Lavender Haze escrita por Alessandra Barros


Capítulo 1
Capítulo 1




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Ginny suspirou olhando para o relógio que marcava meia noite e depois para o namorado dormindo pacificamente ao seu lado. A insônia a pegava a algumas semanas, sua treinadora Gwenog Jones estava prestes a lhe dar uma suspensão para que ela pudesse se tratar achando que estava com algum tipo de virose pelo seu mau desempenho nos últimos treinos e jogos. Mas, não era uma virose, era simplesmente um espiral de melancolia que incendiava todas noites quando deitava a cabeça no travesseiro, fazendo sua mente girar em um turbilhão de ansiedade e pensamentos incoerentes. Isso era tudo culpa deles.

Harry era um homem famoso desde que era apenas um bebe e por tudo que aconteceu na sua vida derrotando Voldemort e se tornando um Auror tão jovem e auxiliando o ministério em tantas missões importantes nos últimos anos o tinha tornado ainda mais famoso e reconhecido do que ele mesmo achava que seria justo. Já ela nunca quis exatamente esse tipo de fama, Ginny admitia que sonhou que teria uma menininha com seu poster reluzente das Harpias em seu quarto e que ela soltaria um suspiro pensando em ser uma jogadora como ela um dia. Mas, nunca sonhou em ser perseguida por paparazzi e ter seu nome estampado em tabloides sensacionalistas de fofoca que não falava em nada da sua carreira como uma jogadora de quadribol reconhecida, apenas do seu namoro com Harry Potter.

Ela não culpava o namorado, é claro, era tudo coisa criada por jornalistas como Rita Skeeter e sua nova cria Romilda Vane, que criaram mentiras idiotas como que Ginny teria usado poção do amor para conquistá-lo ou outra em que Harry na verdade era gay e que se aproveitou do seu amor platônico para esconder isso da sociedade. Tudo uma completa baboseira, ela amava Harry por quem ele era, por ser divertido, sarcástico, leal e amável, era absolutamente tudo que ela precisava e sabia que ele a amava também, mas isso a vinha incomodando cada vez mais.

Seus jogos agora eram repletos de repórteres que não queriam saber sobre ela, sobre como era a jogadora com mais gols por um time de quadribol que qualquer outro jogador no mundo naquela temporada ou como foi ser convocada para jogar pela seleção inglesa pela primeira vez. Não, as perguntas eram sempre sobre se ela já estava noiva "Mostre seu anel" eles exigiram ou "Seus fãs merecem saber a data do casamento" e nas últimas semanas até um "Tem certeza que está bem? Não está esperando um mini Potter, não é?". Aquilo a irritava tanto que estava impregnado toda sua vida, ela tinha ficado muito chateada no almoço da Toca aquele dia de domingo quando sua mãe a olhou questionadora e perguntou se ela não estava mesmo grávida, Ginny realmente se chateou e ameaçou ir embora, mas Harry a acalmou e a fez ficar.

Se perguntava se as pessoas não poderiam se contentar em ter apenas ela. Ginny se sentia feliz com quem era, uma mulher que cresceu com 6 irmãos e mesmo assim não perdeu sua essência e que lutou para achar seu lugar em um mundo completamente mutilado depois de anos de guerra. Amava jogar quadribol e dava seu melhor por isso, amava sua família com toda sua alma e amava Harry de um jeito que nem sabia como explicar. Ele queria que eles tivessem se casado quando decidiram morar juntos, mas ela não quis, não faria isso quando George e Rony moravam sem ser casados com suas namoradas a quase um ano, tinha o mesmo direito que eles e Harry entendeu. Ele sempre entendia. Ela queria um casamento? Sim, imaginava uma simples cerimônia na Toca, Harry ansioso no altar com os olhos verdes brilhando apenas para ela. Mas, mesmo depois de um ano morando juntos, ela não se sentia pronta para esse passo e não fazia ideia de porque se sentia assim.

Levantando com cuidado Ginny desceu a escada da pequena casa que eles moravam em Godric's Hollow, ela não segurou um sorriso ao ver o jarro com lavandas que Teddy tinha colhido depois da discussão com sua mãe. O garoto era como uma luz que incendiava qualquer tipo de dúvida ou tristeza que sentia, Molly dizia que era um sentimento de mãe, mas Ginny se sentia um pouco triste com isso sempre que pensava em Tonks e sabia que Andrômeda tinha muito mais direito a esse sentimento que ela. Deitando no confortável sofá da sala ela inspirou o cheiro de lavanda e expirou tentando acalmar seu coração que insistia em acelerar cada vez mais, sua cabeça parecia zumbir cada vez mais alto coisas incoerentes. Se lembrou do que Hermione comentou semanas atrás, que ela tinha sintomas do que os trouxas chamavam de ansiedade onde se pensa em tudo ao mesmo tempo e nada parece fazer sentido, a cunhada tinha comentado que deveria pensar em coisas boas, como quando lançamos um patrono, talvez aquilo ajudasse.

Então inspirando e expirando mais uma vez, Ginny se deixou levar para alguns meses atras depois de uma sequência de quatro derrotas em que todo o time estava arrasado, mas, quando chegou em casa Harry estava lá com Teddy e eles tinham feito especialmente para ela uma refeição de risoto com cogumelos, vinho para eles e suco de uva para Teddy. Ela não pode deixar de sorrir se lembrando de como Teddy estava orgulhoso de ter ajudado seu padrinho na refeição, o sorriso de Harry quando se tratava do afilhado era sempre genuíno, mas naquela noite parecia ainda mais com a maneira que seus olhos se iluminavam com cada elogio dito pela criança.

Inspirando e expirando novamente com o coração um pouco mais calmo ela se lembrou da ultima vez que saíram com as meninas do time, elas tinham ganho um pequeno torneio antes das competições oficiais começarem, mas não significava menos para elas, ainda mais por ter sido em cima Puddlemere United, seu maior rival. Naquela ocasião Ginny estava vestida com sua inseparável saia de couro de dragão, botas de cano alto e sua blusa das Harpias. Harry havia saído de uma missão diretamente para pub trouxa e meio sem graça como em todas as vezes que era cercado de tantas mulheres. Mas, depois da quarta dose de tequila ele já se soltava e sorria abertamente para as brincadeiras que Ginny e suas amigas faziam. Porém, o mais inesquecível para ela foi a maneira como ele a olhou quando desceu do palco do karaokê que compartilhou com Evelyn da única música trouxa que elas conheciam, os olhos dele pareciam brilhar em um mistura de amor, contemplação e desejo, que para ela agora significava casa.

Com aquele olhar se repetindo na sua mente, ela decidiu que não importava o que reportes idiotas ou até o que familiares tinham para dizer, o que importava era que ela amava Harry e ele a amava e que não perderia aquele olhar nunca na sua vida. Respirando o cheiro da lavanda mais uma vez começou a sentir os músculos relaxarem e a mente desacelerar enquanto lentamente perdia a consciência.

— Bom dia - disse Harry acariciando o rosto de Ginny - Vai se atrasar para o treino amor.

Ginny gemeu confusa pelo sono, suas costas doíam e a mão que ela segurou o jarro com as lavandas de Teddy parecia dormente. Abrindo os olhos ela encontrou um Harry muito sério e sem o brilho preguiçoso nos olhos que ele tinha quando acordava.

— Mais cinco minutos, sim? - murmurou ela puxando uma almofada do sofá para abraçar.

— Gin essa é a terceira vez que você diz isso, já estou quase atrasado - disse Harry soando ainda mais preocupado - O que aconteceu, porque você dormiu aqui?

Ginny franziu a testa confusa, então a névoa do sono foi passando e ela se lembrou de noite confusa que teve e da decisão que tomou.

— Eu não consegui dormir, estava bolando na cama e decidi descer um pouco para esperar o sono - disse Ginny olhando nos olhos do namorado - Mas acabei dormindo aqui pelo visto, que horas são?

— Você tem vinte minutos - disse Harry - O café já está pronto.

— Tudo bem, vamos começar nosso dia novamente - disse Ginny se sentando e passando os braços pelo pescoço de Harry - Bom dia amor.

— Bom dia Gin - murmurou Harry entre o emaranhado de fios ruivos, um pequeno sorriso nos lábios - Achei estranho acordar sem você, está tudo bem?

— Agora está - murmurou ela depositando um beijo no pescoço de Harry - Mas, se não me arrumar em dez minutos não estará mais.

— Se necessário pode ameaçar Jones com a ideia de que seu namorado, um espetacular auror vai prendê-la - disse Harry soltando Ginny depois de um beijo.

— Pode deixar Potter - disse Ginny abrindo um sorriso - Essa é sempre minha primeira ameaça agora.

— Pensei que fosse o Bat-Bogey Hex - disse Harry a ajudando a se levantar.

— Bom, digamos que você causa mais medo para quem não conhece meu incrível feitiço - disse Ginny o abraçando mais uma vez - Tenha um bom dia amor.

— Você também amor - murmurou ele contra os lábios dela - Até mais tarde.

Ginny assistiu enquanto ele pegava um punhado de pó de flúor e a familiar chama verde surgia.

— Bom dia - disse Ginny animada às companheiras de time.

As companheiras de time acenaram felizes pela amiga está de bom humor durante toda a semana, isso influenciou na vitória na quarta e poderia significar tudo no próximo dia também. Ginny era uma excelente artilheira e uma líder na equipe, se ela estava bem, tinha grandes chances do time inteiro ir junto.

— Então, todas queremos saber, Potter deu um jeito no seu drama? - perguntou Evelin sua companheira de artilharia.

— Vocês são ridículas às vezes - disse Ginny revirando os olhos - O que eu tive segundo Hermione foram crises de ansiedade, um termo trouxa, mas no momento estou melhor.

— Mas foi o Potter?

— Vocês apostaram que?

— Nós não… - começou Evelyn, mas aparou com o olhar que a ruiva a lançou, ela já tinha visto Ginny lançar feitiços nos irmãos - Tudo bem, você sabe como somos, apostamos que você relaxar depois de você sabe o que.

— Isso é ridiculo - disse Ginny, mas não tão chateada de fato, ela mesma apostava coisas idiotas com as meninas - O que eu tenho não se resolve com sexo e se resolvesse eu não teria nem começado a te-lo para inicio de conversa.

— Ok senhorita eu transo.

— E Harry nem está em casa - suspirou Ginny - Ele saiu na segunda acredita? Teddy que tem me feito companhia.

— Ah mesmo? Missão ultra secreta de novo? - perguntou Evelyn - E como está Teddy? Você devia trazê-lo mais vezes.

— Você sabe que Gwenog não gosta quando as crianças vem sem o time está ganhando - disse Ginny enquanto elas se dirigiam para o campo.

— Nem me lembre disso - disse Evelyn se inclinando na direção da amiga para só ela ouvir.

Foi um treino puxado, Gwenog queria ter certeza que elas dariam tudo de si no dia seguinte para manter a sequência de vitórias. Era um pouco mais de seis horas da noite quando Ginny aparatou exausta na casa de sua mãe.

— Não sei porque vocês não dormem aqui - insistiu Molly depois de Ginny e Teddy jantarem com a família - Você ainda tem seu quarto.

— Mas, estou mais acostumado com o meu quarto agora mamãe, não precisa se preocupar - disse Ginny sorrindo para a mãe - Você vai não é Rony?

— Sim, Teddy não vai me deixar em paz se não levá-lo - disse Rony com a boca cheia do terceiro prato de comida da noite.

Hermione ao lado dele revirou os olhos, então veio se sentar ao lado de Ginny.

— Você está com tudo pronto? - perguntou a cunhada em sussurro disfarçado e depois falou em tom normal - Você viu que as Estranhas vão fazer um show na próxima semana?

— Sim - respondeu Ginny sem segurar o riso - Está tudo certo para conseguir os ingressos.

— Oh, será inesquecível - disse Hermione com um sorriso brilhante.

— Acho que está na hora de ir Teddy - anunciou Ginny um pouco mais de uma hora depois -Preciso dormir cedo para me apresentar para o jogo amanhã.

— Não pode ser mais dez minutinhos Gingin? - perguntou ele com olhos brilhando em inocência - Vic e eu estamos quase terminando o jogo.

— Teddy - suspirou Ginny - Eu prometo que no domingo você passa o dia brincando com Vic, que tal esse acordo com vocês dois?

As duas crianças se encararam com os olhos brilhantes de empolgação.

— Aceitamos - disse Teddy estendendo a mão - Você é a melhor Gingin.

Rony fez uma careta zombando da irmã por ela deixar que o garoto usasse o apelido de infância que odiava, mas saindo de Teddy fazia toda a raiva por aquele apelido sumir.

— Eu tenho um segredo pra te contar - confessou Ginny depois de ter contado uma história de dormir - Eu vou precisar ficar sozinha com seu padrinho amanhã quando ele chegar.

— Vocês vão fazer bebês? - perguntou o garoto incerto.

— O que? - perguntou Ginny quase em pânico.

— É o que o tio Rony comenta quando você e o meu padrinho somem na Toca.

— Vou ter uma conversa séria com Ronald Weasley - comentou ela muito séria - Mas esqueça isso, preciso da sua autorização para uma coisa.

— Para o que? - perguntou o garoto curioso.

— Você permite que me case com Harry? - perguntou Ginny em um sussurro.

— Vocês já não estão casados? - perguntou o garoto também em um sussurro franzindo a testa.

— Bem, tecnicamente não - disse Ginny sentando-se ao lado dele na cama - Nunca tivemos uma cerimônia ou assinamos papeis, coisas assim.

— Então vamos ter uma festa? - perguntou Teddy animado.

— Sim - riu Ginny - E você pode entrar com Vic e as alianças, que tal?

— Isso é incrível - Teddy sorriu, seu cabelo mudando para a mesma cor do de Ginny e pulando no colo dela para um abraço - Você é a melhor garota do mundo, meu padrinho tem muita sorte.

Ginny sorriu com os olhos marejados, Teddy era sempre tão espontâneo e gentil, uma mistura perfeita de Tonks e Remus.

— Mas é um segredo certo, você não pode contar nem mesmo a Vic - disse Ginny bagunçando o cabelo do menino.

— Nem a Vic? - Teddy a olhou em pânico - Eu prometo que vou conseguir.

— Sei que sim, querido - riu Ginny dando-lhe um beijo na testa - Mas, hora de dormir.

O garoto suspirou, mas voltou a se ajeitar na cama e Ginny puxou as cobertas e lhe deu mais um beijo antes de se levantar.

— Gingin - chamou Teddy quando ela já estava fechando a porta do quarto.

— Sim? - perguntou ela inclinando a cabeça por uma brecha de porta.

— Você agora vai ser minha madrinha? Digo, quando vocês se casarem, porque um dos meus amigos da escola o pai dele morreu e agora a mãe vai se casar de novo e ele disse que ele será o papai dele então eu imaginei que…

— Se você quiser, eu posso ser a partir de hoje - disse Ginny interrompendo o menino, ele começava a tagarelar quando ficava nervoso - Nada me faria mais feliz.

— Mesmo? - perguntou Teddy uma pontada de felicidade perceptível em sua voz.

— Claro que sim.

— Boa noite então, madrinha - disse Teddy.

— Boa noite, afilhado.

Ginny sorriu enquanto secava uma lágrima silenciosa ao fechar a porta do quarto, sua mãe diria mais uma vez que tinha razão. Suspirando, seguiu para o quarto onde abriu a gaveta do móvel ao lado da cama e não pode evitar o sorriso ao imaginar a cara do namorado ao ver aquela caixinha.

Harry ficou preso no escritório fazendo relatórios sobre sua missão, a parte que ele definitivamente odiava no seu trabalho era isso, ainda mais depois de ter passado quase uma semana fora, tudo que ele tinha vontade era chegar em casa dar o beijo de boa noite em Teddy e ter Ginny em seus braços e comemorar a vitória do time dela.

Malditos vampiros, pensou Harry, fizeram bagunça e sobra pra nós. Mas, finalmente ele se levantou da cadeira e olhando o relógio viu que faltavam exatamente quinze minutos para meia-noite, que era o exato tempo que ele levaria até chegar em casa.

Ao fazer o caminho para fora do ministério, se pegou pensando na namorada, ela parecia confusa nas últimas semanas, sabia que os repórteres a estavam realmente incomodando, ele pensou até mesmo intervir falando com algumas pessoas que conhecia, mas sabia que seria pior se Ginny descobrisse. Se perguntava como ela estaria agora, quase não aceitou aquela missão, só não teve como recusar pois Kingsley em pessoa pediu, pelo menos ela teve a companhia de Teddy, pensou ele. Era uma espécie de tradição, sempre que Harry saia o afilhado dormia com Ginny, ele sabia que a namorada era completamente apegada ao menino e ele a mesma coisa, às vezes achava que eram mais confortados por ele do que o contrário.

Harry chegou ao ponto de aparatação exatamente no momento em que o famoso relógio de Londres badalava meia noite e aparatou diretamente em casa. Chegando lá estranhou as luzes acesas da casa, Ginny tinha uma rotina muito específica por causa do esportes e não costumava espera-lo acordada.

— Ginny? - chamou Harry ao entrar em casa.

Houve um som de aparatação e o Monstro apareceu no meio da sala. Ele costumava ajudar na casa deles desde que vieram morar ali, mas a maior parte do tempo estava em Hogwarts na companhia de outros elfos.

— A senhora Potter lhe espera no quintal, senhor - disse ele fazendo uma mesura.

— No quintal? - perguntou Harry confuso, mas sem conseguir evitar de sorrir por ele ter chamada Ginny de sonora Potter, Monstro costumava fazer isso, apesar dos protestos de sua namorada

— Isso mesmo - disse Monstro e sumiu com o mesmo pop que apareceu ali.

Seguindo para o quintal ele se perguntou o que Ginny Weasley estava aprontando, depois do jogo de hoje Harry imaginou que ela estaria mais do que apropriadamente dormindo a esta altura. Atravessando a porta de madeira da cozinha ele finalmente a encontrou, iluminada por velas que flutuavam ao redor da mesa da cozinha diminuída por magia, com lugar para dois e alguns arranjos de lavanda também flutuando a centímetros da mesa e escorada nela estava Ginny com sorriso travesso que fazia o estômago de Harry borbulhar de ansiedade. Ele sorriu ainda mais ao notar que ela usava o vestido verde que comentou ser o seu preferido da última compra com Luna, era um verde quase da cor dos olhos dele com uma manga de tule um pouco mais clara cheio de brilhos, ela também usava o colar que Harry deu de presente no dia dos namorados aquele ano.

— O que estamos festejando mesmo, querida? - perguntou ele ao se aproximar

— Não acredito que esqueceu - disse Ginny olhando-o com decepção, mas logo caiu na gargalhada quando viu a cara de espanto do namorado - Vamos comemorar o quanto somos maravilhosos.

— Isso realmente merece comemoração - murmurou ele passando a mão pela cintura de Ginny, puxando-a para mais perto e enfiando a cabeça nos fios ruivos que tanto amava - Estava com saudades, aqueles malditos relatórios quase me prendiam aquela maldita sala.

— Bom, vamos comemorar minha inteligência essa noite também, por ter escolhido uma profissão sem papeladas - disse Ginny passando os braços pelo pescoço dele e enterrando as mãos no cabelo escuro e bagunçado - Também estava com saudade.

Eles se beijaram como faziam sempre que passavam dias distantes, como se fosse a poção que curaria a saudade. Depois de um tempo, Harry se inclinou sobre Ginny o que faz lembrar do jantar que tinha preparado, então empurrou o namorado.

— Vamos jantar, sim? Depois matamos a saudade - Ginny piscou para ele enquanto ajeitava o vestido.

— Okay, estou morto de fome - concordou Harry, ainda sentindo o desejo agarrado a sua garganta, o fazendo pigarrear - Onde está Teddy?

— Essa noite somos só nós dois.

— Uau, cada minuto fico mais preocupado com esse jantar - murmurou Harry estranhando a situação - Você não tramou nada com Rony e George, não é?

— Harry - disse Ginny mortificada com os pensamentos do namorado - Eu nunca faria isso.

— Mas, teve aquela vez que você trouxe aquela torta de pimenta enfeitiçada que se parecia com a torta favorita do mundo de quem olhasse - disse Harry se lembrando da queimação da pimenta - Até hoje juro que lembro como se tivesse comendo ela agora.

— Foi sem querer - protestou Ginny.

— Meu amor, isso foi depois que eu saí em missão sem te avisar pela primeira e última vez e passei uma semana fora, aposto que você pegou aquilo no dia seguinte.

Ginny franziu a testa se recordando de como ficou ressentida naquela situação.

— Tudo bem, admito essa - disse Gina enquanto se sentava - Mas, foi tudo culpa sua.

— Claro que teve aquela vez que você trouxe pó de men…

— Ok, entendi - disse Ginny cortando-o - Mas, não tem nada a ver com isso e já fizemos jantar assim antes.

— Sim, em ocasiões especiais - retrucou Harry ainda mais desconfiado - Você não está grávida mesmo, está?

Harry engoliu em seco ao notar o característico vermelho Weasley se espalhar pelo rosto de Ginny. O que ele tinha na cabeça?

— Eu acho muito, muito bom você não tocar nesse assunto nunca mais até que eu iniciei-o - disse Ginny estreitando os olhos na direção dele - Agora vamos comer.

Pratos começaram a voar da cozinha e servi-los, Ginny não era uma boa cozinheira, só sabia o suficiente para sobreviver, então normalmente a comida era por conta de Harry ou do que Molly mandava para eles durante a semana ou em casos como aquele, com ajuda do Monstro.

— Então, quando vai me dizer o motivo real disso? - perguntou Harry depois que finalmente parou de rir do que Ginny tinha dito pro batedor que jogaram contra naquele dia.

— Você é um saco auror Potter - resmungou Ginny.

— Você faria pior se fosse eu que estivesse fazendo esse jantar - resmungou Harry de volta.

— Tudo bem - suspirou Ginny.

Harry observou enquanto ela se levantava ajustando o vestido e cabelo, as bochechas levemente coradas no tom característico Weasley. Ela parecia nervosa, o que não era normal para Ginny Weasley.

— Então, eu… eu estive tendo crises de medo e raiva por causa desses malditos jornalistas sensacionalistas - confessou Ginny - E percebi que intencionalmente estava respingando em nós.

Harry franziu a testa ainda mais confuso. Ginny sentou-se no colo dele e jogou o cabelo para trás distraindo-o, tão perto ele podia ver o decote do vestido com mais clareza, o que fez seu coração apertar de saudade de está com ela.

— Gin, eu sei, percebi e conversei com Hermione que disse que era uma fase - Harry olhou nos olhos dela antes de prosseguir - Eu teria dado um jeito, mas você ficaria com raiva de mim de toda forma.

— Eu não tenho raiva de você, tenho raiva deles - disse Ginny com a voz firme - Mas, acho que me afastei um pouco de você com todas essas reportagens que dizem que nos casamos ou que esperamos filhos, você não tem culpa disso.

— Sim - murmurou Harry - Eu também me culpo, se não fosse por toda esse idiotice de O Escolhido…

— Não - cortou Ginny e para surpresa de Harry os olhos dela estavam marejados, mas ela nunca chorava - Não é sua culpa, você não tem culpa de nada disso e eu sei disso. Eu não ligo pra eles, me importo com você, com Teddy e nossa família.

— Eu sei - disse Harry aflito com o fato da namorada está prestes a se debulhar em lágrimas - Só você me importa Gin.

— Eu sei que sim, você me olha como se eu fosse seu lar, onde você se sente mais seguro.

— E você é - concordou puxando-a para que ela se acomodasse na curva do seu pescoço - É em sobre você meu último pensamento antes de dormir e o primeiro quando acordo. Seu cheiro está em todo lugar do meu corpo e a promessa de te encontrar em casa quando voltar são a única coisa que me acalmam no meio de uma missão.

— E você é tudo isso pra mim também - disse Ginny a voz abafada no ombro do namorado - Eu te amo mais que tudo e quero passar todos os meus dias com você.

— Nada me faz mais feliz que ouvir isso.

Ginny riu e então se levantou, com aquele maldito sorriso que fazia a mente dele entrar em colapso.

— E acontece que eu decidi que já está na hora de algo - Harry engasgou quando percebeu que ela estava se ajoelhando com uma caixinha de veludo que conhecia muito bem - Harry Potter, seus olhos verdes como sonhos verdes fazem cada um dos meus dias valerem a pena e seus cabelos negros como um quadro de aula é a única coisa capaz de me impedir de enfeitiçar mais pessoas do que o ministério seria capaz de peordoar. Queria que tu fosse meu, grato e divino! Meu amor, companheiro de pegadinhas contra meus irmãos, a pessoa para quem vou correr todos os dias do resto da minha vida depois de um pesadelo e quem vai ser o pai dos meus filhos. Você aceitaria se casar comigo?

Harry ficou em silêncio por um tempo, aquilo parecia um sonho, Ginny Weasley o pedirá em casamento e ainda citando o poema ridículo do tempo de Hogwarts. Nada poderia ser mais perfeito.

— E você Ginny Weasley, aceita o peso de ser casada com um homem marcado? - perguntou Harry colocando-se de joelhos também - Eu te amo isso nunca vai mudar, mas eu tenho medo do que pode acontecer com você se…

— Eu quero você - disse Ginny colocando dois dedos sob a boca de Harry - Mais que tudo nesse mundo e quero que se dane o universo se tiver algo contra e todos esses idiotas que não tem alguém pra amar como eu. Só você me importa Harry.

— E Teddy? - perguntou Harry com a voz embargada.

— Você tem uma concorrência e tanto pelo top um - murmurou Ginny sem conseguir segurar uma lágrima que escorreu lentamente pelo rosto - Eu pedi autorização para ele.

— Foi mesmo? - riu Harry enquanto secava o rosto dela.

— Ele disse que agora que vamos nos casar posso ser a madrinha dele.

— Acho que ele não podia ter feito uma associação melhor - sorriu Harry - Vamos lá então.

Harry tirou o anel da caixa e colocou no dedo de Ginny, ele tinha pego a mais de dois anos aquele anel do cofre dos Potter em Gringotes e já estava quase sem esperanças de vê-lo no dedo da ruiva e ele não estava nem um pouco surpreso dela tê lo encontrado, afinal ele não fez o menor esforço para esconder.

— Era da minha mãe - contou Harry enquanto admirava o anel de esmeralda - Meu pai deixou junto de um bilhete.

— Mesmo? - perguntou Ginny admirada - Você acha que eles teriam gostado de mim?

— Ninguém é capaz de não gostar de você, futura senhora Potter - disse Harry se levantando e levando a noiva junto - Eu tenho certeza que você teria sido a nora perfeita para eles, meu pai amaria falar de quadribol com você e mamãe teria amado tentar te mostrar o mundo trouxa.

— Eu vou amar nossos filhos como eles te amaram, Harry - disse Ginny colocando a palma da mão uma em cada lado do rosto dele - E eu vou te amar por cada dia da minha vida, vou te fazer feliz por eles também.

— Eu sei que vai - murmurou Harry puxando-a para mais um beijo.

Harry deslizou a mão pela lateral do corpo de Ginny e segurou sua cintura e a subiu na mesa. Com um suspiro ela passou as pernas pela cintura dele puxando-o mais para perto.

—Eu te amo, senhora Potter - disse Harry.

— Eu te amo mais - sussurrou Ginny sem tirar os olhos dele - Vou ser a pessoa mais feliz do mundo construindo uma família com você, tenho certeza.

— Todos os meus dias são e serão para sempre incríveis com você - sussurrou Harry antes de beijá-la.

— Minha mãe vai pirar e pirar a gente junto, você sabe né? - disse Ginny quando eles se separaram.

— Deixe ela se divertir, você é a única filha dela.

— Se ela ficar me enchendo demais com coisas como qual a cor do guardanapo, eu mando ela ligar pra você então - retrucou ela revirando os olhos.

— Não tem nada que me irrite em relação a isso, eu serei o noivo mais feliz do mundo - disse Harry sem tirar os olhos da noiva - Eu te amo.

— Eu te amo - sussurrou Ginny antes de puxá-lo para mais um beijo.

O cheiro das lavandas espalhadas em arranjos flutuantes afastaram-se para que da mais espaço a eles quando Harry subia na mesa de vez, seu corpo esmagado contra o de Ginny, as mãos emaranhadas em seus fios ruivos e enquanto ela gemia seu nome e ele só conseguia pensar o quão grato era por tê-la em sua vida.


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