A Nerd e... Bem... O Outro Nerd - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - A Nerd e... Bem... O Outro Nerd




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Dois meses antes, quando a professora do primeiro tempo apresentou a aluna nova para a turma, Samuca apenas olhou por um momento pensando que aquela garota era muito bonita, então provavelmente logo estaria correndo atrás de uma vaguinha no grupo das Top3 ou a fim de algum dos meninos do futebol. Por isso não deu lá muita atenção.

Não poderia estar mais enganado.

Mili logo se mostrou uma garota super inteligente e focada, sempre erguendo a mão ao ter alguma dúvida e fazendo todos os deveres de casa e trabalhos em dia, fazendo o jovem nerd se repreender por tê-la julgado tão mal apenas pela aparência.

Então por mais que fosse tímido Samuca não podia deixar passar a chance de finalmente fazer um trabalho em dupla com alguém que não fosse deixar tudo largado em suas costas.

— Oi. Milena, né? — ele disse baixo quando a professora de biologia deixou todos livres para escolher seus parceiros.

— Milena é muito formal. — a garota respondeu com um sorriso doce e gentil. — Pode me chamar de Mili.

— Ah... Nesse caso, pode me chamar de Samuca. — respondeu retribuindo o sorriso, mesmo sentindo as bochechas corando fora de seu controle. — Eu notei que você é uma pessoa muito inteligente e imagino que, assim como eu, já deve ter tido que carregar muitos trabalhos nas costas.

— Sim. E por mais que eu goste de aprender, isso é super cansativo. — ela concordou, revirando os olhos.

— Com certeza. Por isso achei que seria uma boa ideia a gente formar dupla e de fato fazer um trabalho juntos, assim nenhum de nós ficaria com a carga sozinho de novo. — propôs em tom empolgado.

— Topo. Vai ser legal descobrir como é a sensação. — Mili logo aceitou, aumentando o sorriso. — A gente pode se reunir na sua casa? Eu moro com muita gente, então a minha é meio barulhenta. Uns dias mais, outros menos, mas sempre barulhenta.

— Tudo bem. Por fazer trabalhos com os alunos dessa turma estou acostumado a fazer com barulho sendo na casa deles ou na minha, mas acho que também vou gostar de descobrir a sensação de estudar em meio a calmaria. — Samuca também sorriu mais e tirou o celular do bolso. — Me passa o seu número pra eu te mandar o endereço e marcarmos um horário depois.

Ambos salvaram os contatos um do outro e combinaram de começar o trabalho sábado à tarde, as quatro quando o sol já estivesse mais ameno.

Samuca estava tão acostumado com seus colegas chegando uma/duas horas atrasados ou nem aparecendo que quando Mili tocou sua campainha ele estava no meio de uma partida de LOL e precisou voltar para a base e correr para abrir a porta.

— Entra, entra! Rápido! — pediu puxando-a pela alça da mochila e fechando a porta às pressas. — Vem comigo!

Mili arregalou os olhos e o seguiu até o quarto, só entendendo aquele desespero quando reconheceu os sons vindos do notebook em cima da mesinha. — Ah, você também joga. Legal.

— Ué, você joga? — Samuca perguntou, sentando a tempo de não pegar aviso de AFK.

— Nossa, e como. Tive que dar uma diminuída porque estava ficando muito viciada, mas ainda jogo vez ou outra e, modéstia à parte, eu tenho habilidades substanciais em LOLzinho. — respondeu com um certo orgulho na voz.

— Ah, que legal. — ele sorriu com os olhos vidrados na tela. — Você joga de que? Quem sabe a gente vai de duo qualquer dia desses.

— Ah... Eu me viro bem com pelo menos uns sete campeões, mas o meu favorito é o Rakan. — Mili comentou enquanto observava despretensiosamente a decoração nerd e muito bem organizada daquele quarto.

— Tá zoando. — Samuca a encarou chocado e acabou tomando um bom dano por sua distração. — Ai, droga! Mas... Vem ver isso.

Mili se aproximou e olhou para a tela por cima do ombro do garoto. — Não brinca! Você joga de Xayah? Que coisa doida.

— Não é? — ele exclamou ainda mais animado que antes. — Quais eram as chances?

Os dois continuaram conversando sobre o LOL e combinando de jogar em duo qualquer dia desses até a partida terminar, então Samuca fechou o notebook e se levantou para conduzir a colega até a cozinhar, onde havia uma mesa grande em que poderiam fazer melhor o trabalho.

— Antes de começar, eu só queria pedir desculpa por atrapalhar a sua partida. — disse Mili, colocando a mochila em cima da tal mesa. — Eu devo ter lido o horário errado no whats.

— Não é isso, é que estou acostumado com atrasos. Se eu quiser que cheguem na hora tenho que marcar pelo menos meia hora, uma hora antes. Isso se eu der sorte que apareçam. — explicou rindo e empurrando o óculos para mais perto do rosto com o mindinho.

— Nunca tinha pensado nisso antes. Vou roubar esse truque. — ela respondeu sorrindo de volta enquanto tirava a cartolina e a régua da mochila.

— Pode roubar, evita muita frustração. — constatou abrindo o livro na página que já estava marcada com a própria folha onde anotara as instruções do trabalho. — Quero te fazer duas perguntas.

— À vontade.

— A primeira é: porque você joga com um personagem masculino? N-não que eu tenha algo contra, é claro. Só por curiosidade. — se explicou, corando de leve antes de continuar. — E a segunda é: você sabe desenhar? A minha letra é bonita, mas com desenho eu sou horrível.

Mili riu e disse. — Não se preocupe com isso, eu fico com a parte do desenho e você pode colocar os nomes dos componentes das células. O trabalho escrito a gente faz meio a meio.

— Obrigado. — suspirou aliviado.

— Quanto a outra pergunta, eu sou boa com algumas campeãs femininas também, mas se eu desligar o microfone e jogar com um masculino os caras não me enchem o saco. — explicou sem parecer se abalar com isso. — Bom, podem até encher porque o LOL não é a comunidade mais saudável do mundo. Mas pelo menos os sexistas diminuem pra caramba.

— Nossa, fiquei até me sentindo mal. Eu só jogo muito com a Xayah porque testei e curti as mecânicas dela. — Samuca comentou com a vermelhidão das bochechas aumentando.

— Ah, não se sinta. O mundo inteiro é assim. — Mili deu de ombros como se não fosse nada de mais (claro que era, mas ela lidava com esse tipo de coisa a tanto tempo que não parecia mais ser). — Por isso nunca tentei RPG de mesa. Parece ser tão legal, mas as coisas que já li que outras garotas passaram em campanhas me desanimaram pra procurar um grupo.

— Você quer mesmo tentar? Porque eu jogo e nosso grupo é bem de boas. — ele voltou a se empolgar com a conversa. — Quer dizer... A gente nunca teve uma menina na turma, mas tem o Damian e o Nicolas que são um casal e ninguém nunca implicou com eles.

— Jura?

— Juro.

— Caramba, que legal. Então, sim, é claro que eu quero! — ela quase teve o impulso de abraçá-lo, mas seria estranho já que era a primeira vez que conversavam de verdade. — Mas é melhor a gente focar no trabalho agora, senão a gente não termina mesmo sem os baderneiros.

Samuca sorriu e concordou, então cada um começou com sua parte enquanto falavam sobre a matéria e foram aprendendo juntos, ambos descobrindo como era boa a sensação de não ter que fazer tudo sem ajuda de ninguém e, principalmente, sem ninguém atrapalhando.

A entrega da parte escrita e a apresentação seria só dali um mês, mas os dois estavam colaborando e se divertindo tanto que quando menos perceberam já estavam com tudo quase feito, todos os rascunhos já estavam escritos e desenhados, só precisariam passar a caneta por cima e pintar a cartolina. Estavam se sentindo uma equipe e tanto.

Depois desse primeiro trabalho os dois passaram a sempre querer um ao outro como dupla e acabaram ganhando muito tempo livre. Tempo esse que eles usaram para se conhecer melhor e sair juntos, Mili pode conhecer o grupo de RPG de Samuca e constatar que realmente era formado por pessoas muito legais. Já Samuca se permitiu ir aos lugares que Mili gostava, o que até incluiu um karaokê onde ele, para sua própria surpresa, se soltou e acabou se divertindo bastante.

O problema era que quanto mais tempo passava com aquela garota, mais percebia tudo que gostava nela e que esse sentimento de carinho, admiração e vontade de estar perto crescia cada vez mais, ao ponto de passar da linha da amizade.

E quanto mais esse sentimento crescia, mais o assustava. Ele não queria estragar tudo por gostar dela, então instintivamente começou a se afastar cada vez mais até o ponto em que praticamente só se falavam durante as aulas ou por mensagens e ainda assim era mais sobre os assuntos da escola. Até que a situação ficou insustentável e Mili pediu para vê-lo para conversar.

Os dois combinaram de se encontrar em uma lanchonete as quatro da tarde, quando o sol já estivesse mais ameno. O que foi bom porque se Samuca estivesse suando por outra parte do corpo o tanto que suas mãos estavam suando pelo nervosismo ele acabaria bem desidratado.

— Oi. — cumprimentou enquanto se sentava na cadeira de frente para Mili.

— Oi... — ela parecia tão nervosa quanto ele e estranhamente isso o tranquilizou um pouco. — Então... Eu te chamei aqui pra esclarecer tudo.

— Tudo o que? — e de repente o nervosismo de Samuca voltou com força total.

— Eu sei que você notou que eu gosto de você e por isso está se afastando. — Mili olhou para baixo enquanto as bochechas coravam, então não pode ver a expressão de choque que se espalhou no rosto do garoto. — E eu entendo que talvez você não esteja muito confortável com isso, mas eu não quero perder o que a gente já tem só porque queria um pouco mais. Saiba que eu vou entender se ainda assim você quiser se afastar e não vou forçar a barra, mas eu não podia te deixar ir sem dizer o quão importante nossa amizade é pra mim e o quanto te quero por perto.

— Não, não, não, não, não. Você entendeu tudo errado. — Samuca respondeu sentindo a respiração começando a acelerar. — Eu não estava distante por causa disso.

— Ai, droga. Então eu só confessei meus sentimentos à toa. — ela murmurou ficando o dobro de vermelha.

— À toa não. Serviu pra me dar coragem de dizer que também gosto de você. Tipo, mais do que como amigo. — Samuca era inteligente o bastante para saber que Mili era inteligente o bastante para entender o que ele disse, mas preferiu deixar tudo o mais as claras possível.

— Gosta? — ela perguntou sentindo um sorriso se espalhando o máximo que cabia em seu rosto.

— Sim, muito. É que eu também adoro a nossa amizade e fiquei com medo de estragar tudo quando você notasse. — respondeu percebendo a ironia da situação conforme as palavras saiam de sua boca. — Aí eu fui lá e estraguei tudo me afastando. Falando isso em voz alta eu me sinto o garoto mais idiota do mundo.

Mili riu e estendeu a mão por cima da mesa para segurar a dele. — Não sinta. Pelo visto nós dois tiramos conclusões erradas dessa confusão.

— Verdade. — Samuca também riu e então parou um instante analisando suas mãos ali unidas por cima da mesa. — Eu... Quero beijar você agora. Posso?

— Já que eu confessei que estou gostando de você essa pergunta é meio retórica, mas... Pode. Com certeza pode. — murmurou sem conseguir parar de sorrir.

Os dois riram outra vez, então Samuca levantou e sentou ao lado de Mili, colocou uma mão na cintura dela e lentamente uniu suas bocas em um selinho longo. Ambos sorriram e ele tomou coragem para aprofundar o beijo.

Aquele momento lindo e mágico pareceu eterno até ser interrompido por um garçom muito vermelho e com cara de culpado que explicou que beijos e até uns “amassos” não eram proibidos ali desde que comprassem alguma coisa.

— Er... Tá a fim de batata frita e milk-shake? — Samuca perguntou meio constrangido, mas de bom-humor.

— An... Sempre. — Mili respondeu sentindo exatamente a mesma coisa.

— Dois milk-shakes de morango e uma porção grande de batata frita, por favor. — pediu com um sorriso educado.

— Certo. Já volto com os pedidos. — o garçom soava muito gentil, mas pela cor de seu rosto e a coçada na nuca que ele deu ao se virar para voltar à cozinha mostrava que ainda estava com vergonha da situação.

Mili e Samuca, por outro lado, acabaram só rindo mais quando ele sumiu de vista.

— Então... Como é que a gente fica agora? — o garoto perguntou enquanto entrelaçava seus dedos delicada e romanticamente.

— Bem... Nós temos duas opções. — ela respondeu tentando não corar outra vez. — A primeira é ir devagar, ficar sem rótulos por um tempo e ver como a gente vai se sentindo sobre isso. Mas eu confesso que prefiro a segunda, onde a gente começa a namorar.

Samuca sorriu todo bobo apaixonado e disse. — É, eu também gostei mais da segunda.

— Namorados então.

Dito isso os dois voltaram a se beijar até ser interrompidos de novo pelo garçom ainda mais vermelho trazendo seus pedidos.


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