Love Like Winter escrita por KaguraWay


Capítulo 2
Revelação


Notas iniciais do capítulo

Olá! Queridos Leitores (as).
Estou de volta! Sentiram Saudades?
Boa Madrugada! Tudo bem com vocês?

Essa atualização demorou mais que o normal, então está sendo na calada da noite, para levar não bronca pelo atraso...

Espero que gostem...
Esse capítulo foi revisado. Boa leitura.



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POV Reita

“Warn your warmth to turn away

Here, it's December

Everyday”

 

Aquela noite foi difícil dormir, a conversa com a minha vó estava martelando na minha cabeça. Será que meus pesadelos, são lembranças daquele dia na neve?

Todos esses anos minha avó ficou na cabana observando o comportamento da youkai e os relatos sobre a lenda, mas nunca contou nada para ninguém sobre suas descobertas. Acredito que ela não falou com medo do meu pai achar que estava ficando senil por causa da idade. 

Meu pai é cético, não acredita em contos e que lendas podem ser reais e carregar uma maldição. Quando me perdi, ele culpou a vovó por inventar histórias sobre a youkai da neve. Disse que foram bombeiros que me encontraram e não essa entidade que me devolveu para minha família.

Depois de virar muito na cama pensando, acabei dormindo cansado da festa de natal e tudo que comi na casa do Kai.

Pensei em acordar bem cedo antes de todos e sair sem dizer nada, estava com chave da cabana e não queria ser seguido. 

—.—.—.—.

Meu plano não deu certo, pois acordei tarde o sol já alto e todos já estavam de pé, eu senti o cheiro do café da manhã. 

Levantei da cama, calcei meus chinelos, espreguicei meu corpo e fui na direção da cozinha, me juntei a eles para o desjejum da manhã, minha avó conversava com meu pai e minha mãe terminava de arrumar a mesa. Ruki se sentou bocejando na ponta oposta da mesa olhando no celular as mensagens do dia. 

 

— Ohayoo, onii-san Reita.... 

— Hai, Ruki-chan

— Onii-san, estou vendo aqui que tem previsão de neve para hoje.

— É mesmo? Vai ser aqui por perto.

— Sim e não. Vai ser lá nas montanhas, perto da cabana.

— Faz tempo que vou lá. Acho que desde que fui para faculdade.

 

Minha avó parou de conversar com meu pai, olhando para mim e o Ruki, sentando e prestando atenção na nossa conversa.

 

— Já que é Natal, podíamos chamar Kai e o Aoi para ir na cabana. O que acha vovó?

— Não sei, depende do seu pai. Ele não quer que eu volte para minha casa.

— Otou-san, é verdade isso? 

 

Meu pai olhou desacreditado do que minha avó estava falando dele.

 

— Okaasan, não estou proibindo-a de ir na cabana visitar.

— Não mesmo? Então por que não posso continuar morando lá?

— Já tivemos essa conversa. Não quero que fique sozinha por causa da sua idade e pode passar mal. Aqui na cidade tudo é perto e mais fácil de socorrer.

— Morei a vida toda lá, sei bem me cuidar. Você tem medo do que aconteceu com Akira, por isso não quer voltar mais lá.

— Nada haver, Akira já é adulto. Estou preocupado com a sua saúde e segurança. 

— - Tá certo, então. Akira pode nos levar, juntamente com os rapazes para ver a neve lá na cabana?

— Claro que pode! Ele sabe dirigir mesmo... Só não demorem a voltar, pois o jantar é às sete.

— Não sei, se vamos voltar para o jantar. Quero passar a noite lá, dormir na minha cama, acender a lareira e ficar uns dias para curtir a neve. 

— Ok, Ayumi-san você venceu, só tenha cuidado os rapazes são adultos agora, não quero nenhum incidente na neve.

— No fundo você acredita na lenda, por isso não queria deixá-los ir ver a neve na montanha.

— Chega dessa conversa, vamos comer vai esfriar tudo.

 

Ruki e eu ficamos só prestando atenção naquela conversa entre os dois. Percebi que meu pai a trouxe para viver conosco não por conta de sua idade avançada e sim por dizer que vovó inventava essas histórias para assustar as crianças. No fim, acredito que ele tenha medo do que ela diz sobre a lenda seja real.

 

— Então tá decidido! Vou arrumar minha mochila. E ligar para o Aoi fazer o mesmo e ele avisa o Kai. - Ruki levantou da mesa todo animado.

 — Oba-chan, quer ajuda com algo para levar lá? — perguntei tentando amenizar o clima entre ela e meu pai.

 — - Deixa eu ver... Vamos levar um pouco de macarrão, alguns legumes, cortes de frango e carne vermelha. Veja o que mais tem na geladeira que possa servir e depois pensarei no que cozinhar para o almoço e jantar - Abriu a geladeira, apontando o queria.

— Vou pegar a térmica para guardar as bebidas também. — peguei umas caixas de suco de maçã, uma garrafa de chá de bolhas, uma garrafa de sakê e umas latinhas de refrigerante.

 

Meu pai comia quieto somente olhando as vezes para minha avó e outras para mim. Minha mãe não quis se envolver na discussão, pois sempre sobrava bronca para ela por defender a vovó. 

Sorte que dessa vez houve um acordo de paz, mesmo meu pai ficando com a cara emburrada, pois ficou sem argumentos para contestar a vontade da vovó.

Organizei a cozinha e fui até o quarto arrumar na minha mochila o que levar como algumas roupas, cobertores, e principalmente,  meias e luvas.

Encontrei Ruki na sala sentado mexendo no celular com sua mochila ao lado. Deixei a minha ao seu lado também, indo no quarto da vovó pegar a mala dela para irmos.

Com tudo pronto, meu pai entregou a  chave do carro pedindo para tomar cuidado com a estrada e não deixar a vovó ficar na neve, insistindo para  avisar quando chegarmos na cabana.

Passamos para buscar os rapazes. Kai e Aoi já estavam prontos, então só colocaram as mochilas no porta malas e partimos para a cabana.

Para eles será um passeio divertido, mas para mim é mais além, pois estou indo em busca de respostas sobre a lenda que a Vovó contou.

—.—.—.—.

Chegamos nas montanhas por volta do meio dia. O céu dava sinais de que à noite teríamos a tão esperada neve.

Ajudei a tirar tudo do carro, guardar nos lugares devidos e deixamos as mochilas nos quartos. 

 Vovó Ayumi foi para cozinha preparar o almoço, enquanto abrimos as janelas para arejar e tiravámos os lençóis dos móveis, pois a casa tinha um bom tempo que estava fechada. Notei também que não tinha lenha para a lareira e a noite ficaria frio, por isso era tão necessária.

Ruki e Aoi se prontificaram para buscar lenha lá fora. O sol estava ameno e seria divertido, segundo eles.

Kai queria ficar ajudando a vovó na cozinha, mas ela falou que não precisava, que nós podíamos sair e aproveitar até o almoço ficar pronto. 

Só alertou sobre tomar cuidado com o lago e não ir para muito longe em direção a entrada da floresta, que era para ficar nas redondezas da casa por segurança.

Ruki riu das preocupações da vovó, dizendo que agora eles já eram adultos e sabiam se cuidar. Não é como se fossemos mais crianças para se perder na floresta como eu anos atrás.

Meu irmão sabe como ser chato e sempre me atormentava sobre o que aconteceu. Mal sabe ele que segundo a lenda, o perigo envolve os jovens adultos e não crianças.

Despedimos da mais velha e saímos para a aventura de procurar lenha como Ruki havia sugerido. Agindo como crianças, apostaram quem pegaria mais madeiras para a fogueira,  correndo na frente.

Kai e eu  andávamos mais devagar. Observava tudo à minha volta com um olhar distante à procura da figura misteriosa da neve. 

 

“Será que a youkai vai aparecer ou seria só um delírio da minha mente, um sonho?”

 

— Reita, você está preocupado sobre a lenda ser verdadeira?

— Kai, depois da conversa que minha avó e meu pai tiveram no café da manhã, sim, estou apreensivo com o que pode estar me esperando na floresta.

— Nossa… Foi tensa assim a conversa deles, então. Seu pai não queria deixar você voltar aqui, certo?

— Acertou. E ele levou a vovó para casa na cidade, pois tem medo que aconteça de me perder outra vez.

— Entendi... Apesar que ele deve ter uma ponta de razão.

— Sério?! Por que você está do lado dele agora?

— Não é isso. Segundo eu lembro da lenda, a youkai está a procura de sua alma gêmea. Então jovens rapazes podem estar em perigo se não forem o escolhido.

— Pode ser verdade... Cadê o Ruki e o Aoi? Eles já sumiram! É melhor ficarmos juntos, pois é mais seguro.

— Reita, me avisa se você ouvir a tal melodia. A youkai pode usar para atrair qualquer de nós para uma armadilha...

— Certo. Vamos ficar atentos e recolher lenha o mais rápido possível, porque logo começará a escurecer e se nevar, vai cair demais a temperatura.

—.—.—.—.

Depois de um tempo juntando as madeiras que encontramos, escutei a vovó chamando para almoçar. Meu irmão tinha razão, foi bem divertido e esperto como ele era, deixou os galhos mais pesados para eu e o Kai carregar. Ele e Aoi só voltaram com uns poucos dizendo que não encontraram mais, pois estavam úmidos. 

Nós estávamos perto do lago, e essa acabou sendo a sua desculpa. Quando disse que ouvi a vovó, juntou com Aoi e saíram correndo na frente deixando o trabalho pesado para mim.

Ao retornar, fiquei observando a entrada da floresta, para verificar se via algum vulto, mas como ainda era dia, talvez só ao anoitecer que seria possível.

Deixamos a lenha ao lado da lareira, lavamos as mãos e sentamos para almoçar. Dava para perceber que a vovó estava muito feliz em voltar para sua casa, mesmo que seja só por uns dias.

A tarde foi muito agradável e divertida. Encontramos uns jogos de tabuleiro guardados num quarto que usamos quando ainda éramos crianças e montamos na sala para jogar. Fazia tempo que nós quatro, depois de adultos, ficamos um dia juntos sem as preocupações do mundo lá fora.

Nem vimos a noite chegar, só percebendo que havia esfriando considerável. Por isso, preparamos a lareira para nos aquecer.

Para o jantar, minha avó fez um caldo de legumes, levando as tigelas na sala, já que ainda estávamos concentrados naquele que devia ser o terceiro ou quarto jogo.

Esquecemos da televisão e dos celulares aquela noite. Só peguei para ver as horas que mostrava quase dez da noite e muitas mensagens do meu pai bravo por que não avisamos se chegamos bem.

Com o frio intenso e cansados da viagem, fomos para os quartos descansar. A cabana tem três quartos. Ruki dividiu um com Aoi, no outro ficou eu e o Kai como fazemos no dormitório da faculdade.

Meu irmão não quis dormir junto comigo, depois que escutou do Kai que tenho pesadelos a noite. Espero que essa noite aqui na cabana eu tenha um sono tranquilo sem acordar o meu companheiro de quarto no meio da noite.

Vovó Ayumi, foi dormir muito feliz por estar na sua casa, na sua cama e com a nossa companhia.

—.—.—.—.

Aquela foi a melhor noite de sono que tive desde muito tempo. A verdade é que sempre me senti bem mais à vontade na casa da vovó do que no meu apartamento na cidade.

Quando finalmente peguei no sono, percebi que a neve havia começado a cair e uma melodia distante me faz adormecer lentamente.

Tive um sonho onde estou atravessando os arbustos, encontrando a youkai de costas. Então encostei minha mão em seu ombro, fazendo-a se virar para mim e  foi a primeira vez que vi seu rosto com um sorriso contente em me ver.

Sua voz é amável dessa vez: “Enfim meu amor você voltou para mim. Por que demorou tanto…?”, estendendo a mão para tocar a minha, fazendo-me sentir as pontas dos dedos frias, parecendo muito real.  

Dessa vez eu acordei sem susto, me levantando devagar, vendo que Kai dormia tranquilamente, o que é um alívio para mim. Não é fácil ter um colega de quarto que sempre tem pesadelos. Procurei meu celular para saber as horas, vendo ser por volta das oito da manhã. Saio do quarto sem fazer barulho na direção do banheiro. 

A cabana está em silêncio com todos ainda dormindo. Vou para a cozinha e por conta da neve, esquento a água, fazendo um chá para me aquecer e pensar naquele sonho que tive.

 

Distraído com minha caneca na mão e soprando o chá olhando a neve cair lá fora pela janela, nem percebi a vovó Ayumi chegar na cozinha.

 

— Ohayoo... Akira...

— Hummm...

— Por que acordou cedo?

— Oh! Oba-chan, gomen… Estava pensando aqui e não a vi chegar. 

— Teve outro pesadelo?

— Não. Foi um sonho revelador... Estou analisando se pode ser real.

— Gostaria de me contar como foi?

 

Vovó pegou uma caneca, colocou um pouco de chá, puxou uma cadeira e sentou ao lado esperando minha resposta.

 

— Começou como os outros, perdido na neve seguindo a melodia do vulto da neve.

— Hai... O quê mais?

— A diferença é que quando alcancei e toquei no ombro daquela pessoa, se virou contente e disse que voltei para ela.

— Interessante. Viu quem era?

— Não. O capuz escondia seu rosto. Queria saber por que demorei tanto.

— Humm… Então você fez mesmo uma promessa para ela.

— Bem provável, só que não lembro. Eu só tinha 13 anos, afinal.

—Akira, só você pode descobrir. Por isso, tente interagir com o sonho e perguntar qual foi o acordo que fizeram.

— Eu tentei, mas não sabia se era sonho, então nossas mãos se tocaram e senti meus dedos congelarem. É por isso que acredito que era real.

 

Terminamos o chá e ficamos ali pensando, analisando a situação incomum do meu sonho. Como se fosse uma premonição do que estar por vir.

Não contei sobre o sonho para os outros e a vovó Ayumi se encarregou em mantê-los ocupados durante aquele dia. Meu pai ligou outras vezes querendo saber quando íamos voltar e passei o celular para minha avó, que confirmou que ficaremos alguns dias, talvez até a véspera do ano novo.

Dava para ouvir ele inconformado que ficaríamos mais tempo na cabana do que eles tinham combinado na manhã de natal.

Vovó Ayumi queria ganhar tempo para eu resolver meu caso. Isso era fato.

O dia passou tranquilo com a neve caindo de leve. Kai estranhou que conseguiu dormir uma noite inteira sem sustos e me disse que o lugar devia ser o responsável por aquela calmaria.

 A noite estava bem fria, nos esquentamos em volta da lareira, com delicioso lámen à moda do chef Kai, embalados com mais histórias da vovó Ayumi sobre a região e de quando era casada jovem com meu avô.

Agradeci ao meu amigo Kai por aguentar os meus surtos de madrugada na faculdade. 

Kai sorriu mostrando suas covinhas pedindo outras noites de sono tranquilo.

  

“He bit my lip, and drank my war

From years before

She exhales vanilla lace

I barely dreamt her yesterday (yesterday)”

 

—.—.—.—.


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Notas finais do capítulo

Agora Reita descobriu que a youkai é real, como vai ser esse encontro?

Deixem suas teorias nos comentários.

Obrigada por ler
Obrigada por favoritar
Obrigada por comentar ❤
Obrigada muuuito obrigada
Capítulos novos assim que ficarem prontos.

PS: Love Like Winter está sendo publicada ao mesmo tempo no Spirit e Nyah .

Link da música da história, a Banda é AFI - Música do Album December underground.

https://youtu.be/ZAvOiEeAnSY



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