A orgulhosa Amy Rose escrita por Mandalay


Capítulo 1
A orgulhosa Amy Rose — capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Recentemente (isso a uns cinco-seis meses) consegui um par usado de patins e comecei a aprender como seria andar sobre oito rodas e, para eternizar meus aprendizados de alguma forma, resolvi escrevê-los numa história e como estava fissurada nos quadrinhos de "Sonic the Hedgehog" acabei me aproveitando de um monte de ouriços super velozes e epero ter feito um pouco de justiça a personalidades destes :)



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Ah, como seu peito parecia subir de maneira descompassada por debaixo daquela camiseta que fora praticamente obrigada a vestir para aquela bendita tarde! Por mais que não fosse a peça de roupa o motivo de sua insatisfação seus olhos insistiam em encarar a frase estampada de ponta cabeça e ignorar completamente o grupo de rodinhas dispostos abaixo de seus pés que giravam freneticamente sempre que bufava irritada, batendo um dos pés, a perna indo para frente de imediato fazendo com que ela perdesse o pouco equilíbrio que tinha mesmo estando sentada. E como se apenas se lembrar delas fosse motivo suficiente, ela batera ambos os pés no chão, dessa vez conseguindo os manter no lugar sem ter que abrir um tremendo espacate com gesto.

Bendito fora o dia em que ela pensara que não seria uma ideia ruim em querer aprender a patinar!

Seus pés revezavam indo para frente e para trás enquanto os ombros pendiam para frente observando as rodinhas e tentando encontrar nelas o equilíbrio que lhe faltava nas pernas. Ah. Sim. O equilíbrio. Quem diria que se equilibrar estando em cima de oito rodas poderia ser tão desafiador quando segurar seu bom e velho Piko Piko parecia tão mais simples, mesmo com ele pesando bem mais do que seu próprio peso atualmente e aparentemente, seus braços pareciam ser muito mais fortes do que suas pernas tendo em vista o quão pouco ela confiava nelas para se manter de pé sobre o par de patins. Ficar na mesma posição estava deixando seus tornozelos doloridos, mas o olhar enfezado e os braços cruzados de Shadow pareciam dizer o suficiente naquele momento.

Ela estava longe, milhas quiçá, de conseguir patinar.

— Você está fazendo errado, Rose.

O tom comedido de sua voz parecia dizer bem mais do que as palavras que acabara de proferir, quando se sentou a frente dela, entre suas pernas que agora deslizavam nas rodinhas traseiras a olhando de baixo enquanto segurava ambos os pés e os colocava da maneira correta, para depois os empurrar bruscamente para trás o que quase a fizera cair em cima dele.

— Ei!

— Você não consegue se equilibrar porque não confia nos seus pés.

— E precisava disso?!

Ele a encarou mas era difícil para ela conseguir ler as emoções de Shadow.

— Queria que fosse com você de pé?

— Não mesmo!

O ouriço de pelos negros se levantou, indicando para que ela fizesse o mesmo.

— Dobre os joelhos e incline o corpo para frente, mantenha os pés alinhados e se for pra se agarrar no muro que seja pra impulsionar seu corpo. Faça isso até conseguir manter o equilíbrio e só depois disso tente o que te disse antes. Não adianta querer patinar se não consegue nem se equilibrar - ele pausou, a encarando com uma das sobrancelhas arqueadas — a não ser que queira continuar caindo.

Ele parecia se divertir dizendo aquelas palavras, o deleite puro em seu olhar enquanto que ela mal sabia se estava seguindo corretamente as diretrizes que ele lhe dera. Antes. Bufou cruzando os braços, se atentando a leve inclinação de seus joelhos, repassando brevemente o que ele dissera quando o perguntara como era patinar. Deixar os pés em L e usar o pé dominante para dar impulso, deslizando o outro em seguida e assim, patinar.

— É mais fácil falando.

— Fica mais fácil com você deixando de ser teimosa e fazendo do jeito que eu te disse, Rose.

Amy maneou com a cabeça recomeçando e buscando o seu querido centro de equilíbrio.

— Você faz parecer fácil.

E fazer parecer fácil não era um feito exclusivo dele. Muitas vezes ela mesma se perguntava o que fazia no meio de tantos seres incríveis quando tudo que buscava era conseguir se sobressair entre eles, fosse com sua força, fosse com sua capacidade de raciocínio e ali estava ela, Amy Rose, tentando mais uma vez se sobressair em uma área que ela não chegava perto de dominar.

Mas ela poderia ao menos tentar.

Tentar entender, tentar sentir como era realmente ter a velocidade sob seus pés.

A verdade era que ela não esperava se sentir tão insegura quando seus pés praticamente deslizaram para além de seu controle pela primeira vez e ter isso tirado de si, mesmo quando a euforia de conseguir não cair com um impulso, era dual demais para se descrever. Ao menos por hora. Pensar nisso e lembrar das pequenas lições que Shadow dera a ela naquele dia o trouxe com uma facilidade duvidosa a frente de seus pensamentos.

Amy dificilmente se pegava pensando em Shadow, tendo outras preocupações com as quais se entreter mas a sua brilhante necessidade em aprender algo novo trouxera uma faceta dele a qual ela não estava acostumada a lidar.

Em verdade, chegava até a ser engraçado.

Mesmo sendo rude ele tinha um jeito sutil com as palavras.

Mesmo introvertido ele sabia lidar com sua dificuldade facilmente sem perder a cabeça.

Shadow sabia ser muito paciente, verdade fosse dita.

Ela só não contava que ao cair da noite estaria embaralhando o seu velho deck de cartas tendo ele em mente, buscando com isso entender nele algo que ela não conseguia compreender e tamanha não fora a sua surpresa em ter uma carta ilustrada por um Chao bem a frente de seus olhos.

Chaos eram simples de serem entendidos.

Simples demais para uma figura carrancuda como a de Shadow.

Um bom coração.

Um sorriso alegrou sua faceta cansada. Difícil era enxergar isso olhando para a figura dele.

Todavia, as dores pareciam presentes demais e insistentes demais em seus músculos quando acordara no dia seguinte.

Quem diria que patinar poderia forçar tantos músculos simultaneamente? Francamente, manear seu Piko Piko era muito mais fácil e menos dolorido, mesmo que usar seus braços fosse quase uma segunda natureza de seu corpo, tão natural quanto respirar entretanto, suas pernas pareciam não entrar no mesmo ritmo e ter de aprender os mistérios de seus membros posteriores e lembrar de que eles faziam parte de seu corpo como um todo e que sem um centro de equilíbrio entre eles ela não iria muito longe... é... seus braços e pernas ainda doíam... pelo jeito tentar se distrair pensando no agora não daria jeito em algo que já havia acontecido e isso a levara a outra epifania matutina; a de que ela não aguentaria uma hora de tombos deslizes buscando se equilibrar sob oito rodinhas naquele novo dia.

Amy só não esperava receber um convite dele quando ligara para avisar de sua decisão, e que Cream estaria presente fosse lá aonde ele as estava levando.

Chese emitira um som que claramente mostrava o quão feliz estava em vê-la, sentimento que fora compartilhado por Cream ao cumprimentá-la com sua voz doce depois de seguir enchendo Shadow com várias perguntas que eram respondidas conforme caminhavam pela cidade. O que a deixara curiosa observando o comportamento dos dois juntos, com Shadow agindo como se fosse um irmão mais velho para a coelhinha que sempre parecia ter um motivo ou dois para sorrir.

As orelhas de Cream subiam e desciam conforme ela saltitava a frente deles com Chese rodopiando sobre sua cabeça.

— Você realmente sabe lidar com crianças.

Ele deu um riso curto, chamando a atenção da coelha para não se afastar tanto.

— Vanilla gosta de pensar que comigo ela fica longe de perigo. Isso não significa que sempre fui bom em lidar com ela.

— Cream é muito gentil.

— E é exatamente isso que me incomodava nela.

— Incomodava?

— A gentileza dela a impede de enxergar malícia nos outros.

E como se provasse daquelas palavras verdade, a coelha com pelos cor de creme acabara ajudando uma ave idosa a atravessar uma avenida larga de duas mãos que dava em direção a um dos maiores shopping centers de Mobius.

Mas ele não deixava de estar certo. Em partes.

— Só não se esqueça de que a gentileza dela não a faz ser alguém ignorante. Cream sabe muito bem o que é certo e o que é errado.

E como forma de agravar suas palavras certeiras, Amy cruzara os braços, inclinando o quadril a direita e apenas observando de soslaio sua companhia. Apenas esperando por algum sinal de confirmação que viera quando Shadow desviara o olhar em direção a Cream, que acenava, já do outro lado da avenida.

Por fim seus olhos caíram sobre o par de tênis.

— Você está certa e foi perceber isso que me fez mudar de ideia sobre ela.

E assim, os dois voltaram a andar, abrindo espaço por entre o mar de carros coloridos. Carros tão coloridos quanto a fachada do Rua das Begonias, que longe de ser o maior shopping center de Bégon, reunindo um grande apanhado de lojas de departamento com uma ampla praça em seu centro, também era o maior mercado da cidade das flores sendo simplesmente um belo ponto de encontro para reuniões entre amigos ou uma tarde de compras... mas qual era o motivo para eles estarem ali exatamente? Shadow infelizmente não fora muito honesto em seu convite.

— E você me trouxe aqui para fazer compras?

Cream pareceu surpresa.

— Compras? Mas o senhor Shadow disse que íamos patinar.

— Patinar?

Shadow assentiu, adentrando o portão central e indicando para que elas o seguissem quando ficaram paradas na calçada.

— Foi por isso que te chamei Rose, tem algo aqui que queria que você visse.

Cream não perdeu tempo, correndo para o lado dele.

— Então nós vamos patinar mesmo?

Ele afagou o topo da cabeça da coelha.

— Sim, vamos Cream.

E fora ela quem os guiara em direção a escada rolante, seus sapatos vermelhos sempre saltitantes fazendo o vestido igualmente vermelho balançar, com Chease em seus braços se mostrando tão contente quanto a amiga no prospecto da música que vinha em direção a eles naquele mar de vitrines coloridas e brilhantes, parando somente quando as letras cantadas pareceram fazer maior sentido e o som, mais evidente. Não era difícil escutar para além destes, risadas e conversas e muitas coisas rolando.

Rodas rolando.

Fora quando a atenção de Amy divergira para cima, para o letreiro do estabelecimento.

Oito Rodas, o centro do patins de Bégon.

É, talvez ela pudesse ter procurado por outros meios de satisfazer sua curiosidade. Sem precisar buscar pelo auxílio de um ouriço tão rabugento, que agora se mostrava pensativo, batendo com um dos pés, a encarando em claro divertimento.

— Quando disse que queria patinar pensei em te trazer aqui primeiro e me livrar de dores de cabeça mas, como você queria velocidade, não era a melhor opção.

— Por que?

— Vamos entrar, é melhor mostrando do que falando.

Do lado de dentro o ambiente pareceu aumentar alguns graus em temperatura, trazendo uma sensação de desconforto que só aumentou quando notou o fluxo de animais para todos os lados. No balcão, em mesas mas principalmente na enorme pista que parecia ocupar grande parte do espaço, no centro do lugar, era dali que vinha o som de rodas, múltiplas rodas, girando e ganhando velocidade. Tal como os de impacto e dos risos que se seguiam disso. Todo esse excesso de informação e movimento a deixou meramente zonza a princípio; até notar Cream acenando do balcão, trazendo novamente o seu bem estar, como uma âncora para suas emoções.

Ela acabara de pegar um par de patins vermelhos e seguia em direção a um dos bancos que ficava ao redor da pista.

Shadow se moveu primeiro, a lembrando de que podia muito bem mover seus pés em direção a amiga. E fora ali que ela percebera mais uma vez que suas cartas nunca falhavam. Exatamente quando ele se colocou a frente de Cream, pegando o par de patins e a ajudando na tarefa de colocá-los em seus pés inquietos, apertando os cadarços e ajustando as travas, até que ela se colocasse sobre eles o agradecendo e deslizando em direção a pista com um sorrisinho no rosto. Fora ali, naquele momento que ela, Amy Rose, finalmente constatara o coração gentil que Shadow possuía mas insistia em esconder.

E fora ali que ela notara outra coisa também.

A disposição das rodas nos patins.

— As rodas são diferentes.

O ouriço se debruçou sobre o alambrado a frente deles, tomando o cuidado de não se movimentar bruscamente visto que Chease estava acomodado no topo de sua cabeça, no espaço entre as orelhas e ela quase não o notara ali.

— Esses são patins artísticos, para aqueles que preferem movimentos suaves ao ganho de velocidade. São ótimos para manter o equilíbrio.

— E você só me trouxe aqui agora por que...?

Ele deu de ombros e Chease pareceu contente em ver a amiga acenando para ele de longe.

— Fazer você mudar de ideia, talvez.

Shadow estava sendo evasivo demais com ela. Logo agora que ela conseguira arrancar mais do que grunhidos vindos dele.

— Mudar de ideia sobre o quê exatamente? Patinar? Porque se for sobre isso eu ainda quero aprender!— Você só não contou do motivo para tamanha necessidade.

— Dizer que fiquei com curiosidade não é o suficiente?

Ela a encarou de soslaio, a analisando minuciosamente.

— É por causa do Sonic.

Ótimo, ela sentia seu focinho esquentar!

— É claro que não. Que bobagem!

— Se for assim então você não precisa de mim para ensiná-la, aqui sempre tem alguém disposto a ajudar os novatos e você pode escolher um par mais adequado para você.

E com par ele não implicara apenas um novo par de patins. Por mais que Amy conseguisse sentir o constrangimento correndo seu bom senso com aquelas palavras.

Ela não queria abusar da aparente boa vontade dele por causa de um desejo tão egoísta, quanto bobo. Ah, o quão boba ela se sentia agora! Sua curiosidade certamente partira de seus sentimentos de outrora, da vontade que tinha por costume tomar o melhor dela, em querer entender como seria ter a mesma liberdade que a velocidade de Sonic trazia a ele; e ela até mesmo o perguntara sobre, pensando que com uma resposta sua curiosidade seria enfim sanada mas, com Sonic sendo Sonic o melhor que conseguira fora que ser veloz não era algo tão incrível assim. Ora, seu carro era veloz mas nem por isso ela conseguiria ir tão longe quanto ele, por caminhos tão esguios e perigosos, era esse tipo de liberdade que ela queria alcançar.

Sua força e intelecto já a levaram para lugares incríveis o suficiente, que mal havia em ela querer sair pela tangente só um pouquinho?

E se Sonic não a fizesse havia alguém que o faria!

— Mesmo com você sendo melhor do que ele? Porque se for assim então eu desisto completamente da ideia.

Bufando levemente e batendo na saia cor de rosa que usava, Amy caminhou calmamente em direção a saída esperando de alguma forma conseguir atiçar o gênio de Shadow em trazê-lo de volta a sua faceta confiante.

Mas fora um leve puxão em sua orelha que a fizera parar.

Chease emitira um som de completo descontentamento, indo para a frente dela com os olhinhos sérios e os bracinhos cruzados, Shadow vindo logo atrás dele para segurar o pequeno Chao que parecia não querer largar dela. Uma coisa ao menos era certa, fazer uma criatura tão pequena mudar de ideia não era uma tarefa fácil. E como Shadow tentara convencê-lo de que se agarrar as orelhas dela não era uma boa ideia, se não fosse Cream notar a pequena comoção e ir de encontro a eles, ela duvidava de que conseguiria fazer de suas palavras algo verdadeiro.

Mas o sorriso que sentira parecia lhe dizer algo completamente diferente.

— Você já vai senhorita Amy?

Ah, se Cream soubesse o nível de influência que seus olhos pidões e Chao tinham sobre ela!

Amy Rose tinha um coração fraco a doçura da amiga.

— Não mais, isto é, se o nosso amigo rabugento mudar de ideia.

— Mudar de ideia sobre o que senhor Shadow?

Ela deslizava os pés para frente e para trás com Chease nos braços. A arma perfeita para corações de pedra. Shadow a encarava como se aquele houvesse sido um golpe inesperado, para depois suspirar maneando com a cabeça.

— Amy me pediu para ensiná-la a patinar, assim como você, lembra de como foi no começo?

A coelha riu.

— Foi terrível. Mamãe pensou que você tinha me machucado.

— Com Amy não tem sido diferente.

Ela pareceu entender, voltando a deslizar sobre as rodinhas de volta para o ringue.

— Por isso trouxe ela aqui?

— Isso, mas ela quer ser rápida, diferente de você.

A coelha pareceu compreender as palavras dele, soando um tanto quanto triste em seguida.

— Que pena, eu gostaria de poder patinar com você também senhorita Amy.

Cream já havia voltado para o ringue quando ela enfim captara o outro lado do comentário que amiga nem ao menos notara ter dito.

— Então vocês já patinaram juntos?

— Só por que ela insistiu muito.

— E você também faria o mesmo comigo se eu pedisse bastante?

Shadow acariciou Chease no topo de sua cabeça, procurando ignorar a entonação na pergunta que ela fizera.

— Você ainda tem muito o que aprender antes de me pedir por algo assim Rose.

Ela deu de ombros, colocando seus braços mais uma vez sobre o alambrado agora com Chease saltitando para o topo de sua cabeça, se acomodando sobre a faixa cor de rosa dela.

— Não custa tentar.

E não custava mesmo, se aquela tarde acabara por provar algo para ela fora que Shadow, por mais Shadow que fosse, era alguém que gostava de ajudar aqueles que sabiam pedir por ajuda. Ele só tinha que realmente querer ajudar.

Entretanto, estando longe das cores e do clima jovial de Bégon, patinar se provava uma tarefa cada vez mais reveladora para alguém orgulhosa como Amy e, ter de reconhecer que não tinha um talento natural para tirar o ato de se equilibrar sobre rodas de letra era como um dardo direto em seu ego.

Ao menos por hora ela parecera ter ganhado algo semelhante a afeição do ouriço rabugento logo, as instruções dele eram mais simples assim como sua paciência em repeti-las e com a teimosia latente dela, foram-se muitas as vezes em que ele respirara profundamente antes de repetir algo que acabara de dizer. E como resultado disso, ao menos por hora, Amy poderia comemorar uma pequena vitória.

Ela já conseguia se equilibrar sem o apoio do muro!

Ou quase isso.

Timidamente, ela arriscara passadas curtas depois de conseguir impulso pelo muro, a princípio buscando pelo eixo onde poderia se sustentar sem apoio externo e, conforme tentava pequenas inclinações muitas vezes se desequilibrando, a confiança parecera brotar dentro de seu corpo em euforia a cada passada mais longa sendo dada. As bravatas saíam com mais vigor de sua boca conforme inclinava os joelhos e dorso para frente, sutilmente, a medida abria passadas um pé de cada vez. Havia um sorriso natural e vitorioso em seu rosto quando notara que Shadow deixara de ler a revista que tinha em mãos para observá-la.

Ter atenção não era de todo ruim. Não para ela.

— O que acha?

— Melhor. Agora salte.

— O quê?

— Você me ouviu. Salte. Deixe os pés alinhados e salte, assim você vai saber se consegue manter o equilíbrio ou não.

Amy o encarou desconfiada. Saltar? Com oito rodas sob seus pés? Como ela poderia saltar sem ter uma queda terrível. Não. Espere um minuto. Como poderia uma mente em sã consciência saltar calçando um par pesado de patins e pensar que nada estranho aconteceria no fim do rápido processo? Pois acredite, nem um acidente envolvendo rodas sob os pés pode terminar bem. E seu corpo vibrava em nervos. Como ele conseguia fazer com que tudo o que dizia parecesse ser tão simples!? Claro que ela não poderia se deixar esquecer do talento quase espartano que Shadow tinha para ensinar algo mas, depois que dera o primeiro salto, ela entendera a real intenção daquilo. O verdadeiro propósito de testar seu equilíbrio daquela maneira. Conforme sentia o peso do par de patins trazê-la novamente de encontro ao solo e seu corpo pouco balançar diante do impacto de estar mais uma vez ligada ao chão de brita, ela só conseguia divergir sua atenção estupefata do ato - tal como a de uma criança que acabara de aprender algo novo - para Shadow, que a encarava com o que parecia ser um raro momento de contentamento, estampado em seu olhar sempre tão crítico e no meio sorriso que deixava a mostra seus pequenos caninos. Um raro momento de aprovação vindo do ouriço mais introvertido e orgulhoso que ela já tivera a oportunidade de conhecer entretanto, ela também tinha a sua pequena parcela de orgulho da qual se gabar.

Não era a toa que ela aprendera a andar de patins afinal de contas!

Se Amy Rose começava algo, ela certamente o fazia com a plena intenção de concluí-lo. Fosse aprender a andar de patins para que além da força ela também pudesse ser veloz, fosse para conquistar a atenção de um certo ouriço rabugento de uma maneira inesperada. Muito inesperada. Para ambas as partes, aliás.


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