Neblina e Luz escrita por MidnightGlasses


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom, o que posso dizer sobre isso?

Eu atualmente eu estou com muito tempo livre e com algumas ideias estranhas que ocasionalmente apareceram na minha mente estranha e desconexa, eu também estou um pouco autoindulgente então sinta-se livre para fazer pedidos sobre alguma história que você queira ler e talvez eu faça, eventualmente!

E como sempre eu não estou usando um revisor beta para me ajudar a corrigir erros de gramática e sintaxe, mas estou dando o meu melhor na produção dessa história, então apenas seja feliz com esse pequeno conteúdo, esse capítulo não tem intenção alguma de ser uma história com vários capítulos como seu antecessor essa é apenas uma história curta sobre o que ocorreu depois dos acontecimentos de névoa e vapor, pense nisso como um epílogo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809226/chapter/1

[•••]

O som familiar de cascas de ovos sendo quebradas de maneira característica, o chiado confortável de uma chaleira somado ao cheiro agradável de torradas, esses sons, cheiros reconfortantes se propagaram pela cozinha dos Ainsworth. Dentro do cômodo silencioso Elias observava como Silky virava os ovos com uma espátula e cutucava ocasionalmente algumas tiras de bacon minuciosamente, o café da manhã pareceu mais singelo que em outros dias, nada desagradável, apenas incomum.

Ainda assim, o mago pensou um pouco sobre isso, mais do que ele deveria inclusive, ali naquela cozinha, mastigando um pedaço de sua torrada a conclusão final de Elias sobre seus pensamentos foi que alguma coisa estava passando despercebida pelos seus olhos, mas ele não sabia dizer, o que poderia ser?

A decoração não havia mudado nem um pouco, muito menos a paisagem, ela permaneceu a mesma, mesmo com várias mudanças em sua vida nada disso mudou, esse não era o problema.

As pílulas vermelhas de Elias tremeram enquanto seu cérebro estava pensando sobre o que mais poderia ter mudado — além da mudança sutil no cardápio do seu café da manhã —, a gema dos ovos em seu prato sacudiu quando ele agarrou o garfo com muita pressa, o garfo raspou na gema com força demais na verdade. Apunhalando uma salsicha e dando uma mordida, os olhos do mago vagaram para a mesa.

Ruth também estava no mesmo lugar de sempre, a diferença era que ele não estava enchendo sua boca com comida, o que era estranho, essa foi a segunda diferença a ser percebida em seu  jogo silencioso que consistia em encontrar os erros em sua rotina.

Elias observou Ruth, as mãos do homem estavam unidas umas às outras enquanto ele encarava seu prato de comida onde jazia lá apenas um singelo pedaço de pão mordido pela metade, seu prato estava quase vazio, mas ele não fez menção alguma a repetir sua refeição.

Nada mais e nada menos, era como se fosse um grande esforço para Ruth continuar comendo. Elias empurrou seu prato em direção a Ruth o testando, ele estremece enojado com a comida, de certa forma Ruth parecia repelido pela comida da mesma forma que um vampiro era repelido ao entrar em contato com um dente-de-alho.

— Algum problema? Você parece estranho.

Isso é muito... Incomum, o mago retornou o prato em sua própria direção voltando a comer, o abismo que constituía parte da escuridão de seus olhos se intensificou enquanto esperava uma resposta do homem.

— Eu estou bem, apenas sem fome, recentemente Chise não tem estado tão bem e isso está começando a me afetar.

Chise... Sim!

Pensando um pouco melhor, ela normalmente era uma das primeiras pessoas a acordar naquela casa, apenas perdendo para Silkie, pareceu para Elias que ele finalmente encontrou todas as divergências em sua rotina habitual.

Há cerca de dois dias Chise não estava se sentindo muito bem, o que não era nada demais principalmente em dias que a maldição parecia sair do seu controle, mas depois de todos os acontecimentos que transcorreram na vida de sua esposa não seria um problema estomacal que iria matá-la, ela é forte e Elias nunca iria deixar de reconhecer isso.

Falando nela, ele podia sentir o cheiro no ar de que Chise estava na sala, o que despertou seu interesse, o mago torceu o pescoço para trás apenas o suficiente para ver o contorno de sua silhueta se aproximando e se tornando cada vez mais nítida.

Atrás do casal Ruth agradeceu a Silky quando ela chegou para socorrer sua ânsia de vômito com uma xícara de chá, ele murmurou um elogio para a mulher em agradecimento.

As luzes de suas pupilas suavizaram assim que Chise se aproximou, e ele se derreteu assim que ela fez uma carícia gentil em seu crânio, fascinado demais para questionar por que ela parecia tão abatida, ela foi a última pessoa a acordar, então deveria ser esse seu motivo.

— Bom dia, Elias! — sua voz era suave e sonolenta enquanto ela se dirigia para seu lugar em frente a Elias esfregando seus olhos suavemente.

Silky sorriu para Chise lhe entregando uma xícara de chá, ela agradeceu suavemente para a mulher igualmente agradecida por seu gesto gentil.

— Bom dia, Chise...

O café transcorreu de forma corriqueira, embora ele fosse o único a realmente comer algo mais consistente na mesa, Ruth pediu uma nova xícara de chá e Chise escolheu comer alguns biscoitos e torradas.

A maga encostou o cotovelo na mesa, com uma xícara de chá na mão, a outra apoiada em seu rosto de maneira pensativa, o mago pensou que ela estava olhando para ele, mas prestando um pouco mais de atenção o olhar de Chise estava voltado para outro lugar, se ele fosse teorizar algo plausível, muito provavelmente o par de janelas localizado nas suas costas era o objeto de seu interesse.

Ela estava muito pensativa, o que ele poderia fazer em relação a isso? O mago pensou que talvez ele pudesse resolver essa situação, usando algo que ele encontrou em um de seus velhos livros de romance abandonados em sua prateleira.

— Um beijo pelos seus pensamentos — disse Elias.

— O quê? — Chise respondeu com um ar cansado, mas mudou um pouco seu semblante ao ouvir a frase, isso foi inesperado. Ruth e Silky apenas se sentaram, observando até onde essa linha de diálogo iria chegar.

— Um beijo pelos seus pensamentos — disse o mago novamente.

— Como você pretende fazer isso? — Ela brincou com um sorriso singelo surgindo em seus lábios, a xícara passava entre suas mãos enquanto a mulher imaginava de onde ele poderia ter tirado essa ideia. Certa vez os dois fecharam os olhos enquanto tentaram trocar um inocente beijo da mesma forma que casais comuns fazem e, Chise admitiu, sim foi uma escolha duvidosa, era estranho beijar a boca do crânio de um lobo, e o resultado final não poderia ser mais engraçado, pelo menos em sua memória aquilo foi engraçado.

— Bom você terá que descobrir — foi tudo que ele disse. Ele era definitivamente mais perceptivo sobre suas emoções do que quando eles se conheceram, foi o que Chise pensou, dando a seu marido um olhar carinhoso enquanto ele a olhava astutamente lhe devolvendo um olhar brincalhão.

Se o intuito era cativar seu interesse e retardar seu mal estar, ela não queria saber, o que realmente importava era que estava funcionando.

— Então por que você não vem até aqui? — Chise indagou, puxando sua manga, trazendo-o para mais perto.

Assentindo, ele se levantou e foi se sentar ao lado dela, Ruth não estava mais lá ao lado de Chise, as íris vermelhas de Elias se encolheram em suas órbitas procurando por Ruth e ele o encontrou  ao lado de Silky na pia, parece que seu o pequeno diálogo com Chise lhe deu tempo suficiente para que a Fae astuta juntasse a louça sorrateiramente na pia.

— Bom, onde nós estávamos?

— Estávamos na parte onde você fecha seus olhos.

— Sério?

— Essas são as minhas condições — ele rebateu.

Não querendo gerar mais discussões sobre o que seu marido pretendia exatamente, ela fechou seus olhos, Chise esperava que Elias fizesse exatamente como da última vez, mas ele a surpreendeu segurando seu rosto gentilmente e dando-lhe um beijo rápido e significativo nos lábios com seus... Lábios?!

Chise pode ouvir que Silky estava rindo, por quê?

Abrindo seus olhos Chise notou como Elias não estava mais em sua forma normal, pois ele apenas decidiu usar seu glamour naquela manhã, provavelmente como uma espécie de brincadeira para surpreendê-la.

Ela se afastou observando a face familiar do homem agora como um humano à sua frente, esse misto estranho de familiaridade e estranheza, eram por coisas como essa que ela detestava quando ele usava o glamour.

Era muito estranho imaginar Elias como um humano e mesmo com essa visão estranha de “normalidade” eles ainda pareciam um par estranho, um homem mais velho e de aparência encantadora com uma parceira inegavelmente mais jovem.

— Depois de tanto tempo, o que você acha da minha forma atual? — Elias piscou de forma zombeteira para a esposa.

— Essa forma ainda parece bastante artificial para mim — ela respondeu.

Elias estava decepcionado com sua resposta, ele teve tempo suficiente para planejar isso com cuidado aperfeiçoar suas técnicas e ainda assim seu resultado foi infrutífero.

— Mas a sua técnica parece um pouco melhor — ela acrescentou de forma furtiva.

Isso pegou Elias de surpresa, ela geralmente parecia não gostar de seu glamour, chamando-o de suspeito e de aparência falsa, artificial etecetera.

A sua tentativa de pronunciar um simples agradecimento foi cortada quando Chise se inclinou e o beijou com força nos lábios.

Ele ficou tão surpreso que levou alguns segundos para responder esse gesto.

Chise se inclinou para trás em sua cadeira com nojo, essa mudança de atitude chamou sua atenção e antes que ele pensasse no porquê de estar fazendo isso ele moveu sua mão quente e enluvada no rosto dela com preocupação.

— Eu tentei me segurar, mas você tem gosto de bacon e ovos, isso me deixa um pouco enjoada. — Chise tranquilizou Elias segurando as mãos enluvadas em seu rosto com ternura.

— Desculpe.

— Não se desculpe, está tudo bem Elias. — Foi a vez dela rir das ações tão cautelosas de Elias.

O mago voltou ao normal retornando com sua aparência habitual, tudo estava lá e para Chise, pareceu como se todas as coisas voltassem para o lugar onde elas deveriam estar, a vida com Elias e todos a sua volta nunca pareceram tão agradáveis quanto elas estavam sendo agora, nesse momento ela gostaria de ser capaz de emoldurar esse momento em algum lugar.

Observando as mão de Chise nas suas o mago notou duas coisas, a primeira foi sua diferença latente de tamanho entre sua própria mão e as mãos de sua esposa, a segunda coisa que ele notou foi a marca que a maldição deixou em seu braço, ela estava lá a tanto tempo que se tornou imperceptível para ele mesmo quando eles compartilhavam ocasionais momentos de intimidade. Com o tempo, essa marca se tornou um pequeno detalhe, mas o peso das suas escolhas, suas ações, tudo que ele escondeu e fez, essa marca significava tudo o que ele escolheu repensar assim que atou sua vida a Chise.

— Desculpe ter feito isso do nada, está tudo bem se você não quiser, mas você nunca pareceu se esquivar de nossos beijos amigáveis no passado, então eu pensei que você não se importaria.

— Eu apenas fiquei surpreso com sua ação e assim como você disse: “você não precisa se desculpar”. Então, sobre o que você estava pensando?

— Elias, você acha que eu vou continuar envelhecendo? — a mulher perguntou com a falsa inocência de sua voz atingindo-o diretamente.

— Hum?

— Eu não sinto nenhuma fraqueza ou degeneração vindas de você — Ruth adicionou observando Silky lavando a louça, não devolvendo seu olhar para para Chise, mas ela pode notar um leve sorriso brincando em seus lábios, e claro, ele sabia o que estava em sua mente, é claro, como ele não poderia?

Ele não sentia fraqueza e degeneração vindas dela, isso era óbvio, tudo que ele sentia era na verdade a pequena vida que atualmente estava crescendo dentro da sua barriga.

Chise olhou de lado para ele com desdém, Ruth estava vestido casualmente com calças de pijama frouxas, assim como costumava fazer na década e meia desde que ele se juntou a ela, mas assim como Chise cresceu, Ruth também se permitiu envelhecer.

— E mesmo com apenas uma vida humana útil, você ainda teria muitas décadas pela frente então por que se preocupar com isso agora?

— Existe algum risco se quisermos... Expandir nossa família?

Elias agarrou sua caneca, e esperou que ela pudesse ser mais clara com sua pergunta, quando ela não fez menção alguma em colocar quaisquer acréscimos, ele respondeu:

— Não entendo, quais riscos? O que você quer dizer com “expandir nossa família”? Você está pensando em conseguir um outro familiar? — ele indagou bebericando uma dose gentil de café de sua própria caneca.

— Não, eu estava pensando sobre termos um filho ou filha.

Elias tentou falar, mas gaguejou, lutando para evitar que seu gole de café espirrasse sobre ele e a mesa, era um feito difícil de ser feito sem lábios.

— Você fez isso de propósito! — ele reclamou, limpando as gotas que respingaram em sua camisa, enquanto Ruth e Silky dava umas risadinhas silenciosas atrás deles.

— Talvez um pouco, mas... Ei! você quer ter um filho? — Ela sorriu sem graça.

Chise se inclinou sobre a pequena mesa, tomando as mãos trêmulas dele nas suas, um lampejo de ansiedade escurecendo brevemente seus olhos.

Elias olhou para ela com a boca ligeiramente aberta, os olhos distantes enquanto considerava sua pergunta.

— Eu não pensei muito sobre isso mas, eu não me oponho à ideia — ele acrescentou e finalmente confessou, apertando suas mãos de forma tranquilizadora.

— Você disse uma vez: “se algo bom assim acontecer você acha que eu não vou ser capaz de assumir responsabilidade?”...

Oh...

Parece que a ficha caiu.

— Você está...

— Sim.

Não foi preciso dizer mais nada após essa confirmação.

Ele apertou as mãos dela suavemente e ela olhou diretamente em seus olhos em compreendimento silencioso, seu rosto era compassivo, mas foi a compreensão em seus olhos que o fez perder o controle tênue de suas emoções, ela respirou trêmula e sorriu, sem nenhuma palavra a mais para ser dita, Elias moveu os seus braços para que pudesse puxá-la para um abraço.

Algo bom aconteceu, e, ele seria completamente capaz de assumir responsabilidade.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Neblina e Luz" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.