Grãos de Areia a Beira Mar escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 29
Capítulo 29




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er mais um membro na família, ainda mais um recém nascido mudava toda uma rotina já estabelecida, o que T'hani percebeu logo de cara. Começando pela cerimônia de apresentação de sua irmã, acordando cedo e vestindo os trajes reais talokani. O elmo na cabeça, na forma de serpente como de seu pai, parecia grande e pesado demais e o incomodava. Reclamar disso para sua mãe apenas causou uma risada dela.

—Não é engraçado, mãe! Isso aqui é estranho, deve ficar ainda pior embaixo d'água – ele protestou.

—Eu estou rindo por outra coisa – ela explicou melhor, se aproximando – isso me lembra de mim quando T'Challa lutou nas cataratas do guerreiro, odiava esses trajes tradicionais. Entendo seu incômodo, mas pelo menos você vai usá-lo só por um tempo e depois se livra dele.

—Que bom – aquilo pareceu aliviar T'hani temporariamente.

Namuri estava com o pai, apenas esperando o restante da família, diante da entrada na caverna para Talokan. Seu pai a observava admirado, pensando que sua filha não poderia ser mais perfeita. Ela se parecia mais com ele, tinham o mesmo tom de pele, os mesmos cabelos escuros, mas os olhos eram certamente de Shuri. Quando a família finalmente se reuniu, participaram do ritual e a princesa foi bem recebida por todos, com muitos presentes e vivas.

Tirando todas as formalidades que os cercavam, mais as aulas para formar T'hani num príncipe muito culto e informado, a tradição que Shuri e Namor tinham criado entre seus filhos perdurava, viverem como uma família comum, tirando dias de folga, se afastando por um tempo das responsabilidades reais.

Foi fazendo coisas simples que Namuri se desenvolveu, explorando o mundo ao seu redor. Foi à beira do mar que ela também deu seus primeiros passos e disse suas primeiras palavras. "T'hani, vem!" ela tinha chamado o irmão com entusiasmo, o que o deixou emocionado, repetindo durante muito tempo como ela tinha falado seu nome,

Conforme a princesa crescia, era muito comum encontra-la à beira do mar, andando por ali, catando conchas, observando as ocasionais gaivotas que se aproximavam, molhando os pés na água. Quando ela era mais nova, certa preocupação se passou por Shuri, pensando que algo ruim poderia acontecer, mas assim como T'hani, ela também respirava debaixo d'água, não havia riscos dela se afogar, além disso, Namor passava um longo tempo com ela bem ali.

Sentado ao lado da filha agora, Ku'kul'kan observava os cabelos encaracolados dela se enroscarem conforme o vento batia, o olhar dela, típico de sua mãe, assim como suas expressões no geral, olhando para o mar.

—No que está pensando, filha? – seu pai puxou o assunto primeiro.

—Nada, só que... acho que estou ansiosa com a visita do tio T'Challa, tia Nakia e Toussaint – ela contou – eles nunca vem muito até aqui, é sempre nós que vamos até lá, não sei bem porque.

—Bom, seu tio é rei e bastante ocupado, além da distância de Wakanda e Talokan, pra eles é um pouco mais complicado – explicou seu pai.

—Entendi, eu queria que eles pudessem vir mais vezes, eu gosto de brincar com o Toussaint – ela explicou.

—Com brincar, você quer dizer atormentá-lo? – o pai dela foi mais direto.

—Como assim, papai? – ela ficou assustada com a colocação.

—Você voando em volta dele, puxando suas orelhas, jogando água por cima da cabeça dele, sendo uma verdadeira pestinha, como sua mãe diz – Namor apontou.

—Ah eu era mais nova, tinha só quatro anos, estava aprendendo a me comportar e eu pedi desculpas – Namuri resumiu o que fez para consertar a situação – eu estava pensando em dar um presente pra ele também.

—Que tipo de presente? – Namor perguntou, admirado com o gesto nobre da filha.

—Um bracelete talvez, pra ele usar e lembrar que eu posso ser muito boazinha – sugeriu a princesa.

—Me parece uma ótima ideia, eu posso ajudar você com isso – ele propôs o que arrancou um sorriso de Namuri que aqueceu seu coração.

—Sério? Muito obrigada, papai! – ela chegou a abraça-lo, ele apenas a afagou trazendo-a para mais perto.

—Eu lamento interromper o momento fofo, mas estava à procura de vocês, T'Challa e a família acabaram de chegar – Shuri os chamou, contente por vê-los tão próximos assim.

—Nós já vamos – Namor respondeu por ele e a filha.

Seguindo a esposa, encontrou a família real de Wakanda muito à vontade em sua cabana, um encontro informal, um tempo de qualidade juntos, algo que os dois lados da família prezavam muito.

—É muito bom ter vocês aqui conosco – Namor disse em voz alta depois de cumprimentar a todos – já faz um tempo desde que vieram, como anda tudo por Wakanda?

—Estamos bem, um pouco ocupados, mas bem – T'Challa respondeu de bom grado.

—Tivemos algumas reuniões estressantes na ONU, fui até lá pela primeira vez há alguns meses, foi difícil, mesmo só observando – Toussaint confessou, se sentindo à vontade para compartilhar seus sentimentos com a família.

—Não acha o garoto novo demais pra essas coisas? Ele só tem 19 anos... – Shuri opinou sinceramente.

—Você era nossa chefe de tecnologia nessa idade – Nakia resolveu jogar a questão de volta para ela – mas entendo, eu também achei que era demais para ele, mas é preciso começar a se formar como um príncipe em algum momento.

—Eu sei como é, tia, eu comecei meu treinamento com Attuma, lutar pode parecer divertido, mas é muito mais difícil do que parece – foi a vez de T'hani desabafar.

—Então vocês treinam o menino aos 13? Que interessante! – T'Challa comentou em tom de brincadeira.

—Shuri me disse que é uma idade jovem para vocês, mas T'hani é um príncipe, tem que começar a se preparar, mas não se preocupem, ele ainda é uma criança, tem direito de viver como uma – mesmo entendendo o humor na conversa, Namor achava melhor explicar tudo.

—Certo, sem mais comparações de tradições – Shuri cortou o assunto – essa é uma visita de família, e eu pretendo que todos se divirtam com a visita, falando nisso podemos ir lá fora.

—Vai nos expulsar pra fora assim? – o irmão dela acabou rindo.

—Não, só quero que se distraia e relaxa – ela se levantou e o empurrou para fora, mostrando que realmente queria todos à beira da praia.

Obedeceram a Shuri ao som de risadas, onde logo a família se espalhou para se divertir de alguma forma. Acabou que T'hani e Toussaint jogaram bola um com o outro com uma rápida Namuri como goleira. O irmão e o primo reclamando ocasionalmente se era justo ou não ela voar para pegar a bola, a menina só deu de ombros e disse estar usando o melhor que podia.

T'Challa e Namor andaram lado a lado à beira do mar, enquanto Shuri e Nakia estavam sentadas.

—Isso tudo é muito bom pra nós, obrigada por nos convidar e nos empurrar pra fora, tão gentilmente, irmã – Nakia disse a ela.

—Ora, não tem de que, faço isso de novo se for necessário – ela deu de ombros – eu entendo o que quer dizer, essa sensação de tudo estar bem, depois de tudo que aconteceu, tivemos sorte.

—Sorte e vontade, talvez, de que essa aliança desse certo desde o começo, nós devemos isso a você e ao Namor, igualmente – a rainha de Wakanda sorriu, feliz por estar ali, por desfrutar da aliança que unia os dois reinos.

Antes que Shuri pudesse responder alguma coisa, seu marido veio em sua direção, com certeza, buscando por sua companhia.

—Do que se trata isso? Eu estava conversando, pode me dar licença? – ela o respondeu, obviamente brincando – o que foi?

—Eu senti sua falta, queria sua companhia pra um mergulho – ele foi sincero, terminando o pedido com um sorriso.

—Ah Namor, eu vou com você – ela riu e segurou a mão que ele a ofereceu.

Sem aviso prévio, ele a tirou do chão, a segurando em seu colo, levantando voo, mas não indo tão alto assim.

—Me põe no chão, seu bobo! – ela protestou um pouco, sabendo que não era a primeira vez que ele fazia isso.

—Tudo bem, só estou brincando, só um pouco de adrenalina, achei que te animaria – ele riu da reação dela.

—Eu estava muito bem até você me tirar de onde eu estava – ela apontou.

—Está bem, pra água então – ele pousou gentilmente, deixando que Shuri entrasse lentamente na água, o acompanhando.

Com a água batendo até a cintura, seguraram as mãos um do outro, captando o sol começar a se pôr no horizonte distante. Namor olhou para a esposa primeiro, até ela notar seu olhar e correspondê-lo.

—Sabia que eu não consigo parar de dizer que te amo? – ele se aproximou, acariciando o rosto dela – ainda mais em momentos assim, é quase como se você não existisse, uma miragem...

—Ah você é assim pra mim às vezes, tão real, mas tão inacreditável – Shuri tocou o peito dele, deslizando um indicador distraidamente – você provoca as emoções mais fortes em mim, principalmente raiva, sabia? Mas o que prevalece, o que ficou em todos esses anos, foi meu amor por você, o seu cuidado, o seu carinho, como me faz me sentir a mulher mais especial do mundo...

—Suas palavras melhoraram muito com o tempo, minha rainha – ele segurou o rosto dela, a puxando para mais perto, com a outra mão em sua cintura – obrigado por tudo isso, só preciso ouvir algo simples.

—Eu te amo, Ku'kul'kan – ela deu um sorrisinho, deixando escapar um riso de felicidade.

Tirando o espaço entre os dois, ele a beijou apaixonadamente, demonstrando todo o amor que carregava por ela, que tinha florescido e se mantinha forte durante todos os anos que estavam juntos. Ela o segurou firme contra o peito, enquanto sentia a mão dele passar por seus cabelos compridos agora, sem soltá-lo, mostrando que o queria por perto, parte da vida dela para sempre.

Quando se sentaram juntos novamente, ficaram a admirar o mar, os filhos, o resto da família ,de mãos dadas, em silêncio. Em seus corações, amor, felicidade e gratidão. Abaixo deles, apenas os grãos de areia à beira mar, onde seus mundos se encontravam, onde se encontravam agora, mais unidos do que nunca.

 


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Notas finais do capítulo

Galera, esse é o fim da história, valeu mesmo por lerem, comentarem, vibrarem, até mesmo me xingarem um pouco nos comentários kkkk, sinal que cumpri meu papel de autora em emocionar vocês. Nos vemos na próxima, muito obrigada!



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