novamente. E se ela novamente fugisse, shunpou. Parecia ridícula a ideia de utilizar hakuda para dar banho em um grande porco-do-mato, mas...

— Bonnie-chan, vamos.

Felizmente o animal estava mais interessado em pisar em Ganju do que fugir desta vez. Yuushirou aproveitou o momento para jogar água, molhando não só Bonnie-chan, mas também Ganju.

— Muito bem! Seja uma boa menina, Bonnie-chan! – disse-lhe, esfregando o javali com a escova e loção, ao que não podia evitar que o irmão de Kuukaku também tomasse banho.

— MUITO BOM, YUUSHIROU-DONO! – exclamou um dos gêmeos.

— CONTINUE ESFREGANDO-A ASSIM, YUUSHIROU-DONO!

De repente, algo pareceu chamar a atenção do javali, que começou a farejar o ar como um cão. Os gêmeos imediatamente perceberam e olharam para onde Bonnie-chan começou a olhar fixamente. O som de algo que parecia uma manada se aproximando começou a ser escutado nitidamente por todos. No entanto, em meio a uma grande nuvem de poeira que rapidamente se levantou e se dissipou, não havia nenhuma manada, mas um garoto. Ele tinha um cabelo preto ligeiramente desalinhado, olhos verdes e uma expressão de urgência estampada na face.

— JÁ SÃO NOVE HORAS?

— Que...? – perguntou Yuushirou – Nove horas?

— WOOOAH! – exclamaram os gêmeos, em uníssono como de costume – SORA-SAMAAA!!!

— Hãaa, Sora??? – bradou Ganju, consultando um relógio, aparentemente retirado do além – Hum... Já passou das nove horas..

— WAAAA! – exclamou Sora, levando as mãos à própria cabeça – Okaa-sama vai me bater!!!

Hã... Certo. Então, este era Shiba Sora. Parecia ter a mesma idade de Yuushirou.

Parecendo ter sido chamada, Bonnie-chan, com um novo brilho nos olhos, rapidamente abandonou o banho para ir correndo na direção do garoto que, como se já tivesse ensaiado aquele movimento várias e várias vezes, montou o javali e logo era levado por ele para dentro da residência dos Shiba, a uma velocidade incrível.

Observando a poeira se dissipando, o Shihouin pensou: “Bem, ele vai terminar com o traseiro molhado, visto que não terminei de dar banho na Bonnie-chan”.

Ganju batia nas próprias roupas para tirar delas areia quando pôs uma mão sobre um dos ombros de Yuushirou.

— Aquele, Menino-gato, é o meu sobrinho de merda, Shiba Sora! E ele está muito encrencado com a nee-san por ter se atrasado!

— Mas... Só se passaram dois minutos das nove horas...

— Pode ter se passado meio milésimo de segundo, a nee-san não tolera atrasos! Fica a dica, garoto!

— Além disso, Yuushirou-dono... – acrescentou o gêmeo que ele acreditava ser Koganehiko – Kuukaku-sama estava muito preocupada! Sora-sama demorou mais que o esperado para retornar!

— O quanto ele...

Mas não deu tempo de Yuushirou terminar de formular a sua pergunta. Ele fora interrompido por gritos de Kuukaku e Sora, vindos do interior da residência dos Shibas.

— SEU MERDINHA! VOCÊ SABE O QUANTO VOCÊ SE ATRASOU?

— EEEEEEHHHHH...!!!

E uma forte explosão de reiatsu irrompeu da casa, o suficiente para que a construção toda entortasse, assim como os dois braços gigantes que sustentavam a faixa vermelha. A casa sofrera um desnivelamento.

— Heeeeh, foi mais forte do que aquela vez... – observou Ganju enquanto cutucava o próprio ouvido com o dedinho – Beeem, vamos entrando!

— Hoje é um dia feliz, Yuushirou-dono!!!

— Hoje é dia do retorno de Sora-sama!!!

— Hoje é dia de comida boa!!! – disse Ganju – Aquele moleque cozinha muito, você tem que provar!

"Eles são malucos...”, pensou Yuushirou, ao que seguia Ganju e os gêmeos. "Será que Sora-san ainda está vivo?"


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Notas finais do capítulo

*Kyouryuu (拘流): corrente que flui constantemente através do Dangai, a fim de evitar que inimigos como Hollows a utilizem. A corrente impede que as almas se movam, e mesmo um pé preso por ela torna a fuga quase impossível. Abrange as paredes, capturando qualquer corpo que com elas entre em contato.

**Koutotsu (拘突): entidade que limpa periodicamente o Dangai, servindo como um conversor de corpos conforme explicação de Urahara Kisuke no arco do Shinigami Substituto. Tem o formato de um trem-bala e possui um único olho dourado que brilha como uma lanterna.

***Senkaimon (穿界門): é o portal dimensional que os Shinigami utilizam para entrar e sair da Soul Society.

¹Dangai (断界): “o Precipício do Mundo”. É a dimensão semelhante a um corredor que conecta a Soul Society e o mundo humano. Separado do espaço e do tempo, o Dangai flutua dentro do vazio conhecido como Garganta.



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