Nunca Mais muda vidas escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo único - Nunca Mais muda vidas


Notas iniciais do capítulo

Na one-shot anterior eu fiquei bem em dúvida sobre fazer Fantasma loiro ou não, já que originalmente conhecemos Feioso com essa cor de cabelo. Mas já que ele tem cabelo escuro na série, porque não trocar a cor de cabelo com o irmãozinho mais novo. Notei que os Addams tem alguns ancestrais ou parentes com cabelo loiro bem claro, como Goody, Ophélia, Feioso... Então creio que se encaixou bem.



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Nunca Mais muda vidas

De Dani Tsubasa

                Wandinha estava deitada na cama dela e de Xavier na mansão dos Addams, onde era seu antigo quarto quando adolescente. Os dois ficavam aqui quando estavam visitando a família, que no momento estava ausente, em parte. Seus pais tinham decidido dar um de seus enjoativos passeios românticos, num parque temático de terror que estava passando uma temporada na cidade. Feioso tinha terminado seus estudos em Nunca Mais poucos anos atrás, e estava estudando história, tudo pelo prazer de poder viajar a lugares onde poderia escavar corpos de eras antigas, fossem ou não humanos. Wandinha sorriu, pensando em como agora seu irmão era mais forte mentalmente, realmente se parecendo com um Addams. Com os pés apoiados na parede, ela virou a página do livro que tinha em suas mãos, uma das primeiras e mais originais versões de Frankenstein. Nada tinha a ver com as várias versões de TV que haviam suavizado a personalidade do personagem e até o transformado num ser bonzinho. As pessoas comuns costumavam se chocar e passar semanas sem dormir com o final da história, mas Wandinha o adorava, obviamente.

                Passos fortes de pés pequenos ecoaram do lado de fora, e a porta de seu quarto se abriu repentinamente, revelando um Fantasma ainda mais pálido que o comum e de olhos arregalados. Seu irmão mais novo fazia jus ao nome. Além de pálido como normalmente eram os Addams, e apesar dos olhos escuros, havia sardas em seu rosto, como no da irmã, e seu cabelo era de um louro claro que sempre a fazia se lembrar de Goody, e, às vezes, até sentir saudades dela. Realmente não a vira mais após sua ancestral curá-la na gruta de Crackstone quase onze anos atrás.

                O menino vestia um short preto e um colete de inverno, sem mangas, quadriculado em preto e branco, exatamente igual ao que a irmã costumava usar há muitos anos, por cima da camisa branca de mangas compridas. Em seus pés estavam as pantufas do Ghostface. Wandinha deixou o livro de lado e encarou seus olhinhos assustados enquanto o irmão tirava os calçados e subia às pressas em sua cama para abraçá-la.

                - Ei, cuidado – Wandinha pediu, sentindo o menino tirar o próprio peso de cima de sua barriga e esconder o rosto em seu pescoço.

                - Desculpa – ele lamentou.

                Wandinha o abraçou de volta e afagou seu cabelo dourado.

                - O que aconteceu? Não me diga que Feioso errou o chocolate quente de novo e o fez ficar doce e mais colorido do que devia.

                - Não...

                - Então me conte.

                Fantasma se afastou, sentando-se sobre os próprios joelhos e a encarando com olhinhos castanhos chorosos.

                - Feioso tá organizando uns materiais da faculdade.

                - E Xavier?

                - Ele tá empacotando alguma coisa lá no carro.

                Wandinha sorriu.

                - É um presente que vamos mostrar a todos mais tarde. O que você estava fazendo enquanto isso?

                - Eu liguei a TV, achei que talvez passasse alguma coisa do Ghostface ou uma adaptação de um dos livros que você gosta de ler. Ou quem sabe dos seus livros.

                - Não me fale disso – Wandinha suspirou com desgosto – Nem sempre o cinema acerta. Há livros incríveis de terror que foram adaptados de forma tão grotesca, do jeito ruim, que não têm a dignidade necessária pra carregar o título das respectivas obras. Se tem algo que tenho medo, e é um medo que não gosto, é de ver meus livros caindo no cinema. Se um dia acontecer, que ao menos seja feito pelo James Wan, a chance de uma catástrofe ruim se concretizar é menor.

                O olhar do menino indicou que não tinha entendido bem, mas ele deu de ombros e voltou a falar.

                - Tava passando um filme antigo, é o primeiro, eu acho. Mas eu não gostei.

                - Por que?

                O garoto respondeu suspirando em pânico e cobrindo as próprias orelhas com as mãos. Imediatamente Wandinha soube de que obra ele estava falando, e sorriu internamente com a ironia que faria seu irmãozinho passar naquele mesmo dia em breve, quando revelassem a surpresa à família. Tinha um pouco de Feioso nele, não era à toa que se davam tão bem.

                - Fantasma Addams, que passa horas se divertindo com games de terror dos mais leves aos mais terríveis, ficou com medo de Megan?

                - Aaah! – O garoto exclamou, jogando-se nos braços da irmã novamente.

                Wandinha respirou fundo tentando ter paciência. Alguns Addams nasciam com um defeito, que felizmente costumava ser corrigido ao longo dos anos e com bons treinos. Feioso e Fantasma estavam na lista. Feioso já tinha se corrigido, seu irmãozinho era menos sensível do que ele tinha sido, mas ainda tinha um caminho a trilhar.

                - Você não reclamou nas autópsias que fez com tio Chico e comigo.

                - Mas eles já tavam mortos! E não eram crianças! E ela é fofinha, nada parecida com as outras histórias.

                - Quando Feioso era mais jovem ele era igualzinho a você. Hoje ele não tem mais problemas com isso. Um dia você também não terá.

                - Como sabe?

                - Nosso irmão ficou mais forte com os anos, e a sua chegada ajudou muito. Você terá o incentivo que precisa também. Nós vamos ensiná-lo. Tem que ser alguém firme quando chegar sua vez de ir pra Nunca Mais. E sua tia Enid é coisa mais fofa e colorida que nós conhecemos, mas sabemos o quanto ela pode ser perigosa quando precisa, então fixe desde já que aparência não significa muito. E outra coisa – Wandinha disse, mantendo uma mão no rosto de seu irmão quando ele a olhou novamente – Megan é uma das personagens de terror que mais gosto, mas ela não é real – infelizmente, Wandinha pensou – Portanto, ela não pode pegar você. E se ela fosse, teria que passar por cima dos cadáveres e dos espíritos de toda a nossa família se quisesse fazer isso. E aquele garoto foi punido por fazer bullying com a protegida dela – falou, lembrando-se de seu episódio com as piranhas, muito tempo atrás – Os Addams são capazes de muitas coisas, mas não perdemos nosso tempo fazendo bullying com as pessoas, então ela jamais teria motivos pra fazer isso com você. Você está seguro.

                Fantasma sorriu, lembrando-a de sua mãe. Ele era como Mortícia, uma pomba, sendo assim mais doce do que outros membros da família, como a própria Wandinha.

                - Querida, eu já... – Xavier entrou no quarto carregando uma caixa preta embrulhada com um laço branco cintilante – Aconteceu alguma coisa?

                - Fantasma ficou com medo da Megan.

                O olhar de Xavier ficou perdido por um momento até ele entender a situação.

                - Aaah... Eu vi que tá passando na TV, acabou de acabar.

                - Eles conseguem destruí-la no final?! – O pequeno perguntou, arrastando-se na cama até Xavier.

                - Sim, amigo – Xavier sorriu – Ela acaba o filme mortinha, e as protagonistas bem vivas – ele disse, preferindo omitir o final real do filme, Fantasma poderia descobrir no futuro.

                O corpo do menino terminou de relaxar com essa resposta e ele se deitou na cama no sentido oposto ao da irmã.

                - O que é isso?

                - É uma surpresa. Vamos mostrar a todo mundo quando seus pais voltarem – Xavier respondeu, se inclinando para beijar os lábios da esposa e sentando-se ao lado dela e de seu jovem cunhado – Por que você não vai se arrumar pra o jantar?

                - Não! – O garoto se recusou, agarrando-se a uma das pernas da irmã.

                Wandinha encarou o marido.

                - Podíamos contar pra ele primeiro, vai ficar tão feliz que vai esquecer disso, pelo menos por enquanto. Tá louco pra saber há semanas.

                - Nós planejamos tudo... Tem certeza?

                - Até hoje ele não contou pra ninguém de qual cemitério abandonado tio Chico roubou aquela ossada pra aula de anatomia.

                Xavier arregalou os olhos e abriu a boca na menção de falar, mas não conseguindo dizer nada e apenas passando a mão pelo rosto e suspirando em rendição.

                - Tem certeza? Aposto que sua mãe quer ser a primeira a saber.

                - Não acho que ela vai se chatear. É uma situação inesperada.

                - Tudo bem então – Xavier olhou para o menino, que os encarava sem entender muito da conversa – Ei, Fan, você guarda outro segredo pra nós? Vamos contar pra todo mundo no jantar, mas vamos dizer a você primeiro, certo?

                - Guardo! – Ele prometeu, sentando-se novamente.

                - Espera... Fantasma, vá buscar Feioso. Eu quero contar aos dois juntos já que estão aqui. Não fale nada pra mais ninguém que encontrar no caminho, só traga o Feioso.

                O garoto desceu da cama e calçou as pantufas, mas olhou apreensivo para a porta. A casa dos Addams era grande e escura. Todos eles amavam isso, mas obviamente naquela circunstância isso parecia assustador para uma criança.

                - Leve Mãozinha com você, ele já sabe. Da última vez que o vi ele estava fazendo as unhas no quarto dele.

                - Tá – o garoto finalmente saiu do quarto.

                Xavier sorriu para ela.

                - Eu sei que nunca imaginou isso pra você antes, mas percebe como se sai bem? Como ele confia em você? Os dois confiam, e muito.

                Wandinha abriu um pequeno sorriso.

                - Ao contrário do que eu pensava naquela época, não fazemos a menor ideia de com que realmente o futuro pode se parecer. Você pode alimentar Raven pra mim? – Ela pediu, entregando-lhe um pequeno recipiente com presas vivas para a aranha.

                - Claro.

                Xavier se levantou, indo até o viveiro da tarântula para soltar um dos insetos lá dentro, logo vendo Raven se aproximar para verificar o alimento quando ele fechou a tranca. A aranha tinha crescido, e agora era uma linda tarântula negra com algumas listras levemente mais claras. Wandinha sempre a trazia junto quando saíam por vários dias.

                - Você não vai mesmo me contar o que viu depois que saímos do hospital hoje cedo? Achei que era um episódio de desmaio. Eu ainda tô aprendendo sobre isso, você me assustou.

                - Ainda não. Isso é uma surpresa, especialmente pra você. Não quero estraga-la. Apenas seja paciente.

                - Até quando?

                - Médio prazo.

                - Isso é relativo – ele riu, deitando-se ao seu lado para abraça-la – Quando eu te conheci, não imaginei que gostasse desses clássicos mais suaves do terror – Xavier falou, indicando o livro do outro lado da cama enquanto afastava a franja da esposa dos olhos.

                - Você envergonha seu diploma de Nunca Mais dizendo isso, querido. Já devia saber que a história original é muito mais macabra que aquelas versões romantizadas da TV. Quando vai finalmente ler?

                - Prometo colocar na minha lista de prioridades de leitura. Isso me faz lembrar do que você contou daquela batalha com a Thornhill.

                - Ela usou o conhecimento pra o mal. Mas acho que Frankenstein era um ser mal compreendido. Se seu pai fosse menos lento e mais eficiente e corajoso, o final seria menos trágico, não que o original seja ruim, no entanto.

                - Você acha mesmo que existiria uma mínima possibilidade de algo assim dar certo? Até hoje só vi a Thornhill tentar e foi ainda pior que na ficção.

                - Só saberemos no dia que alguém tentar com intenções menos nocivas.

                - Eu curto o seu lado negro, amor, mas eu realmente prefiro assim às vezes.

                - Assim como?

                - A vida real e chata que todo mundo conhece.

                Ela riu e os dois trocaram um beijo breve. Com os anos ela tinha aprendido a conviver com o lado humano normal de Xavier, e aceitar isso. Claro que ter Enid como melhor amiga contribuía muito desde que tinham se conhecido.

                - Eu sei que é óbvio, e que digo isso todos os dias, mas você tá linda.

                - Você também – ela retribuiu o sorriso.

                O cabelo negro da Addams estava moldado numa coroa trançada ao redor da cabeça, com algumas mexas soltas como toque de sofisticação, similar ao penteado improvisado que ela usou em sua primeira Rave’N em Nunca Mais. Seu vestido preto tinha uma gola rendada em branco e bordados negros cintilantes em alguns lugares. Xavier trajava algo mais elegante do que normalmente usava, e embora preferisse os tons neutros ou até cores discretas, hoje estava combinando com a esposa para celebrar a ocasião, usando uma camisa social branca, calça preta e um colete preto por cima da camisa, junto com uma gravata preta cintilante.

                Nesse instante, Feioso, Fantasma e Mãozinha surgiram na porta, fazendo o casal se sentar na cama.

                - Tranquem a porta e NÃO surtem como da última vez – a Addams instruiu, vendo Feioso obedecê-la desconfiado – Não se preocupe, Feioso. Dessa vez não é uma sessão de tortura surpresa, infelizmente.

                - É algo sobre a... Robô? – Seu irmão mais velho perguntou.

                - Não. Sentem-se aqui.

                Mãozinha subiu no colo da velha amiga, fazendo um sinal de apoio para ela, que sorriu. Os dois irmãos sentaram-se ao lado de Wandinha, e Xavier do outro, todos em alerta ao vê-la piscar, entregando que realmente ela não os reunira ali por qualquer motivo. Wandinha só piscava quando estava nervosa, e por um assunto que lhe importasse muito. Xavier descobrira isso em seu tempo de escola, ao vê-la piscar ao menos três vezes, uma atrás da outra, quando ela o convidou para a Rave’N, apesar de tudo ter dado errado. Mas teve o privilégio de vê-la piscar novamente quando o convidou de novo no ano seguinte, e nesse momento os dois já namoravam e tiveram uma das melhores festas de suas vidas, ainda que ela jamais fosse admitir.

                - Eu decidi contar primeiro a Fantasma pra tirar a cabeça dele disso até nossos pais chegarem. Mas eu tenho dois irmãos, e não quis excluir o outro – ela falou, vendo Feioso sorrir – Então é bom que finjam nunca terem ouvido isso até eu mesma contar no jantar, ou vou esconder todos os games de terror de vocês até enlouquecerem procurando. E acreditem, é o que vai acontecer, porque vocês nunca vão achar.

                Os dois assentiram com apreensão, sabendo que as ameaças de Wandinha não costumavam ser vazias. A Addams encarou o irmãozinho.

                - Faz semanas que você me pergunta se vai ganhar um sobrinho ou sobrinha, e apesar de já sabermos, nós não tínhamos certeza.

                - Confesso que por muito tempo tive minhas dúvidas de que isso ia acontecer mesmo. Mas aqui estamos. Então... Hoje nós fomos verificar – ela continuou, olhando para seus irmãos novamente – E descobrimos que teremos uma nova Addams na família.

                Xavier sorriu da mesma forma radiante de quando soube da informação pela manhã.

                - Sério?! – Feioso sorriu – Papai e mamãe vão surtar.

                Fantasma também sorriu.

                - Já sabem o nome? – Ele perguntou, levando a mãozinha para a barriga da irmã, embora soubesse que ainda não era possível sentir o bebê se mover.

                - Essa parte vamos contar no jantar. Não sei se todos vão gostar, mas está decidido – Xavier respondeu.

                Levou mais duas horas para Mortícia e Gomez voltarem para casa, com sorrisos tão grandes que Wandinha suspeitou que estivessem bêbados, mas era apenas o vício de sempre um no outro.

                - Mamãe! – Fantasma correu para Mortícia, que pegou o menino no colo, beijando várias vezes sua bochecha e fazendo-o rir.

— Eu conheço você. Andou mexendo com alguma coisa que ainda não estava no seu tempo?

                O garoto abaixou a cabeça, não sabendo se seria ou não repreendido, embora provavelmente não. Os Addams podiam ser macabros, mas educar com traumas e violência não fazia parte de seu repertório.

                - O que assustou nosso bauzinho de desespero? – Gomez perguntou, acariciando a mãozinha do filho mais novo.

                - Ele ligou a TV inadvertidamente na cena mais cruel de M3gan – Wandinha respondeu.

                - Own, querido, ainda não estava pronto – Mortícia falou docemente para o filho em seu colo – Mas um dia vai estar – ela sorriu.

                - Posso dormir com vocês hoje?

                - Claro que pode – Mortícia lhe disse, ainda sorrindo – Mas antes vamos jantar. Acho que sua irmã tem algo importante a nos contar hoje.

                Tropeço entrou na sala, carregando um imenso buquê de rosas negras e um lobisomem de pelúcia.

                - Obrigada, Tropeço – Mortícia lhe disse – Pode deixar no nosso quarto. E depois encontre Fester, Itti e vovó, e peça que venham para o jantar.

                Tropeço assentiu, e seguiu até as escadas. Quarenta minutos depois eles estavam jantando na enorme mesa na sala da casa.

                - Querida... – Mortícia chamou a filha, sentada na cadeira mais próxima a sua – Vocês têm algo pra nos dizer hoje? Acho que é um bom momento.

                Wandinha piscou.

                - No seu tempo – a mais velha acrescentou baixinho, com um sorriso, vendo a filha curvar um pouco o canto dos lábios em resposta, o relacionamento das duas tinha melhorado muito com os anos.

                - Eu e Xavier temos algo a anunciar – ela disse, ganhando a atenção de todos.

                - Hoje nós fomos verificar o bebê – o Thorpe disse quando todos já prestavam atenção neles – E já sabemos o que é, e escolhemos um nome.

                - Diga, querida! – Vovó falou com empolgação.

                - Mal posso esperar pra lhe dar seu primeiro cadáver! – Tio Chico falou sorrindo.

                Mãozinha chamou atenção, impedindo que todos começassem a falar e adiassem o anúncio.

                - Obrigado, Mãozinha – Xavier lhe disse, pegando o pacote que tinha feito na cadeira ao lado e o entregando a Wandinha, que o repassou para sua mãe.

                - Mãe, eu sei que prometemos contar a todos juntos, mas contei a Feioso e Fantasma primeiro devido ao... Incidente com a TV, pra que ele tivesse algo pra ocupar sua mente jovem ainda tão vazia que não conseguia tirar o que viu da cabeça. Então acho que você merece abrir isso.

                A expressão de Mortícia era algo difícil de descrever. Seus olhos brilharam. Pessoas como Enid descreveriam como encantador e emocionante, mas deixou Wandinha dividida. Enjoada com o excesso de felicidade ali, ou talvez essa parte fosse culpa da gravidez. E uma sensação boa em algum lugar dentro dela por deixar a mãe feliz.

                - Muito obrigada, querida – a mais velha falou com emoção, sendo ajudada pelo marido a desfazer o embrulho.

                Os dois tiraram as peças de dentro da caixa, colocando-as na mesa para que todos vissem. Um conjunto de bebê, claramente para uma menina, em xadrez preto e branco, com pequenos laços cinza cintilante enfeitando o centro do macacão e das luvas e sapatos, além de uma tiara macia adornada com pequenas rosas da mesma cor dos laços.

                - Uma garotinha?! – Mortícia disse para si mesma, à beira das lágrimas.

                - Uma Addams! – Gomez exclamou, e não demorou dois segundos para que ele e Mortícia estivessem se abraçando e beijando loucamente, sendo interrompidos pela filha, que bateu na mesa acidentalmente.

                - Sim, nós teremos uma menina – Wandinha foi direta, nunca tinha sido fã de anúncios incrivelmente emocionais cheios de enrolação, obviamente a ideia do presente tinha sido de Xavier, e era o máximo que ela podia suportar – Megan Goody Addams Thorpe.

                Ela suspirou e fechou os olhos para preservar sua sanidade mental durante os segundos que a família fez uma verdadeira algazarra comemorativa, falando todos ao mesmo tempo.

                - Por que Megan?!

                - Porque é uma das personagens de terror favoritas da sua irmã – Xavier respondeu a Fantasma – E é um nome bonito.

                Xavier teve pena do azar do menino por descobrir a existência de M3gan justamente hoje, e desejou do fundo do coração que seu sangue Addams o ajudasse a lidar bem com isso.

                - Goody é por causa daquela nossa ancestral?

                - Se não fosse por Goody eu não estaria viva. Nunca teria retornado de Nunca Mais, literalmente.

                - Tish, nossa nuvenzinha escura vai nos dar uma netinha!

                - Vai ser tão bom relembrar os velhos tempos – Mortícia falou sorridente.

                Xavier tentou não rir da expressão irritada da esposa, e segurou sua mão por baixo da mesa. Wandinha ainda deu uma enorme prova do quanto tinha conseguido desenvolver seu autocontrole e ficar mais tolerante a afeto quando deixou, em púbico, que Mãozinha desse um tapinha carinhoso em sua outra mão, em cima da mesa.

                O primo Itti falou alguma coisa para os dois enquanto os demais conversavam.

                - Sim, meio que sabíamos sim – Xavier respondeu, agora sendo perfeitamente capaz de compreendê-lo.

                Estavam todos se encaminhando para seus quartos mais tarde quando Fantasma correu para dar mais um abraço na irmã e beijar sua barriga antes de seguir o pai para o quarto dele e de Mortícia. Era impressionante como Feioso, Eugene e Fantasma, todos a faziam se lembrar um do outro. Sentia um misto de desejo de estrangulá-los e protege-los de todos os males do mundo ao mesmo tempo.

                Wandinha se virou para seguir para seu próprio quarto ao ouvir os saltos da mãe atrás dela e se virar.

                - Eu queria mesmo ser a primeira a saber. Mas fiquei muito feliz pelo que você fez pelos seus dois irmãos – ela sorria.

                - Pra alguém que raramente sorri, você parece feliz demais hoje.

                - É uma ocasião especial. Eu acho que tudo melhorou muito desde sua época em Nunca Mais. Espero que você me permita continuar na sua vida, especialmente agora, filhinha.

                - Nossas diferenças já foram resolvidas há muito tempo, mãe.

                Dez anos atrás, Wandinha riria se tivesse uma visão com o que estava acontecendo agora, mas realmente aconteceu. Os anos correram, e pelo restante de seu tempo em Nunca Mais, pouco a pouco certas pessoas pararam de trazer de volta o nome de Mortícia quando algo em Wandinha as lembrava dela, e com isso ela conseguiu ver que nem sempre a menção era ruim ou pesada. Por outro lado, tinha lutado secretamente para se estabelecer como ela mesma e não uma cópia. Então veio seu relacionamento com Xavier, e demorou, e ele foi muito paciente, mas Wandinha conseguiu abrir um pouco de espaço para afeto em sua vida, e hoje abraços não a faziam mais passar mal, embora ainda não fossem frequentes. Ela e Enid nunca se afastaram, e isso tinha feito sua alergia à cores diminuir bastante, embora ainda preferisse os tons neutros e escuros. Ela e Xavier tinham alcançado um bom sucesso e fama em suas carreiras, o que deu a ele a estabilidade necessária para viver longe de seu pai e não enfrentar mais um conflito atrás do outro com ele.

Houve muito para lidar na última década. Ela teve um mini surto quando descobriu que estava grávida, ainda que esse surto envolvesse ficar horas em silêncio após perceber os sintomas, enquanto Xavier surtava por ela não lhe responder. Ele ficou duas horas preocupado e deitado junto com ela em seu quarto até que Wandinha conseguisse falar sobre o assunto. Ele suspirou aliviado e quase chorou quando a ouviu falar, e ela não teve coragem de impedi-lo de abraça-la nessa hora. Mãozinha tinha ligado os pontos antes dela, mas a Addams deixou bem claro que ela mesma contaria ao marido, e o amigo ficou distante cuidando de seus próprios afazeres enquanto o casal lidava com isso. E agora, por mais que odiasse admitir, e que não fosse dizer em voz alta, Wandinha aceitou que sua mãe sempre esteve certa. Nunca Mais mudava vidas.

                - Vá dormir, Wandinha. Deve descansar bastante enquanto pode.

                Wandinha assentiu, e observou sua mãe se contento, as mãos juntas com se estivesse se segurando. Talvez fosse a gravidez a fazendo enlouquecer, e novamente não era tão divertido quanto ela pensava, mas estava aberta a algumas concessões hoje.

                - Antes que eu me arrependa... Você pode, mãe.

                O sorriso de Mortícia se abalou com a surpresa, e ela olhou em silêncio para a filha por alguns instantes.

                - Tem certeza, mi pequeño corazón negro?

                Wandinha assentiu, permitindo que Mortícia se aproximasse e a abraçasse, escondendo-a nas mangas largas de seu vestido preto. O bebê devia estar afetando seriamente as funções de seu corpo e seu cérebro, pois Wandinha se sentiu confortável com o contato, coisa que só costumava acontecer com tanta intensidade quando vinha de Xavier, tio Chico, ou seus irmãos. Mortícia suspirou quando a filha envolveu os braços em suas costas, e se permitiu ficar ali mais algum tempo antes de soltá-la.

                - Senti falta disso – a mais velha sorriu – Mas você é quem você é. Boa noite, querida.

                Wandinha se permitiu abrir um pequeno sorriso quando a mãe lançou dois beijos no ar e as duas seguiram para seus quartos. Um Xavier sorridente a esperava na porta. Ele não falou nada a respeito, apenas a envolveu pela cintura para conduzi-la para dentro, e fechou a porta.

                - Vê? Você não morreu. Do jeito que você não gosta.

                - O bebê deve estar me afetando.

                Ele se permitiu sorrir quando ela deu as costas para ele para ir sentar na cama e tirar os sapatos.

                - No seu tempo, querida. Quer ligar pra Enid? Não é tão tarde ainda.

                Wandinha lhe mostrou o celular, que exibia várias mensagens de Enid, como: Ei, você nos disse que era hoje! Por que não falou mais nada o dia todo?; Os padrinhos têm o direito de saber.

                A loba estava visitando a família em São Francisco, e só retornariam em dois dias, só por isso não tinham vindo para o jantar de revelação, que poderia ser hoje ou outro dia, a depender do resultado do ultrassom pela manhã.

                Xavier riu e pegou o próprio celular, encontrando algumas mensagens similares de Ajax, uma especificamente falando que Enid iria enlouquecer se não descobrissem naquela mesma noite antes de dormir.

                - Vamos ligar pra eles – Xavier pediu.

                Ele deixou o próprio celular de lado quando Wandinha ativou a chamada de vídeo com a amiga, que atendeu instantaneamente, provando o quanto estava ansiosa e esperando por aquilo.

                - Vocês acertaram? É uma menina mesmo?! – A lobisomem questionou sorridente.

                Ela e Ajax já estavam de pijama, sentados em sua cama no quarto moderadamente colorido, e Enid tão cor de rosa quanto possível.

                - Sim, Enid. Megan Goody Addams Thorpe – Wandinha anunciou.

                Enid soltou um grito de comemoração estridente que fez até Ajax rir e tapar os ouvidos.

                - AJAX!! Eu vou ser tia de uma menina!!! – Ela agarrou o marido com tanta empolgação que os dois caíram para trás na cama, fazendo Xavier gargalhar.

                - Não que um menino fosse ser ruim, mas parabéns, amiga!! – A lourinha falou quando voltaram a se sentar – Parabéns, Xavier!

                - Parabéns, cara! Parabéns, Wandinha! – Ajax falou sorrindo.

                - Nossas menininhas vão poder brincar juntas! – Enid exclamou.

                - Me surpreende ela não ter acordado com sua comemoração enérgica – Wandinha lhe disse.

                - Ela tem ouvidos bem apurados como eu. Agora que temos certeza, colocamos isolamento sonoro no quarto em casa, moderado, por precaução, assim ainda conseguimos ouvi-la bem. E temos uma babá eletrônica lá e aqui – a loba pegou o aparelho na cômoda, mostrando-o rapidamente aos dois – Ela tá dormindo num quarto que tem uma porta que dá aqui no nosso, e que também tem isolamento.

                Assim, como eles dois, Ajax e Enid não tinham demorado a se casar após a faculdade, e já tinham uma filha de quase dois anos. Lavanda, Enid dizia que parecia o nome de uma fada, além de ser seu perfume favorito, era praticamente um clone da mãe, embora já tivesse apresentado uma mutação inédita e muito inusitada em relação aos poderes do pai. Um dia Ajax ficou desesperado quando a filha entrou no quarto enquanto ele estava se arrumando após tomar banho, e sem nenhuma proteção na cabeça, mas nada aconteceu com ela. A pequena Vanda até riu e estendeu a mãozinha para as cobras, deixando o pai estarrecido. Enid estava fora na hora, fazendo compras no mercado, e quase infartou ao chegar em casa e ouvir o grito de advertência do marido para ela cobrir os olhos, e depois ao ouvir o que tinha acontecido e o que estava acontecendo quando ela chegou. Somente quando Ajax recolocou sua touca e ela viu a filha bem, conseguiu se acalmar e prestar atenção na descoberta. Mas a pequena provavelmente também teria traços lobisomens, pois insistia em correr pela casa usando os quatro membros, mesmo após aprender a andar e correr.

                - Temos que marcar de nos encontrar agora que não moramos mais tão longe. Pra comemorar e comprar algumas coisas mais personalizadas pra minha afilhada!

                - Enid... Ela não vai usar rosa. A menos que ela nasça com o gene irritante das cores e deseje isso um dia. Ou talvez tenha alergia como eu.

                - Ah, você não tem como saber, Wandinha. Xavier não tem. Devia usar as duas opções nela, quando crescer ela escolhe. Eu ficaria bem chateada se meus pais não tivessem fotos minhas com roupinhas cor de rosa quando pequena. Vale a pena testar.

                Xavier riu quando a esposa revirou os olhos e suspirou.

                - Ela tem um pouco de razão, amor. Podemos testar. Só uma vezinha.

                - Vou pensar no caso.

                - Aaaahhhh! – Enid bateu palmas com felicidade.

                A conversa se estendeu por mais algum tempo até decidirem que era hora de dormir, e os dois amigos desligarem para verificar a filha no quarto.

                - Diga a ela que a amamos – Wandinha falou com um pequeno sorriso.

                Ela jamais faria isso anos atrás, e jamais pensou que de tempos em tempos também procuraria por persentes coloridos para sua afilhada mestiça.

                - Diga a ela que mandamos um abração de lobisomem – Xavier falou.

                - Nós vamos dizer – Ajax sorriu.

                Quando finalmente desligaram, deixaram os celulares de lado e trocaram de roupa. Wandinha apagou a luz, deixando apenas a luminosidade discreta do abajur até começarem a pegar no sono.

                - Você gosta da ideia da nossa filha usando rosa? – A gótica perguntou enquanto ele a abraçava em seu peito.

                - Bem... Não é minha cor favorita, mas é fofo. Se ela gostar...

                - Parece que o destino está rindo da nossa cara ultimamente. A última Addams que nasceu loura foi minha tia Ofélia. Não esperávamos que fosse acontecer de novo tão cedo até Fantasma chegar. E agora tem um monte de pessoas coloridas na minha vida. Que irônico... Eu amo todas, só pra você saber.

                Xavier gargalhou e lhe deu um beijo longo antes de falar, sabendo que essa informação era algo que ela admitiria apenas para ele e Enid e ninguém mais em todo o planeta.

                - Fantasma parece tão sombrio quanto vocês, só que em outra polaridade. Isso é ruim?

                - Não. Meu irmãozinho é lindo.

                Xavier sorriu.

                - Às vezes tudo muda mesmo, e só temos que seguir em frente com isso já que não sabemos porque e não podemos mudar. Deixa pra surtar com isso daqui a cinco meses.

                Wandinha assentiu, e apagou a luz do abajur, depois enroscando-se no marido novamente. Xavier lhe deu outro beijo demorado, antes de se inclinar na direção de sua barriga.

                - Boa noite, Megan – ele falou baixinho, também deixando um beijo ali, e se erguendo para beijar a testa da esposa.

                - Boa noite pra os dois – Wandinha sorriu enquanto acariciava a barriga e o beijava de volta.

******

                Xavier e Wandinha desceram do carro dos Addams quando Tropeço parou em frente à escola infantil, que hoje tivera uma pequena festa de halloween para os alunos. Professores e monitores corriam desesperados para acalmar as crianças no pátio, que pareciam fugir de alguma coisa. Wadinha abriu um sorriso vitorioso ao ver sua filha de seis anos correndo com os quatro membros atrás dos colegas, que gritavam e fugiam desesperados da Megan em miniatura. Sim, a pequena escolhera a robô assassina como sua fantasia de halloween, dispensando peruca ou lentes de contato, uma vez que ela puxara as características correspondentes do pai, ainda que fisicamente se parecesse absurdamente com a mãe. Era isso que Wandinha vira em sua visão no hospital no dia em que descobriram que teriam uma filha, o que a fez se decidir de vez pelo nome Megan.

                Atrás de Megan vieram Ajax e Enid, cada um com um bebê preso por um sling em suas costas, dois meninos idênticos, de cabelos e olhos castanhos claros. Sirius e Remo também não tinham cobras na cabeça, mas assim como Lavanda, eram imunes à petrificação dos górgonas, e todas as três crianças tinham revelado outra habilidade inusitada, paralisar pessoas com olhares longos e penetrantes. Lavanda fazia isso há anos e vinha sendo treinada desde então. Felizmente os dois acidentes da descoberta até seu aprendizado tinham ocorrido dentro da família e não gerado medo ou alarde em estranhos.

Seus pais estavam correndo atrás da pequena lobisomem, que fazia o mesmo que a melhor amiga, e finalmente a alcançaram, fazendo-a se deitar no chão como um cachorro pedindo por carinho na barriga. Lavanda tinha um sorriso radiante como Enid, e algum toque encantador como o sorriso do pai, que facilmente fazia qualquer pessoa se derreter. A menina de oito anos estava trajando uma fantasia de lobisomem, uma vez que não tinha se transformado ainda.

                - Não dá corda, Vanda! – Ouviram Enid sussurrando para a filha em seus braços quando se aproximaram.

                - Xavier – Wandinha chamou sua atenção, lhe entregando o filho de três anos.

                Assim como Megan se parecia com a mãe, mas com as cores de olhos e cabelo do pai, Percy era uma xérox dele, mas com cabelos negros e olhos castanhos como a maioria dos Addams. Os dois irmãos tinham sardas como Wandinha e Fantasma.

                A Addams beijou o rosto do filho e começou a correr pelo pátio atrás da filha, a capturando na primeira tentativa. Megan riu e jogou os braços ao redor da mãe num abraço.

                - Estou tão orgulhosa de você! – Wandinha sussurrou em seu ouvido.

                Enquanto isso, ela viu Xavier e Ajax se desculpando com uma das professoras.

                - Desse jeito as duas vão acabar sendo suspensas – Xavier disse quando todos eles entraram no carro dos Addams, almoçariam juntos hoje.

                As duas garotas brincavam com Percy, preso numa cadeirinha de bebê em um dos bancos, os gêmeos de Enid e Ajax acomodados em bebês confortos no banco à frente deles, agora adormecidos, Wandinha e Xavier conversavam com o casal de amigos do outro lado.

                - Agora que Nunca Mais tem ensino pra crianças, talvez seja hora de termos aquela conversa – Enid sugeriu – Antes que algo drástico aconteça.

                - Elas são muito pequenas pra ficarem longe de nós ainda – Ajax falou.

                - Eu sei disso, amor. Mas agora Nunca Mais tem aulas online, não lembra? – Enid lhe respondeu.

                - Eu sempre prefiro presencial, mas podemos optar pelo ensino à distância até elas terem idade – Xavier sugeriu – Não faz muito tempo que começaram com isso, mas Eugene e Bianca nos disseram que as aulas online também são boas. Os filhos deles tão curtindo. O que você acha, Wandinha?

                Wandinha sorriu, apertando a mão do marido.

                - Eu gostei da ideia.

                Ela olhou pela janela, quando começou a ver a mansão dos Addams à distância, muitas lembranças voltando a seus pensamentos agora. A frase de sua mãe, que um dia ela tanto odiou e rejeitou, ecoando novamente: Nunca Mais muda vidas.

                - Lembranças? – Enid perguntou com um sorriso ao ver sua melhor amiga repentinamente distante – Boas, eu espero.

                Fora com ela que Wandinha começou aquela jornada. Tinha machucado sua amiga lobisomem e sido ineficaz em cuidar dela tantas vezes... Mas Enid era tão amorosa, radiante e persistente. Ela ainda tinha um leve rastro das cicatrizes de sua luta com Tyler naquela noite, que geralmente ficavam escondidas pela maquiagem, e que, para a surpresa de Wandinha, ela não se importava, as carregava como um tesouro de como as duas se resolveram naquela dia, do primeiro abraço que a gótica aceitou dar. Ela mesma também tinha uma pequena marca no ombro esquerdo, da flecha que recebeu para salvar Xavier no mesmo dia. Os dois já tinham falado muito sobre isso, ele sempre beijava aquela marca quando estavam sozinhos, e deixava clara sua gratidão por ela ter sobrevivido àquela noite. Sentindo o peito esquentar com tudo isso, sensação que ela repudiaria muitos anos atrás, Wandinha simplesmente sorriu de volta para sua querida amiga.

                - Tenha certeza que sim – finalmente respondeu.


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