Skins - Recomeço escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Agora as coisas começam a ficar mais sérias...



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Aquele dia de aula foi bastante tranquilo, pela manhã, estava preocupado com Effy escondendo algo de forma tão séria. Mas, ao mesmo tempo, eu não teria que me meter, aquilo era um assunto só dela, ela tinha total direito de me esconder. Para evitar pensar no assunto, foquei na matéria das aulas e, na volta pra casa, ouvi músicas da minha playlist. Isso era algo que me acalmava, me fazia esquecer todos os meus problemas.

Mas, por mais que eu estivesse tentando, a vida não deixava eu esquecer aquele assunto, pois depois daquele dia, a mesma rotina se repetiu, com eu entrando no prédio, um cara diferente a cada dia saindo do apartamento enquanto eu subia as escadas e depois Effy ficava reclusa, fechada.

Ah, mas isso não podia ficar assim, eu não era bobo, sabia que tinha alguma coisa errada acontecendo, e por mais que eu não tivesse nada a ver com aquilo, pois, como havia dito, é coisa pessoal da Effy, eu não conseguia ficar parado.

Como ela se recusava a falar pra mim o que estava acontecendo, resolvi agir por conta própria. Tony iria voltar da lua-de-mel naquele final de semana. Era sexta-feira, então ainda restavam poucos dias, mas eu não iria ficar esperando ele de braços cruzados, sentia que tinha que fazer algo. Ao voltar pra casa depois de um dia cansativo na faculdade, comecei a pensar em várias coisas que eu pudesse fazer para descobrir o que Effy estava escondendo. E tinha que ser feito de uma forma que ela não descobrisse, sem que ela pudesse ver que estava sendo vigiada, mas como?

Depois de muito pensar, não havia chegado a nenhuma conclusão, não tinha como fazer algo tão perfeito a ponto de ela não descobrir. 

Frustrado, fui para a aula, o jeito era mesmo esperar Tony chegar e torcer pra que ele conseguisse arrancar alguma informação da irmã, mesmo que fosse algo terrível. E foi com esses pensamentos que acabei despertando quando o diretor surgiu na porta da sala:

— Alunos, infelizmente o professor Emmet não poderá dar a aula hoje, devido à uns problemas pessoais. Mas, ele já garantiu que segunda-feira, está de volta. Então, por hoje, vocês estão liberados! - anunciou ele.

E mais uma vez, fui surpreendido quando os alunos da sala não fizeram sequer um ruído, não teve um indivíduo que soltou um grito de comemoração, ou deu risada. nada, simplesmente o pessoal começou a arrumar tudo e saindo da sala. 

Foi aí que percebi: era a oportunidade perfeita que eu precisava para tentar descobrir algo sobre o que estava acontecendo com Effy. Eu não sabia se aquilo iria acabar e quando, mas era melhor ficar bem esperto e agarrar qualquer oportunidade de descobrir. Para conseguir chegar à tempo, caminhei a passos mais rápidos, quase correndo, indo pra casa apressadamente. Chegando lá, abri o portão do prédio, fui rapidamente até as escadas e comecei a subi-las de forma mais apressada que pude, mas sem fazer muito barulho para não chamar a atenção. 

Sem nenhuma surpresa, não encontrei ninguém descendo as escadas. Quando terminei de subir tudo, encarei a porta. Estava fechada, era só entrar em silêncio. Com calma, tirei a chave do bolso e coloquei na fechadura de um modo que ela não fizesse um barulho tão alto. Eu sabia fazer isso, pois algumas vezes, durante a escola, voltava de madrugada para casa, mas não queria acordar minha mãe, então entrava de forma sorrateira colocando a chave na fechadura sem que ela ouvisse. 

Repetindo o mesmo processo na porta, consegui entrar discretamente. Ao fechar a porta, ouvi uma voz estranha vindo do quarto dela. Effy estaria conversando com algum conhecido dela, mas não parecia estar rolando nada de mais. Mesmo assim, por precaução, me aproximei da porta que estava encostada e, mesmo sabendo que é falta de educação, fiquei ouvindo a conversa por trás dela:

— E aí? Como está sendo sua vida desde que saiu da prisão? - perguntou um homem.

— Normal, eu diria, embora seja um tédio ficar aqui sozinha - respondeu ela.

— Você virou a Batgirl? Só sai de casa à noite?

— Não, claro que não, mas é que eu passo o dia todo agindo feito uma dona de casa. Tony me deixou sob os cuidados da casa, mas quando voltar da lua-de-mel, vai sair e ir direto para outra casa que vai morar com a mulher dele.

— E só tem tempo de sair à noite?

— Basicamente...

— E o garoto que tá morando aqui com você? - perguntou ele, depois de um tempo.

— Estamos nos conhecendo... Mas ele não é de sair, pernoitar, fumar, então eu nem o chamo - afirmou ela.

Depois desse breve papo, outra coisa me chamou bastante atenção: o cheiro de maconha começou a sair do quarto e foi parar nas minhas narinas, o que significava que ambos estavam fumando no quarto dela. Bom, Effy é uma garota que costumava ser bastante sociável, saía com os amigos. Mesmo depois de sair da prisão, ela pode ter mantido contato com esses amigos e assim, eles descobriram que ela foi solta e estão matando a saudade dela. Era uma hipótese, mas não justificava o modo frio e hostil que ela me tratou nos primeiros dias daquela semana.

Ainda sem entender, pensando no que estava realmente acontecendo e no que Effy poderia estar escondendo, pude ouvir o momento em que o rapaz se levantou da cama.

— Bom, agora eu preciso ir, nos vemos à noite? - perguntou.

— Se tiver algum rolê legal, sim - ela respondeu.

Imediatamente saí de trás da porta e caminhei para o meu quarto, fingindo não ter ouvido nada. Coloquei a mochila na cama e sentei na mesma, tirando o tênis, torcendo pra que ela não tenha percebido que eu estava ali. Após alguns segundos, ouvi o barulho da porta se fechando e continuei na minha, no quarto, mexendo no celular, procurando se tinha mensagens da minha mãe.

Enquanto eu procurava, Effy apareceu na porta:

— Oi Effy - falei, olhando pra ela.

— Chegou cedo hoje, porquê? - perguntou ela, parecendo meio tensa.

— O professor da última aula teve que faltar, então liberaram a turma mais cedo - respondi.

Ela então, assentiu.

— Por acaso você tava atrás da porta do meu quarto? - perguntou e eu gelei.

— Não, claro que não - menti - Por quê?

— Ouvi seus passos tão perto da porta, pensei que tivesse.

Neguei com a cabeça. Para minha sorte, ela acreditou, pois não me conhecia o suficiente pra saber quando eu mentia, então acabou cedendo e saiu, indo para o quarto dela.

Mesmo sabendo que ela me escondia algo, queria me reconectar com ela, então acabei tendo uma ideia. Me levantei da cama e fui até seu quarto:

— Effy? - chamei ao bater na porta.

— Entra - respondeu ela.

Abri a porta do quarto, mas não entrei, fiquei ali, parado.

— Tá com fome? - perguntei.

— Estou, acho que a larica tá me atacando de novo - respondeu ela.

— Quer ir almoçar fora hoje?

Ela me encarou, surpresa.

— Tá me chamando para um encontro? - perguntou e eu revirei os olhos.

— Não, caramba. Só estou com preguiça de cozinhar, então decidi aproveitar para almoçar fora. E já que você também está com fome, preferi te chamar pra vir junto - bufei.

Ela pareceu satisfeita com a resposta.

— Deixa só eu me arrumar - pediu e eu assenti fechando a porta.

Fui para meu quarto pegar minha carteira com o dinheiro que usaria para o almoço. Apesar de ter gastado uma boa parte, ainda precisava economizar o que eu ainda tinha. Bom, era só comer em um lugar simples, onde a comida não fosse tão cara e aí, sobraria mais um pouco.

Depois de tomar um banho, vesti a mesma roupa de antes, mas sem a jaqueta, pois não estava tão frio como de manhã. Em seguida, peguei meu celular, logo vendo uma mensagem da minha mãe:

"Filho, estou indo para uma reunião agora, não poderei conversar durante uma hora, beijo, te amo!"

Respondi apenas um "Ok, também te amo" e guardei o celular no bolso. Me olhei no espelho, me senti mais formal e fui esperar Effy na sala.

Sentei-me no sofá para esperar ela, que chegou depois de alguns minutos.

Ao vê-la, sorri, me levantando:

— Está bonita - falei.

— Obrigada - ela disse, meio sem jeito.

— Vamos.

Ela assentiu e então, saímos do apartamento e depois do prédio. Durante aquele início de faculdade, eu havia percebido um lugar ali perto que parecia ser bem barato. Quando chegamos, abri a porta para ela entrar na frente, que agradeceu com aquele sorriso de lado que ela sabia dar muito bem e depois eu entrei. Após escolhermos uma mesa, sentamos.

— Olá, o que desejam? - perguntou um garçom, se aproximando.

— Começa você - falei.

Ela pegou o cardápio e logo escolheu o prato dela. Depois, foi minha vez de escolher. Em seguida, o garçom se retirou e eu voltei minha atenção à ela:

— Já conhecia esse lugar? - perguntei.

— Já, mas nunca entrei - respondeu ela.

— Bom, espero que aqui tenha comida boa. Aí, podemos vir mais vezes.

— É... talvez.

Logo, tratei de começar a minha "investigação".

— Olha, por mais que eu tenha passado longe do seu quarto quando cheguei, eu pude ouvir a voz de um homem vindo do seu quarto. Quem era ele? Seu amigo? - perguntei, sério.

— Não um amigo... Mas um cara que eu conheci durante um rolê qualquer aí. A gente combinou de nos encontrarmos e conversar, nos conhecermos melhor, fumar um pouquinho... - ela respondeu de forma tão natural que nem parecia se importar.

— Ah sim, que bom. Eu também já tenho amigos na faculdade.

— Que bom, chama eles pra ir lá em casa, se quiser.

— O apartamento é legal, mas não tem nada que eles curtem, não acho que vão gostar, então é melhor não chamar.

Ela deu de ombros.

Na verdade, eu sabia que podia fazer uma sessão cinema na sala e pedir uma pizza para todos comermos enquanto assistíamos, porém, eu não tava nem um pouco interessado em chamar eles, até porque a Effy seria o centro das atenções e... Não, espera. Tô falando besteira, não curto ser o centro das atenções, mas vai que algum mal-intencionado faz algo com ela pouco tempo depois, né? 

Nem digo pelo Tony, que iria me matar se eu deixasse isso acontecer, mas por mim mesmo, que não me perdoaria por isso.

Logo, o nosso pedido chegou e começamos a comer.


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