Um Reino de Monstros Vol. 3 escrita por Caliel Alves


Capítulo 9
Capítulo 2: O armeiro - Parte 3




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O primeiro a subir a íngreme encosta de pedras foi Saragat. Usando de suas conjurações, ele logo alcançou o topo. Em toda a extensão do paredão ele colocou grampos. E dentro das alças dos grampos, ele pôs um fio de sombra, este ia se afinando a cada metro vencido. Mesmo assim o encapuzado manteve a resistência do fio.

O mascarado deu um esticão no fio de sombras para mostrar que era muito seguro.

— Vamos, Tell, você vai primeiro.

— Tá.

O garoto atou o fio de sombras à cintura, e então deixou que o servo de Nalab absorvesse o fio. Index seguia o jovem voando ao seu lado. Através de uma polia fixa, o companheiro elevou o mago-espadachim montanha acima.

— Como foi à viagem?

— F-foi t-tudo b-bem.

O filho de Taran tremia devido ao frio, já era noite e o vento das montanhas castigava.

Mais uma vez o processo foi feito. Com um novo puxão no fio, Rosicler foi à passageira dessa vez. Como haviam estabelecido em outrora, Saragat a puxou devagarzinho de propósito. Ao chegar no alto, ela resmungou:

— P-porque t-tu d-demorou t-tanto s-seu m-maldito?

— Ah, sai daí, vai, menina.

E empurrando a ladina, o encapuzado abriu uma nova vaga e o fio de sombra serpenteou pelas rochas até chegar ao solo. Letícia atou o fio em Z. O armeiro subiu contemplando a vista da sua terra montanhosa tão amada.

Não demorou muito para que a alquimista pudesse ver o fio novamente. Ela atou-o a si e subiu pela encosta.

Espero que não tenhamos surpresas demais na 3º Estação...

A vista era linda, a lua brilhava tão perto que dava a ilusão de poder ser tocada.

Slinsh, esse era o som que o fio de sombras fazia ao passar pelos grampos.

— Hã, o que é isso, parou de repente?

O fio como a militar havia notado, deixou de correr, durante minutos a garota foi atingida pelo frio, ela pegou uma barra de chocolate e a comeu.

Corro o risco de ficar gorda, mas me recuso a morrer de frio.

A sombra se pôs a se mover novamente, de modo lento, e quando ela chegou ao restante do grupo, havia cerca de seis purificados. Com certeza os monstros não facilitariam para os heróis.

***

Quando Z abriu as portas de sua oficina, lágrimas vieram aos seus olhos. Estava tudo como tinha deixado: o malho, a bigorna, a prensa pneumática, a lixadeira e as diversas formas de argila estavam lá, só esperando o seu dono novamente.

— Vocês não vão entrar, não?

O quarteto tremia de frio lá fora, como se estivessem resfriados. O armeiro lhes pediu:

— Entrem, entrem, por favor, irei acender o fogo.

Derrubando as teias de aranhas, o homem de meia-idade foi até algumas toras de lenha e pôs tudo numa enorme fornalha de ferro e cobre, e acendeu o fogo com um sílex.

O grupo avançou em cima do fogo como se nunca tivessem visto uma fagulha. Index voou à frente do grupo e perguntou ao anfitrião:

— Como é que o senhor não sente esse frio, seu Z?

— Bem, você acaba se acostumando. Um homem pode se acostumar a tudo...

Seu olhar ficou distante, as suas memórias dançaram ao redor das chamas da fornalha.

— Seu Z, oi!

— Ah desculpe, Tell, o que foi?

— Como o senhor se tornou o melhor armeiro da Cordilheira de Bashvaia?

— Isto é uma história, longa demais, guri.

Todos se entreolharam, ninguém tinha muita coisa para fazer naquele frio.

— Por favor, conta aí, veio.

— Até eu fiquei curioso, coroa.

— Por gentileza, senhor Z, gostaríamos de ouvir a sua história.

— Senhor Z, ficaria honrado se eu pudesse conhecer a vida do armeiro de minha futura lâmina.

Aquilo de certa forma comoveu o homem, mas ele não tinha nada a dizer, ou melhor, não queria dizer. Muitos o julgavam uma lenda viva, mas no fundo ele era muito comum.

— Não.

— Por que não? Como assim, só não e pronto?

Saragat virou-se para o velho negro de cabelos grisalhos, ele parecia apático.

— Olha, senhor Z, eu sei que pode estar assustado, mas nós estamos aqui. Agora o senhor pode, sei lá, relaxar...

O homem limpou uma lágrima e atiçou o fogo, as memórias ainda estavam vivas.


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