Um Reino de Monstros Vol. 3 escrita por Caliel Alves


Capítulo 1
Prólogo: Até onde a vista alcança


Notas iniciais do capítulo




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Parte 1

Saragat estava sentado em um canto, recitando uma litania à Nalab. Era noite e todos estavam em volta da fogueira.

Letícia vislumbrava o mapa. Estava feliz com os rumos da viagem, em dois meses andando na estrada principal, não havia ocorrido luta com monstros de nenhum tipo, embora isso também a preocupasse.

Rosicler cuidava de preparar o jantar. Os alimentos já estavam acabando, e por isso ela improvisara uma sopa de pedra.

Anfh, ainda bem que estamos chegamos, é só atravessar esse paredão e poderemos comer algo decente...

Index estava no ombro de Tell como se fosse um papagaio. O garoto trazia o Monstronomicom à mão. Agora havia páginas preenchidas com imagens de sílfide, orc, grifo, mantícora, esfinge, goblin etc. No livro eles não pareciam tão assustadores como se supunha.

— Eu ainda gostaria de saber por que a imagem dos monstros purificados fica gravada no livro?

A alquimista recolheu o mapa em sua mochila e disse com tom de despreocupação:

— Se Taala o fez assim, então deve ter um bom motivo. Ele era muito sábio. Eu confio nele. As imagens estão aí por algum motivo importante. Mas não se preocupe tanto com isso, como o bom Index disse, no momento certo você irá saber.

— É isso aí, Tell. Taala me criou como o guardião do livro, e assim que você estiver...

— Dá pra calar a boca, seu pulguento? Tem gente aqui querendo rezar!

— E porque tu não foi rezar lá pra longe, seu zoado?

— Ah, cala a boca, sua ladra...

Lá vamos nós de novo.

Enquanto os dois discutiam, Letícia e o filho de Taran se juntaram para pegar os únicos pedaços de carne que existia na sopa. O rapaz dividiu o caldo grosso com Index.

— É verdade que o seu treinamento está incompleto, Tell de Lisliboux?

— Ah, tá sim, senhorita Letícia.

— Bem, em vista do seu desempenho em adaptar uma técnica de alta complexidade como o Projétil de Luz num golpe de esgrima, eu acho que não terá dificuldade em fazer o mesmo com uma transmutação.

O mago-espadachim engoliu a sopa fazendo um barulho de “gut”. Ele olhou admirado para a militar e vibrou:

— Eh, eu vou aprender uma nova magia!

— Ei, deixem pra mim também, rezar da fome, sabia?

— E eu que fiz a sopa, não vou comer, não é? Sacanagem, veio!

***

Naquela parte da Cordilheira de Bashvaia havia uma longa queda d’água. Flutuando em frente a ela estava um ser enorme, com cerca de doze metros de altura.

Vestido numa túnica branca, meditava com as pernas entrelaçadas e as mãos sobrepostas na altura do umbigo. Seu olho se abriu, um som diferente foi captado pelos seus sensíveis ouvidos. Não chegou a se virar para o recém-chegado, mas ele já havia percebido a sua presença.

— Porque se oculta nas sombras?

— Às vezes você me assusta, tenente Optentrion. Como sabe que era eu?

— Por mais que você tente, não consegue ser sutil.

A criatura saltou pesadamente para uma base de rocha que estava há alguns metros abaixo do monstro enorme. O interlocutor na base da cachoeira se virou para o outro.

— O que foi? Quando você fica calado assim é porque viu alguma coisa interessante. Ah, vai, diz logo o que é, diz vai, diz sim?

Apesar do grande teste de paciência, o ser unóculo respondeu brandamente:

— Vi um pequeno grupo de fiéis do nosso deus se encaminhando para cá. Ao que tudo indica, são neófitos do nosso culto, pois usam a batina amarela. Mas algo me intriga...

— Oh, dizes amado guru, e eu escutarei.

— Poupe-me de suas piadas. A cinco seres andando no grupo, mas com a minha conjuração Panopticon, eu só enxergo quatro deles...

O outro que estava logo abaixo começou a gargalhar de modo estrondoso.

— Deve ser a catarata, é normal nesta idade, truotruotruo.

— Não me subestime. Saiba que eu fui crucial para a tomada deste território, Titã Cubo.

— Ah, fica nervoso não, ciclope, pra quem enxerga longe, você tá enxergando mal.

Antes que Optentrion pudesse responder, a criatura se transformou numa massa de pedra em formato cúbico e rolou rio abaixo. Optentrion fechou o seu único olho.

Veremos quem vê melhor então, segundo-sargento...


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