Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 13
Lar doce lar




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"Uma das coisas que mais gosto é o dia de sexta-feira. Esse é um evento que eu sempre fico esperando acontecer. A minha nova escola está indo muito bem por sinal. Lá eu conheci novas pessoas, vivi coisas que jamais pensaria que pudesse viver, senti coisas que eu achei que não fosse sentir tão cedo. E isso ainda é a primeira semana. A cidade de Nevinny tem um ar ótimo e tudo que eu precisava era de ar puro, sem a poluição que as pessoas causam. E não estou falando de fumaça, queima de combustível, essas coisas. A poluição que eu falo é a que elas causam por seus atos e por suas maneiras de viverem. Essa sim é bem pior. Mas hoje eu estou feliz. Finalmente nosso primo Jeremy está chegando para nos visitar depois de anos, e nós estamos bolando uma festa de aniversário surpresa pra Lívia. Eu sei que ela não curte surpresas, mas vale a pena tudo o que ela tem feito e faz por mim durante esse tempo que estou aqui. Enfim, eu não vejo a hora dele chegar."

Você guarda seu diário no cofre e vai em direção à sua caixa de som para escolher sua música favorita. Colocando a música num volume bem alto, começa a fazer uns passos e começa a dançar no centro do seu quarto. Depois corre para pegar seu frasco de desodorante, sobe em sua cama e usa o produto como microfone, começando a imitar um astro do rock ou seu artista favorito.

— S/N o que está fazendo? Já é a segunda vez nessa semana! — exclama Lívia desligando o som.

— E de novo você faz isso — você reclama, arquejando.

— Mas é claro. Esqueceu que não estamos sozinhxs nesse prédio?

— Ah, o que custa? Hoje é sexta-feira.

— Mas você esquece rápido, né? Se continuarmos com esse barulho, principalmente nesse horário vamos receber uma multa correndo risco de até sermos expulsos. E do jeito que a síndica é, capaz dela...

Lívia nem termina de dar o seu discurso chamando sua atenção, pois logo foi interrompida no momento que você bate com o travesseiro na parte de trás de sua cabeça.

— Vo-vo... O que você acabou de fazer, garotx?

— Quer que eu faça de novo pra ver se você adivinha? — diz você, gargalhando.

— Olha o que você fez! Eu acabei de fazer meu penteado pra ir pro trabalho e agora estou toda assanhada — ela fala desesperada enquanto se olha no espelho.

— Haha, tá parecendo que foi assanhada pelo seu "peguete". Aliás, ainda se usa esse termo hoje em dia — você pergunta consigo.

— Se usa eu não sei, mas eu sei que preciso me arrumar logo senão vou me atrasar. E você também era pra estar fazendo o mesmo.

— Tá bom, "Miss Sunshine". Vai se arrumar. Mas antes...

— O quê?

— Isso — você diz arremessando uma das almofadas que acerta em cheio a cabeça dela.

— S/N, eu acabei de arrumar o meu cabelo! Você vai ver só pirralhx — Lívia diz pegando a almofada do chão jogando em você. Logo depois ela pega um outro travesseiro sobre a cama e começa a te golpear.

Os golpes logo dão origem à uma guerra de travesseiros. Você consegue acertar alguns em sua irmã assanhando mais o seu cabelo, mas ela revida com fortes pancadas, pois não estava muito contente com o estado que você a tinha deixado, mas logo a raiva passou e ela cai na brincadeira.

— Ai, chega, S/N. Estamos parecendo duas crianças numa festa do pijama — Lívia diz jogando o travesseiro que segura no chão em seguida ajeitando sua roupa enquanto recupera o fôlego.

— Até que foi divertido. Mas você como sempre se cansa rápido. Tá na hora de começar a malhar, hein? Dar uma corrida no parque, perder alguns quilinhos.

— O quê? Eu tô engordando?!

— Não, tô só brincando — você diz, sorrindo.

— É, parece que você leu minha mente. Já tem um tempo que penso em fazer isso. É uma boa ideia mesmo.

— Tá vendo? Quem sabe encontra alguém interessante por lá e...

— Nem termina essa frase. Você sabe que não tenho tempo pra isso.

— Tem certeza? Ou é só medo que você sente?

— Ah, medo. Não conheço essa palavra. E não tenho medo de relacionamentos. Apenas não me sinto confortável com qualquer um e hoje em dia aquela pessoa que a gente espera que tenha pelo menos um pouco das qualidades que nós idealizamos tá bem difícil de encontrar — sua irmã fala.

— OK, diga como quiser.

— Mas vamos lá? Vamos comer e anda logo pra se arrumar. Se a gente ficarr mais tempo aqui de papo a gente se atrasa.

— Sim, senhora. Pelo visto já quer trocar de assunto e logo — você brinca.

— Não começa com a graça.

Quando saem do quarto, vocês ficam mais um tempo no apartamento. Foi o suficiente para tomar café da manhã, se arrumarem e assim poderem sair rumo aos seus respectivos compromissos.

⌚ 24 minutos depois...

— Bem, aqui estamos mais outra vez. Ainda bem que hoje é sexta e hoje à tarde já vamos ter um pouco de folga — Lívia fala.

— Nem me fale. Essa semana foi intensa. Parece que eu tô nessa rotina há meses — você comenta.

— Estou ansiosa pela chegada do Jeremy. Já conto as horas no relógio de tanta ansiedade que eu tô.

— Que horas mesmo que ele chega?

— Por volta das quatro ele já deve estar no aeroporto. Então umas quatro e meia pra cinco já deve estar lá em casa.

— Eu vou com você até o aeroporto — você fala.

— Ah, não. Não vamos pegá-lo. Ele me avisou que um amigo o traria, porque ele quer rever alguns amigos primeiro. Daí como já é caminho já faz tudo de uma vez — Lívia fala.

— Entendi.

— Okay, então. Agora vamos logo que já estou ficando ansiosa e preciso continuar fazendo o tempo passar mais rápido.

— Te entendo. Também vou fazer o mesmo — você diz descendo do carro.

— Até mais, S/N.

— Tchau.

Chegando na sala de aula você encontra Cris, Lavínia e Rebekah conversando com alguns outros colegas de turma. Ao te verem logo eles abrem um sorriso e te cumprimentam quando se aproxima para sentar em sua cadeira.

— Bom dia, S/N! — diz Rebekah.

— Bom dia — você fala.

— Nós estávamos aqui comemorando — diz Cris.

— Comemorando o quê? Eu perdi alguma coisa? — você pergunta sem entender.

— Deixa eu falar. Rebekah nos disse que Allison ligou pra ela ontem e falou que provavelmente semana que vem já deve voltar a estudar com a gente — Lavínia fala.

— É sério? Isso é uma ótima notícia!

— Não é? Eu tô muito feliz com essa notícia. Não vejo a hora de ver nossx amigx aqui entre nós de novo — diz Rebekah.

— Depois do que Allison passou naquele dia só fico imaginando como deve estar a cabeça delx. Nunca imaginei que isso fosse acontecer algo assim logo aqui no bairro da escola — Cris fala.

— E você também, né, S/N? Aquele dia não foi nada fácil — Lavínia diz.

— Nem me fale. Só de lembrar já me vem aquelas cenas de novo na cabeça — você responde sentando-se na cadeira.

— Te entendo — Lavínia fala.

— Mas e você? Tá se sentindo melhor hoje?

— Você estava doente ontem, Lavínia? — pergunta Rebekah.

— Eu? Er, eu 'tava passando um pouco mal — ela responde.

— Mas nada grave, né? — pergunta Cris.

— Não, não. Mas vem cá, como você ficou sabendo que eu 'tava passando mal?

— Ah, Stefan me falou ontem à tarde aqui na escola. Inclusive, eu pedi seu telefone à ele. Pensei em te ligar pra saber como estava, mas como ele já tinha dito, então desisti. Espero que não se importe com isso — você diz.

— Não me importo. Na verdade eu 'tava pra fazer isso. Depois eu tenho que agradecer o meu amigo por antecipar meu trabalho.

— Então você conheceu Stefan? — pergunta Cris te olhando.

— Sim, ontem à tarde na reunião de preparativo pro festival — você responde — Aliás, vocês vieram ontem?

— Ontem eu tive um compromisso. Não pude vir mesmo — responde Rebekah.

— Eu também não vim. Por pura preguiça — Cris responde.

— Nossa, Cris. Quanta dedicação! Você sabe que alguns professores aqui são um pouco exagerados e se irritam com facilidade. Principalmente quando os alunos faltam ou atrasam — Lavínia fala.

— Haha, falou a aluna mais disciplinada da escola. Você mais falta do que comparece às aulas, Lavínia. Não é um exemplo de garota a seguir — Cris brinca dando uma risada.

— Muito engraçado — ela diz mostrando a língua.

— Mas não tem problema. Eu mandei um amigo me acobertar no meu lugar. Então acredito que nem o professor nem os outros sentiram a minha falta já que ele não faz chamada mesmo.

— Isso é perigoso, mas eu gostei da ideia — Lavínia comenta dando um sorriso maléfico.

— Então, S/N, o que achou de Stefan? Te pergunto isso porque eu nunca tive muitas oportunidades de falar com ele, apenas um "oi" e um "bom dia" foi o que eu consegui — diz Rebekah.

— É sério? Mas por quê? Ele é tão gente boa — você fala.

— É, só que Stefan é muito reservado. Ele é muito seletivo, então só fala com quem ele quer — Lavínia diz.

— Poxa, então ele não está nem aí pra mim, né? — Rebekah diz.

— Bom, se você conseguiu um oi e um bom dia, então já tem um começo.

— Pensando assim, tem razão.

— Stefan não é como os outros alunos do segundo ano que não falam com a gente só porque somos do primeiro. Ele não tem essa idiotice dos amigos — Lavínia diz.

— Espera, Stefan é do segundo ano? — você pergunta.

— Sim. Você não sabia? — responde Lavínia.

— Não. E também não sabia dessa história desse "bullying" por causa de turmas. Por acaso os alunos do segundo saíram do fundamental e vieram direto pra série que estão agora? Isso não faz sentido — você fala com indignação.

— Não liga pra isso, S/N. Tem muita gente aqui que não dá pra entender mesmo — Cris comenta.

No meio da conversa a professora de inglês entra na sala e os alunos que estavam dispersos vão em direção aos seus lugares para finalmente dar início à aula.

⌚ 2 horas depois...

Após duas horas de atividades e testes de pronúncia a aula termina ao soar do sinal, indicando que já é a hora do intervalo.

— Ai, eu adoro essa professora. As aulas dela são simplesmente as melhores — diz Rebekah.

— Também gosto dela, mas eu prefiro mais quando ela não vem — comenta Lavínia.

— O que será que tem no refeitório hoje? — Cris pergunta.

— Minha nossa, a gente falando das matérias e a pessoa já com pensamento na comida — Rebekah diz, gargalhando.

— Eu não julgo Cris, também tô faminta. Vamos logo pra fila do refeitório? — sugere Lavínia.

— Vamos, mas... vê se não exagera pra não passar mal na frente de todo mundo. Só um conselho de amiga.

— Não se preocupe. Hoje estou bem melhor que ontem. Aquilo foi só... ontem.

— Bom, então vamos logo, né? — Cris fala.

— Vamos — vocês respondem.

Depois que escolheram dentre as opções de lanches disponíveis no refeitório, seguem em direção à uma das variás mesas do local. Rebekah e Lavínia vão mais a frente ao passo que você e Cris vão caminhando um pouco mais atrás conversando.

— Então, S/N. Você deve estar ansiosx pra ver Allison, não é? — Cris pergunta.

— Sim. Desde a segunda-feira à tarde que eu não esqueço mais do que aconteceu naquele dia e o pior é que eu nem pude ver o estado de Allison quando eu fui no hospital.

— É uma posição ruim essa de ficar sem notícias sobre alguém com quem se preocupa.

— Verdade. Mas o importante é que recebemos essa notícia de que semana que vem elx já vai estar de volta. Dessa vez acho que vou ter mais tempo de conhecê-lx já que conversamos tão pouco.

— Verdade.

Os minutos de intervalo passam-se depressa, mas o tempo estava sendo bem aproveitado já que conseguiram conversar sobre vários assuntos, até mesmo sobre os ensaios e reuniões que estavam ocorrendo na semana.
Alguns amigos de Cris e Rebekah também apareceram, incluindo Tommy, namorado dela, puxando algumas cadeiras de outras mesas e juntando-se à vocês. Tudo ia muito bem até o momento em que todos já haviam terminado suas refeições, mas Lavínia saiu apressadamente dizendo que tinha lembrado de fazer uma ligação urgente, mas pela expressão dela não parecia bem isso que foi fazer.

Na sala de aula..

— Vocês viram a Lavínia? A aula já vai começar e nem sinal dela — você pergunta.

— Eu não vi — Rebekah responde.

— Daqui a pouco ela vai estar aí — Cris fala.

— Eu espero — você diz dando um suspiro olhando em volta.

O sinal de fim de intervalo já tinha tocado e todos os alunos começaram a ir para suas salas. Quinze minutos depois do professor ter iniciado a sua aula, Lavínia aparece na porta da sala e o professor acaba autorizando a sua entrada. Ela imediatamente segue para seu lugar, sentando-se e agindo normalmente como se nada tivesse acontecido.

— Você tá bem? — pergunta Cris sussurrando para Lavínia.

Ela apenas balança com a cabeça em sinal de afirmação ao mesmo tempo dando um leve sorriso e em seguida abrindo o seu caderno, mas o seu rosto pálido lhe contradiz em relação a situação dela. Será que está mesmo tudo bem?

⌚ Depois de um tempo...

Mais uma vez o sinal toca e dessa vez era indicando que era hora de ir para casa. Finalmente a semana de aulas chega ao fim, mas infelizmente à tarde ainda haveria a reunião para a atividade do festival.

— Ai, ainda falta esse ensaio de hoje à tarde. Não queria vir, mas como já faltei ontem... — diz Rebekah.

— É, eu também — diz Lavínia.

— E aí, conseguiu resolver o problema de urgência que teve? — pergunta Cris.

— Ah, sim, sim. Não foi nada — ela responde.

— Tem certeza? Você fez uma cara estranha, 'tava pálida, parecia que algo ia sair de dentro de você.

— Não, eu "tô" bem.

— Se você diz...

Após isso, todos se despediram e cada um foi pegar o caminho para casa. Você mais uma vez optando pelo metrô, seguiu em direção à estação rapidamente para poder chegar em casa, descansar e voltar para a reunião.

⌚ 05:54 p.m.

Já são cinco e cinquenta da tarde. A sexta-feira já está chegando ao fim e o sol começa a se pôr. Lívia encontra-se exibindo um sorriso enorme estampado no rosto aparentemente bem nervosa e ansiosa. Sua mente está inquieta assim como seu corpo que não para de andar para lá e para cá. Se ela continuar assim vai acabar fazendo um buraco no chão da sala.

— Ai, nem acredito que vamos ver nosso priminho. Depois de alguns anos e do nada ele simplesmente vai aparecer aqui na nossa porta.

— Calma, Lívia. Parece que você tá prestes a receber uma celebridade aqui em casa — você fala, sorrindo.

— Não longe disso. Quando Jeremy passar nas audições pra novela, de fato ele vai virar uma celebridade sem dúvida alguma. Já pensou nisso?

— É, você tem razão. Mas um passo por vez. Mas calma, logo logo ele chega.

— Sim, sim. E eu tô esperando. Não vejo a hora — ela diz agitando as mãos inquietamente.

De repente o interfone toca na cozinha e o porteiro do prédio avisa que há um rapaz procurando por vocês e pergunta se é para permitir a entrada do mesmo. Lívia logo responde eufórica que sim. Sendo assim, ela desliga o interfone e vai radiante para a varanda indo ao seu encontro para lhe dar o aviso.

Não demora muito e, em apenas alguns segundos a campainha toca. Vocês, já sabendo de quem se trata, correm apressadamente para a porta abrindo sem suspense até verem um jovem e formoso rapaz do outro lado que diz:

— É aqui onde moram minhas duas pessoas favoritas em todo o mundo?


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