História After You - escrita por Clawen


Capítulo 22
Capítulo - Tempestade em Nublar




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Os olhos claros de Claire tão logo ficaram marejados e ela sentou-se na cama tomando fôlego e coragem para contar ao marido.

 

— Eu não gosto muito de falar sobre isso, amor. Mas você precisa saber. Além de meu marido é o meu melhor amigo e confidente. - Novamente, respirou fundo. - A minha primeira vez com o... Justin... Foi muito ruim. Eu estava apaixonada na época, então achei que estava pronta, mas... Ele me pressionou muito e na hora fiquei muito nervosa e... Doeu muito... Eu não estava mais aguentando. Pedi para ele parar e ele não parou.

— Ele não... ele te forçou? -O tom de voz do marido era sombrio.

— Sim... - Sussurrou-lhe abaixando a cabeça, envergonhada.

Owen levantou-se com as mãos na cabeça, nervoso. Por mais que aquela atitude fosse desnecessária, não se conteve. Até que caiu em si, ela precisava de apoio, não de mais motivos para chorar. Com esse pensamento, Owen sentou ao lado dela e a fez olhá-lo. As bochechas dela adquiriram um tom ruborizado, que o mesmo achava lindo.

— Foi só... uma vez?

— Sim... E foi horrível... - As lágrimas reprimidas fluíram compulsivamente escorrendo pelas bochechas rosadas.

— Menos mal... vocês ficaram juntos por anos... eu seria capaz de ir lá na cadeia onde ele está internado para dar um cacete nele... se soubesse que forçou você nas outras vezes. Porque... não o denunciou? Contou isso para mais alguém?

— Eu não sabia o que fazer na época. Eu era apaixonada por ele... Só você sabe.

— Acho que o fato dele abusar de você já seria um motivo para paixão acabar. Não? Como foram as outras vezes?

— Vai me julgar?

— Jamais.

— Foram ruins. Para mim o ruim era normal...

— Eu confesso que fiquei surpreso em me contar isso. Eu nunca suspeitei de nada... na primeira vez que fizemos... você... foi... normal.

— Com você foi tudo diferente. Foi muito gentil e... Foi tão bom quando fizemos...

Owen a beijou na testa, trazendo-a para o peito.

— Olha... ele foi um imbecil. Não soube reconhecer a peça raríssima... o quão valiosa era a mulher que ele tinha... ou pensou ter. Não soube te provocar... te excitar, te dar todo o prazer do mundo como você merece. Sabe por que? Esse cara sou eu... queria muito quebrar o nariz dele mais uma vez. Mas acho que o agradeceria... por ter te deixado para mim.

A ruiva sorriu emocionada com as palavras dele o abraçando ainda mais forte.

— Obrigada! Sim amor... Eu também sou grata por tudo ter dado errado com ele. Porque ganhei você de presente o melhor homem do mundo, que me faz muito feliz e que eu amo muito...

— Ah... que isso. Você... superou bem isso? Se quiser... marco uma consulta para você. Deve ter sido traumatizante...

— Para que vou querer um psicólogo se tenho você? - sorriu. - Não precisa meu amor, você me curou de muitas coisas.

— Mesmo? - Owen apagou as luz da cômoda e deitou-se com ela no peito. Ficou sem jeito em pedir novamente o que havia sugerido mais cedo.

Claire pensou sobre a proposta, quando se sentisse preparava daria o que o marido desejava.

— Sim... Boa noite meu amor... - sussurrou sonolenta. Foi muito bom ter aquela conversa com ele.

— Ah... boa noite... eu te amo. Muito.

*

Era por volta das 4 da manhã, quando Claire desperta assustada com um desconforto. Sentou-se na cama levando a mão sobre a barriga. Sim, Clarisse estava se mexendo e pelo jeito estava muito agitada.

— Amor... - Sacudiu o marido.

Ao invés dos resmungos comuns quando era acordado, Owen sentou-se sonolento e cansado.

— Oi... desejo?

— Não amor... Apenas sinta... - pegou a mão dele levanto até seu ventre, dava para sentir perfeitamente a filhinha se mexendo. - Ela está muito agitada...

— Ah, sim. Minha garotinha não quer dormir? Mas o papai resolve. - Ele ficou ali, rente à barriga dela ouvindo, parado. Apertou os olhos, lutando contra a pouca claridade do quarto, e se deixou por muitos minutos ali, notando cada movimento da pequena Clarisse. - Uma pena eu não estar com meu violão agora. Me lembre de pega-lo no bangalô quando voltarmos... acho que me lembro de uma música...

Claire o olhou admirada com um sorriso de canto.

— Sabe tocar violão amor? E cantar? - perguntou surpresa.

— Tocar sempre toquei. Bom, não em público. Não mais. Durante a faculdade fiz parte de uma banda. Depois disso só peguei no meu violão nas minhas noites solitárias no bangalô... agora cantar não é o meu forte. Mas posso tentar para ela dormir.

Owen era um homem surpreendente, e isso encantava Claire.

— Eu quero muito te ouvir tocando. - sorriu. - E cantando...

Owen sentiu um chute no rosto repousado sobre o ventre e não pode deixar de sorrir.

— Olha, acho que ela está apressada mamãe... esse papai demora muito para começar, hein? - Disse carinhosamente alisando o local.

— Sim... -disse emocionada. - Acho que precisa começar logo, ela está te ouvindo...

O chute pareceu aumentar, e a voz dele começou a cantar um pouco mais alto, seguindo o ritmo suave do violão que o ex-marinheiro guardava na memória.

Hush little baby don't say a word

Acalme-se, bebezinha não diga uma palavra

Papa's gonna buy you a mockingbird

Papai vai te comprar um passarinho

And if that mockingbird won't sing

E se esse passarinho não cantar

Papa's gonna buy you a diamond ring

Papai vai te comprar um anel de diamantes

And if that diamond ring is brass

E se o anel for de metal

Papa's gonna buy you a looking glass

Papai vai te comprar um espelho

And if that looking glass gets broke,

E se o espelho se quebrar

Papa's gonna buy you a billy goat

Papai vai te comprar um bode

Owen levantou o olhar, repentino, para a esposa atento a qualquer movimento da filha, que estava quietinha agora.

Claire não pode conter as lágrimas, aquela música era fofa e a voz de Owen... Céus. Ele cantava incrivelmente bem e aquilo a fez se arrepiar por completo. O admirou em silêncio, aquele era um dos primeiros momentos pai e filha e deu resultado.

— Amor... Você canta muito bem. - sorriu acariciando sua barba. - Acho que deu certo, ela parou de se mexer... - acariciou a barriga com a outra mão. - Será que ela dormiu?

— Provavelmente sim... parou de chutar minha cara... - Sorriu.

Ela sorriu e voltou a deitar com cuidado de lado, o puxando para dormirem de conchinha.

— Espero que ela continue assim, até o amanhecer... - disse sonolenta. - Boa noite...

O fato era que Claire dormia cada vez menos e com mais dificuldade, agora que a barriga estava maior. Sentia dor no corpo, falta de ar. Se sente mais cansada quando acorda, e torcia para aqueles quase 4 meses passar rápido. Além da ansiedade de querer ver a filha.

A viagem durou mais alguns dias de descanso digno para o casal e toda família. Logo estavam de volta a Costa Rica.

*

Quando falaram que chovia bastante em Nublar não estavam brincando. Tudo bem, chuva não era estranho para Owen, considerando que passou boa parte de sua vida de combatente na marinha na Inglaterra, mas parecia que o céu ia desabar a qualquer minuto naquela ilha.

— Espero que essa chuva passe até o dia da inauguração... - Disse assim que saiu com a esposa do carro em direção à porta do velho bangalô.

— Não é possível que dure tantos dias... Aqui nunca foi de chover assim nessa época do ano... - Ambos entraram na antiga casa. - O que viemos fazer aqui, afinal? - o encarou confusa.

— Você disse que tinha saudade daqui, Claire. Não te entendo. - Deu-lhe as costas deixando o guarda-chuva de lado, e passou a revirar a bagunça a procura de coisas pessoais.

E ela tinha mesmo, mas não esperava que ele a levasse ali logo naquele dia. Andou pelo local o observando.

— Precisamos arrumar ele. Está uma bagunça... Não tem nem como deitar na nossa cama. - o olhou. - O que está procurando?

— Não está uma bagunça... está organizado ao estilo Grady... - Disse enfiando a mão em uma pilha de caixas velhas e retirando um velho violão empoeirado. - Achei essa belezinha...

— Não... Isso aqui está um desastre, não era assim na época que morava aqui... Olha essa poeira... - passou a mão sobre a mesa, nem sequer ouviu o que ele disse. Continuou reclamando, sem perceber. - Está tudo fora de ordem, precisamos dar um jeito nisso urgente...

— Hey... - Owen puxou ela pelo quadril e a beijou fazendo ela calar a boca. - A dona controladora voltou?

— Uhmmm... Na verdade, nunca deixei de ser, senhor Grady. - sussurrou entre seus lábios. E encarou o instrumento na mão do loiro. - Nossa... É Muito bonito. Que tal arrumarmos essa bagunça agora? - Se afastou indo até o quarto. - Não podemos deixar nossa segunda casa assim.

— Vamos fazer algo na cozinha e ir dormir, Dearing...

— Sabe que não consigo ficar em paz com essa bagunça, Grady.

— Está bem. Você deita e eu arrumo...

— Não, eu vou ajudar. - Foi até a cozinha e começou a lavar toda a louça suja. Inclusive a limpar a pia.

O marido bufou, porém não a impediu. Mas ficou de olho se ela pegasse algum serviço pesado enquanto tirava a poeira e limpava o chão.

Duas horas depois, o velho bangalô estava como antes. Ou talvez mais organizado. Claire já havia tomado banho e estava fazendo o jantar dos dois, algo prático e rápido. O macarrão que o marido tanto gostava. Owen apareceu atrás dela sorrateiramente apertando o bumbum da esposa com força. A chuva ainda caía desenfreadamente do lado de fora enquanto anoitecia.

— Olha só o que eu achei... - Exibiu um porta retrato com os dois se beijando em frente a uma árvore de Natal na casa dos Grady. - Até tinha me esquecido da existência dessa foto...

Claire olhou para ele e sorriu encarando a foto.

— O nosso primeiro natal juntos... - o beijou na bochecha. - Foi tão mágico... Tão especial para mim. O meu Natal feliz depois de 7 anos passando sozinha... - Olhou para foto e olhou para Owen. - Você faz ideia do quanto é importante para mim e mudou completamente minha vida?

— Eu te faço a mesma pergunta agora... - A beijou docemente na testa e seus olhos bateram no que ela estava preparando. - Meu macarrão favorito neném?

— É sim amor... - sorriu desligando o fogo. - Inclusive já está pronto. - pegou dois pratos servindo os dois. Ambos se sentaram no pequeno balcão que tinha lá, era a mesa deles. Claire começou a comer sem tirar os olhos de Owen. Ver aquela foto trouxe várias lembranças boas, e queria viver momentos incríveis como aquele, para sempre com ele e logo, logo, com a filhinha deles.

Durante o jantar ambos trocaram lembranças do passado juntos até ali. Owen gargalhou ao lembrar quando levou Claire para pescar pela primeira vez e ela não quis segurar uma das iscas.

— Devo ter mais fotos no velho álbum. Vamos procurar depois. Ainda tenho algumas caixas para empilhar. Quero você longe delas, ruiva. - Disse já enchendo a boca. - E a propósito... seu jantar está magnífico...

— Obrigada... - sorriu ficando levemente corada. - Não se preocupe, são apenas caixas. Eu tenho algumas fotos no meu computador... Podemos fazer um álbum nosso. O que acha?... Ah, me lembro muito bem que naquele dia, peguei 2 peixes e você nenhum. - sorriu convencida o encarando.

— Ah, isso foi mentira amor... - Mentiu repetindo o prato e colocou a mão na perna dela por baixo da mesa.

A ruiva sorriu sedutoramente e acariciou a mão dele que estava sobre a mesa.

— O que acha de assistirmos um filme depois? Como nos velhos tempos. Você escolhe...

— John Wick 2... Velozes e Furiosos. Sede de vingança. Duro de Matar. Clube da Luta ou... o exterminador do futuro?

Claire não gostava de nenhum, mas assistiria com ele.

— O que você quiser... Não conheço nenhum. - levantou levando os pratos para a pia e indo até o quarto. Pegou dois travesseiros e o edredom. - Estou pronta amor...

— Hmmm... - Owen a pegou no colo carregando até o sofá e deitou-se ao lado dela. Como o espaço era estreito, ele ficou na beirada e deixou a esposa no canto. Quando o filme começou a chuva pareceu dar uma trégua.

Claire se aconchegou nos braços fortes do loiro. O filme até que era bom, ela estava concentrada assistindo enquanto fazia um carinho no braço dele. Estava fazendo um pouco de frio, era estranho. Já que ainda não era época em Nublar.

— Amor, tem sorvete aqui? Estou com muita vontade...

— Não tem não, amor. - Responde sem desviar os olhos da TV.

A ruiva ficou pensativa, estava com uma vontade absurda de comer sorvete. Então levantou indo até a geladeira, abriu o freezer e encontrou uma forma de gelo. Não era o que ela queria, mais ela acreditava que ajudaria. Retirou a forminha e pegou um cubinho levando até a boca. Na parte mais entediante do filme, Owen nota a ausência da esposa, então se levanta preguiçosamente. Seguiu o perfume de baunilha exalando da cozinha e se depara com a ruiva chupando pedrinhas de gelo.

— Claire? O que está fazendo? Quer ficar resfriada? - Brigou tirando o gelo da mão dela.

— Owen... - O encarou arqueando as sobrancelhas. - Não vou ficar doente. É só gelo! -Bufou. - Estava com desejo de sorvete e como não tem, isso resolve e é menos calórico. - puxou de volta a forminha.

Owen era mais forte e tomou dela colocando no alto, em seguida contatou um dos restaurantes da ilha para fazer a entrega do sorvete.

— Quer de que sabor?

— Não quero mais... - sentou no sofá. - Já passou à vontade.

— Ah.... pois não? Traz um de baunilha... traz um de cada sabor por favor. Irei mandar a localização, obrigado. - Desliga o telefone, indo atrás da ruiva. - Claire... você me tira do sério mulh... - Um grande clarão se fez presente em seguida a energia acabou-se. - Mas que.... droga! Porra!

Chovia mais forte do que nunca do lado de fora. O barulho das gotas grossas batendo no telhado improvisado de amianto do bangalô era alto o bastante para apavorar mais ainda depois da queda de energia. Owen tentou olhar janela afora, mas tudo que viu foi um clarão, seguido de uma escuridão amedrontante.

— Amor! - Claire foi até ele o abraçando forte. Morria de medo de chuva. - O que foi isso?

— Acho que algum relâmpago atingiu o poste de luz... calma...

— Será?... - pegou o celular e estava sem sinal. - Que merda! Só falta o parque ter ficado sem luz... Mesmo com os geradores. É um desastre, como vamos falar com alguém assim. - andava de um lado para o outro. - Estamos ilhados aqui.

— O parque está fechado. Hoje é domingo, nossos hóspedes devem estar se divertindo em outro canto liberado do parque e temos geradores sim... fica tranquila. - Sua mão tocou o ombro da esposa de modo suave. Logo ela sentiu o colchão da cama sob as costas, ele afundar-se ao lado dela, dando indícios de que Owen se deitara ali. O perfume de banho fresco que emanava dela, fazia Owen lembrar os pensamentos pacíficos de outrora. - Eu estou aqui, se acalma. Está tremendo de frio ou de medo? - Pergunta, ainda usando seu cheiro como terapia. Logo outro estrondo do lado de fora se fez presente fazendo os dois se assustarem. Owen caiu na gargalhada logo após.

— Não tem graça... Para de rir, Grady. - Ela se encolheu ainda mais, tentava se acalmar. Sabia que estava protegida nos braços dele, tentou apenas se concentrar naquele momento, nele. Os trovões era assustadores. Claire fechou os olhos escondendo o rosto entre o pescoço e ombro dele.

— São só trovões. - Sua resposta soou em um tom ameno, de uma suavidade quase maleável, acompanhado de um beijo quente na testa da esposa. Os trovões vinham em maior frequência, parecendo querer rasgar o bangalô a cada som agonizante que faziam. - Acho que o entregador do restaurante vai me amaldiçoar por vários anos. Imagina a estrada como deve estar agora...

A esposa o encarou assustada, tinha se esquecido dele.

— Amor... E se acontecer alguma coisa com ele? A culpa vai ser minha, tudo por causa de um desejo idiota. Essa estrada fica péssima na chuva. Aí meu Deus... - sentou preocupada.

— Claire, esses caras são treinados para isso. Você está muito nervosa ultimamente. O que há? - Alisou as costas dela, notando apenas sua silhueta na escuridão.

— Deve ser por causa da inauguração, é daqui a duas semanas. Precisa estar tudo perfeito... Não pode dar nada errado. Nada. - respirou fundo e voltou a deitar em seus braços. - Eu só preciso dormir... Temos que terminar de arrumar essa bagunça aqui, amanhã.

— Céus, será que dá para esquecer minha bagunça, Claire? - O loiro afundou os lábios no pescocinho branco da ruiva deixando leves e delicados chupões.

— Não dá não... - sorriu de canto seguido de um longo suspiro. Segurou os cabelos da nuca dele, os puxando levemente. - Isso é relaxante... Uhmmm... - o puxou procurando seus lábios, os selando em um beijo apaixonado.

— Porque você fica tão sexy grávida? Amo essas curvas deliciosas... - A primeira imagem foi a do teto escuro. A segunda foi o rosto de Claire. Com a cabeça apoiada em seus ombros, ela tinha os olhos iluminados por um brilho fascinado. O marido levou a mão ao ventre dela. - Clarisse... tá mexendo...

Era impossível respirar. Era impossível pensar. Tudo que Claire sentia era o calor sobre sua mão e embaixo dela, a maciez da pele além do tecido fino, a intimidade da posição.

— Você gosta é? Não está... - arfou em delírio. Owen tinha uma facilidade para satisfaze-la apenas com um toque. Ele a fazia se sentir única e ela amava aquilo. Era especial sempre, todas as vezes.

Naquele momento ela esqueceu que chovia, mal ouvia o barulho estrondoso da tempestade. Apenas a respiração de Owen contra o seu rosto, parecia estar sendo enfeitiçada, com o feitiço mais poderoso do mundo. O amor. Claire deu um sorriso singelo e segurou o rosto do marido.

— Me ame, Owen... Da mesma forma que nos amamos aqui, a primeira vez...

Owen moveu a mão dele mais para baixo e prendeu o fôlego ao identificar a curva do início da pélvis.

— Nossa neném está mexendo e você querendo outras coisas, ruiva... - O loiro sentia algo muito forte. Nervoso, tentou descobrir se Claire tinha ideia da tortura a que o submetia. Não. Ela não devia nem imaginar. - Às vezes nem parece real... É como um sonho do qual vou acordar.... Um milagre. Duas sementes que se unem para criar um ser humano...

Ao sentir o chute mais forte, ela percebeu que sim, sua filha estava mexendo. Estava tão excitada que não tinha percebido e de certa forma se sentiu envergonhada por aquilo. Empurrou gentilmente o marido para poder se sentar.

— Sim... - sorriu com as palavras dele. - Você tem razão, parece um sonho. Nosso amor é tão lindo... Intenso que... Geramos um ser juntos amor... Um pedacinho meu e seu, nossa filha. Eu jamais imaginei que era tão especial assim... Ser mãe.

— Eu te amo, sabe disso? -Embora já houvesse pensado nisso antes, Owen compreendia de certa forma a sensação que ela descrevia. E experimentava algo muito parecido. O bebê nunca tivera uma dimensão real até os últimos dias.

Os dedos enlaçaram seu pulso como garras de ferro. Perplexo, compreendeu que a excitara com o gesto inocente. E o enfurecera também. Mas como? Por quê? Só agira pensando em dividir com ela a excitação provocada pela vida que crescia dentro dela.

— Claire... acha que a atração física entre um homem e uma mulher que são casados nessas circunstâncias é pecaminosa?

Ela o encarou com um sorriso meigo e fez um carinho em seu rosto.

— Claro que não é meu amor. Somos um casal que se ama muito, nosso amor foi abençoado por Deus. Nossa união é abençoada. E a nossa filha é fruto desse ato de amor. - sorriu. - Não pense assim... Não é pecado nos amarmos. Eu te amo muito Owen, te amarei sempre. - o observou. - O que me diz? Acha que estamos pecando?

Owen sorriu e beijou-a docemente.

— Se há algum pecado nisso... - Murmurou. - ... Certamente queimarei no inferno. - E beijou-a mais uma vez.

Talvez a confissão era todo o estímulo de que a ruiva precisava. Sem dúvidas, Claire ficou ainda mais linda do que ele imaginara naquela fase tão especial na vida de uma mulher. Assim que terminou de despi-la, Owen apreciou o corpo de curvas delicadas e pele pálida, fascinado com a pureza que cintilava em seus olhos verdes.

— Você é perfeita.

Ela estava levemente corada. Sempre que Owen a olhava daquela forma, sentia suas bochechas queimando. Seu coração acelerava desgovernado, sua respiração ficava ofegante. Para qualquer um de fora, era óbvio aquele amor entre ele. E a forma como Owen a tratava com tanto zelo, era admirável. Claire tinha ciência disso, e mesmo se sentindo as vezes desconfortável com as mudanças de seu corpo, mas podia sentir que ele a amava mais.

— Uma vez te fiz uma pergunta... E agora vou repeti-la, mas de forma diferente. - sorriu. - Você vai me amar, quando eu estiver velhinha e enrugada? - ficou de joelhos a cama se aproximando dele. O ajudou a tirar calmamente a camiseta e começou a beijar seu pescoço e peitoral.

— Sim, você já me fez essa pergunta e sabe a resposta... eu te amarei até o fim da minha vida... Vou ser um velhinho bem fogoso, já aviso...

Claire gargalhou e o olhou nos olhos. Lembrou da frase que ouviu em um dos filmes favoritos do marido, que a obrigou em assistir duas vezes com ele, ainda quando estava em cartaz no cinema.

— "Eu te amo mil milhões" - sorriu.

— Ah, mil milhões? - O loiro mordeu o lábio inferior retirando os fios de cabelo que caíam rebeldes no rosto. - Não sabe o quanto isso é... Sensual... carnal... Carnal é um termo correto? - E beijou um seio nu. - Isso parece muito próximo de pecaminoso, e já decidimos que não estamos pecando. Somos casados, não é mesmo? - Sem desviar os olhos dos dela, ele se ajoelhou sobre o cobertor e convidou-a a fazer o mesmo, empurrando seus cabelos vermelhos para trás dos ombros a fim de expor os seios nus ao ar úmido da noite. Owen inclinou a cabeça e sugou um mamilo rosado, usando a língua para acariciá-lo.

— Exatamente... Não tem nada de... Errado... - murmurou já perdida nos braços dele, totalmente entregue. Ali, no ninho de amor do casal onde se amaram a primeira, e após muito tempo, aquilo se repetia. Sem pressa, apenas aquele momento importava. A tempestade parecia ter passado, mas eles não se importavam. Claire fechou os olhos para sentir melhor os lábios e língua do marido em seus seios. Soltou um gemido quando o sentiu sugá-lo. - Owen... - sussurrou em pleno êxtase.

Satisfeito, o marido notava Claire entregando-se às sensações.

— Tem ideia de como isso é delicioso?

Ela sem entender muito, o encarou com um sorriso singelo.

— "Isso" o que, meu amor?

— Fazer isso aqui... - Owen repetiu a leve chupada no seio dela, mais forte.

— Uhmmm... - gemeu o encarando intensamente. - E você não faz ideia do quanto isso é delicioso de ser sentido, é... Muito prazeroso. - afirmou. - Continue, faça gostoso como sempre faz...

Ele a segurou pelos braços e puxou-a sobre o corpo, colocando-a de forma que as partes íntimas estivessem alinhadas.

— Não sou bom com as palavras, mas há algo que posso dizer... Só consigo imaginar uma coisa melhor do que te chupar, ruiva...

— O que é meu treinador? - sorriu de canto mordendo o lábio inferior.

— Isto. - E penetrou-a. - Você está no comando, Claire. Determine o ritmo da nossa cavalgada...

— Oh céus amor... - gemeu.

Sorriu com última frase do marido, ele sabia que ela gostava de mandar em todo. Mas preferia ser dominada por ele na cama. Porém, ela estava por cima. Podia ver o sorriso sacana do loiro, o que a fez rir. Queria morder aqueles belos lábios, mas a grande barriga de grávida não permitia. Prometeu a si mesma que quando a filha tiver nascido e não ter mais a barriga no meio dos dois, faria muitas loucuras com aquele homem. Começou com um vai e vem lento, podia senti-lo perfeitamente dentro de si. Era uma delícia. Então, levou as mãos até seus longos cabelos ruivos os segurando para cima, enquanto começava a aumentar o ritmo, cavalgando e rebolando sobre as coxas grossas do loiro. Gemidos altos saíram de sua garganta.

Aquilo o excitou de forma incontrolável. Naquela noite notou ela tão livre e sensual pela forma em que segurava os cabelos, a princípio devagar, depois com uma velocidade imposta pela necessidade e pela natureza. Claire abriu os olhos por um instante e o encarou. Owen estava tão lindo, ofegante e suado, sorriu para ele e sentiu que não aguentava mais continuar tão devagar. Começou a intensificar o ato. Owen agarrou-lhe as coxas com força incentivando as sentadas que ela dava, até que o som da campainha lhe irritou os ouvidos.

— Porra!

— Deixa tocar, Owen... - aumentou ainda mais o ritmo o prendendo embaixo de si. - Não vou parar... Agora não... -murmurou.

— Ok, vamos trocar... está... está se esforçando demais... Céus Claire... - Com certa resistência da parte dela, Owen a colocou de lado como na vez anterior, encaixou-se nela metendo com força, no ritmo que só ele sabia fazer. - Não esquece que temos visita... Não gema muito alto... - A mão livre tocava o sexo dela sem pudor algum, como se a incentivasse a gritar.

— Aí meu Deus Owen... - sussurrou, queria gritar. Moveu os quadris ao máximo que conseguia e com certa urgência, agora que foram interrompidos. Ela xingava muito aquela pessoa internamente. Até que Owen foi tão fundo, que ela gozou intensamente. Levou a mão até a boca, tentando segurar os gemidos.

Owen também sentiu uma explosão violenta que teve o poder de isolá-los em um casulo de felicidade composto apenas por sensações. Repletos, saciados, felizes como jamais estiveram. Owen estendeu os braços para o teto e riu.

— Um dia você me mata de vez... - murmurou.

Ela riu tentando recuperar o fôlego.

— Que exagerado, Senhor Grady. - Virou para ele e o beijou calmamente. - Te amo demais... - sussurrou entre seus lábios. - Agora vai lá, atender o pedido. - puxou o edredom se cobrindo.

— Está bem. - Levantou contra vontade vestindo um calção qualquer e abrindo a porta. Desculpou-se pela demora, fez o pagamento e guardou tudo na geladeira. - Ruiva? Certeza que não quer?

— Tenho denguinho... Estou exausta.

Owen enfiou-se embaixo do cobertor sorrateiro.

— Voltei...

— Uhmmmm.... Meu cheiroso. - o beijou se aconchegando ao seu lado.

— Todo suado? - a deu um beijo de tirar o pouco fôlego existente. - Boa noite... - Sorriu entre os lábios inchados dela.

— É cheiroso de qualquer jeito. - respondeu sorrindo. - Boa noite meu amor... -Não demorou muito para o casal adormecerem, abraçados e aquecendo um ao outro.

*

Quando o sol derramou seus primeiros raios de luz no bangalô, e os passarinhos cantavam próximo a janela do quarto, Claire despertou. Antes aqueles barulhos matinais a irritavam quando dormia ali com Owen. Mas naquele dia, a trouxe paz. Ela virou para admirar o amor da sua vida ainda adormecido.

Eles tinham muito trabalho a fazer durante o dia, mas principalmente no bangalô. A ruiva olhou em volta, pensando no que faria com aquelas caixas.

Ela não notou quando Owen saiu da cama, só quando escutou o som da água do velho chuveiro.

— AMOR, O QUE QUER PARA O CAFÉ? - Gritou do banheiro.

— NÃO SEI AMOR, O QUE QUISER. - levantou da cama, vestindo sua camisola e lingerie, pois ainda estava nua.

Foi até a cozinha e viu que Owen tinha colocado uma caixa em cima da pia.

"Que bagunceiro".

Foi até ela, a mesma estava pesada. Mas Claire não deixaria uma caixa cheia de germes em cima da pia. Pegou a caixa, mais de lado por causa da barriga e com muito esforço a colocou em uma das cadeira. Praticamente a jogou assim que sentiu um grande pontada abaixo do ventre.

"Céus. O que foi isso?"

Levou a mão até o local e acariciou, era uma pontada intensa. Claire foi para cama se sentar fazendo o trabalho de respiração que Owen havia a ensinado, não sabia explicar, mas aquilo a deixou apavorada. Seus pensamentos só foi para sua filha.

"Calma querida, não foi nada. Mamãe tá aqui. Mamãe tá aqui."

Com os olhos marejados, a dor foi diminuindo. Ela precisava muito ir ao banheiro.

— ANDA LOGO OWEN!!! - gritou sem muita paciência.

O marido surgiu com a barba por fazer, cabelos molhados todos fora de ordem e toalha amarrada na cintura.

— Já acordou daquele jeito pelo visto... sabe que pode usar o banheiro enquanto estou no banho, não vejo problema nisso. - Fez a observação já esperando ser desclassificado verbalmente.

— Eu sei... - levantou devagar sentindo a mesma pontada. Mas em menor intensidade. Foi rápido para o banheiro e após fazer suas higiene de forma rápida, mas que o normal. Observou algo de errado, havia sangue em sua calcinha. - Aí meu Deus... OWEN! - gritou desesperada.

Imediatamente, o marido apareceu na porta do banheiro onde ela estava encostada na pia de mármore atrás de dele.

— Claire? O que foi? - Perguntou assustado.

— E-eu... Eu estou sangrando Owen... - estava trêmula. - E-eu não devia estar sangrando.... Me leva para o pronto socorro... - Claire estava tendo um ataque de pânico, não conseguia se mexer. - A culpa é minha... A culpa é minha...

Owen arrumou a camisa no lugar, desesperado.

— Calma, fique calma, vamos para lá agora mesmo! Fique aí, eu vou pegar uma roupa para você e nós saímos imediatamente! - Falou o marido afobado.

Quando a ruiva percebeu, Owen já estava despindo-a e passando pela cabeça dela um vestido mais largo. Assim que a vestiu, ele pegou-a no colo levando Claire para o carro.


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Notas finais do capítulo

❤️❤️❤️❤️



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