Conflitos do Coração escrita por Yukiko Tsukishiro


Capítulo 15
Húlizhu (pérola da raposa)


Notas iniciais do capítulo

Song Wu decidiu...

Kinkiba se encontra...

Yunhe fica...



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Depois que se afastou do centro do Lago das Nuvens, Song Wu concentrou os seus poderes e estreitou os olhos para um ponto qualquer quando visualizou um vento sutil soprando a neve no entorno.

Prontamente, ela abriu o pergaminho que carregava sempre consigo ao invoca-lo por magia.

Após ler por alguns minutos, a mulher ficou pensativa e em seguida, consentiu consigo mesma ao surgir um plano em sua mente porque naquele momento precisava deter uma certa entidade para que o seu plano não sofresse qualquer revés.

Um vento surge no local novamente e Song Wu sorri enquanto pegava algo de dentro de uma de suas mangas.

— Eu não me esqueci de você. Enfim, você encontrou alguém fora da roda dos cinco elementos como você e que está morrendo. Embora eu tenha quase certeza que ela não acreditará em você, eu não quero arriscar qualquer ínfima chance de alguém alertá-la porque eu sei que você ficou me seguindo, Ning Xiyu e está ansiosa para contar para ela.

A jovem segura um pequeno objeto em ambas as mãos e se concentra fazendo-o brilhar, para depois, flutuar obedientemente na sua frente, para em seguida, começar a fazer uma sequência de movimentos com as mãos enquanto falava porque era ciente que esta entidade a ouvia nitidamente:

— Acha mesmo que vou permitir qualquer comunicação com ela?

Então, Song Wu termina os selos e com um gesto do seu punho surge dentre as suas palmas quando elas se afastam uma espécie de lanterna chinesa de cor clara e de aparência fantasmagórica. Não obstante, ela faz novos movimentos e surge uma estranha esfera formada por um anel e uma linha translúcida entrelaçada com um gizo dourado na ponta.

Após faz novos selos com as mãos e movimentos com os punhos, consegue fundir com sucesso ambos em um único objeto enquanto sorria imensamente porque sabia que a entidade nada podia fazer contra os dois simultaneamente.

Enquanto o objeto flutuava, Song Wu fez novos movimentos com as mãos, para depois, se concentrar. O objeto começa a brilha intensamente, para depois, esvanecer no ar e em seguida, surge uma barreira translúcida imensa côncava que cobre todo o local e conforme a lanterna desaparecia essa barreira se tornava ainda mais transparente até desvanecer no ar sem deixar quaisquer vestígios visuais de sua existência.

Logo em seguida, um estranho vento que soprou naquele instante é rebatido e atirado para trás por uma força invisível com tudo ocorrendo em um piscar de olhos.

Alguns demônios até viram algo no céu, mas, julgaram estar vendo coisas porque só sentiam a barreira do tritão e o brilho fugaz foi rápido demais para que fosse notado uma vez que ninguém estava olhando para o céu no local onde ficava o Jardim das Nuvens.

Então, Song Wu sorri imensamente enquanto falava:

— Pronto. Agora não vai ter nenhuma visita.

Há dezenas de quilômetros dali, na parte mais próxima a direção sul do reino, Kinkiba sai de um portal dourado e olha atentamente para os lados, para em seguida, começar a deslizar em uma direção especifica enquanto gerava um escudo protetor em volta dela.

Ela segurava na ponta da sua cauda um objeto que lembrava uma lanterna de mesa chinesa com inscrições em alguns pontos e que começava a brilhar fracamente conforme avançava em uma direção especifica.

A serpente dourada alada exibia a mais pura determinação em seus olhos enquanto prosseguia até o local que ansiava conforme se lembrava das instruções de Si Ming.

Ao se deparar com um desfiladeiro em seu caminho, a cobra alada se concentra para detectar qualquer demônio ou humano no entorno e após ficar satisfeita ao ver que não havia ninguém além do som do vento cortante que soprava naquele instante junto de uma precipitação massiva de neve, Kinkiba abre as suas asas e voa graciosamente sobre o desfiladeiro ao mesmo tempo em que decide voar até o seu destino ao ver que estava demasiadamente próximo.

Após alguns minutos, ela chega ao local designado pousando elegantemente e enquanto se preparava para a sua missão absorvia a destruição do local que gerou uma clareira de tamanho considerável onde era possível avistar a destruição massiva que havia acorrido há algum tempo porque a neve já havia coberto por completo os vestígios, restando apenas um local desolador onde outrora havia uma floresta coberta de neve.

Mesmo com o manto branco era visível a qualquer um que houve uma intensa e massiva batalha devastadora porque as marcas ainda eram visíveis.

Então, sacudindo a cabeça para os lados buscando dissipar pensamentos que não eram uteis naquele momento, ela se enrola em torno de si mesmo, para depois, depositar cuidadosamente a lâmpada oriental a sua frente e ao fazer isso, uma cálida luz surge de dentro do objeto que começa a ser ativado com a serpente dourada decidindo expandir a sua barreira para proteger a si mesmo e o objeto uma vez que não era recomendado assumir a sua forma verdadeira porque não queria chamar atenção indevida. O melhor para a sua missão era manter aquela forma pequena enquanto zelava pelo artefato ao mesmo tempo em que questionava a si mesma quanto tempo iria demorar para o objeto cumprir com o seu objetivo.

Enquanto isso, no Jardim das nuvens, o momento da refeição de Yunhe era o mais aguardado. Ou melhor, o momento após a refeição.

Após ser obrigada a comer a mesma comida todos os dias, a jovem sabia que quando o seu carcereiro saísse, ela teria a oportunidade de comer algo gostoso e de conversar, além de descobrir o que estava acontecendo no mundo.

Song Wu se tornou o seu pilar assim como a sua única fonte de informações e por mais que soubesse do perigo da dependência irrestrita que estava desenvolvendo por sua nova amiga, a mestra de demônios não podia fazer nada porque Chang Yi era o causador indireto disso. Suas regras e proibições, além de tormentos por ser negado o que mais desejava e por fazer ela vivenciar o que mais odiava, assim como o fato de nunca poder rever qualquer amigo, além de acabar morrendo confinada e isolada gerando a desesperança nela, a fez se aproximar e se tornar dependente de alguém que conheceu há pouco tempo.

Aliais, Yunhe não duvidava que teria tentado se suicidar se não tivesse conhecido Song Wu e que se a mulher sumisse, ela iria se suicidar porque voltar ao que era antes de conhecê-la seria demasiadamente opressor e impossível de suportar.

As torturas que vivenciou nas mãos da princesa de Dacheng e a necessidade de não dar a satisfação a ela de implorar por clemência, de emitir gritos de agonia ou de chorar em desespero cobrou todas as suas forças. A batalha contra a sua torturadora drenou o vestígio restante de suas forças tanto físicas quanto mentais e psicológicas.

Porém, por mais que lutasse para não satisfazer Shunde nas torturas brutais e com requintes de crueldade que a princesa aplicava nela, era um fato inegável de que havia sequelas com a jovem sabendo que o intervalo entre as torturas e experiências causadas pela princesa em decorrência dos conflitos envolvidos o Norte e que tomavam muito a atenção dela fez com que não enlouquecesse ou buscasse meios de se suicidar na prisão apesar de saber o quanto isso agradaria a sua torturadora.

Além disso, mesmo com o seu pulso oculto, se não tivesse a sua metade demônio com certeza teria morrido em algum momento durante as torturas e experiências que aplicavam nela. A sua parte demoníaca a manteve viva e atualmente se lastimava por não ter morrido porque teria sido melhor ter perdido a vida ainda mantendo as lembranças do Chang Yi que conheceu do que ter as lembranças manchadas pelo atual Chang Yi. A morte antes de conhecer esse novo tritão seria bem-vinda e até ansiada.

Durante o seu cárcere na seita do grão-mestre, os momentos de leitura e de discussão com Ning Qing em relação as investigações que a shifu dele fez em suas viagens também foram uma válvula de escape dos tormentos e um período de recarregar as suas forças, evitando assim que fosse tomada pela loucura ou desejo de suicídio.

Ela sai das suas recordações com a entrada de Song Wu e após ambas irem ao banheiro, a mulher retira como sempre fazia uma marmita envolta em um pano e dessa vez havia pedaços suculentos de carne envoltos em um molho agridoce de aroma inebriante, além de alguns doces como sobremesa.

Yunhe se deliciava com o cheiro delicioso enquanto se recordava de que havia adquirido o gosto por carne após a transformação em meia demônia.

Na prisão da mansão do grão-mestre, ele foi gentil o suficiente para permitir carne na sua comida enquanto que Chang Yi mantinha a carne ausente, além de nunca permitir que ela pudesse solicitar algo.

A jovem confessava que sentia muita falta de carne e quando comentou com a sua nova amiga, ela passou a trazer pedaços e que eram preparados de formas diferentes gerando fogos de artificio em suas papilas gustativas, fazendo-a saborear cada refeição como se fosse a última, para depois, experimentar doces maravilhosos.

Ademais, conforme a sua saúde continuava caindo com Yunhe ficando feliz por não ter vomitado uma única vez as refeições que ela trazia enquanto costumava vomitar as de Chang Yi o que não era nenhum prejuízo na sua opinião sendo que a única parte que detestava disso era o fato de ficar inconsciente após vomitar.

Em relação ao seu mal-estar e dor, Song Wu mostrou um conhecimento inusitado e uma ideia inesperada. Usar o húlizhu (pérola da raposa) de Yunhe para aplacar os sintomas e após a mestra de demônios terminar de comer, elas retornaram ao assunto.

— Vai funcionar eu usar o meu húlizhu mesmo com um corpo moribundo?

Ela vê Song Wu erguer a mão e usar seus poderes ao movimentar as mãos afastadas do seu corpo, para depois, falar ao abaixá-las ao mesmo tempo em que cessava os seus poderes:

— Sim. Lembre-se. É o seu corpo humano que está colapsando e que ainda não morreu por causa da sua parte demoníaca. Ela a está mantendo viva, ainda. Claro, uma hora vai sucumbir. Portanto, o seu húlizhu que foi criado com a infusão de essência de demônio em seu corpo pode ajudar nisso. Como você não é uma demônia por completo não o utiliza com exceção de quando vai lançar alguma magia demoníaca, piorando assim o estado atual do seu corpo. Mas, se usar o seu húlizhu apenas para ajudar a sustentar o seu corpo sem estressá-lo. O ato de estressar envolve a ação de se concentrar para um ataque ou defesa por exemplo. Se você não estressar o seu corpo, o húlizhu irá ajuda-la junto do item que emprestei para você. Além disso, o que debilitou o seu corpo foram as torturas brutais que você sofreu na prisão e os experimentos que fizeram em você. O seu corpo foi levado além do limite e somente o seu poder demoníaco conseguiu mantê-la viva. Se você não tivesse esse poder dentro de si, com certeza, teria sucumbido na prisão como quase ocorreu algumas vezes conforme o que você me contou. A batalha final com aquela vadia terminou de desgastar o seu corpo já demasiadamente debilitado.

Yunhe está estarrecida com as informações enquanto percebia que muitas das suas deduções estavam corretas.

— Então, se eu usar o meu húlizhu junto do objeto que você me deu, os sintomas vão ser aliviados? – Ela pergunta em tom de confirmação.

— Sim. Afinal, você vai estar acessando o seu húlizhu sem usar os poderes para atacar ou se defender. Portanto, não estará estressando o seu corpo debilitado.

— O seu conhecimento é incrível.

— Eu disse que era uma estudiosa. Eu apenas estou usando o conhecimento que tenho e deduções que obtive das minhas viagens.

— Eu vou tentar. Você sabe como fazer isso?

— Sim e vou ensiná-la.

Ela aprende como fazer enquanto prometia estudar e treinar para manter ativo até de forma inconsciente.

— Por que você buscou saber como usar o meu húlizhu para prolongar a minha vida? Você disse anteriormente que havia pesquisado uma forma de ajudar a lidar com o meu estado debilitado.

— É por causa do desejo de vingança do seu carcereiro.

Ela fica confusa e Song Wu fala:

— Considerando a queda da sua saúde ao ponto de eu ter que ajudá-la a vir até aqui junto do seu corpo estar com veias visíveis e cuja aparência remete gradativamente somente a pele e ossos, o seu carcereiro, frente ao desejo de mantê-la viva porque deixou claro que você somente morreria se ele assim permitisse pelo que me contou do primeiro encontro de vocês após ser tirada da prisão do bastardo do grão-mestre, ele pode usar como última medida o seu jiaozhu para neutralizar os seus sintomas e para evitar que morra tão facilmente. Considerando a obsessão do ódio dele não acho algo assim plausível?

— Bem, eu acho que seria uma insanidade porque a pérola interna de um demônio é a sua fonte de poder, assim como o pulso oculto é a fonte de poder de um mestre de demônio. Tirar a sua pérola é o mesmo que perder poder. Por que você cogitou isso? Ele deu qualquer indício que faria uma loucura dessas apenas por desejar se vingar ao me manter viva o maior tempo possível?


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