Após o fim de semana bem agradável, logo pela manhã de segunda feira eu pude lembrar daquela velha frase de que a vida não é justa, pois o meu celular tocou, indicando que já era hora de eu levantar para ir à faculdade. Eu não sabia ainda se era devido à não estar tão familiarizado com o lugar e em casa com Effy eu ficava mais à vontade, ou se algo no lugar não me deixava tão animado para ir.

Isso porque, quando eu estava a caminho da cidade, estava bem animado, não entendia se isso era algo comum e eu estava tirando coisas da cabeça ou se tinha algo errado, mas agora não podia simplesmente me deixar levar pela preguiça.

Desligando o despertador do celular, sento na cama me espreguiçando, então vou ao banheiro e tomo um banho. Após alguns minutos, saio e vou ao meu quarto colocando uma roupa.

Já com a roupa pronta, vou até a cozinha e pego uma maçã para ir comendo no caminho, hoje eu estava com uma ideia diferente e por isso, decidi não tomar café da manhã em casa, Effy não se importaria com isso. De jeito nenhum.

A caminho da faculdade, olhei rapidamente a tela do meu celular, ainda eram 6:35, eu teria que entrar às sete em ponto, sendo que existia no mínimo umas quinze minutos de tolerância, então dava tempo de passar na padaria que ficava pertinho de lá, da porta dela dava para ver o campus. E foi isso que fiz, entrei no estabelecimento e fui direto ao balcão:

— Bom dia - cumprimentei a atendente.

— Bom dia, o que vai querer? - perguntou ela de forma simpática.

— Um croissant de queijo e presunto e um achocolatado, por favor.

— Quente ou normal?

— Normal.

Ela assentiu e logo pegou o croissant colocando em um pratinho com o guardanapo, em seguida, foi até a cafeteira e colocou o chocolate em uma caneca. Quando ela me entregou tudo, comecei a comer o sanduíche ali mesmo no balcão, depois de uma mordida, soprei um pouco do chocolate e tomei um gole. A escolha foi acertada, realmente estava precisando tomar algo diferente no café da manhã e saí da padaria me sentindo um pouco mais disposto, parecia que eu estava mais acordado com aquele café diferente.

Cheguei no portão da faculdade faltando exatamente cinco minutos para as sete, então comecei a caminhar para a minha sala pra esperar o professor chegar, o que não levou muito tempo, onde ele começou a passar um monte de coisas no quadro e depois se sentou.

— Muito bem alunos, quero que vocês se sentem com algum colega e façam um resumo da matéria de hoje, depois leiam juntos, pois no final da aula teremos uns exercícios para começarmos, já que as provas irão começar em breve - disse ele.

Todos os alunos começaram a se levantar e ir buscar um parceiro para fazer a tal dupla. Inicialmente, fiquei surpreso quando percebi que ninguém fez a famigerada pergunta se podia fazer dupla de três. Talvez aquilo fosse coisa de adolescente, agora talvez isso não fosse mais engraçado, eu é que não ia pagar esse mico de perguntar né?

Depois de alguns segundos, encontrei um rapaz sentado na cadeira dele, ainda concentrado no livro, ele parecia compenetrado no mesmo, então me aproximei dele:

— Licença, posso fazer o resumo com você? - perguntei.

— Claro, chega aí - ele sorriu simpático.

Peguei a minha cadeira e coloquei ao lado da dele.

— Eu sou Dean - respondi, esticando a mão pra ele.

— Colton - ele apertou minha mão de volta.

 Sorri e logo comecei a me concentrar no trabalho.

— Eu acho que cada um deve fazer uma parte do resumo e depois a gente junta os dois, o que acha? - sugeriu ele.

— Boa ideia, acho que assim dá pra organizar melhor - concordei.

— Ótimo, eu vou fazer o meu aqui.

— Eu também.

Comecei a escrever tudo o que eu achava mais importante naquela matéria, separava em tópicos, o resumo deu bastante coisa, metade da página do caderno. Quando acabei, trocamos os cadernos, para que pudéssemos ler o resumo um do outro. Enquanto lia, percebi que ele tem um ponto de vista bem diferente do meu, pois ele preferia escrever tudo de uma forma bem coesa e com palavras de formais, que eram usadas há alguns anos atrás com bastante frequência, mas hoje, nem são tanto.

Bem, talvez ele fizesse parte de alguma família que gostava de usar essas palavras, mas não importa, o texto ficou fácil de entender.

— Gostei do seu resumo, a divisão de tópicos ficou legal - elogiou ele.

— Você não faz isso? - perguntei, curioso.

— Faço, mas só quando estou em casa, aqui, eu prefiro fazer assim mesmo.

— Entendi. O seu também ficou legal, eu nem lembrava que essas palavras existiam,  mas o texto no geral tá muito bom.

 - Obrigado.

Então, como o combinado, juntamos nossos resumos nas partes que achávamos boas o suficiente e começamos a estudar ele. 

Após alguns minutos, o professor começou a passar o exercício que ele havia falado sobre o resumo e começamos a fazer. Colton e eu terminamos pouco antes do sinal do intervalo tocar. Coloquei minha cadeira de volta no lugar e parti para o pátio. Assim que encontrei um lugar para me sentar, fui até a cantina e peguei um salgado com um refrigerante e me sentei em uma mesa que tinha ali perto.

Mal comecei a comer e vi Colton se aproximar:

— Ei cara, fica isolado assim não, vem sentar com a gente! - chamou ele.

Olhei na direção que ele caminhava e percebi um grupo de cinco amigos, dentre eles, duas garotas, deviam ser as namoradas deles. Uma loira de olhos azuis e uma ruiva de olhos verdes, todos me encaravam como que torcendo para que eu aceitasse me juntar à eles.

Obviamente, um grupo de amigos para sentar durante o intervalo não era problema, então fui até eles e me apresentei, descobri que eles eram de outro curso, por isso não estavam na mesma sala que nós, mas já era legal ter eles como amigos.

— Esse aqui é o Brandon, ele é o nosso "líder" por assim dizer - apresentou Colton - A namorada dele se chama Nicole e esse é o irmão dele, Damon e a namorada do Damon, Emily.

— Prazer conhecer vocês - sorri os olhando.

— Esse aqui é o Louis. Louis, Dean - apresentou-me ao rapaz baixo, meio gordinho, com sardas, parecia nerd.

Depois das apresentações, me sentei com eles e fui me soltando aos poucos, fiquei feliz por ter um pouco mais de amizades para ajudar nas horas vagas, eu era tão sozinho quando comecei, mas agora estava começando a me enturmar e isso era ótimo.

Várias horas se passaram e finalmente, chegou o momento de ir pra casa. Tão ansioso e animado eu estava para contar a novidade pra minha mãe sobre as novas amizades, que comecei a caminhar mais rapidamente que o normal, a passos rápidos, sem perceber. O meu corpo começou a ficar suado em pouco tempo, mas não me importei, era só tomar um banho quando chegasse.

No entanto, assim que cheguei ao andar onde ficava o apartamento, vi um homem de aparentemente uns trinta anos, abrindo a porta do apartamento e saindo dele. Seu rosto possuía uma expressão de satisfação, fiquei confuso, tentando passar pelo homem sem demonstrar o medo que senti. Disfarçadamente, caminhei em direção à porta fingindo estar pegando a chave e quando a encontrei, parei na frente da porta, olhando pelo canto do olho o momento em que ele pegou as escadas e descer por elas. Quando ele chegou no final, finalmente abri a porta.

— Effy? - chamei, preocupado.

Não tive resposta, comecei a procurar pelos cômodos, até encontrá-la em seu quarto, deitada na cama, virada de costas pra porta.

— Effy, quem era aquele homem que estava aqui? - perguntei, mas ela pegou uma almofada e jogou na minha direção, mostrando que não queria conversar.

Suspirando, fechei a porta do quarto e fui para o meu, intrigado sobre o que teria acontecido durante aquele tempo que estive fora.