A Jornada Para o Último Céu escrita por Kamihate


Capítulo 43
Capítulo 41 - Desafiada




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No dia seguinte, após todos acordarem, Hiang-Lin já havia preparado alguns pães cozidos no vapor e colocado na mesa, ela era como uma dona de uma pensão preocupada com seus clientes, mas fazia tudo isso sem cobrar nada e com muita boa vontade, o que fez com que Yuan-Shui desse um longo suspiro.

— Você é como uma deusa na terra, irmã Hiang!

— Haha, isso não é nada, sentia falta de cozinhar pra alguém, fazia isso todo dia pro meu pai...

Apesar de estar sorrindo, todos notaram um tom de voz melancólico com a frase da garota.

— Você não quer vir conosco, empregada? Sinto que teremos refeições boas todos os dias com você.

Yi-Fang disse zombando mas ela falava sério, de alguma forma.

— H-hein!? O que você tá dizendo sua demônio pervertida!?

Jia-Li se levantou da mesa olhando com sangue nos olhos para Yi-Fang.

— Eu concordo! Irmão Huo-Lei, ela pode ser de muita ajuda em nossa jornada, ninguém no grupo sabe cozinhar, a irmã Jia até que tenta mas...

Yuan-Shui sentiu a lâmina de Jia-Li fazendo cócegas em sua cintura.

— Não gosta da minha comida, Yuan-Shui?

— EU AMO!

— Eu...

Hiang hesitou e olhou para baixo, ela se sentiu envergonhada por um momento, mas todos perceberam que talvez essa fosse uma proposta que ela realmente queria receber.

Huo-Lei respirou fundo.

— Nós lutamos contra um mestre muito acima dos nossos níveis, sobrevivemos apenas pela safadeza da Yi-Fang, mas nada garante que não passaremos por coisas até piores, aliás, sei que iremos passar se estamos sendo caçados pelo império e Zao-Khung.

Huo-Lei olhou para Hiang-Lin que pareceu se sentir triste com a não aprovação de Huo-Lei.

— Mas me deixe ao menos irem até Yan-Rong com vocês! Quero aproveitar esses momentos com outras pessoas amigáveis...

Aos olhos de Jia-Li, aquela era só mais uma garota mimada, mas ela sentiu certa pena ao sentir que ela poderia realmente ser muito solitária, ela passou sua infância toda morando afastada com seus pais e longe do contato com a maioria das crianças que estavam treinando nas seitas.

— Bom, se você quer isso, não vejo porque não, você conhece a cidade, pode nos levar até alguns figurões.

Todos ficaram surpresos por Jia-Li ter concordado e respondido Hiang de forma tão polida.

— O que foi!?

O monge até parou de mastigar para olhar para Jia-Li que ficou vermelha.

— Eu acho que essa menina Hiang pode até mexer com o coração de uma víbora.

— O QUE DISSE!?

— N-nada eu quis dizer que você é vigorosa apenas como uma víbora hehe, foi um elogio!

Jin Manchu encheu a boca com um bolinho e saiu da mesa.

Algumas horas depois o grupo partiu em direção a Yan-Rong, a famosa vila que possuía um grande comércio.

A cidade era rota para todos que iam para o norte e para o sul, ela ficava quase no meio da região cercada pela seita do céu prateado, seita da cobra e céu carmesin, era um ponto neutro onde as pessoas faziam leilões, negócios, havia também muitos bares e prostíbulos, e também a cidade tinha uma lei onde não podia haver lutas.

— Ei careca, você disse que alguém pode nos informar algo, você quer dizer aqueles velhotes ladrões?

Yi-Fang ia na frente porque ela andava mais rápido que todos ali, ela ia dando pequenos saltos e olhando os arredores.

— Eu não sei se vai ser possível falar com eles, parece que cobram uma taxa pelas informações, você tem algum dinheiro Huo-Lei?

— Não muito, mas o Yuan-Shui veio de uma família rica, ele pode bancar.

Huo-Lei respondeu enquanto Yuan-Shui correu em sua direção.

— E quem disse que sou a porra do seu cofre?

— Irmã Hiang, pode pedir pro Yuan-Shui?

Huo-Lei olhou para Hiang que caminhava ao seu lado, ela olhou para Yuan-Shui com um sorriso simpático e seu olhar doce.

— Por favor, irmão Yuan???

— ISSO É MALDADE SEU MISERÁVEL!

Yuan-Shui havia caído no jeito sedutor de Hiang-Lin e amaldiçoado Huo-Lei.

Jia-Li era a última no grupo, ela ia emburrada apenas de olho nas ações de Hiang-Lin.

— Não confia nela ainda?

Quando todos da frente se distanciaram um pouco, Jin Manchu se aproximou de Jia-Li.

— Não. Você pode achar que é por ciúmes, mas eu sinto que tem algo errado.

— O que seria?

— Ela é muito... boa. Não que não existam pessoas boas no mundo, mas aprendi desde criança da pior maneira que as coisas não são um mar de rosa, o murim está corrompido a muito tempo, ela que viveu naquela vila cheio de pessoas rudes e ignorantes, ainda ser uma pessoa doce e otimista, mesmo que eu sinta uma leve melancolia, algo não me parece natural.

Jin Manchu ficou pensativo após a análise de Jia-Li.

— Não sabia que você foi tão analítica assim, achei que você fosse mais ‘a força’ e o Huo-Lei o estrategista.

— Haha, não me subestime, meu irmão é o mais forte aqui, mas eu também consigo pensar, ainda mais quando sei que alguém quer fazer mal a ele.

Fomos perseguidos a vida toda, não tivemos um dia de paz na seita, mesmo com o mestre Mujang nos protegendo, aprendemos a ver como as pessoas são, meu irmão também deve pensar o mesmo que eu, mas ele se deixou levar pela beleza dela, tsc.

— Então você realmente está com ciúmes.

O monge franziu a testa enquanto Jia-Li olhava afiado para ele.

— De toda forma, acho que se ela tentar fazer algo, não pode ser que consiga nos derrotar.

O monge disse isso mas algo o fez ficar um tanto recuado.

Ao chegarem em Yan-Rong, Yuan-Shui ficou de boca aberta com o número de lojas espalhadas pelas filas de pequenas ruas do lugarejo.

Haviam vendedores de frutas, de cerâmicas, armas, animais, alguns cartomantes, pessoas vendendo amuletos, selos, pipas, balões.

— Irmão Huo, vou dar uma olhada naqueles espetinhos!

Yuan-Shui disse e saiu correndo.

— Ele é uma criança?

Jia-Li, apesar de dizer isso, estava com os olhos brilhando ao olhar para uns manjyus.

— Você quer um irmã?

— EU QUERO EU QUERO!

Yi-Fang chegou pulando no ombro de Huo-Lei implorando como se fosse uma cachorrinha.

— Você só pensa em comer não é?

— Eu queria é comer você, mas...

Jia-Li pegou a demônio pelo colarinho e a jogou longe.

— Você também quer um, irmã Hiang?

Aquilo sim havia enfurecido Jia-Li que mordeu com força seus lábios.

— EU compro pra gente, eu tenho mais dinheiro que você afinal.

Para não deixar que Huo-Lei comprasse para Hiang-Lin, Jia-Li comprou 5 espetinhos.

— Eu ganho também? Você está mais bondosa que de costume hoje, irmã Jia.

O monge sorriu mas ela se aproximou e cochichou pra ele.

— Seu puto, fique de olho nesses dois pra mim e eu te compro alguns selos depois.

— Você tá me comprando, não está?

— Você não tem escolha.

O olhar de assassina de Jia-Li fez o monge abaixar a cabeça várias vezes concordando.

— Irmão Huo, aquele prédio ali...

Jin se aproximou de Huo-Lei e apontou uma estrutura muito grande com detalhes em azul e dourado, era um prédio retangular com um pagodá atrás e vários guardas em sua entrada.

— Aquele ancião que você disse?

— Sim, aquele nome não mentiria.

O monge apontou para a inscrição na entrada “Li-Rong – Leilão das Províncias do Oeste’

— Li-Rong? Ele tem a ver com essa cidade?

— Isso eu não sei, mas deve ter, visto sua influência. Eu já ouvi muitos rumores enquanto roub.. digo, enquanto batia nas pessoas que tentavam me enganar e tals.

— Você acha mesmo que ele pode ter alguma informação?

— Se alguém aqui sabe de algo, deve ser ele.

Huo-Lei pensou um pouco e resolveu dar uma olhada.

— Irmão, eles não permitem que mulheres entrem no local.

O monge olhou para Jia-Li e Hiang-Lin, Yi-Fang havia sumido na multidão, todos pensaram que ela deve ter ido atrás de comida.

— Você pode esperar aqui com a Hiang-Lin irmã?

Jia-Li deu um salto de susto e olhou para Hiang-Lin meio travada.

— C-com ela?

— Podemos sentar ali naquele tio da barraquinha, irmã Jia.

Hiang-Lin respondeu sorrindo com os olhos fechados.

— Argh... tudo bem, mas espero que não demore.

As duas foram se sentar juntas enquanto esperavam por Huo-Lei e Jin Manchu.

O clima parecia muito pesado, ao menos do lado de Jia-Li que olhava para a parede em sua frente sem encarar Hiang que apenas tomava um chá tranquilamente.

— Não quer chá irmã?

— EI, eu vou ser direta logo de uma vez, quais suas intenções com meu irmão!?

— Hm...? Huo-Lei é uma pessoa que admiro muito.

— Tsc, é, eu sei disso, mas você quer algo mais?

— O que você quer dizer?

Jia-Li estava furiosa por pensar que Hiang estava se fazendo de sonsa.

— Garota, eu conheço bem o seu tipo, você pode enganar esses gados, mas não a mim!

— Hehe, você gosta muito do irmão Huo, pelo visto, né? Sei que vocês não são irmãos de sangue.

— E DAÍ!?

Jia-Li bateu contra a mesa e se levantou.

— O irmão Huo me protegeu sempre e vivemos juntos nos apoiando desde a infância, não vou deixar que ninguém com más intenções se aproxime dele.

— Ah, é? Isso é bom irmã Jia, com ele ao seu lado fico despreocupada.

O sorriso singelo de Hiang-Lin fez Jia-Li querer explodir de raiva.

— Você se acha demais, né? Eu te desafio pra um duelo então! Eu não usarei nenhuma arma, mas se você conseguir me golpear uma só vez, eu deixo o irmão Huo pra você! Agora se eu não receber um único golpe seu depois de 20 tentativas, você vai voltar pra sua casa e nunca mais nem pensar no meu irmão.

Jia-Li disse determinada enquanto fitava os olhos verdes de Hiang.

Para sua surpresa, a garota sentada sorriu e lambeu os lábios.

— Hmm, eu não posso recusar uma proposta desse tipo, irmã Jia.


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