A canção dos corvos escrita por WriterM


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vocês estão?

A ideia para esta fanfic surgiu na minha cabeça há alguns dias, parecia interessante e eu pensei: "Por que não?". Vou tentar postar pelo menos dois capítulos por mês, mas não garanto nada. Ah, claro, quero esclarecer que essa história abordará alguns temas que talvez sejam sensíveis para algumas pessoas, então leiam com isso em mente.

Sem mais enrolações, desejo a todos uma excelente leitura e espero que gostem!



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Ela estava encolhida na penumbra, as sombras rastejando ao seu redor.

A grande janela sobre a sua cabeça fornecia a única iluminação do lugar, projetando pálidos raios de luz canhestros que traçavam um caminho fantasmagórico em direção a porta. Tremendo e abraçando os joelhos, ela encarava aquela porta com olhos assustados e marejados tão intensamente que parecia capaz de enxergar através dela. Dali, a fosca estrutura de madeira parecia muito maior e mais distante do que realmente era, assomando sobre a escuridão como o último guarda de pé para defender os portões do castelo. A menina engoliu seco, sentindo um gosto nauseabundo lhe encher a boca; e procurou no pânico dentro de si alguma última faísca de coragem. Não havia nada com o que se preocupar, ela pensou. Estava trancada atrás de sua muralha, protegida e segura. Nada podia lhe fazer mal ali e, no fim, tudo terminaria bem. Ela repetiu o pensamento em voz baixa incontáveis vezes. Queria tanto acreditar que existia uma centelha de verdade naquilo. Deus, ela estava rezando para que tivesse.

Os únicos sons no quarto advinham da sua respiração acelerada e de seus batimentos cardíacos, que de tão altos, lhe eram audíveis. O ar estava assustadoramente quieto; abafado e quente, embora as trevas lhe parecessem frias como um cadáver. Ela sentiu que poderia sufocar ali dentro. Seu olhar ainda estava fixo na porta e esta encarava-a de volta, austera e impassível, como se dissesse: “Tudo bem, eu vou te proteger”. Quase conseguia sentir um leve acalento ao imaginar isso. Até que ouviu os passos rasgarem o silêncio. Ela arregalou os olhos, o medo tomando conta. Era uma caminhada voraz, furiosa, e estava terrivelmente próxima. Encolhendo-se ainda mais, a menina atentou-se àquele andar, tensa, então ele parou e a primeira pancada na porta veio sem nenhum aviso. Ela abafou um grito, e depois ouviu uma segunda pancada. Logo iniciou-se uma série interminável de batidas, cada uma mais forte e ensandecida que a anterior, fazendo a porta chacoalhar e ranger com a violência.

Ela soluçava e tremia de medo. O som das batidas era ensurdecedor, e, sob o estrondear, uma voz gutural trovejava como o rugido de um monstro. Desesperada, arrastou-se para trás a fim de fugir dali, apenas para encontrar a parede às suas costas confinando-a àquele pesadelo. Sem saída. Não havia para onde correr. Ela mordeu os lábios e afundou a cabeça nos joelhos, sentindo-se frágil e indefesa – apenas a criança que era –, e então Hatsune Miku finalmente começou a chorar.

— Vai embora – balbuciou com a voz abafada. – Vai embora… por favor, vai embora… mamãe… eu estou com tanto medo…

Houve um estalo de algo se quebrando e a porta foi ao chão com um baque estridente. Hatsune Miku levantou a cabeça, aterrorizada, e gritou quando enormes mãos negras irromperam do breu, fechando-se ao redor do seu pescoço.

***

Ela acordou sobressaltada; ofegante e empapada em suor.

Hatsune Miku ainda sentia o coração martelar quando começou a se recobrar do susto e discernir o que estava acontecendo. Ela piscou os olhos algumas vezes até acostumá-los com a baixa luminosidade e reconheceu o teto ebúrneo pairando sobre sua cabeça. As cortinas fechadas vedavam o lugar com o escuro, mas a pouca claridade disponível era suficiente para Miku deduzir que já estava amanhecendo. Ela espiou brevemente os arredores, meio atordoada, assimilando o calor aconchegante do futon e o contorno da mobília do quarto. Remexeu-se, sentindo um arrepio desagradável, e sentou-se controlando a respiração. Logo à frente havia outra porta. Miku estudou-a com os olhos semicerrados por um momento, mas esta encontrava-se de pé e muito bem trancada. Desta vez, ela estava realmente segura.

— Está tudo bem – suspirou. – Está tudo bem.

Demorou alguns minutos até ela se recompor completamente. Aquele era o seu quarto. Ela estava em casa, na segurança e conforto de seu lar. Somente quando teve plena convicção disso que Hatsune Miku por fim se levantou, pronta para enfrentar mais um longo dia.


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Notas finais do capítulo

Se leram até aqui, por favor comentem e digam-me o que acharam. O feedback de vocês é valiosíssimo para mim :)

Nos vemos no próximo capítulo. Tchau!

*Fanfic disponível no Spirit Fanfics.



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