Pelo Que Você Luta? escrita por Tricia


Capítulo 4
Advogada West


Notas iniciais do capítulo

Não é domingo e três semanas se passaram, desculpe por não conseguir cumprir o que me propus. Felizmente quinta-feira eu não tenho aula, então uma parte do dia estará livre para eu postar outro capítulo e depois posto outro no domingo como deveria ser. Não vai resolver tudo, mas já compensa um pouco né?
Desculpe, por ter que fazer as coisas assim.
Boa leitura.



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Beck Oliver

 

Como a maior parte das pessoas a ideia de que um dia vai se separar jamais passou pela cabeça de Lizzy em seu tempo como noiva; Os planejamentos dela e Ivan sempre foram em como fariam as coisas juntos funcionarem da melhor maneira, portanto, um acordo pré-nupcial em momento algum foi considerado por qualquer uma das partes – mesmo sendo sugerido por um familiar dele – eles aos olhos de qualquer advogado de divorcio foram precipitados com relação aos seus sentimentos, confiantes demais no futuro desconhecido.

Recusar esses acordos é uma declaração de amor para lá de estupida na concepção de qualquer advogado, não duvido nada que o pensamento da advogada de Elizabeth não tenha sido este também, se não pior.

Meu primeiro chefe dizia que quando você esta responsável por trazer o fim de tantos casamentos naturalmente se torna mais cético sobre os relacionamentos. Ele nunca se casou e parecia muito satisfeito com sua escolha. 

— Você esta do lado da mãe ou do meu? – a pergunta me trouxe para realidade atual, dentro da cafeteria que Elizabeth escolhera para conhecer sua advogada ao invés de me levar em seu escritório como seria o ideal. Não sei dizer se estava fazendo isso para não causar um desconforto em sua advogada ao apresentar outro que enfiaria o nariz em seu trabalho ou simplesmente para tentar usar um ambiente neutro com intuito de me manter o mais afastado possível de seus problemas.

Infelizmente apostaria mais na segunda opção.

— Eu preciso escolher um lado dentro da nossa própria família?

Uma música pop desconhecida ressoava pelo ambiente sendo contagiante o suficiente para as duas garotas que trabalhavam atrás do balcão cantar enquanto trabalhavam descontraidamente e eu só conseguia desejar que esse clima pudesse também estar presente na mesa, tranquilidade ao invés de receio. O fato de eu ser geralmente mais próximo ao meu irmão caçula não significa que eu me importo menos com minha irmã mais velha, apenas não tínhamos tantas coisas em comum. Mas se qualquer um olhasse de longe para nossas posturas no máximo diria que somos primos que não convivem tanto e resolveram parar e beber algo quando deu um tempo livre.

É uma sensação estranha e incomoda.

— Gostaria de esperar que não, mas nós dois conhecemos a mãe.

A chegada de um das garotas animadas com os copos de capputinos era o pretexto para evitar uma resposta às palavras que me faltavam.

No relógio eu podia ver que havíamos nos adiantados um pouco ao contrário da advogada que só aparecia com apenas 2 minutos restantes para o horário marcado.

“Uma advogada” as palavras ressoavam na minha cabeça como um eco distante e persistente no instante que meus olhos pousaram na mulher que entrara apontada por minha irmã.

Passos pesados e confiantes, toda sua postura dizia que não estava para brincadeira. Completamente diferente da pessoa que se apresentara para mim quatro dias atrás.

— Tem certeza que ela é advogada? – a pergunta saiu sem que eu percebesse ainda a fitando enquanto vinha em nossa direção, mas parando brevemente ao ter sua atenção exigida por uma das garotas da cafeteria.

 – Sim, ela foi responsável pelo divorcio de um colega do meu trabalho – Lizzy explicou com simplicidade.

— Mas você tem certeza mesmo? – insisti.

— Beck! Você me prometeu. Sem julgamentos precipitados – eu queria argumentar, mas seria incrivelmente estupido se o fizesse, então, eu só pude me calar maneando a cabeça com olhos estreitos bebendo um pouco da bebida fria na esperança de me acalmar.

A conversa entre as duas terminou e o caminho foi retomado terminando em nossa frente.

— Espero não ter os feito esperar demais.

— Imagina. Esse é meu irmão que queria te conhecer, Beck Oliver.

— É um prazer conhece-lo, sou a advogada Jadelyn West do escritório Kim-Stone’s e associados – seu tom era cortês e igualmente confiante.

Não é o escritório número 1 da cidade, mas tem uma reputação bastante respeitável e um bom tanto de estudantes da universidade tentam estagiar nele todos os anos.

Entretanto...

— Já não nos conhecemos?

— Não que eu me recorde...desculpe. Eu pareço familiar para você? – seus olhos claros nem se quer tremiam enquanto mentia descaradamente.

 – Eu diria que muito.

A garota se aproximou com uma xicara de café sorrindo para Jadelyn que pediu licença ocupando uma das cadeiras com sua bebida em sua frente.

— Desculpe por pedir esse encontro repentinamente, mas meu irmão é advogado e estava um pouco preocupado comigo. Espero que não se ofenda.

— De modo algum. É muito bom saber que tem uma família que se preocupa com você, sra.Morgan.

Com certo desgosto as palavras de Lizzy se faziam verdade, Jade West é uma maldita advogada que parece consciente das coisas que fala, no entanto isso não suaviza sua incapacidade em ajudar seu cliente.

— É muito pouco de pensão – repeti pelo que seria a terceira vez.

— Eu já disse que estou seguindo as ordens da cliente independente da minha opinião pessoal – contra-argumento sem qualquer emoção e eu só pude me voltar para minha irmã.

— Lizzy...

— É o que eu quero, Beck.

— Isso é duas vezes menos do que você deveria ganhar de fato.

— Só estou tentando resolver isso o mais rápido possível sem criar problemas para os outros – ela justificou com um ar suplicante.

— Querer ser boa e tola é duas coisas diferentes, não as confunda, irmã – contra-argumento impaciente.

— Eu preciso usar o banheiro – pediu minha irmã se erguendo sem olhar para qualquer um.

Suspirei esfregando meu rosto, focando minha atenção na mulher a minha frente bebendo café.

— Você não é um advogado de divórcios não é? – A mulher questionou despreocupadamente.

— Litigio, na verdade. Por que pergunta isso agora?

A morena deu de ombros.

— Porque esta tornando as coisas desconfortáveis para a sua irmã, com experiência eu posso dizer que ela não é a primeira pessoa a desistir de algo apenas para se separar. Quanto mais sufocado você se sentir, mais disposto você estará de desistir se isso significar liberdade.

— O casamento dela não é ruim, eles ficam bem juntos.

Não era ruim?...será que não fomos capazes de ver problemas?...ela os escondeu tão bem?...ou talvez todos apenas tenhamos ignorado o que estava ali bem na frente de nós?— Jade divagou pausadamente sem me olhar balançando a xicara vazia, seu tom despreocupado tornando-a incrivelmente odiosa.

— Você não tem o menor direito de julgar a minha família.

— Oh...parece que eu estou julgando vocês?

— Hipócrita sínica.

— Isso é por causa de hoje ou por causa de antes?

— O que você acha? É assim que trabalha?

Jade novamente deu de ombros.

— Antes fosse trabalho. Aquilo foi apenas eu tentando ajudar alguém, honestamente nem parei para cogitar a possibilidade de encontrar você de novo por ai, que dirá aqui.

— Você é inacreditável.

— Estou acostumada a ouvir isso.

— Jay – a bendita garçonete surgiu parando perto da mesa com um pratinho contendo a fatia de uma torta de morango – O cara da mesa perto da porta de cabelo ruivo pediu para entregar isso para você e isso.

O prato foi posto na frente da mulher com um papel que Jade rapidamente abriu mostrando um número de telefone para a aparente amiga antes de se voltarem para o suposto homem, eu não sei por que, mas assim como elas eu também olhei.

— É uma pena que eu não goste de ruivos – a advogada comentou retornando a postura ereta.

— Vai julgar alguém apenas pela cor do cabelo?

Os lábios da mulher se comprimiram por um minutos e seu rosto tombou para o lado.

— Então eu devo olhar para a mão esquerda que acenou, especificamente no dedo do meio que tem um anel que pode parecer ser normal, mas é uma aliança de compromisso.

— Ele esta longe demais para saber disso.

Nossos olhos se encontraram por uma curta fração de segundos antes dos lábios da mulher repuxarem-se. Jade claramente não é uma pessoa doce e agradável como eu imaginei.

— Tem razão. Mimi, leva esse prato de volta pra ele e confira para nós. Aposto 20 pratas que é aliança.

— Apostado.

E a tal Mimi foi e nós esperamos olhando para qualquer lado aguardando os pouquíssimos minutos que levou até tê-la de volta ao lado da amiga.

— É uma aliança.

Saquei minha carteira para pegar o dinheiro, colocando as notas em cima da mesa enquanto a funcionaria ria balançando a cabeça e se afastava.

 – Na próxima você ganha.

 A imagem da minha irmã voltando foi a minha fonte de atenção.

— Não vai ter próxima vez – resmunguei baixo ao passo que a mulher dobrava as notas.

— Desculpe se demorei.

— Sem problemas, estamos falando sobre nossas experiências de trabalho, não é mesmo Beck?

— Sim. Faz algum tempo que não falo sobre casos de divórcios.

— Separações dão muitas historias e, falando em separações – a maneira como West inclinava seu corpo sobre a mesa apoiada por seus cotovelos só me fazia temer o que mais poderia vir de sua pessoa – Eu ouvi um rumor por ai que tenho que confirmar sobre a advogada adversaria agora.

Lá vamos nós...

— Rumor?

— Abigail Gales foi sua namorada?

— Abigail é a responsável do lado do Ivan? – a pergunta não partiu de mim, mas a surpresa provavelmente foi similar em quantidade, eu acredito.

— Oh...Isso parece ser um problema... que interessante.


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Notas finais do capítulo

Até quinta-feira
Bjs



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