Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 33
O último dia




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"Já faz alguns dias que não escrevo aqui. Também, as coisas vão acontecendo então nem me lembro muitas vezes. Mas contando sobre o que eu fiz: finalmente consegui conversar direito com Nat. Eu tinha esquecido completamente de mandar uma mensagem desde o sábado em que me deu seu número. Acabei colocando a culpa nos afazeres da escola. Não tive coragem de dizer a verdade. Desculpa, Nat.

Também fui à casa de dona Ami. A coitada parece que não tá muito bem. Me veio falar umas coisas estranhas que eu nem liguei muito. Mas no meio de suas falas, tem algo que me intrigou: aquela tal de Mirella em que ela mencionou. O jeito como ela me contou as coisas que aconteciam com ela foi tão estranho. Eu não sei. Não sei se o que Dona Ami falou possa ser verdade também. Depois da nossa conversa, não sei mais o que acho.

Mas nada disso mencionado acima foi mais tocante pra mim do que a minha experiência recente. Acabei descobrindo uma passagem secreta bem aqui no prédio. Na verdade não era tão secreta, ela só estava disfarçada. Eu tive a oportunidade de fuçar o que tinha lá e me surpreendi com o que vi: uma passagem subterrânea com um extenso trilho de trem.

Também tinha uma parede enorme que, com certeza tampava o restante desse trilho. Andei um pouco por lá, mas não sabia o tamanho real dali e até onde o caminho me levaria, por isso não fui até o final. Mas depois que saí de lá várias perguntas surgiram na minha cabeça. Até onde iria o caminho? O que tinha do outro lado do paredão? De onde o trilho vem e para onde vai? E por que dona Tessália estava escondendo aquela passagem secreta? O que ela estava escondendo?"


Na escola...

Chegando na sala de aula, já vai direto para o lugar em que costuma se sentar. Então, pendura o guarda-chuva numa parte apropriada e começa a arrumar sua carteira. Enquanto isso, dá uma rápida olhada no canto em que Lavínia costuma se sentar e vê que o lugar está vazio. Em um primeiro momento estranha, pois ela sempre chega antes de você. Mas logo deixa pra lá e volta a fazer o que estava fazendo.


⌚ Algum tempo depois...

Passado alguns minutos, Lavínia chega apressadamente na sala com a roupa um pouco molhada. Ela está aparentemente irritada e reclama por causa da sua situação.

Logo mais ela vai para a carteira que sempre usa e começa a arrumar suas coisas. Você, vendo a situação, decide aproximar-se.

— Achei que não viesse hoje.

— Eu também não. No meio do caminho o vento foi ficando mais forte e foi me molhando toda. Que raiva disso! — ela diz passando as mãos sobre a roupa.

— Cheguei até estranhar. Você não é de se atrasar.

— É. Já era pra eu estar aqui faz tempo. Mas aconteceu uma coisa que você não acreditar — ela diz abrindo um sorriso.

— O que foi? — você pergunta.

— Sabe aquele garoto que eu peguei o telefone naquela noite na boate do evento?

— Qual deles? Você pegou de vários.

— Não fala assim. Mas enfim, isso não importa. Acontece que um deles estuda aqui na escola, sabia? Eu acabei de encontrar com aquele na entrada da escola — ela diz — Pena que ele foi me encontrar logo nesse estado.

Repentinamente, Allison e Cris entram na sala. Quando veem você e Lavínia logo se unem.

Lavínia, sentada em cima de uma das mesas de costas para a entrada da sala, subitamente sente alguém a abraçando por trás na qual leva um baita susto.

— Ai, que susto, Cris! Você podia ter me derrubado daqui — queixa Lavínia.

— Nossa, estressadinha! Foi mal, então — diz Cris, gargalhando.

— Eu avisei que não seria uma boa ideia fazer isso — comenta Allison, sorrindo.

— Obrigada, Allison. Mas quem disse que essa pessoa escuta os conselhos dos outros? — Lavínia fala balançando a cabeça em negação.

— Ah, que exagero! Assim você vai acabar me magoando — diz Cris fingindo drama.

— Seria melhor você ter abraçado... — Lavínia diz sem completar a frase.

— Abraçado quem? — Cris pergunta.

— Ninguém. 'Tava só brincando — ela responde olhando para você rapidamente, na qual fez uma cara de que não tinha entendido o que Lavínia estava falando.

— Cadê Max? Não veio hoje? — Lavínia pergunta para Allison.

— Não. Max acordou não se sentindo muito bem, então não deu pra vir hoje — Allison responde.

— Entendi. Mande melhoras da minha parte — ela diz.

— Pode deixar. Eu mando.

— Rebekah também não chegou — você avisa olhando para o carteira dela.

— Ela disse no grupo que vai se atrasar, mas que ainda vem — Cris fala.

— Disse? — você pergunta.

— Disse. Se você olhasse mais o celular saberia — diz Lavínia.

Em alguns segundos o sinal toca e o restante dos alunos começa a entrar na sala anunciando que o professor Bobs se aproxima e que não está com a cara tão amigável.

Ao entrar, ele dá bom dia para todos, mas parecia ter feito contra a própria vontade. Mesmo assim, os alunos respondem cumprimentando-o de volta.

— Bom, sem mais delongas já vou começando a tratar sobre o noss assunto. Hoje no campo da física vamos abordar o tema de...

Antes de completar a frase, o professor Bobs é interrompido pelas luzes da sala. De repente, elas começam a piscar ligeiramente como se estivessem dando tilte ou algo do tipo. Os alunos levantam a cabeça para olhar o que está acontecendo. Até que elas param de piscar e desligam.

Nesse momento, gritos são escutados ao longe e parecem não estar tão longe dali. Por um momento, conclui terem vindo da sala de laboratório ou de computação, pois lá sempre tem aulas nos primeiros tempos.

No meio disso, alguns alunos de sua turma também já começam a se envolver com a situação dando algumas risadas e soltando alguns comentários. O professor, observando as ocorrências porém visivelmente com a preocupação estampada em seu rosto exclama:

— Não se exaltem! Isso é perfeitamente normal em dias de tempestade!

Os alunos falam entre si causando o maior burburinho.
Lavínia assiste tudo calada balançando a cabeça em negação e revirando os olhos até que solta um:

— Nossa, quanta besteira!

Portanto, não demora muito para que as lâmpadas voltem ao normal e a aula poder seguir normalmente.

Seus colegas de turma, já fora de seus lugares exaltados voltam para suas carteiras a mando do professor que agora encontra-se sério. Nem parecia aquele com cara de medo há uns segundos atrás.

 

 

⌚ Duas horas depois...

Depois de duas aulas do sisudo professor, o sinal toca avisando ser a hora do intervalo. As luzes não haviam piscado mais enquanto lecionava as aulas, o que foi ótimo de não ter acontecido, pois de vez em quando ele dava algumas reclamadas quando as lâmpadas começavam a enfraquecer, ameaçando até de abandonar a aula.

Saindo da sala, foram direto para o refeitório você, Lavínia, Cris e Allison. Após pegarem seus lanches, partiram em busca de mesas para se sentarem. Dessa vez tinha bem menos pessoas lá. Então, sem dificuldades, conseguem uma mesa próxima à janela de vidro do refeitório. Por ela, dá pra se ver o breu que faz no lado de fora. As nuvens completamente escuras acompanham-se dos raios e trovões que rasgam o céu.

Durante alguns minutos, ficam conversando, até que, de surpresa, Rebekah aparece seguindo na direção de vocês logo sentando.

— Oi, gente. Tudo bem com vocês? — pergunta Rebekah.

— Rebekah! — Lavínia exclama.

— Hoje o dia não tá ajudando. Quase não consegui chegar aqui. Por onde eu moro algumas ruas estão cheias de água por causa de um bueiro que acabou entupindo — Rebekah completa.

— Sempre eles — comenta Cris.

— Além do mais que eu morro de medo de trovões. Então quase desisti de vir pra escola — ela diz — Como foi a aula?

— Bom, tirando a hora que teve uma queda de energia e a sala ficou escura por um tempo e o professor um pouco irritado, foi tudo normal — Allisson responde, sorrindo.

— Então acho que dei sorte de não ter pego a aula do professor Bobs — comemorou Rebekah.

— Acho que sim — comenta Allison.

— E Tommy e Micaella? — pergunta Cris.

— Tommy está na sala de professores. Foi entregar um trabalho com prazo vencido. A Micaella não pôde vir. Ela mora num bairro mais distante, então a situação por lá não tá favorável também — Rebekah explica — E Heitor e Felipe?

— Eu não vi nenhum dos dois. Mandei mensagem e ainda não tive resposta deles — Allison diz.

— Sério? Espero que eles estejam bem — Rebekah fala.

Vocês conversam por um tempo, despreocupados, até serem totalmente interrompidos por uma fala vinda dos alto-falantes da escola. Todos os alunos, então, vão parando de conversar até que ficam em completo silêncio para ouvirem o comunicado.

— “Alunos de Montreal, aqui quem fala é Meredith Glover. Venho através desse comunicado informá-los que devido às circunstâncias do dia de hoje devido à forte tempestade que ocorre nessa manhã, nós, da direção da instituição chegamos à conclusão de que após o intervalo, estaremos permitindo a liberação dos alunos para irem para suas residências. Quem morar nas proximidades e se sentir seguro de sair da escola, assim poderá fazê-lo, senão, terão que esperar o momento oportuno para a saída. Tenham um bom dia."

Ao terminar de falar, um enorme e estrondoso raio rasga o céu. Tudo fica muito iluminado e o fenômeno acaba pegando a maioria dos jovens de surpresa, fazendo a maioria gritar de espanto. As lâmpadas do local então, apagam de vez, deixando tudo sem luz. Esse foi o fator principal para iniciar a algazarra entre os estudantes que começam a se exaltar, animados, dando altas risadas.


⌚ Depois de algum tempo...

Quase uma hora e meia depois, eis que a tempestade, agora bem mais calma, toma conta do espaço e dá ao céu um novo cenário. Ainda está um pouco escuro, mas os trovões e a chuva forte estão mais fracos.

Alguns alunos — por loucura ou muita coragem — já tinham ido embora, então a escola encontra-se com uma menor parcela de pessoas. Do seu grupo, a única pessoa que mora mais próximo à escola é Lavínia, mais especificamente no mesmo bairro. Mas, mesmo assim ela não estava se sentindo segura o suficiente para ir. Pelo menos não até agora.

— Bom gente, acho que essa é a minha deixa pra ir. Não está mais chovendo então eu vou aproveitar antes que piore outra vez. Alguém vem comigo?

— Eu não sei, não. E se no caminho piorar? — Rebekah pergunta, preocupada.

— Você vai esperar e arriscar a ficar presa aqui de novo? — você pergunta.

— S/N tem razão. É melhor irmos logo — Cris concorda.

— É claro que sim — você diz.

— Tá, então vamo' falar menos e agir mais? — Allison sugere — Vamo' aproveitar que nós temos essas horinhas de folga porque mais tarde ainda temos compromisso aqui.

— Nossa, nem me lembrava mais disso. Que coisa chata! — Lavínia diz fazendo cara de choro.

— E lá vai ela começar de novo — diz Tommy, gargalhando.

— Espera, mas se não tiver condições da gente vir, então não tem como, né? — você pergunta.

— Será que mais tarde o clima vai estar de paz com a gente? — Cris pergunta.

— Eu não sei. Vamos ter que esperar — você responde.

— Se tiver eu não venho de jeito nenhum — Lavínia se manifesta.

— Okay, então vamos fazer assim: a gente vai se falando pelo grupo. Se estiver favorável pra todos saírem, então a gente se encontra aqui mais tarde — sugere Rebekah.

— Eu te apoio, amor — Tommy concorda.

— Por mim tudo bem — Lavínia consente.

— Perfeito — Cris fala.

— S/N, vê se fica de olho no grupo. Você parece que é invisível. Às vezes parece que nem quer conversar com a gente — Lavínia reclama.

— Não fala assim com S/N — Cris diz te defendendo.

— Tá, eu vou prestar atenção dessa vez. Eu já te expliquei a minha relação com as redes sociais, né? — você diz tentando se explicar.

— Já sim. Mas vê se esforça dessa vez, ok? — Lavínia diz dando um leve sorriso.

— Tá bom — você fala, concordando.

— Então, tá. É isso. Agora vamos que eu não quero pegar chuva de novo — Rebekah diz — Até mais, gente.

Vocês se despedem e, dividindo-se vão para lados diferentes. Rebekah e Tommy para um lado, Lavínia para outro, Cris vai para a avenida esperar por Enzo e você e Allison para a parada de ônibus.

Felizmente, a Avenida Polaroid não está com empecilhos que dificultam a travessia dos ônibus, porém é nítido que poucos deles ainda passam ao redor. Agora é só torcer para que no período da tarde ainda esteja favorável para que consigam ir normalmente à escola. 


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