História After You - escrita por Clawen


Capítulo 3
Problems


Notas iniciais do capítulo



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A irmã relatou em prantos que John Grady havia ido fazer a quimioterapia como todos os dias pela manhã, mas dessa vez foi demais para ele. Seu corpo debilitado pelo câncer sucumbiu-se a doença, deixando a família inteira arrasada. Outros nem tanto. Boa parte já esperava por isso. E não por maldade. O senhor Grady realmente precisava de um descanso após tantos anos de sofrimento.

Uma hora mais tarde, Owen estava sentado em um dos bancos do parque. Ficou ali tempo demais, tempo suficiente para pegar uma insolação. Recuperou-se e fez algumas ligações. Por incrível que pareça a mãe não estava chorando. O loiro avisou aos colegas de trabalho e foi para casa andando, estava tão perdido que esqueceu o carro em sua vaga executiva do estacionamento Centro de Controle, bem longe de onde estava.

Chegou em casa e foi direto para o chuveiro. A água caindo sobre o corpo queimado de sol. Nenhuma lágrima. Apenas o ruído da água indo embora pelo ralo abaixo. Owen ignorou o telefone celular tocando sem parar, jogou uma pequena mala em cima da cama, começando a jogar algumas roupas dentro.

*

Após algumas horas sentada chorando no Starbucks, sem ao menos conseguir pensar no que fazer. Claire foi para o escritório. Todos a olhavam de canto de olho. Será que a dona do Jurassic World estava chorando? Por que? Era o que todos se perguntavam.

— Claire... - foi parada por Vivian. - Você está bem, estava chorando? - a olhou preocupada.

— Não é da sua conta! - disse rispidamente fazendo a loira arquear as sobrancelhas assustada, e Claire percebeu tamanha grosseria. - Desculpa Vivian... só não está sendo um bom dia...

— Claro, eu entendo... meus pêsames. E como está Owen?

O parque inteiro já sabia do falecimento do pai de Owen, menos a pessoa mais importante. Sua esposa.

— O QUE? DO QUE ESTÁ FALANDO? - se assustou com as palavras da loira.

— Não está sabendo Claire?... - a olhou surpresa. - O pai do Owen... faleceu.

Claire definitivamente não esperava aquela notícia, foi outro grande choque para ela. Mas não tinha tempo para pensar muito.

— Meu Deus Vivian... - Respirou fundo. - Liga agora solicitando um helicóptero para daqui a 40 minutos, com o destino até a casa dos Grady. - saiu correndo até o elevador que já estava aberto no andar. Naquele momento, Claire esqueceu completamente a gravidez com uma preocupação muito maior agora, Owen.

Ela saiu correndo mesmo de saltos pelo resort. Em 5 minutos já estava chegando em casa. O loiro escutou o som do elevador. Em seguida a porta se fechado. Os saltos no piso de mármore.

— Owen... amor... - aproxima -se cautelosamente.

A voz suave da ruiva parecia longe.. Como um sussurro em um sonho distante. O loiro nem mesmo levantou a cabeça. De olhos fixos, dobrava as roupas, uma a uma para que cabessem na mala. Ele nunca havia feito aquilo.

Claire sentia uma dor no peito, sabia exatamente o que era perder o pai. Ela se aproxima lentamente, precisava ter o máximo de cuidado com aquela situação. Ela segura a mão dele e com a outra, leva até seu queixo o virando em sua direção.

— Owen... amor... fala comigo. O que está fazendo?

— Arrumando a merda da mala, não está vendo? - Respondeu grosseiramente, agora organizando os documentos se afastando dela. - Arruma suas coisas.

Ela se assustou dando um passo para trás. Levou a mão até a nuca, sem saber o que fazer.

— Daqui a quarenta minutos o helicóptero estará aqui para nós levar até a sua casa... - diz tentando parecer calma. E foi até o closet arrumando uma mala com coisas básicas.

— Não vamos viajar de helicóptero até a América do Norte, Dearing. Pensa antes de fazer as coisas. - Um Owen sem paciência atravessou o quarto com a mala mal fechada e a deixou encostada na porta. - ANDA LOGO CLAIRE! – gritou.

Se fosse em outras ocasiões, com certeza Claire teria gritado de volta. Mas aquele momento era muito delicado, devia deixá-lo ir sozinho. Talvez fosse melhor para ambos, mas que tipo de esposa seria o deixando em um momento como aquele? Ela nada responde, aquilo havia a magoado demais. Apenas pegou sua mala e a bolsa e o acompanhou.

Owen pegou a mala da mão dela e caminharam juntos até o saguão principal do hotel. O loiro havia solicitado um carro para que os levasse para o aeroporto. Iriam no mesmo jato que os levaram para a lua de mel.

*

A viagem foi no mais completo silêncio. Owen optou por ficar sozinho, longe das vistas de todos, até no dia seguinte quando apareceu para tomar café pouco antes de pousarem. Dessa vez ele não se certificou de que ela tivesse comido. Já Claire passou a noite em claro, tinha problemas demais naquele momento. Como contaria sobre a gravidez para ele? O que faria? Então decidiu não dizer nada. Seus olhos estavam inchados, após chorar e chorar. Chegaram na fazenda ao meio dia do dia seguinte. A casa estava cheia de parentes, Owen odiou, mas manteve a postura. Claire falou com todos os parentes. Exceto Bárbara, que ela não entendia o que fazia lá, já que pela cara não estava se importando. A ruiva praticamente correu até a sogra e a abraçou com força, e ambas choraram.

Owen conversou pouco com algumas pessoas, mais com os irmãos. O corpo chegaria no meio da tarde e assim aconteceu. O loiro ficou ao lado do caixão o tempo todo, sério. Até o momento do enterro, em que ele, o irmão e os tios carregaram o caixão até o cemitério.

Aquele dia com certeza era triste para a família Grady. Claire queria de todas as formas consolar o marido. Mas este sempre se afastava ou era grosseiro com ela. Aquilo a deixou devastada, então pediu para ir embora com a senhora Grady, depois de toda a cerimônia fúnebre. Não se sentia mais bem ali, e já que a presença de Claire não parecia fazer a diferença para Owen, ela acompanhou a sogra sem avisá-lo.

*

Por volta das nove da noite Owen apareceu em casa com Harry. Olhou Claire friamente assistindo TV com a mãe. As duas pareciam mais conversarem do que prestar atenção no programa.

Claire sentiu um aperto no peito com aquele olhar e indiferença.

— Licença senhora Grady... - levanta e vai até ele.- Podemos conversar?

Owen não respondeu. A puxou pelo braço até um canto isolado da casa.

— Por que sumiu do nada sem avisar?

— Por que Owen? É até estranho você ter percebido que eu não estava lá. Você não fala comigo nem olha na minha cara desde ontem, toda vez que eu tentava estar ao seu lado, você me afastava de você, sem contar as suas grosserias sem motivo!

— Se você soubesse se comportar, quem sabe eu não te trataria como merece. Vamos subir. - Disse autoritário.

— O que? - aquilo foi a gota d'água para ela, a facada que faltava em seu coração. - Talvez você mereça ficar sozinho! - sobe correndo para o quarto, se joga na cama e se permite chorar como queria desde o dia seguinte.

Owen subiu logo atrás, ignorando o choro e sentando na cama para tirar os sapatos. Claire virou para o lado oposto abraçando as pernas enquanto soluça de tanto chorar. Até que naquele exato momento sentiu um terrível enjoo.

— Meu Deus... - murmurou e foi correndo para o banheiro, fechou a porta e foi até o vaso. Começou a vomitar, quanto mais chorava mais vomitava.

Owen passou por ela fingindo indiferença. Mas na verdade estava preocupado. Começou a tomar um banho de água quente enquanto ela vomitava sem parar.

— Claire meu Deus! Dá para parar com esse drama?

Ela já estava tão fraca, que ao levantar e tentar andar até o quarto, desmaiou caindo com tudo no chão. Owen imediatamente fechou o registro do chuveiro, enrolou na toalha e a levantou.

— Claire.... hey... - Tentou acordá-la. - Claire!

O loiro a colocou em cima da cama e gritou pela mãe que veio imediatamente atendê-los. Logo ela já tomou conhecimento do ocorrido.

— Filho, você tem merda na cabeça?

— Ela fica assim para chamar atenção mãe, ela sabe que o dia não foi fácil e fica... - Owen levou a mão na cara na mesma hora, calando-se. Pôde sentir claramente o formato da mão da mãe no rosto.

— Sinceramente, Owen!

— Mãe, você viu se ela comeu hoje?

— Não, não vi, mas isso não justifica você tratá-la dessa maneira! - ralhou com ele.

Após um bom tempo inconsciente, Claire aos poucos começa a acordar. E ao ver Owen, virou o rosto para o outro lado, não queria vê-lo.

— Senhora Grady.... O que aconteceu?

— Querida, você desmaiou. - Disse ternamente. - Estava se sentindo mal? O que você tem?

Owen observava calado.

— Não estou, mas vou ficar. - disse apenas. - Será que a senhora poderia nos deixar a sós, precisamos conversar. - sentou na cama.

— Está bem. Melhoras meu amor. - A senhora Grady a beijou e fuzilou o filho com os olhos, saindo do quarto. - Owen já estava vestido a olhando com curiosidade.

Ela respirou fundo, precisava lhe contar sobre a gravidez. Talvez o animaria um pouco, quem sabe qual seria sua reação. Não era daquela forma, nem ali que queria lhe contar. Mas não continuaria sabendo sozinha.

— Por que está me tratando assim?

— Assim como?

— Você sabe Owen... Eu não mereço ser tratada assim, sou sua esposa... - começou a chorar. - Eu te amo... você não me ama mais?

— Não é só porque briguei contigo significa que deixei de te amar. Não fala bobagem!

— Por que se afastou de mim? Por que não me deixa ficar próxima de você nesse momento tão doloroso?

— Só queria ficar sozinho. Só isso. - Defendeu-se. - Me desculpe.

Ela abaixou a cabeça.

— Vou ficar em outro quarto. - levantou indo pegar suas coisas.

— Não, Claire. Eu pedi desculpa, quer mais o que?

— Eu quero o homem que eu amo de volta. Não quero continuar sendo tratada com indiferença.

— Ok. Já pedi desculpas. Vem aqui... - Abriu os braços.

Ela foi até ele e o abraçou forte, enquanto chorava tomando coragem em falar.

— Chega de chorar ruiva, vamos lá tomar um banho. Você vomitou até as entranhas, vamos comer depois.

Ela continuou abraçada a ele.

— Eu sinto tanto meu amor, pela perda.

— Está tudo bem. Meu pai deixou de sofrer, agora está dormindo em paz...

Ela sorriu fraco ao ouvi-lo e cessou o abraço.

— Preciso te contar uma coisa... - O puxou pela mão para se sentar na cama. - Não era assim que eu queria te contar. Queria ter feito algo especial, mas você precisa saber.... - Respirou fundo com um certo receio.

— O que foi? - O loiro agora conseguiu definitivamente sua atenção.

— Eu... - respirou fundo. - Eu...estou grávida!

Owen continuava a fitá-la com a mesma expressão de curiosidade. Ele pensou ter ouvido errado.

— Fala devagar. Está doente?

— Grávida Owen... Eu estou grávida!

Em menos de 5 segundos o homem levanta da cama a olhando desacreditado.

— Como assim? Não está! Você toma a pílula todos os dias, eu vi! - Owen checava todas as manhãs a cartela de anticoncepcionais embaixo da pia do banheiro. - Você está confusa, é uma virose muito forte. Te faz ficar assim...

— Não estou confusa! - Também levantou. - Ontem depois que voltamos da praia, fui no médico. Eu fiz exame de sangue Owen, deu positivo! - foi até a bolsa pegando o papel e o entregou. - Eu tomo sim todo dia, estou com três semanas. Exatamente no dia do nosso casamento eu tomei calmantes e isso cortou o efeito do anticoncepcional. - explicou.

— Ótimo. Isso só pode ser um pesadelo! - O loiro passou a mão nervosamente pela nuca, enquanto lia o papel que ela lhe entregara com a confirmação: "Beta-HCG Positivo". - Não, não agora Claire! Pelo amor de Deus. Não é hora para isso. Acabamos de nos casar!!!

— Eu sei Owen, eu também acho. Mas aconteceu e teremos um filho agora.

— Teremos? Por favor... Isso não foi decidido!

A ruiva o olhou assustada com os olhos arregalados.

— O que você quer dizer?

— Está de 3 semanas?

— Sim...

Owen pareceu pensar um pouco. Deu as costas para ela, pegou o telefone que estava no banheiro e retorna.

— Antes de voltarmos para Nublar damos um jeito nisso.

— Você... quer matar nosso filho? É isso... - começou a tremer.

— Não tem essa de "nosso filho" ele nem está desenvolvido! - Pareceu checar alguns contatos no telefone. - Tem uma clínica que faz o procedimento na cidade aqui perto. Vai ser rápido.

Claire incrédula foi até ele pegando o celular e jogando no chão.

— Sabe o que você é Owen Grady... UM MONSTRO!!! EU VOU TER ESSE FILHO SOZINHA!

— NÃO VAI TER FILHO NENHUM, CLAIRE! ELE É MEU TAMBÉM DECIDIMOS ISSO JUNTOS!!! VAMOS TIRAR, EU NÃO QUERO ESSA CRIANÇA, NÃO AGORA CLAIRE. PENSA NA MERDA QUE VOCE ESTÁ FAZENDO. ACABAMOS DE NOS CASAR, ESTAMOS APRENDENDO A CONVIVER JUNTOS! A DIREÇÃO DO JURASSIC WORLD ESTÁ NA NOSSAS MÃOS, AÍ VOCÊ VEM QUERENDO ESTRAGAR TUDO COM ESSA SURPRESINHA?? - Despejou exaltado.

Assustada ela se afastou dele, indignada com tudo aquilo.

— Terminou? - com a voz firme, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Aquele não era o homem que ela amava.

— Não. Vou lá embaixo pegar um remédio para você. Vai tomar nem que eu tenha que enfiar na sua boca.

— VOCÊ NÃO OUSE NUNCA... ESCUTA BEM OWEN, NUNCA MAIS TOCAR EM MIM! NÃO ME PROCURA! - pegou sua bolsa e mala. - Não se preocupa, você nunca verá essa criança. Você a rejeitou, quis matá-la. Então ela é só minha. VOCÊ NUNCA A VERÁ!!! - saiu descendo as escadas.

Owen foi atrás dela a impedindo de avançar até o final da escadaria.

— Não vai em lugar nenhum. Claire, pensa bem... vai atrapalhar tudo. Deixa para depois... a gente planeja. Claire, me escuta!

— Vai para o inferno, Grady! Você e o parque! - o olhar de Claire tinha mágoa e rancor. Para ela aquilo foi o fim e foi até a sala. - Harry, por favor me tira daqui...

— O que foi Claire? - O irmão do loiro deu um pulo do sofá indo até ela.

A mãe de Owen não demorou a aparecer e perguntar o que estava acontecendo.

— Mãe, pede para Claire se acalmar e me ouvir....

— VAMOS HARRY, POR FAVOR. - gritou. - Eu não quero ficar nem mais um minuto aqui.

O irmão de Owen rapidamente pegou a mala de Claire e levou até o carro. Ela olhou uma última vez para ele e caminhou até o veículo.

Owen insistiu em correr atrás.

— É assim? Vai dar birra? Claire Rose Dearing Grady volta comigo para cama agora... por favor. Claire!

Ela não respondeu e entrou dentro do carro travando a porta.

— Claire, calma não adianta resolver.... - ela o interrompe.

— Harry por favor, vamos logo. No caminho te conto tudo e você vai me entender.

— Para onde vamos?

— Me deixa no hotel mais próximo por favor. Amanhã de manhã, pensarei.

E assim Harry deu partido, Claire começou a chorar. A dor que sentia era imensa, estava deixando na fazendo seu coração, seu amor a razão da sua felicidade. Mas agora ela tinha que pensar no ser dentro dela. Seu filho.

Um Owen arrasado ficou parado no meio da estrada por um bom tempo, observando o carro sumir de vista no horizonte. Com o coração aos pedaços, Owen sentou-se na escada na varanda e colocou as mãos na cabeça.

— Filho. - Tereza Grady sentou-se um pouco acima. - Eu escutei a discussão. Não teve necessidade nenhuma de tratar a Claire daquela forma.

— Mãe, por favor. Não está ajudando. - Respondeu seco.

— Qual o problema de terem um bebê? Eu sei que não foi nada fácil enterrar seu pai hoje. Mas isso não justifica. Ela é seu porto seguro nessas horas. Veio até aqui por sua causa. O John se foi, agora teremos um novo membro na família. Ele ficaria feliz com a notícia de ser avô...

— Mãe...

— Cala a boca que eu estou falando!! - Ralhou. - Como pode querer matar um filho seu, Owen? Meu neto?

— Ela só está de três semanas! Nem é um bebê é um embrião, uma célula inútil, uma coisinha de nad... - O loiro calou-se quando o sapato da mãe voou certeiro na cabeça dele.

— Você está ouvindo o que está falando OWEN SHELDON GRADY? É UMA VIDA QUE VOCÊ GEROU NELA, SEJA HOMEM O SUFICIENTE PARA ASSUMIR SEUS ATOS. PORQUE NO PASSADO COM A SARAH NÃO FOI ASSIM?! E VOCÊ NEM A AMAVA O TANTO QUANTO AMA AQUELA MULHER QUE ACABOU DE SAIR CHORANDO DAQUI POR IDIOTICE SUA.... - Ela se acalma. - Espero de verdade que eu não perca minha nora. Ela não mereceu passar por isso que fez com ela, Owen. Francamente. - A mais velha levantou-se indignada afastando-se para o interior da casa enquanto o ex-marinheiro refletia sobre tudo.

*

Durante o caminho, Claire e Harry conversavam. Ele tentava acalmá-la, mas era em vão. Nada que fosse dito a ela naquele momento, justificaria o que ele pretendia fazer com o filho deles e Harry teve que concordar. Logo eles já estavam no hotel e o cunhado foi cavalheiro como todos os Grady eram, e levou a mala dela até o quarto.

— O que vai fazer agora? - o cunhado pergunta com preocupação.

— Eu só preciso descansar, amanhã pensarei.

— Tudo bem. - a abraçou. - Se cuida cunhada, lembre-se que tem um bebê dentro de você, tá bom. Qualquer coisa pode me ligar.

— Obrigada Harry, está bem. - sorriu fraco enquanto se despedia dele.

Assim que Harry saiu, Claire deitou. A tristeza que sentia a deixou devastada e exausta, em meio às lágrimas ela adormeceu. No dia seguinte, já havia decidido. Iria passar um tempo com Karen.

*

Todas as tentativas de ligar para ruiva foram frustrantes. Owen não conseguia de jeito nenhum. Ela pareceu ter bloqueado as chamadas dele. Então, quando foi na cidade durante a manhã buscar os sobrinhos para ir a fazenda, aproveitou para comprar um chip novo e ligar para esposa.

Claire já estava pronta para ir embora do hotel. Acordou mal, fraca e sem ânimo para nada. Mesmo sem fome, tomou um café reforçado. Ela tinha algo muito precioso para se preocupar agora, e precisava se alimentar bem.

Assim que pegou o celular e o ligou para poder chamar um táxi, viu várias chamadas perdidas de Owen o que a fez começar a chorar. O que ela mais queria era estar com ele, mas depois de tudo o que ele fez não o perdoaria fácil. Em minutos o táxi já estava em frente ao hotel e foi rumo ao aeroporto. Precisava avisar a irmã.

— Karen? - diz assim que a loira atendeu.

— CLAIRE? O que você tem? Por que está chorando? - percebeu a voz da irmã, o que a deixou desesperada.

— Depois te explico, assim que eu chegar aí.

— Aqui?... como assim Claire?

— Eu posso ir para sua casa? É só o que eu preciso saber agora.

— Claro, você sabe que ela é sua também.

— Está bem... até o almoço chego. - desligou rápido a ligação, não queria prolongar aquilo.

*

Durante a viagem para fazenda, os sobrinhos de Owen cantavam uma música extremamente irritante da família tubarão. Mas o tio não iria cortar a diversão dos pequenos.

— BABY SHARK DO DO DO DO BABY SHARK DO DO DO DO DO...

— TIO, TIO, CANTA COM A GENTE!!

— Ah, o tio de vocês odeia essa música...

— Tenho certeza que a tia Claire cantaria com a gente, Sam.

— Verdade.

— A tia Claire tá na casa da vovó, tio? - Perguntou Sophie de pé no banco de trás.

— É... não... a tia de vocês teve que sair um pouco. Logo ela volta. - Mentiu.

— Poxa, estava com saudades da tia Claire. Ela tava tão bonita no casamento, parecia uma rainha!

O pensamento que veio na cabeça do loiro não ajudou nada. Claire no altar junto com ele, ela realmente estava linda naquele dia.

Quando chegaram em casa, as crianças correram para dentro a procura da avó. Bárbara estava na varanda, comendo o primo com os olhos.

— Primo... que bom que chegou. Sinto muito por ter se separado da Claire. - Disparou a falar deixando Owen irritado.

— E quem disse que nos separamos?

— Bom, tenho certeza que vão. - Disse esperançosa. - Você está certo, sabia? Uma criança é uma completa desgraça na vida de qualquer pessoa. Elas choram, fedem e bagunçam as coisas.

Owen afastou da prima de mal humor, ela realmente era inacreditável.

Enquanto ele subia as escadas, os gêmeos se entreolhavam atrás da porta. Haviam escutado a conversa.

— Ouviu o que a Bárbara disse da gente?

— Ouvi maninha. - O garoto cruzou os braços esboçando um meio sorriso diabólico.

— Ela vai ver quem é que fede mais.

Enquanto as crianças tramavam suas travessuras contra Barbara, Owen organizava a mala no quarto. Iria embora apenas no final de semana. Precisava dar todo apoio a família.

Quando acabou, foi tomar banho. E enquanto se vestia após um demorado banho, ouviu gritos histéricos no quarto ao lado.

— MEUUU CABELO, MEU CABELINHO!!!!!! OLHA O QUE ESSAS PESTES FIZERAM, PRIMA!!!! OLHA MEU CABELO!!!!! - Barbara estava aos berros com o vidro de shampoo em mãos.

Não demorou muito, Tereza, Jessica, Owen e a mãe de Barbara estavam ali.

— O que aconteceu?

— AQUELAS PESTES,EU TENHO CERTEZA. COLOCARAM BOSTA NO MEU SHAMPOO CARÍSSIMO.

Owen começou a rir descontroladamente, Jess foi chamar os filhos e Tereza Grady averiguava o conteúdo do frasco de shampoo. Havia esterco de vaca misturado com o produto, e quando constatou isso, a mais velha se segurou para não rir. As travessuras dos netos não tinham limites.

Sophie apareceu com a cara mais santa do mundo, o irmão logo atrás visivelmente com medo.

— Podem me explicar o que é isso? A Bárbara disse que vocês colocaram coisas no shampoo dela.

— Não foram "coisas" vovó, foi merda mesmo.

— SOPHIE! - Ralhou a mais velha. - Que palavreado é esse????

— Desculpa vó, mas ela disse que crianças são fedorentas, agora acho que é o contrário.

Barbara deu mais um grito histérico e Sophie lhe deu a língua e saiu correndo, seguida do irmão. Logo seguidos da mãe: Com a cinta na mão.

O desfecho daquela história podem ser resumidas a choro e castigo. Owen queria muito contar para a esposa, mas as circunstâncias impediam. Por culpa dele, e o mesmo sabia disso.

*

Após uma longa viagem, finalmente Claire chega na casa da irmã. Que a espera na porta ansiosa.

— KAREN... - saiu correndo de dentro do táxi e foi abraçar a irmã. Era tão bom vê-la, a única pessoa que sempre estaria lá para apoiá-la.

— Meu amor, calma... Vai entrando que vou pagar sua mala. - Claire entrou e foi direto sentar no sofá levando as mãos até a cabeça. - Claire... O que aconteceu? - se aproximou sentando ao seu lado.

— Os meninos, onde estão?

— Zach está na faculdade e Gray na escola.

— Ótimo, assim podemos conversar...

— Meu Deus, fala logo o que está acontecendo...

Claire voltou a chorar só de lembrar de tudo.

— O pai... do Owen faleceu...

— Meu Deus, que terrível... E o Owen? Como ele está? Cadê ele?...Claire como você o deixou sozinho nesse momento? - a repreendeu.

— Eu sei Karen... E concordo... Mas ele está bem! Não precisa de mim! NUNCA PRECISOU! - Levanta irritada.

— O que você está falando?

— EU ESTOU GRÁVIDA! GRAVIDAAA! - levou a mão na testa.

Karen ficou estática com a notícia, aquilo era muito bom. Ela ficou imensamente feliz e correu para abraçar a irmã.

— Isso é a melhor notícia maninha... Aaaah que alegria. - Claire a abraçou forte.

— Não... Não é... Owen não quer esse bebê, ele não quer um filho... - Respirou fundo, repetir aquilo era doloroso. - Ele quer que eu aborte.

— O que? - no mesmo instante Karen a soltou indignada com o que acabara de ouvir. - Mas... isso é terrível!

— É sim! É sim! Eu odeio ele por isso... - Diz aos prantos.

— Calma Claire, calma... você precisa descansar. - e Karen precisava pensar no que faria para ajudar os dois. - Vem... vamos subir.

Claire a acompanhou até o quarto de hóspedes, assim que deitou com a cabeça no colo da irmã, adormeceu. Estava exausta e Karen a transmitia segurança.

*

O almoço e jantar foi até animado na sala de estar da família Grady. A fartura era bastante, o outono havia chegando na fazenda próspera deixando todos muito animados para o inverno que logo viria.

— Tio Owen, vamos fazer muitas abóboras de Halloween esse ano! Vai ser irado! - Sam comentou animado, fazendo Bárbara revirar os olhos em desdém.

— Vou ajudar a fazer as lanternas de abóbora amanhã cedo.

— OBAAAAAAAA!!!!

*

Claire havia acabado de jantar com Karen e os meninos, que ficaram muito felizes em ver a tia, porém perguntavam muito sobre Owen. Eles o adoravam. Depois de uma conversa distraída, Karen a chamou para conversar e foram até o quarto da ruiva.

— O que pretende fazer minha irmã?

— Posso ficar aqui por uns dias?

— Claro Claire! ... Estou me referindo a tudo. Eu estou tão feliz que vou ter um sobrinho ou sobrinha. - sorriu. - Sabe que tem todo meu apoio.

— Eu sei... ainda estou processando tudo isso.

— E Owen? - Claire a encara. - Vocês não podem ficar assim, precisam se resolver... terão um filho juntos e esse bebê irá precisar dos dois.

— Ele não quer esse filho Karen, ele já fez a escolha dele e eu a minha. Vou criar minha bebê sozinha!

Karen deu um longo suspiro enquanto a encara. Continuaram a conversa por alguns minutos e logo Claire já estava sozinha no quarto.

Ela sentou na cama e começou a refletir sobre a novidade, carregava um ser dentro dela. Um pedacinho dela e do Owen. O amor deles deu fruto. E ao pensar assim ela sorriu. Pela primeira vez colocou a mão sobre a barriga e começou a acariciar. Sentiu um grande amor percorrer seu corpo.

— Oi meu amor... como você está? Mamãe te ama muito e vai sempre fazer tudo por você... - sorriu triste, queria tanto Owen ao seu lado naquele momento. - Papai não está aqui agora, mas ele também te ama, tá bom... - começou a chorar sentindo um aperto no peito. - Você... vai ser a criança... mais amada desse mundo... - A ruiva agora soluçava. Ela ficou por um bom tem ali, conversando com a barriga.

E assim se passaram uma semana, Claire estava abatida, chorava sempre que podia. A separação de Owen doía, profundamente. Ela nunca seria feliz sem ele, mas tentaria pelo seu bebê. Deixou todos esses dias o celular desligado, as vezes durante a noite o pegava, a vontade de ligar para o marido era imensa. Mas ela lembrava de todas a palavras dele e o modo que a tratou, e no lugar da saudade vinha a mágoa, a decepção. Todas as noites tinha dificuldade para dormir sem ele, eles sempre dormiam abraçados. Ele era o travesseiro dela e só conseguia dormir envolvida em seus braços. Ela demorava horas até que o cansaço a vencia.

Claire e Karen contaram sobre a gravidez para Zach e Gray. Os meninos ficaram muito felizes com a notícia que teriam um priminho. Sim, para os dois seria um menino, o que fez Karen e Claire rir. Todos os dias a ruiva conversava com sua barriga, contava histórias dela com o ex-marinheiro. Ao mesmo tempo que era doloroso, era bom relembrar.

Mais uma semana se passou e chegou a hora de voltar para a realidade, voltar para Nublar e provavelmente, encarar o seu marido. E isso seria muito difícil. Ela então se despediu dos meninos e depois de Karen, que implorou para ela escutar os seus conselhos e pensar bem.

Logo Claire já estava no avião, rumo a Costa Rica. Em breve estaria em casa. Como será que Owen estava? Por mais que estivesse magoada, estava sofrendo pela perda do marido. Ela queria ter ficado ao seu lado naquele momento de perda. Mas seus caminhos tomaram outro rumo e agora inevitavelmente iriam se reencontrar.


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Notas finais do capítulo

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