Filme de Terror escrita por Tutti


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Ideia baseada no prompt: Elesis e Arme assistindo a um filme de terror. Elesis não consegue dormir naquela noite e Arme a conforta com um abraço.

Faz um bom tempo que não escrevo algo, então me desculpem se estiver um pouco, ou muito, fora dos personagens. Eu tentei revisar, mas não quis me aprofundar muito no desenvolver da relação de intimidade delas e sim do tema proposto.



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Elesis puxa o ar pelo nariz e solta lentamente pela boca, em suas mãos está um DVD - sim, por incrível que parece essas coisas ainda existem - de terror. Fazendo uma careta, a jovem ruiva lê novamente o titulo na capa: A maldição das almas torturadas, as letras estão escritas em um branco meio transparente passando a imagem de fantasmagórico e na imagem da capa estão quatro jovens entrando em um hospital abandonado, acima deles a janela de um dos quartos está acesa e há a sombra de uma pessoa com a mão no vidro. Elesis gira o DVD em mãos, procurando a sinopse do filme na parte de trás. A parte de trás do DVD não contem nada de tão surpreendente, mais algumas imagens do filme nas laterais - eles andando no hospital, lanternas apontadas para as paredes e maquinários abandonados - e a descrição superficial do filme: Após rumores se espalharem na cidade que o antigo hospital psiquiátrico abandonado é assombrando, quatro jovens amigos resolvem passar a noite lá como desafio de coragem, porém conforme as horas avançam eles descobrem que talvez não estejam sozinhos.

De repente um grito ecoa pelo local, Elesis quase solta o DVD enquanto ergue os olhos arregalados para a TV a sua frente, onde o filme passa. Péssima ideia. Mordendo os lábios, a jovem ruiva assiste enquanto um dos adolescentes do filme é agarrado pelos pés por algo sobrenatural e arrastado até uma das salas, ele grita e suas mãos arranham o chão, mas é em vão e uma vez que ele está dentro da sala à porta se fecha com um estrondo alto, a câmera caída no chão é a única testemunha dos acontecimentos, gravando apenas a porta fechada e os sons de gritos e ruídos. Ao seu lado Arme engasga, mas parece tão vidrada na tela para perceber o claro desconforto de Elesis ao seu lado.

— Viu! Eu avisei que ele seria pego! – Arme comenta, sem nem tirar os olhos do filme.

— Hmm – Elesis faz um som baixo, não confiando em sua voz. Um arrepio passa por seu corpo e ela sente uma fraqueza nas pernas e frio no estomago.

A cena muda para os outros amigos, dois deles estão no que parece ser o subsolo escutam o som, mas como em qualquer filme de terror optam por achar que não é nada.

Elesis desvia os olhos do filme novamente, desconfortável. Claramente a vontade de fechar os olhos é maior, e a de sair da sala maior ainda, porem seu orgulho para ficar - ficar, não assistir - é maior que tudo, e Elesis nem precisa pensar muito para saber que a ideia de ver o filme é idiota, pois ela está com medo e todos sabem o quanto ela tem medo de fantasmas, mesmo que “seja um medo bobo para alguém com 16 anos”, palavras ditas de sua própria boca para Arme, antes de iniciar o filme. Em nota, Arme apenas levantou uma sobrancelha e sorriu maliciosamente “Oh...”, seus olhos brilhavam com diversão e malicia, e Elesis sentiu um frio igual ao que sente agora enquanto assiste o filme subir por sua espinha “Neste caso, acho que não tem problemas vermos um filme, então.”. Felizmente agora Arme está concentrada demais no filme para reparar que Elesis está mais branca que o normal.

Uma das portas no filme fecha com um estrondo assustando os dois adolescentes no porão e a Elesis, que faz um barulho enquanto pula no sofá. Sério, qual é o problema deles com essas malditas portas? É um truque baixo, que infelizmente está funcionando muito bem. Arme desvia os olhos da TV e a encara com uma expressão divertida enquanto Elesis faz um som com a garganta e arruma sua postura, ignorando a jovem de cabelos roxos com as sobrancelhas levantadas e sorriso no rosto. Fechado as mãos em punhos, a ruiva tenta se concentrar no filme para mostrar que está prestando atenção. Arme deixa escapar um leve riso, mantendo o olhar em Elesis por mais alguns segundos antes de olhar novamente para a TV, silenciosamente ela desliza uma das mãos para a mão fechada de Elesis, em um convite silencioso.

Elesis, ainda sem fingir tirar os olhos da tela, aceita.

*

Após duas horas de filme Arme se levanta do sofá e se espreguiça. A TV agora mostra os créditos finais na tela, com alguns efeitos fantasmagóricos do filme, e Elesis os observa subir lentamente sem se levantar ainda, pois não confia em suas pernas no momento. Ótimo, pensa, vou ter pesadelos com isso por semanas. Arme abre a boca e solta um bocejo.

— Foi um bom filme, você não acha? Quero dizer, meio obvio em vários momentos, mas mesmo assim bom.

Elesis, se pudesse, giraria os olhos e bufaria e riria, diria que sim que o filme foi entediante. Na verdade ela deveria estar fazendo isso, e uma parte dela realmente que poder virar e dizer que foi obvio e entediante, porém ela apenas encara TV segurando a caixa do filme nas mãos agora livres.

— Elesis? – Arme tenta novamente e soa mais divertido do que sério.

Elesis pisca algumas vezes e olha para a amiga que sorri divertida.

— Você esta com medo?

— Claro que não! – Elesis responde rápido de mais, coça a garganta – Eu estava apenas pensando no filme. Isso foi... Muita coisa para absorver.

— Ah... – Arme parece querer rir. – Bem, então o que você achou?

Idiota.

Que eu provavelmente vou passar a vida inteira dormindo de luzes acesas.

Que eu vou quebrar esse DVD em dois quando ninguém estiver olhando, não me importa se ele é da sua preciosa coleção de DVDs. Isso nem deveria existir mais.

E, finalmente, que tudo isso é uma ideia estupida.

— Uma ideia estupida. Quero dizer, quem é que pensa que entrar em um hospital abandonado com fama de assombrando é uma boa ideia? – Elesis bufa e tenta soar séria.

— Mas esse é a ideia do filme. – Arme está estranhamente divertida de mais.

— Uma ideia idiota.

Arme ri e boceja novamente, depois estende a mão para a Elesis.

— Esta tarde.  – Arme diz, o relógio na sala marca um pouco depois da meia-noite. – E eu estou com sono. – Pegando o controle, Arme desliga a TV e olha para Elesis – Vamos dormir, a menos que você esteja com medo e queria passar a noite acordada vendo filmes de coisas fofas.

Elesis levanta, põem uma mão na cintura e gira os olhos.

— Aham, como se um filme desses fosse me assustar. – Mente. – Não se preocupe Arme, eu te projeto do bicho papão e do monstro em baixo da cama. – Zomba, enquanto manda uma piscadela.

E no mesmo segundo, Arme se inclina em direção a Elesis com olhos brilhando para uma discussão.

*

Elesis sabia que isso era uma péssima ideia. Mordendo o lábio, a jovem vira novamente na cama, o relógio de cabeceira marca 3AM e para sua grande infelicidade esse é o horário onde tudo começou no filme, se lembra. Elesis sente um frio passar por sua espinha e quase geme miseravelmente, se arrependendo mais ainda de ter visto o filme. Já faz três horas que está virando na cama de um lado para o outro sem conseguir dormir, seus sentidos todos em alerta e qualquer barulho que a casa faz parece ecoar três vezes mais em sua cabeça. Imagens do filme passam toda vez que fecha os olhos e o quarto parece pequeno de mais.

Para melhorar a situação, depois que as duas foram para o quarto dormir começou uma forte chuva e a energia acabou. Como se para zombar da situação atual, um grande raio cai em algum lugar próximo iluminando o quarto e fazendo sombras na parede. Elesis se assusta.

Isso é idiota. É só um filme. Fantasmas não existem.

Elesis repete mentalmente, ainda escutando o eco do raio pelo quarto. Na rua, um grupo de gatos começa a brigar e Elesis salta na cama. Um cachorro começa a latir para a confusão, seguindo de grande barulho.

É só um filme!

— Elesis? – Arme de repente pergunta, sendo uma terceira voz não esperada no cenário.

E é isso. Elesis grita e se senta, virando rapidamente para a amiga observa a Arme a encarar com uma mistura de sonolência e desconfiança. Elesis respira fundo e deixa à tensão dos ombros caírem, uma parte dela se sente pequena e a outra patética. Arme abre a boca para perguntar, quando outro estrondo ecoa pelo quarto e Elesis olha assustada para a janela que caia a forte chuva, provavelmente uma lata de lixo caiu devido à briga de gatos, mas o barulho parece repetir no quarto e em sua cabeça como se fosse um eco em uma caverna.

Lentamente Elesis desvia o olhar da janela para a amiga. Arme a encara atentamente, com um olhar conhecedor. Elesis solta todo o ar preso em seu pulmão em derrota.

— Você poderia ter dito que estava com medo do filme – Arme diz.

— Mas eu não estava. – Elesis mente, sua voz soa menos confiante do que o necessário.

Arme bufa para a resposta claramente não acreditando nas palavras, porque ela conhece a Elesis e porque ela sabe que isso ia acontecer. E Elesis sabe que Arme sabia disso, o que faz com que Arme tenha uma parte da culpa disso também, mesmo que a situação atual seja resultado do orgulho de Elesis em admitir que sim, ela tem 16 anos e tem medo de fantasmas.

Arme abre os braços em um convite e Elesis levanta uma sobrancelha. Por um minuto a sala fica em silencio, com as duas se olhando, até que de repente os gatos voltem a brigar, outro raio cai e, novamente, Elesis pula de susto. Arme solta uma risada baixa, divertida e sonolenta, mas ainda mantem os braços abertos em um convite.

Arme não vai zombar, não ainda, não agora. Amanha? Provavelmente. Quando for de dia e quando ela tiver certeza que Elesis não vai pular na cama como um gato assustado a cada som, para a infelicidade do orgulho da ruiva.

Uma trégua.

Elesis estreita os olhos, mas deita novamente na cama e passa seus braços pelo pequeno corpo de Arme e sente Arme abraçar suas costas, afundando em seu corpo e se aconchegando na curva do pescoço. Suspirando, Elesis apoia o queixo no topo da cabeça da Arme e respira fundo.

Na rua, os gatos ainda brigam e o cachorro ainda late, a chuva ainda cai juntamente com um raio ou dois, mas de alguma forma o quarto parece mais calmo e menos assustador.

 


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Notas finais do capítulo

Eu tenho um sério problema em escrever sobre esse casal, pois eu sempre quero me aprofundar muito no desenvolver da relação delas até o ponto de intimidade que eu imagino necessário na Fanfic, mas e isso faz com que eu demore o dobro de tempo e nunca consiga concluir a Fanfic, porque desfoco do tema proposto, a Fanfic ganha o dobro de tamanho - o que às vezes não é ruim, mas a minha criatividade sempre vai embora antes de chegar à metade da Fanfic, então dessa vez eu deixei o assunto do nível de intimidade delas e do relacionamento delas em segundo plano (em minhas palavras: Não trabalhado. Em palavras bonitas: Ficou para a interpretação do leitor) e foquei apenas na situação do prompt.

Eu literalmente escrevi isso de madrugada, pois é o melhor momento que consigo espremer algo da minha criatividade e colocar em palavras, porém isso faz com que eu tenha que revisar o texto diversas vezes depois e alterar algumas coisas até sentir que ficou bom, então eu posso dizer que fique revisando essa Fanfic por alguns dias antes de postar.

Se eu não me engano, Arme também tem medo de fantasmas, mas nessa Fanfic eu deixei apenas a Elesis. Eu tinha outra ideia de como escrever essa Fanfic, porém iria alongar de mais e eu fiquei com medo de me perder durante a escrita (como disse no primeiro paragrafo), então deixei no jeito mais reto e direto para a situação. Espero que tenha conseguido atingir o objetivo.



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