Mistérios do Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 3
Momentos e surpresas.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Voltei!
Depois de muuuuuito, muito tempo, mas voltei! Já falei, né? Posso sumir, mas eu volto!
Espero que gostem do capítulo.
BOA LEITURA ;)



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  Drew

 

  Olhei para o quarto pedaço de bolo de morango em meu prato sorrindo e pensando que eu amava um pouco mais Noah por ter feito a sobremesa pra mim. Eu estava sentado em uma das banquetas do balcão da cozinha da minha mãe e, depois de duas semanas agitadas no hospital e o meu treino de hoje de manhã, eu decidi que podia muito bem comer mais de três pedaços de bolo.

  Hoje era meu dia de folga e Caleb até tinha me chamado para uma festa na casa de um amigo de um amigo dele, ou seja, alguém que ele nunca tinha visto na vida e eu até teria topado, mas depois que a Garota do Acidente entrou na minha vida eu não tive muito tempo para descansar então não estava com animação nenhuma para ficar acordado a noite toda bebendo sabendo que eu trabalharia no dia seguinte.

  Anna estava me dando um trabalho enorme e eu nem sabia o nome verdadeiro dela.

  Dar apelidos aos pacientes que davam entrada sem documentos era uma brincadeira nossa - minha e dos outros residentes - e, para passar o tempo, nós tentávamos adivinhar o nome verdadeiro deles. O último tinha sido o Cara da Motosserra - esse tinha sido um dia agitado - que Rachel chamou de Kurt, mas que na verdade se chamava Philip.

 E essa era a minha vez de tentar adivinhar, e, olhando para a Garota do Acidente deitada ali coberta de ataduras e ligada a várias máquinas, não sei por que, mas achei que o nome Anna combinava com ela. E como tinham se passado duas semanas e ela ainda não tinha acordado, o nome pegou. Era mais fácil se referir a ela assim e, quando acordasse, Anna podia me dizer se eu sequer tinha passado perto de acertar.

  - Você vai continuar comendo bolo até quando? - Noah perguntou me olhando do batente da porta que ligava a cozinha à sala. Arqueei uma sobrancelha pra ele uma vez que estava com a boca cheia. - Estou te esperando pra jogar. Você disse que não vai sair.

  - É, mas não disse que ia jogar com você também.

  - Larga de ser chato, Drew. Estamos os dois em casa sozinhos já que papai e mamãe foram jantar fora. Não me diga que vai ir dormir às - ele fez uma pausa e consultou o celular que pegou do bolso da bermuda. - 17h02m da tarde?

  - Talvez eu vá. Tenho sono suficiente pra isso - murmurei e ele revirou os olhos voltando pra sala.

  - te esperando, não demora! - ele gritou de lá e acabei sorrindo, minha vida com certeza seria muito mais chata sem mamãe, Analu e Noah nela.

  Sem muita escolha terminei de comer, lavei a louça e fui me juntar ao meu irmão caçula na sala - por que sim, ele tinha montado o videogame lá - para jogarmos juntos. Cinco partidas depois, das quis Noah ganhou quatro, eu fui pedir com toda a gentileza do mundo - lê-se implorar a ele – para Noah fazer o jantar por que eu já não aguentava mais perder.

  - Um macarrão talvez? – sugeri desviando meu personagem do jogo de um tiro. Nós tínhamos iniciado a sexta partida contra a minha vontade. – Panquecas? Eu aceito qualquer coisa.

  - Isso eu sei – Noah deu um meio sorriso e eu fechei a cara o fazendo rir.

  - Precisava?

  - Não. Mas eu gosto de te irritar, sempre foi mais fácil irritar você que a Analu. E você perdeu, de novo – ele deu outro sorriso. – Head shot

  Suspirei e joguei o controle sobre a mesinha de centro.

  - Desisto.

  - Melhor mesmo, foi muita humilhação – Noah fez questão de tripudiar e pensei seriamente em chutá-lo quando ficou de pé. – Mas como prêmio de consolação vou fazer um strogonoff pra gente.

  Sorri desistindo de chutá-lo.

  - Você é demais.

  Noah voltou a me olhar enquanto se afastava em direção à cozinha e sorriu.

  - Eu sei.

  - Idiota! – fiz questão de gritar, mas ele já tinha chegado à cozinha e nem se deu ao trabalho de me responder.

  Deitei no sofá encarando o teto branco da sala durante alguns minutos enquanto ouvia os barulhos ocasionais de Noah na cozinha, como hoje ele não havia pedido ajuda me limitei a não ir atrapalhar. Estava quase cochilando quando senti meu celular vibrar ao meu lado.

  Peguei o aparelho e suspirei ao ver o nome na tela.

  - Oi Caleb – resmunguei.

  - Você não vem mesmo? – consegui o ouvir perguntar por cima do barulho de fundo. Uma mistura de vozes e música alta.

  - Não. Trabalho amanhã cedo.

  - Qual é Drew! Você não era assim um tempo atrás.

  - Eu não trabalhava 15h horas por dia no tal tempo, tenho certeza. E nem todo mundo tem a sorte de trabalhar com o pai tipo você e minha irmã. Infelizmente meu chefe não aceita ressaca como motivo pra ficar em casa. Eu já perguntei.

  - Então é isso? Vou perder meu último amigo solteiro para o trabalho?

  - Infelizmente. A Anna está acabando com minhas energias. Depois que ela acordar a gente sai.

  - A sua Garota do Acidente?

  - É.

  - Tudo bem – o ouço suspirar e afastar o celular para falar com alguém. – Já vou – responde quem quer que seja e depois continua nossa conversa. – Eu vou cobrar essa saída aí, mas por enquanto pode ficar com a sua garota.

  - Ela não é minha garota – reclamo e o ouço rir.

  - Não é o que está parecendo. Tchau Dr. Sorriso.

  - Vai à merda, Caleb! – rosno e ele ainda está rindo quando desliga.

  Depois disso decido me distrair com um filme, e estou tão concentrado no mundo acabando na televisão que quando Noah me chama acabo me assustando. Nós comemos e conversamos e quando chega à hora de lavar a louça sei que o trabalho todo é meu, mas não me importo a comida estava gostosa demais para eu sequer me importar com a louça suja.

  E, como Noah é esse tipo de pessoa, depois de comermos voltamos para a sala e meu irmão simplesmente se senta comigo e continua a assistir o filme como se tivesse visto desde o início e, é claro, me pergunta a cada dois minutos quem é o personagem que aparece na tela e o que ele está fazendo ali. Nós terminamos o filme e vemos mais um, uma animação sobre uma bonequinha loira que tem várias profissões, e sim, graças a Analu nós somos muito fãs da Barbie.

  Ainda estou pensando na musiquinha do filme quando subo para dormir, Noah continua no sofá procurando mais alguma coisa pra assistir e o invejo por poder ficar acordado até tarde. Não preciso de mais do que alguns minutos para me deitar e apagar, dormir é sem dúvidas uma das coisas que mais tenho tentado fazer nesses últimos meses, mas sem muito sucesso.

  Quando o despertador toca na manhã seguinte gemo, minha vontade era apenas desligá-lo e voltar a dormir. Mas no fim levanto suspirando e vou me arrumar para enfrentar mais um dia. Eu posso até reclamar, porém não trocaria minha profissão por nenhuma outra, salvar vidas é algo único e indescritível.

  Desço para tomar café e vejo minha família reunida à mesa, ou ao menos parte dela, mesmo depois de anos ainda é estranho não ver Analu aqui. Nós vivemos discutindo e arrumando brigas bobas, mas não consigo me lembrar de nenhum momento importante onde ela não estivesse comigo.

  - Ainda aqui, Monstro Comilão? – é como mamãe me cumprimenta. Faço careta.

  - Mãe!

  - O quê? Também te amo, mas achei que agora que você tem uma casa ia morar nela.

  - Raio de Sol – papai diz, mas está segurando o riso. Noah nem tenta, ele está se acabando de rir enquanto come suas torradas.

  Todos eles adoram me zuar sobre isso da casa, e certo, talvez eu realmente tenha uma casa, que papai e Henry me ajudaram a comprar e reformar, e que, coincidentemente é duas ruas atrás da de Analu e Alex, e talvez, só talvez, eu fique adiando minha mudança definitiva pra lá.

  - Estou terminando a mudança, por isso não fui pra lá ainda – digo depois de me sentar à mesa com eles e me servir de café.

  - Você está se mudando a o quê? Uns seis meses? – Noah alfineta e lhe dou um chute por debaixo da mesa, o ouço gemer e ele tenta revidar, mas tiro a perna da frente a tempo.

  - Se não quiser ir não precisa – mamãe diz naquele tom de “mãe”, dessa vez não há brincadeira em seu tom de voz ou sua expressão. Ela pega minha mão num carinho que me faz sorrir e sempre será o melhor de todos. – Eu brinco com isso, mas essa casa é enorme e sua e dos seus irmãos, nunca teve necessidade de você ir embora.

  - Eu quero e preciso, mãe – digo sinceramente apertando sua mão antes de soltá-la. Eu realmente quero ter minha casa e meu canto, mas, por algum motivo, sinto que aquela casa ainda não é realmente minha. – E talvez eu venha pra cá só por que é mais perto do hospital, o que acham disso?

  - Que é uma mentira deslavada por que sua casa e a de Analu e Alex ficam mais perto do seu trabalho do que aqui – meu irmão caçula sorri e dessa vez quando vou chutá-lo ele já tirou a perna.

  - Cala a boa, Noah!

  - Noah, deixa seu irmão – papai pede como se tivéssemos cinco anos e acabamos todos rindo.

  Nós conseguimos tomar café e quando saio de casa mamãe e Noah estão no meio de uma discussão sobre alguma coisa relacionada a uma das docerias – provavelmente a que Noah trabalha – e papai aproveita para fugir comigo.

  Dirigir sempre foi uma das coisas que gostei de fazer, me acalma e quando estou ouvindo música alta – algo que tenho em comum com Analu e herdamos de tia Lena – não penso em nada. Mas hoje nem a música nem o vento me distraem, eu não consigo parar de pensar no que Noah falou no café sobre meu motivo para não ir para minha casa. Será mesmo que a mudança é só uma desculpa?

  Não tenho muito tempo para questões filosóficas tão cedo por que hoje não demoro a alcançar o hospital e assim que faço isso, minha atenção é toda de Anna. Como é que uma pessoa que eu nem sei quem é pode consumir tanto do meu tempo? Estaciono o carro, entro no prédio enorme e vou direto me trocar e, quando termino, cumprimento um Colin quase dormindo apoiado em seu armário, o plantão de ontem a noite era dele então entendo totalmente o seu estado, ele me dá apenas um aceno de cabeça mostrando que ainda está acordado.

  Saio do vestiário e vou trás das fichas dos meus pacientes, não demoro a encontrar Stella no corredor, ela me sorri e passa por mim empurrando um senhor em uma cadeira de rodas. Nós nunca mais tivemos nenhum encontro na sala de descanso ou em qualquer outro lugar depois daquele após da operação de Anna, desde que estou a acompanhando e tendo que dar conta dos outros pacientes, não tive muito tempo para mais nada.

  Cumprimento o Dr. Messer e vou fazer minha ronda, há uma dezena de prontuários para revisar e pacientes para visitar e esse parece ser só mais um dia tranquilo no hospital, seguindo uma rotina com a qual já estou acostumado. Deixo Anna para o final por que seus números e resultados são quase sempre os mesmos há três dias então não tenho muito mais o que fazer além de observar e esperar que ela acorde.

  Passo mais tempo do que de costume tentando convencer o Sr. Miller, um senhor hipocondríaco de setenta anos, de que ele não está tendo um infarto pela quarta vez na semana, que quando saio do quarto dele me surpreendo ao ver Analu no corredor do hospital e ser atacado por um pinguinho de gente loiro e escandaloso.

  - Tio De! – Tommy se joga em minhas pernas e me abaixo para abraçá-lo.

  - Oi campeão. Está fazendo o que aqui?

  - Vim tomar vacina e eu nem chorei – ele sorri orgulhoso. – Ai agora a gente veio te ver. A mamãe quer suco, por que meus irmãos querem suco, mas não tem o suco que ela quer pra vender.

  - E é isso – Analu sorri quando nos alcança com seus passos lentos enquanto ostenta orgulhosamente sua barriga. – E Drew, eu te amo, você não teria no refeitório médico com suco de melancia, não?

  - Por que eu não estou surpreso? – pergunto divertido depois de abraçá-la e tocar sua barriga. – Mas como é para os meus sobrinhos, talvez eu possa te conseguir o tal suco.

   - Jura? – seus olhos verdes quase brilham em expectativa e eu não negaria nada a Analu antes, mas agora com ela grávida era impossível. Não que eu fosse dizer isso a ela, claro.

  - Sim. Agora que tal você ir se sentar nos sofás do terceiro andar enquanto eu vou buscar o suco?

  - Você faria isso? – o tom da minha gêmea é algo entre divertido e descrente.

  - Faria, Analu. Agora cala a boca e vai logo.

  - Sim senhor, vem Tommy. Vamos esperar o tio Drew lá nos sofás coloridos.

  O garotinho para entre nós nos olhando então se vira para mim.

  - Tio De, posso ir buscar o suco com você? – ele pergunta e eu por minha vez olho para Analu.

  - Ele pode?

  - Se não for te atrapalhar eu não me importo. Quem está no meio do trabalho é você.

  - Só preciso passar no quarto da Anna pra conferir uns números e posso tirar uns minutos para um café.

  - Anna? A Garota do Acidente que você falou? A que ainda não acordou?

  - Ela mesma. Vem Tommy, vamos trabalhar comigo e buscar suco pra sua mãe e seus irmãos.

  - Vamos! – meu sobrinho responde animado segurando minha mão e vejo Analu sorrir enquanto nos afastamos para lados opostos.

  Sigo pelo corredor com Tommy tagarelando sobre como ele não tem aula hoje por que é sábado e como está tendo uma gincana na escola dele e na segunda ele precisa ir com sapatos diferentes para ganhar pontos. Sorrio ouvindo-o, esse com certeza era filho e neto de quem era.

  - Tio por que ela não acorda? – Tommy pergunta enquanto verifico os aparelhos conectados a Anna, sua pressão, oxigênio e mais um monte de coisas.

  - Por que ela se machucou muito então precisa dormir um pouco mais pra ficar melhor.

  - Os machucados dela ainda tão doendo? – ele pergunta olhando para o rosto da mulher e faço o mesmo.

  Ela já não tem tantos curativos então é possível ver a pele clara e as cicatrizes que o acidente fizeram nela. Seu rosto agora é marcado por uma cicatriz que desce da têmpora esquerda, passa por sua bochecha e termina cortando o canto do lábio, ainda há outras menores e que talvez até sumam com o tempo, mas essa provavelmente vai continuar ai.  

  - Não sei, vou ter que perguntar quando ela acordar. Agora vamos, temos que buscar o suco da sua mãe.

  - Certo.

  Nós saímos do quarto e seguimos pelo hospital, sorrio ao ver meus colegas cumprimentado Tommy e ele os cumprimentando de volta. Às vezes eu o trazia aqui, então com toda a sua desenvoltura não foi difícil ele conquistar a todos.  Encontro com o Dr. Messer no caminho e lhe entrego os prontuários, ele é um dos que cumprimenta Tommy animadamente.

  Sigo pelos corredores e encontro Angie trazendo Maggie em uma cadeira de rodas.

  - Tia An! – Tommy exclama quando a vê. O rosto da minha amiga se ilumina assim que vê o pequeno. O amor dela por crianças e visível em seus olhos.

  - Oi meu amor – Angie o abraça quando nos aproximamos.

  - Dede! Você não foi mais me ver! – a garotinha na cadeira de rodas faz bico me olhando feio e me abaixo para abraçá-la também.

  Maggie tem quatro anos e eu a conheci por causa de Angie. A garotinha negra dona de olhos escuros e cachinhos que alcançam seus ombros é um amor e está internada há quase seis meses a espera de um transplante de coração. Ela mora com a tia e, de acordo com Angie, até ia para casa, mas depois de várias complicações – de saúde e pessoais – a garotinha passa mais tempo no hospital que nós médicos.

  - Desculpe, eu prometo que vou mais – peço a Maggie e por fim ela sorri pra mim.

  Quando terminamos de cumprimentar as crianças elas se encaram.

  - Tia An quem é ela? – Tommy pergunta ao passo que Maggie faz o mesmo.

  - Dede quem é ele?

  Olho para Angie e ela sorri também.

  - Faça as honras.

  - Maggie esse é meu sobrinho Tommy, ele é filho da minha irmã. E Tommy essa é a Maggie, ela é uma paciente da tia Angie, isso significa que...

  - A tia cuidando dela, ? – Tommy me interrompe e faço que sim então ele olha para Maggie. – O que você tem?

  - Meu coração é peguiçoso aí ele não funciona direito. Então peciso de um novo. 

  - Tia – Tommy olha para Angie. – Você não pode dar um coração novo pra ela não?

  - Não. Só posso colocar ele no lugar quando chegar. Até lá nós cuidamos para a Maggie não sentir dor e ficar feliz.

  Tommy pareceu refletir sobre a resposta então se virou outra vez para Maggie. Eu e Angie estávamos só observando o diálogo.

  - Se você quiser, posso ser seu amigo e esperar com você seu coração novo chegar.

  - A gente pode bincar junto enquanto espera então – Maggie decide e sorrio com a simplicidade das crianças.

  - bom. Tio De, eu posso vim brincar com a Maggie?

  - Pode. Mas hoje não por que nós temos que buscar o suco da sua mãe.

  - E nós um exame pra fazer – Angie completa e eles obviamente protestam, mas conseguimos convencê-los a adiar a brincadeira para um dia em que os dois possam.

  Seguimos nosso caminho outra vez e agora a tagarelice de Tommy é sobre Maggie, ele pergunta do que ela gosta de brincar, quando vai poder vir e, é claro, se amanhã já é o dia que pode. Nós finalmente conseguimos o suco de Analu e ainda uns biscoitos no refeitório médico e só então seguimos de volta para minha irmã e óbvio que ela me liga quando estamos quase chegando, e não é uma ou duas vezes, são cinco. Ela só para quando saio do elevador e ela vira para nos ver ainda com o celular na orelha.

  - Achei que tivessem ido plantar as melancias para fazer o suco – é o agradecimento que eu recebo quando ela pega o copo e bebe quase metade do conteúdo antes de parar para respirar. Quando me olha depois disso, sorri. – Obrigada. Eu precisava mesmo disso.

  Como realmente tenho uns minutos me sento com eles e todos bebemos suco e comemos biscoitos. E então conto a Analu sobre nosso encontro com Angie e Maggie e ela sorri divertida para o filho e promete trazê-lo para brincar com a nova amiga. E, tenho certeza que Maggie vai adorar, não tem muitas crianças da idade dela que fiquem diariamente aqui no hospital.

  Minha irmã me conta também que papai está praticamente surtando na empresa depois que percebeu que ela e Manu vão tirar licença quase ao mesmo tempo por causa dos bebês. Nas palavras dela, ele disse que já tinha se acostumado a não ter que resolver mais tudo sozinho e que vai sentir falta de ter mais alguém para ajudar a lidar com os acionistas idiotas.

  Nosso lanche dura pouco mais de meia hora, mas quando meu bip apita tenho que me despedir – tendo que prometer também que vou trazer Tommy para brincar com Maggie – e deixá-los comendo antes de voltar ao trabalho.

  Meu dia segue tranquilo. Reviso mais uns prontuários, dou alta a quatro pacientes, faço suturas, limpo e confiro alguns pós-operatórios, tudo parece sempre o mesmo que fico surpreso ao ver Colin, no fim do dia, correndo pelo corredor em minha direção.

  - Drew! – ele me alcança e quase cai tentando parar. Seus olhos estão arregalados numa expressão que eu não esperava ver em seu rosto hoje, não depois do plantão.

  - Você sabe que não pode correr no hospital – digo suspirando. Colin era exagerado, ele me lembrava Caleb nesse sentido, por isso ninguém levava mais a sério quando ele vinha correndo e gritando.

  - Esquece isso – ele descarta a informação e então sorri. - Ela acordou.

  - Ela...? Ela? – pergunto sem tentar criar muita expectativa. Mas só consigo pensar em Anna.

  - Ela – seu sorriso aumenta. – Sua Garota do Acidente. A Anna acordou.

  Eu não preciso ouvir mais nada antes de seguir pelo caminho em que ele veio e não me orgulho em dizer que corri também, mas dadas as circunstâncias acho que não havia problema. Desviei de algumas enfermeiras e quase atropelei um médico, mas nem olhei pra trás quando me chamaram, eu só queria ver aquela mulher cuja vida eu ajudei a salvar de olhos abertos.

  Quando chego ao quarto há duas enfermeiras junto com o Dr. Messer e ela. Anna está sentada na cama e uma das enfermeiras está tentando fazê-la voltar a se deitar.

  É então que acontece, seus olhos assustados encontram os meus e por um instante tenho a impressão que já vi aqueles olhos escuros em algum lugar.


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Notas finais do capítulo

Dessa vez o capítulo está cheio de surpresas, o que vocês acharam? Estão gostando? E agora que a Anna acordou, como vai ser? Quero opiniões e comentários, por favor!
E dessa vez eu vou tentar não demorar tanto, beijocas e até, Lelly ♥



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