Era uma tarde de domingo, na véspera de Natal. Yoongi havia acabado de desfrutar de um almoço reconfortante com Jimin e sua mãe. Enquanto se preparava para embarcar no trem com destino a Daegu, seu celular tocou, e para sua surpresa, era Taehyung do outro lado da linha. Ele estava preocupado que Yoongi viajasse sozinho. 

— Yoon, deixa eu te levar pra Daegu? Por favor. Fico preocupado com você indo pra tão longe sozinho. 

— Agradeço a preocupação mas sou adulto, vou de trem, em duas ou três horas já estarei lá.

— Yoon, por favor, é perigoso. De carro comigo é mais seguro, confortável e prazeroso — Deu ênfase no prazeroso.

— Prazeroso por que?

— Então, se você aceitar que eu te leve vai descobrir o porquê. 

— Não fale bobagens. Aliás, são três horas dirigindo, vai ser cansativo.

— Com você nada é cansativo. Nunca fico sem energia quando estou ao seu lado. Esqueceu que você me recarrega? 

— Te recarrego?

— Sim, com seus beijinhos. 

Yoongi deu risada do outro lado da linha. 

— Está bem, está bem. Mas com uma condição. 

— Qual? 

— Que você passe o natal comigo.

— Yooooooon — Taehyung não conseguiu conter sua emoção — Você está me convidando?

— Meus pais já te conhecem e te adoram. Não vejo nenhum mal o meu namorado passar o natal comigo.

— S-seu o-oque? — Taehyung gaguejou. 

— Namorado, oras.

— Espera — Taehyung colocou a mão no peito, sentindo seu coração acelerado, imaginava estar sonhando — E-eu so-sou seu namo-namorado?

— Achei que isso fosse óbvio depois da gente se beijar o dia inteiro ontem.

— Yoon... Assim você vai me fazer infartar. Que vontade de ir até ai pra te beijar.

— Então vem.

— Você sabe que eu estou nas suas mãos, não sabe?

— Sei e adoro.

— Tá, vou tomar um banho, me arrumar e ir aí te buscar. Vamos pra Daegu juntos. Nem acredito.

— Estarei te esperando... amor — Yoongi disse a última palavra baixinho, estava morrendo de vergonha e por isso encerrou a ligação.

— Yoon?

Taehyung só ouviu o bip contínuo de chamada encerrada. 

— O Yoon me chamou de Amor? — Taehyung se jogou na cama com um sorriso bobo — Ah Yoon, eu te amo demais. Como você consegue me deixar tão apaixonado? 

…

A viagem transcorreu de forma tranquila, embalada por músicas que tocavam no rádio. Eles cantavam juntos, compartilhavam conversas animadas e se divertiam ao longo do caminho. Embora a viagem tenha sido um pouco mais longa devido às diversas paradas para trocas de beijos apaixonados à beira da estrada, finalmente chegaram à casa dos pais de Yoongi, onde foram calorosamente recebidos. A gentil Senhora Min os conduziu até o quarto onde passariam a noite.

— Tomem banho e desçam pra comer. A ceia já está quase pronta — Ela saiu do quarto e desceu para terminar a decoração da mesa para a ceia. 

Taehyung abraçou Yoongi, beijou sua testa e deu um selinho em seus lábios. 

— Que saudade de te beijar.

— Tae, não faz nem dez minutos que nos beijamos.

— Pra mim parece uma eternidade. Yoonie, vamos tomar banho juntos?

— Tá louco? Eu tenho vergonha.

— Por favor. Não é como se fosse a primeira vez que ficamos sem roupas na frente um do outro.

— Pois você pare com essa safadeza toda — Yoongi pegou uma toalha e deu em sua mão — Toma, vá tomar banho, eu vou depois, e sozinho! 

Taehyung entrou no banheiro resmungando levemente. Depois de se arrumarem com esmero e cuidado, deixando para trás qualquer vestígio de cansaço da viagem, desceram para a ceia. A casa estava adornada com primor, a árvore de Natal cintilava com suas luzes e enfeites, enquanto adoráveis papais-noéis se espalhavam pela decoração. A mesa, generosamente repleta de delícias culinárias, exibia uma variedade tentadora de pratos.

O pai de Yoongi usava um avental amarelo e estava animado terminando a decoração da mesa. Assim que viu Taehyung fez questão de convidá-lo para que se sentasse. 

Após expressarem sua gratidão pela mesa farta de comida e pela calorosa companhia da família reunida, eles se serviram. No entanto, Yoongi não conseguiu conter uma careta de desagrado ao deparar-se com as uvas-passas no arroz.

— Não faça careta pra comida, menino. Que coisa feia — A Senhora Min chamou sua atenção, Yoongi olhou para Taehyung, um pouco desconcertado — Conheço o filho que tenho e fiz arroz separado pra você.

— Viu Tae? — Disse o pai de Yoongi — Está preparado pra cuidar da nossa criança? 

— Sim, Senhor Min. Será um prazer cuidar dele — Respondeu Taehyung com timidez.

— Pai, eu não sou criança — Disse Yoongi fazendo bico — Falando nisso, Lucy não vem esse ano?

— Ela disse que vem na virada do ano, está passando o natal com o novo namorado e a família dele.

— Vaca.

— Não fale assim da sua irmã.

— É que eu tô com saudade dela.

— Ele tem um jeito estranho de demonstrar afeto, não ligue pra isso, Taehyung — Disse o pai de Yoongi apontando pro filho. 

— Eu já estou bem ciente disso — Taehyung riu. 

— Complo contra mim? Os dois se juntaram? 

— Yoongi, coma. Não me enrole — A mãe de Yoongi interrompeu — Tae, cuide dele por mim, agora ele mora sozinho, não vai se alimentar direito, só vai comer porcaria.

— Pode deixar, Senhora Min. Cuidarei muito bem dele. Vou fazer muitas comidas nutritivas e gostosas.

— O melhor genro do mundo — Ela sorriu, feliz por saber que seu filho tinha um bom namorado.

Após desfrutarem da farta ceia, aconchegaram-se na sala, diante da lareira. A noite estava fresca, mas o ambiente da casa emanava calor e aconchego. Yoongi descansava com a cabeça deitada no colo de Taehyung, enquanto este acariciava carinhosamente seus cabelos. Era uma noite de Natal serena e encantadora.

...

Hoseok encontrava-se em Londres, desfrutando da companhia alegre e animada de sua família. Ao piano, ele tocava melodias contagiantes, enquanto sua mãe e irmã entoavam canções com entusiasmo. Enquanto isso, seu pai e irmão mais novo se entregavam a uma acirrada disputa no videogame, cheia de risadas e brincadeiras. Era uma noite de Natal vibrante e acolhedora naquela casa cheia de amor e alegria.

...

Namjoon e sua esposa compartilhavam uma refeição em silêncio, envoltos em uma atmosfera de distância emocional. Ha Ni parecia distante nos últimos tempos, o que levava Namjoon a se esforçar ao máximo para agradá-la, buscando compreender se havia cometido algum erro. Seu desejo era ver sua esposa feliz, mas a tristeza o invadia ao constatar sua própria incapacidade nesse sentido. Naquela noite de Natal, a atmosfera na casa era gélida e carente de animação, pesando nos corações de ambos.

...

Já na casa de Jin, as coisas eram totalmente o oposto. 

— Pai, tenho uma piada de médico boa pro senhor — Jin gargalhava antes mesmo de contar a piada.

— Diga filho — Disse seu pai com paciência já imaginando que teria que fingir achar engraçado.

— Por que a plantinha foi pro hospital e não foi atendida?

— Não sei Jin, por que?

— Porque só tinha médico de plantão — Jin deu uma gargalhada tão frenética que engasgou.

— Muito engraçado, Jin — Seu pai forçou uma risada — Minha vez.

— Manda. Quero ver se é melhor que a minha. 

O pai de Jin limpou a garganta, corrigiu a postura e fez uma expressão séria. Seu momento tinha chegado, se preparou o ano todo para isso. 

— O médico completou o exame do paciente e disse: "Eu não consigo encontrar uma causa para a sua doença. Eu acho que o problema é a bebida." Daí o paciente respondeu: "Nesse caso, eu volto quando o senhor estiver sóbrio".

Ele riu como louco e Jin o encarou, sem achar a menor graça. 

— Que bom que eu não te puxei.

...

Jungkook encontrava-se solitário em seu quarto escuro, imerso em seu jogo de videogame. Enquanto seu pai e madrasta preparavam a ceia de Natal junto com seu primo Kai, Jungkook era excluído do momento familiar. Seu pai não perdia a oportunidade de lembrá-lo de sua condição de filho bastardo, lançando piadas e humilhações constantes, o que fazia com que Jungkook preferisse se isolar.

Em meio ao jogo, seu estômago roncou, intensificando a sensação de fome. Ele tentou encomendar comida através de serviços de entrega, mas todos estavam indisponíveis devido à noite de Natal. Jin havia convidado Jungkook para se juntar a sua família na ceia, porém, sentindo-se como um estorvo e não querendo incomodar, ele declinou do convite.

Desejava ardentemente uma família amorosa e acolhedora, uma família que ele pudesse chamar de sua. Enquanto imerso nesses pensamentos, uma notificação de mensagem iluminou a tela de seu celular. Era uma mensagem de Jimin.

“Oi Kookie, é o Jimin. Eu sei que você deve estar com sua família. Mas… quer vim aqui em casa? Fizemos uma ceia bem simples. Só está eu e minha mãe, queria tanto que você estivesse aqui também. Então, se você quiser vir, ficarei feliz”. 

Os olhos de Jungkook se encheram de lágrimas de alegria ao ler aquela mensagem tão significativa. Sentindo-se renovado e com o coração cheio de esperança, ele rapidamente pegou as chaves do carro e dirigiu-se à casa de Jimin.

Ao chegar lá, Jungkook foi calorosamente recebido pela Senhora Park, cuja aparência jovem e bonita era surpreendente. Sua estatura baixa e rosto radiante a faziam parecer mais uma irmã de Jimin do que sua própria mãe, dando a impressão de que ela o teve quando ainda era adolescente.

Jungkook acabava de quebrar mais uma de suas regras:

“Nunca, em hipótese alguma, conhecer a família da pessoa com quem se relacionava”.

A mãe de Jimin ficou encantada com a educação e a simpatia de Jungkook, compreendendo por que seu filho gostava tanto dele. Não se tratava apenas de sua aparência, mas sim do fato dele ser uma pessoa atenciosa e prestativa.

Um exemplo disso foi quando Jungkook prontamente trocou a lâmpada do corredor ao perceber que estava queimada. A Senhora Park costumava tropeçar na escuridão, já que nem ela nem Jimin possuíam altura suficiente para alcançar o local. Ela agradeceu com um sorriso radiante, apreciando a gentileza de Jungkook.

Enquanto a observava sorrir, ele sentiu um carinho especial por ela, como se fosse a mãe que sentia tanto a falta. Pensando sobre a situação, ele se questionou: "Como o pai de Jimin pôde abandonar uma família tão adorável como essa?"