Klonoa

Estava tudo escuro. Não conseguia enxergar onde estava, aonde eu começava e aonde terminava. Eu era a escuridão. Estando em todas as partes. 

Klonoa

Klonoa? Eu estou morto?

Você precisa acordar. Sua missão ainda não acabou, pequeno viajante.

Quem é você?

Você saberá em tempos. Agora acorde.

E senti como uma lâmina me atravessando e me fazendo pular da cama. Uma pontada no peito me fez chiar de dor e a luz do sol quase me cegou, esperei os meus olhos se acostumarem e percebi que estava em um quarto todo branco e reluzente como uma perola. Olhei para o meu estado e vi que estava todo enfaixado.

— Você acordou, pequeno. — Uma voz grave me chamou a atenção. Sentado perto da porta havia um senhor de idade, a voz era familiar, mas não parecia em nada com quem me lembrava.

— Você é o Rei Seadoph??

Ele abriu um sorriso tenro e se aproximou.

— Sim e entendo que esteja desconfiado. Acredito que começamos com o pé errado. Quero que saiba que Jugpot está em dívida com você, pequeno Viajante. Acabei preso pelo feitiço poderoso do Ghadius e você conseguiu me libertar.

— Então a água vai voltar ao normal.

— Sim, meu jovem. Incluindo o Reino da Floresta, Fontaine me contou tudo da sua jornada. — O senhor estalou os dedos. — Tem alguém que estava muito preocupado e ansioso pra te ver.

Minutos depois um soldado surgiu segurando o anel com o Huepow flutuando o seguindo.

— Ai, graças aos deuses! — O espirito avançou abraçando a minha cabeça o máximo que a suas mãozinhas permitiam. — Você está vivo!

— É bom ver você, também.

— Fontaine queria estar aqui também, mas tive de manda-lo em serviços diplomáticos, tentar amenizar os estragos que fiz enquanto estava sob influência.

— Entendo.

— Bom, sem mais delongas. Vocês poderiam me acompanhar, por favor.

Levou alguns minutos até me acostumar a pôr os pés no chão, ainda me sentia meio zonzo, mas nada que um café da manhã bem reforçado não ajudasse. O Rei nos levou em uma pequena excursão pelo castelo, percebi que não havia mais as marcas da nossa batalha, deve ter sido pelo fato que eu fiquei inconsciente por sete dias e o fato de terem uma mão de obra impecável. Já perto do meio dia fomos até o porto do castelo e já pude ver a Pamela nadando em círculos, a aparência dela havia mudado, suas escamas eram de um dourado que nunca havia visto antes e os seus olhos tinham um ar de plenitude e compaixão.

— Klonoa! — O peixe que havíamos libertado deu um grande salto sobre o peixe maior.

— Ah, olá! — Acenei. — Desculpe, mas ainda nem sei o seu nome.

— Ah é verdade. Eu me chamo Karal e essa é a minha mãe Pamela.

— É ela eu já conheço. — Ri para esconder o quanto estava nervoso.

Pamela nadou até mais perto.

— Eu peço desculpas por todo mal que causei.

— Não, tudo bem. Não era exatamente você com quem lutei.

— Mesmo assim. Nós Peixes Celestiais somos criaturas da ordem e o que fiz não só a Jugpot, mas também a uma criatura de coração puro... Eu me sinto muito mal mesmo.

— Pamela, você não precisa ser tão dramática sempre. — Seadoph tomou o rumo da conversa. — Não liguem, ela sempre é assim. Então chegou aos meus ouvidos que vocês estão em missão para falar com a Anciã Granny, correto?

— Sim!

— Bom, sei que não repara tudo o que fizemos, mas posso oferecer uma carona para chegar lá o quanto antes.

— Sério? — Perguntei surpreso. Porque só de imaginar ter que viajar pelos esgotos me causava arrepio.

— Claro! Karal aqui é um ótimo nadador, vão levar vocês em questão de horas.

Karal deu mais um salto mortal. Acho que ele estava ansioso por isso também. Não demorou muito até subirmos novamente nas costas do peixe e zarparmos em direção a Forlock.