Seita das Presas Mortais

— Mestre Yu-Lao, os mestres chegaram.

Quem havia feito o anúncio era um guarda do palácio das Presas Mortais diante do mestre da Seita, Yu-Lao, que permanecia em pé virado de costas na frente de uma estátua de uma serpente amarela com olhos de rubi na frente do seu trono.

— Ora essa, você nem pra nos preparar algumas concubinas? Sabe que foi uma viagem longa das Altas Montanhas até esse lugar inóspito!

Um ancião gordo com um casaco de pele enorme e portando um machado em suas costas entrou naquela vasta sala enquanto procurava alguma cadeira para se sentar.

— Como sempre, o pessoal da terra não possui modos. Não os culpe pela falta de educação, senhor Lao, é algo sanguíneo.

A mulher que dizia isso era uma senhora de aproximadamente 60 anos que usava um chapéu negro com um véu cobrindo seu rosto, ela andava suavemente e se sentou em um lugar designado pelo guarda que parecia trêmulo e nervoso.

— HÁ! Uma velha gaga que se arrasta querendo me dar lição de moral? Vocês da Jade são petulantes demais.

— Gorducho, não ouse falar do palácio da jade, eu estou designado a casar com a princesa Lin, caso você insulte qualquer membro de lá, é como se estivesse insultando a mim, e você sabe que eu não consigo ser tão complacente.

O outro homem que havia entrado no salão era um jovem de aproximadamente 30 anos trajando um robe azul claro e com o símbolo de uma onda em suas costas portando um sabre bem chamativo.

— Mais um metido, quem diabos você chamou pra fazer parte dessa peça teatral sábio Lao?

O gorducho havia se levantado irritado ao ver algumas figuras que ele não se dava bem.

— Vocês sempre falam demais, isso é um problema.

O último convidado surgiu sem que ninguém percebesse, ele estava em um canto do palácio encostado em uma estrutura de mármore com os braços cruzados, era um homem de aproximadamente 40 anos que usava uma venda em seus olhos e possuía um longo cabelo branco que ia quase até seus joelhos.

— M-mestre Zen...

O gorducho se sentou novamente quando Yu-Lao finalmente se voltou para frente e dois guardas fecharam as portas do salão.

— Vocês acabaram com a apresentação? Vejo que estão animados em se reverem.

Yu-Lao falou enquanto se sentava em seu trono.

— Deixe de papo furado, você não é disso, nos diga apenas o seu plano como havíamos discutido pelo mensageiro.

— Senhora Jion, já que veio de tão longe, acredito que queira passar mais tempo em nossos aposentos, ouvi dizer que a jade está quase se quebrando novamente, sabe-se lá quando vão poder fazer outra refeição do nível das daqui.

Yu-Lao sorriu ironicamente enquanto a senhor pareceu apenas ignorou olhando para o lado.

— Como vocês sabem, parece que o incidente do Céu Prateado foi confirmado. Meu fiel guarda voltou ontem de lá, o ancião está morto.

Todos arregalaram seus olhos naquele momento.

— N-não é possível! Mujang sobreviveu há muitas catástrofes!

Daozun, o mestre ancião da seita da Terra se levantou contestando o que acabara de ouvir,

— Ele estava velho, como todos nós. O que fizemos é tudo passado, os tempos mudaram, todos aqui estão ciente, com exceção do jovem do Rio Infinito.

Yu-Lao olhou na direção de Mugong-Zei, o filho do rei das ilhas do Rio Infinito.

— Eu posso ser novo mas estou ciente das coisas sênior, meu pai, apesar de não sair da cama, sempre me conta todos os seus grandes feitos, e também sei que nenhum de vocês daria conta do Zao-Kung no atual momento, por isso estão se borrando de medo.

O jovem sorriu enquanto comia uma maça que estava na mesa em sua frente sem se importar.

— V-você! Está falando com os anciões das maiores seitas do murim!

O gorducho Daozun bateu suas mãos contra a mesa ficando ainda mais nervoso.

— Ele está certo, Daozun, não teríamos chance contra o Zao-Kung, é por isso então que eu entrei em contato com ele.

— Você o quê?

A velha havia falado depois de passar algum tempo com a cara fechada.

— Eu não podia esperar, ele já sabia da minha relação com o velho Mujang, eu não tenho vergonha de admitir o meu medo, mas eu soube de algo que vocês também iriam gostar de saber.

Zen-Hiei, que estava ainda em pé encostado na parede, finalmente olhou na direção de Yu-Lao.

— O que seria tão importante ao ponto de nos chamarem pessoalmente pra cá? Você apenas nos disse que traria informações da grande revolta que está por vir, mas ainda considero algo improvável.

— Hahaha, improvável, você diz?

Yu-Lao sorriu tomando um copo de vinho.

— Vocês não devem saber, mas a seita do sangue começou a se mover.

Todos ficaram com uma expressão séria ao redor da mesa.

— Estávamos cientes que isso aconteceria, mas qual a importância disso nesse momento?

Disse Jion.

— Eu fiz um acordo com Zao-Kung, ele permitiu que fizéssemos uma aliança para eliminar as três seitas alvo do Sangue, bom, uma delas já não existe mais.

— E por que achava que iríamos concordar com isso?

Mugong olhou com certa raiva na direção de Yu-Lao.

— Vocês não tem escolha. Suas seitas estão todas no mesmo meridiano, estamos envolvidos quer queiramos ou não, a única chance é nos aliarmos ao Palácio Imperial e à Sombra. Zao-Kung garantiu nossa proteção, mas impondo uma condição.

— E que condição seria???

Daozun perguntou enquanto tentava pegar um pedaço de pão no meio da mesa, mas sua barriga não permitira.

— Ele quer que matemos os dois únicos sobreviventes da seita do céu prateado.