Você cresce e percebe que tudo está errado.

Você viaja para as mágoas do passado.

E finalmente enxerga quem não estava ali do lado.

Quem nunca esteve.

Você cresce e percebe que, tudo, sempre, esteve errado.

Só era jovem demais para perceber.

Era jovem demais para entender.

A casa era silenciosa demais.

E você nunca reparou.

Você só se preocupava em sentir a brisa da tarde.

Enquanto ouvia o bem-te-vi ao longe.

Ambos debaixo do mesmo céu azul.

Você se acostumou com o silêncio.

E com a solitude.

Você só andava pelos mesmos caminhos.

Pisando em pedras e furando o dedo em espinhos. 

Você ainda não sabia o preço que seria viver tão sozinho.

A casa não era apenas uma casa.

E o sol era muito mais que o sol.

Tudo ao seu redor tinha uma vida infinita.

Uma profundidade inexplicável.

Uma intensidade imensurável.

Mas é claro, era necessário.

Pois tudo que restava estava morto.