Digimon: Relics of the Sacred escrita por Yongyuan


Capítulo 1
A História do Filósofo Ingrato




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03 de agosto, 1985

Vancouver, Canadá

 

A vida tende a ser muito mais simples e bonita quando se é uma criança, despreocupada de - quase - todo e qualquer fator importante do mundo. A diferença entre as responsabilidades de uma criança e de um adulto pode facilmente ser percebida dentro de uma sala de aula. Ao mesmo tempo em que o professor - o adulto da história - preocupa-se em ensinar sobre movimentos artísticos europeus, como o Futurismo por exemplo, seus alunos tendem a se preocupar mais com o que é que vão comer depois que saírem da aula, quando chegarem em casa. Preocupam-se, também, com o que é que vão fazer pra se divertir; talvez ir brincar em algum parque próximo, ou, quem sabe, ler alguma história em quadrinhos de algum super-herói.

Numa sala de aula como essa, composta de um solitário professor e vinte e seis alunos, iniciou-se o dia três de agosto do ano de 1985, aquele que viria à oferecer algo diferente para a história do mundo. Quase todos os estudantes prestavam atenção ao professor, que, esforçado, lecionava algo sobre artes. Estavam prestes a terminar o segundo ano do colegial e só tinham mais um ano de preparo para os vestibulares. De repente, o professor nota, numa aluna em particular, um olhar distraído que atravessava a janela e chegava à lugar nenhum lá fora. Suspirou e então chamou-lhe a atenção.

— Aimee. - retrucou ele.

A garota deu um pequeno salto à cadeira, como se acabasse de acordar. Olhou para o professor e, rapidamente, deu um sorriso sem graça - sem escolha, também, já que sua reação despertou risos em quase todos os seus colegas.

— Sei que a aula pode não te agradar tanto, mas esse conteúdo vai ser necessário para você no futuro. - continuou o professor. - Dá uma chance, quem sabe você até começa a gostar.

— É, eu... Desculpa professor... - resmungou ela de volta.

Que culpa eu tenho de não gostar da escola?”, resmunga ela novamente - dessa vez em pensamento. Era verdade: quem dera ser um pouco mais como seus amigos, que gostavam de estudar e com certeza teriam um futuro promissor. Aimee virou o rosto à direita, então, encontrando um dos tais amigos - Kepler. Ele escrevia coisas num caderno, apressadamente, resolvendo algum exercício de matemática fora de hora. Era muito bom de exatas e era também alto e louro. Apesar disso, tinha um jeito inseguro e desajeitado de ser, o que levava a própria Aimee a enxergar-se nele de alguma forma. Descendente de chineses, ela, com seus cabelos e olhos negros, nem de longe considerava-se bonita ou formosa.

De repente, um pedaço amassado de papel cai em sua mesa. Aimee o toma em mãos e o desamassa, encontrando uma mensagem. "Para de vacilar na aula dele". Sorri. A mensagem vinha de sua amiga Agnes, que sentava-se logo à sua frente. Agnes queria cursar uma faculdade de moda e era bem estilosa e bonita. Tinha os cabelos pretos, com as pontas tingidas em vermelho, e, frequentemente, vestia-se em regatas, saias e meias longas. Seu estilo era bem diferente para a época; nenhum outro aluno daquela sala teria a autorização dos pais para portar-se daquele jeito, ainda que não fosse tão radical. O pai de Agnes era, sim, bem rigoroso; a mãe não. Vez ou outra ela tinha parte da liberdade que queria.

Enquanto via o professor discursar sobre assuntos que não lhe interessavam de forma alguma, Aimee acabou lembrando-se de que havia convidado os amigos pra ir à uma lanchonete depois da aula; seus pais lhe haviam dado um pouco de dinheiro, então aquele era dia de gastar. Eles reuniriam-se em quatro: ela, Agnes, Kepler e Ian, um garoto do primeiro ano que, alto e forte, mais parecia ser do terceiro. Ele tinha cabelos curtos e negros.

Os quatro encontraram-se na saída da escola, quase dois minutos depois do final das aulas. Assim como qualquer grupo de amigos, eles costumavam conversar bastante sobre tudo, inclusive sobre o futuro, o que gostariam de fazer depois de terminarem os estudos. Cada um tinha seu próprio caminho, mas, bem no fundo, todos eles queriam um escape, até mesmo Kepler, o prodígio acadêmico. A verdade - verdade essa nunca verdadeiramente vista pelos adultos malvados - é que, para um pré-adolescente, a vida não pode se resumir à uma sala de aula. Algo tem de acontecer; a vida tem de acontecer e, quando ela acontece, os pequenos heróis agarram-se à ela com unhas e dentes. Eles não a deixam passar.

Foi como num sonho; de súbito, os quatro perceberam-se parados, à calçada, alguns minutos de caminhada após terem saído da escola, encarando a visão inacreditável de um enorme robô, a duas ruas de distância. Um ser gigante e aparentemente confuso que andava próximo às casas, em plena calçada, amassando e destruindo todo o concreto, causando acidentes e pânico às pessoas. Havia policiais por perto que tentavam deter aquela maquinaria. Quem via a cena não sabia se aquilo era um ataque alienígena ou algum experimento do Governo. A figura era bem composta, tinha forma humanoide e parecia ser feita de algum material metálico de textura diferente de tudo conhecido. Havia um vidro preto na parte de cima de seu tronco, na cabeça, como se servisse de visor para alguém escondido ali dentro; não havia ninguém lá, entretanto.

— Pare agora, ou nós vamos atirar! - gritava um dos policiais. Acontece que ninguém sabia sequer se aquele robô iria entender. Ele não entendia a linguagem, de fato, mas sim a intenção das palavras. Acabou parando de caminhar logo após pisar e demolir completamente um hidrante, causando um vazamento forte de água na rua.

E agora? Ninguém mais sabia como proceder. O robô começou a observar tudo ao seu redor, enxergou os padrões das construções e os olhares de medo daquelas pessoas. Cada um deles emanava uma energia que lhe causava certa repulsa. Não conseguia entender muito bem o porquê, mas tinha a certeza absoluta de que não deveria se aproximar delas. Estranhou até mesmo os cães, com seus latidos, que lhe lançavam essa mesma energia ruim. De repente, notou quatro olhares, bem à frente, que se aproximavam dele e lhe transmitiam uma energia diferente: não era medo ou pavor, mas sim curiosidade e talvez até mesmo admiração.

Determinado, o robô passou a andar em direção àquelas quatro figuras, num passo lento mas ainda destrutivo. Por pura intuição, resolveu sair da calçada e andar pela rua. Levou um tiro por parte de algum dos policiais, tiro esse que o acertou no braço, mas não causou dano algum. O robô parou de caminhar novamente, virando-se para o lado de onde veio o ataque. Permaneceu parado, sem fazer nada, por alguns segundos. O policial sentiu como se aquela máquina o encarasse e dissesse "você não pode fazer nada contra mim". Uma parte de si entendeu aquilo; a outra não acreditava que deveria deixá-lo andar livre por ali. 

O robô voltou-se para a frente em seguida e continuou a caminhar, ainda em passos desapressados, em direção aos quatro jovens. Ele não ousou aproximar-se demais deles; parou de andar ao chegar a mais ou menos quinze metros de distância. Ajoelhou-se e ficou imóvel. Era como se ele quisesse dizer algo apenas para aqueles adolescentes. Não disse nada de fato, apenas estendeu seu braço direito em direção à eles, alguns segundos depois, como um convite; eles aceitaram. Andaram até ele e colocaram todos suas mãos sobre a dele. Não se importaram com os gritos dos outros civis e dos policiais, mandando-os ficarem afastados daquela coisa. Em um segundo, uma luz forte cegou todos ali e, em seguida, tanto o robô quanto os quatro adolescentes haviam sumido.

Sem ter a devida noção do que acontecia, os amigos viam-se transitando por uma viagem astral; seus olhos eram atacados por luzes de diversas cores e o chão, como magia, sumia, de forma que eles passaram a cair. Não podiam ver nada além dos ataques de luz, então não sabiam sequer até quando cairiam. Bastou-se uma passagem de cinco ou seis segundos para que os quatro acabassem inconscientes.

Aimee foi a primeira a acordar. Resmungando, ela levantou-se devagar. Abriu bem os olhos, então, e teve vista do lugar onde estava: havia grama, bela e rasa, por todo o lugar, dali até onde o horizonte chegava. Havia, também, um bosque que, bem de longe, contornava todo o local e, bem ao centro - próximo aos quatro amigos - uma árvore, única e imensa, criava espaço. Uma luz não tão forte, vinda do sol, indicava que era manhã. Boquiaberta com tamanha beleza ao seu redor, Aimee resolveu procurar pelos amigos. Encontrou Kepler perto de si e chacoalhou-o.

— Kep... acorda, Kep! - murmurava a garota, sacudindo o amigo. Assustado, ele abriu os olhos e ergueu o tronco.

— ... Quê? - retrucou ele. Percebeu, então, o cenário maravilhoso que o rodeava. Confuso, não sabia se olhava para Aimee ou para o horizonte.

Enquanto Kepler e Aimee levantavam-se juntos, Ian e Agnes acordavam também. Não restava nada, aos quatro, além de questionarem-se sobre aquele cenário lindo e desconhecido.

— ... O que é isso... - perguntou Aimee. - Onde é que a gente ta?

— Aqui não é perto de casa de jeito nenhum... - murmurou Agnes, sorrindo.

— Qual a última coisa que vocês lembram? - indagou Ian.

— ... Eu lembro só daquele robô...

— Foi ele que trouxe a gente aqui? - questionou Kepler. - Como?

Aimee abriu a boca, prestes a tentar responder algo, quando surgiu-se, mais à frente deles, um novo show de luzes, tomando a atenção dos quatro. Pouco a pouco, por meio daquele brilho forte, podia-se ver uma figura se formando; a figura de uma pessoa. Em alguns segundos, as luzes se apagaram, revelando então um homem, de corpo totalmente liso e branco, sem nenhum detalhe ou textura, nem mesmo ao rosto. Os quatro adolescentes, confusos, acabaram dando um passo para trás. Aquele homem, em resposta, deu um passo à frente e, num gesto de reflexo, Ian meteu o braço esquerdo à frente de Agnes, como se a defendesse.

— Quem é você? - questionou o garoto. Agnes olhou para o amigo, surpresa com aquela atitude.

A figura branca não disse nada em resposta. Sem pressa, ele curvou-se à frente, deixando o joelho esquerdo ao chão, como se fizesse reverência aos quatro.

— ... Sejam bem vindos... - disse o ser. - sejam bem vindos, meus Reis.

Kepler e Aimee ergueram os rostos, olhando um para o outro de canto de olho, surpresos com aquela fala.

— Reis do quê? - perguntou Ian. - O que você quer dizer, onde é que a gente tá?

— Me perdoem por trazê-los para cá sem qualquer aviso prévio. Foram ordens de nosso Deus Yggdrasil. - explicou brevemente a figura, levantando-se lentamente. Era estranho, para os quatro amigos, vê-lo falando, pois não tinha boca, mas ainda assim vinha dele a voz, sabe-se lá por onde. - Eu sou o Agente Zero. Nosso mundo está em necessidade de ajuda, uma ajuda que não poderia vir daqui, então recorri aos senhores.

— "Deus Yggdrasil"? - perguntou Ian novamente, com tom de voz mais elevado. Ele não poderia evitar; não faria parte de sua personalidade ficar ali, parado, ouvindo aquele ser estranho falando coisas tão fora de noção logo depois de os raptar.

— Calma, Ian... - murmurou Kepler, erguendo a mão esquerda, fazendo um gesto qualquer para o amigo.

Enquanto os outros três processavam aquela situação de maneira emocional, Kepler tentava usar somente a cabeça. Ele entendia que, para Ian, a preocupação maior era aquele tal Agente ser alguma ameaça, mas isso já estava fora de questão. A única parte difícil seria compreender a natureza daquele ser e das palavras que ele dizia. Acreditar no que estava sendo dito seria, talvez, acreditar também no sobrenatural, e Kepler dificilmente conseguiria fazê-lo; ele dificilmente poderia acreditar que via um ser que ora era um robô, ora um homem sem qualquer textura física no corpo. De qualquer forma, Kepler entendia: o diálogo talvez fosse a única solução.

— Eu compreendo a sua confusão, rei, mas peço que ouça o que eu tenho a dizer. - continuou o Agente. - É algo de suma importância para a nossa espécie, para o nosso mundo... e também para o seu.

Ao mesmo tempo em que aquele ser estranho tecia suas palavras, Aimee percebeu que, por detrás da árvore, havia alguma coisa azul e pequena. Seria, talvez, algum filhote de animal que escondia-se ali, claramente com medo ou envergonhado. Por qualquer que fosse o motivo, ter aquela vista lhe fez criar coragem para lançar, em resposta ao Agente, uma proposta que cruzou sua mente num rápido instante.

— Você era aquele robô que trouxe a gente, então você deve conseguir voltar também. - disse ela, chamando a atenção de todos ali presentes. - Se a gente ficar e ouvir o que você quer falar, você leva a gente de volta?

— ... Se for esse o desejo dos senhores, sim.

Aimee acenou positivamente com a cabeça, pois já esperava uma resposta como aquela. Em consentimento, ela curvou-se e sentou-se à grama do chão, mantendo os olhos fixos ao rosto do Agente. Ian e Agnes encararam-se por alguns momentos sem saber como reagir, até que Kepler abriu a boca.

— ... Vamos pelo menos ouvir ele.

Disse e então sentou-se logo ao lado de Aimee. Agnes foi a próxima a decidir-se; ajoelhou-se, também próxima à Aimee, sentando-se por fim sobre os próprios calcanhares. Ian, ao ver aquilo, engoliu seco. Era difícil, pra ele, entender a passividade de seus amigos frente à alguém que eles não conheciam e que os havia raptado. Viu-se na desvantagem da minoria, entretanto, de forma que entendeu que não lhe restava outra alternativa. Sentou-se por fim.

— Eu agradeço a compreensão dos senhores. - disse o Agente. - Partindo do princípio, eu tenho o prazer de apresenta-los a esse mundo. Esse é o Mundo Digital.

Assim que disse aquelas palavras, o Agente ajeitou-se para sentar. Enquanto fazia isso, os quatro adolescentes erguiam os rostos e encaravam a luz brilhante do céu. Parecia igual ao céu que sempre conheceram, mas, ainda assim, havia algo de diferente.

— Eu sou o Agente Zero. Pelo que entendo, vocês são Ian, Agnes, Kepler e Aimee.

— ... É. - confirmou Agnes.

— Esse mundo, onde estamos agora, é o mundo criado para nós pelo nosso Deus Yggdrasil. Ele é habitado por criaturas diferentes de vocês, criaturas que são chamadas por Digimon.

— ... E o quê exatamente é um Digimon? - indagou Kepler.

— Há um bem perto de vocês nesse momento, caso queiram satisfazer suas curiosidades.

Enquanto Kepler, Ian e Agnes acreditavam que o Agente referia-se à si mesmo, Aimee entendeu de forma diferente. Pensou por um breve instante e então virou o rosto, procurando por aquele de azul que escondia-se por detrás da árvore.

— Perfeitamente, Aimee. - disse Zero, elevando a voz em seguida. - Por favor aproxime-se, Gabumon.

Saiu ele então, de trás da árvore, aparecendo para os quatro adolescentes. Era um dinossauro amarelo, de corpo gordo, vestido num manto azul que muito parecia-se com couro e pelagem de algum animal selvagem. Um chifre fino erguia-se pelo centro de sua cabeça. Assim que apareceu, os quatro escolhidos esbugalharam os olhos, encarando-o, em fascínio pela vista de algo que, ainda mais que o próprio Agente, era fantasioso.

— ... D-desculpem atrapalhar... - disse Gabumon. Sua voz era grossa, mas, apesar disso, não era agressiva. Ele claramente sentia-se envergonhado. - é que eu normalmente fico por aqui...

— Você não nos atrapalha. - respondeu Zero, gesticulando para a grama logo ao seu lado. - Venha, sente-se conosco.

Gabumon obedeceu e caminhou lentamente até chegar ao grupo, o que não levou muito tempo já que estava próximo. Sentou-se logo ao lado do Agente e ali ficou. A vergonha persistia em si, pois percebia que ainda era encarado por aquelas quatro figuras estranhas à sua frente; percebeu também, no entanto, que uma delas lhe via com mais admiração que as demais. Manteve a cabeça baixa, evitando cruzar olhares com suas companhias.

— Há muitos Digimons diferentes, cada um com seus nomes, visuais e visões de mundo. - continuou o Agente. - Tivemos pouco tempo de evolução como espécie, já que, comparados às dezenas de milhares de anos de idade de sua raça, temos apenas pouco mais de dois séculos de história. Nesse tempo, nós crescemos e vivemos juntos, em harmonia, porém houve uma exceção entre nós, uma única exceção que nos causou o maior dos problemas.

— ... Armenimon. - disse Gabumon, ainda de cabeça baixa. Foi estabelecido silêncio no grupo por alguns instantes, até que o Digimon, percebendo que era, novamente, alvo da atenção geral, ergueu o rosto. Transitou o olhar por entre cada um dos humanos e estacionou-o em Aimee. - Armenimon, é, ele era... ele era um de nós.

— Ele era um Digimon que não acreditava na Criação, nem mesmo na existência de Yggdrasil. - explicou Zero. - Pelo contrário, ele acreditava que o mundo era fruto do acaso e que, só por conta disso é que a injustiça e o mal eram possíveis. Num determinado momento da história, ele decidiu seguir a missão do massacre. Sozinho, ele começou a assassinar todos os Digimons, um por um, até que não sobrasse nenhum.

— ... Por que ele fez isso? - questionou Kepler.

— ... Bom, digamos que ele acreditava que, de duas, uma: ou Deus realmente não existe e, nesse caso, o massacre não é algo moralmente errado, ou então Deus existe e, nesse caso, ele poderia assumir esse posto tornando-se mais forte.

— Como assim “posto”? - indagou Ian. - Ele queria virar o Deus desse mundo, é isso?

— Precisamente. Ele descobriu, sozinho, uma parte importante da natureza de sua espécie: Quando um Digimon é derrotado em combate, seu corpo é reduzido à um aglomerado de dados que pode ser absorvido por aquele que o derrotou, fazendo com que o vitorioso torne-se mais poderoso. Por isso Armenimon tornou alvos todos os seus irmãos. Ele acreditava que, absorvendo todos eles, tornaria-se forte o suficiente para enfrentar Yggdrasil caso Ele existisse, e, se caso não existisse, “tudo bem”, já que, sem a existência de Deus, inexiste também a moral absoluta.

— ... E o que aconteceu? - questionou Aimee. Sentia-se ligeiramente confusa, assim como seus amigos, devido ao modo mais rebuscado de fala daquela figura.

— Ele cumpriu com seu objetivo. Armenimon conseguiu poder suficiente para alcançar o Núcleo de Yggdrasil depois de eliminar cerca de sessenta por cento da população desse mundo.

Para os quatro adolescentes, o choque daquela informação foi tremendo. Num comparativo simples com a população de seu mundo, que beirava os cinco bilhões de habitantes, sessenta por cento corresponderia a três bilhões. Uma taxa tão alta, nunca alcançada sequer pelos piores regimes terroristas da história.

— Nossa... - murmurou Agnes, fechando o próprio punho direito. Ian, por sua vez, baixou o olhar, pensativo.

— Sim. - retomou o Agente. - Um pecado impensável que nunca deverá ser repetido por ninguém nesse ou em qualquer outro mundo. De qualquer forma, ao alcançar o Núcleo, ele pôde confrontar Yggdrasil. O primeiro confronto foi o verbal, porque, percebendo que Deus de fato existia, Armenimon teve desejo de saber por que Ele permitia a existência do mal.

— Qual foi a resposta? - perguntou Kepler.

— ... Silêncio. - disse. Hesitou, pensando sobre as palavras que deveria usar em seguida. - A verdade é que, pra nós, que somos seres mundanos, é difícil entender sobre as coisas que estão, digamos assim, “acima” de nós, então teorizamos. Imaginamos que, talvez, a existência do mal seja nada mais que a consequência da existência do livre arbítrio, dado à nós pelos nossos criadores, para que tenhamos a liberdade e consciência que nos torna quem realmente somos... para que possamos ser verdadeiramente vivos e individuais.

Aimee, naquele momento, sentiu-se como se estivesse numa aula, uma aula muito mais interessante - e, quem sabe, importante - que as que tinha. Kepler, por sua vez, sorriu ao ouvir aquelas palavras, pois elas, de alguma forma, confirmavam-lhe algumas poucas coisas nas quais pensava quanto ao sentido da existência.

— Armenimon não se contentou com o silêncio, então ele atacou... Yggdrasil não é um Digimon, claro, então não caberia à Ele batalhar, então Ele defendeu-se com a ajuda de um Digimon.

— Qual? - questionou Ian.

— O projeto digital. O primeiro Digimon criado por nosso Deus.

Os adolescentes, ao menos à princípio, imaginaram como seria tal primeiro Digimon e imaginaram também como seria aquela batalha. A realidade, no entanto, havia sido bem diferente de suas imaginações - estava ali Armenimon, um Digimon humanóide, vestido numa armadura de aço negro rente ao corpo, máscara também negra que lhe cobria todo o rosto e testa, cabelos louros e longos. Seus pés pisavam no vidro de um salão branco gigante que compunha o Núcleo do Mundo Digital.

— Por quê? - rosnou Armenimon. - Por que você defende a natureza vil da nossa criação!?

Ao centro do Núcleo havia um pedestal alto de vidro, que trazia, em seu topo, um globo. Era claro, para Armenimon, que aquele era Yggdrasil. Seu questionamento não era direcionado à Ele, no entanto, mas sim à uma figura que punha-se à frente do Pedestal em sua defesa: um Cavaleiro, paramentado numa armadura negra, desuniforme e de detalhes dourados, que usava uma capa branca e que estampava, por além de duas estruturas finas e retas que protuberavam-se pelas suas costas, um par de asas brancas de textura similar à pano. Aquele era Alphamon.

— Não caberá nunca à você dizer qualquer coisa sobre isso - exclamou o Cavaleiro em resposta. - porque você mesmo é o maior mal que esse mundo já conheceu!

Armenimon estende os dois braços à frente, num ângulo baixo, com as mãos à altura do quadril. A armadura de seus antebraços transforma-se, então, criando um par de lâminas ligeiramente curvadas para dentro, de pouco mais de um metro de comprimento cada.

— Você não compreende que, se alguém como eu pode existir, o problema não sou eu e sim o mundo! Mas não importa, porque eu vou reescrever essa realidade! Eu vou tomar o lugar de Yggdrasil e criar uma realidade melhor, nem que seja por cima de seu cadáver!

Armenimon avança, de braços abertos, sem medo de nada. Sua mão direita, bem mirada, traça um golpe certeiro que, num último instante, é desviado por Alphamon. Já em seguida, o cavaleiro empurra-o violentamente, fazendo o adversário arrastar-se para o lado, em pernas firmes, riscando o chão. Antes mesmo que o demônio de máscara pudesse resgatar controle sobre o proprio movimento adequadamente, foi chutado com força para trás, perdendo, definitivamente, o equilíbrio. Rolou-se para trás, no entanto, numa cambalhota, pondo-se em pé rapidamente.

Por estar já em pé, Armenimon viu Alphamon dando um passo ao lado, calmo, pondo-se, novamente, no ângulo preciso à frente de Yggdrasil, sem fazer mais nada; cabia-lhe apenas a defesa do pedestal. Aquela cena causou ira ao demônio, que, rapidamente, juntou os dois braços e, por consequência, as duas lâminas. Avançou por um salto, com as mãos apontadas para o adversário e com o corpo girando como um pião, planando em alta velocidade. Alphamon recebeu-o com a palma da mão direita aberta, imbuída em poder; assim que o ataque e a defesa chocaram-se, uma onda de energia verde expandiu-se pelo local, empurrando levemente ambos os duelistas. Armenimon, por suas circunstâncias, foi forçado, de braços abertos, mais alto ao ar, e, por um breve instante, pôde encarar seu adversário - instante esse no qual teve a certeza de ouvir três palavras que, juntas, compartilhavam um significado maior do que ele poderia compreender.

Digitalização da Alma!!

A mão direita do Cavaleiro ainda estava aberta e estendida. Ela foi erguida, mirada à Armenimon, criando um brilho verde que aumentava a cada instante. De repente - uma rajada única de poder disparou-se, cuja luz consumiu toda a vista do demônio, que, com as lâminas de seus antebraços, tentou defender-se. Foi-se, ainda assim, guiado pela força do feixe, até a extremidade do Núcleo, batendo-se de costas ao vidro inquebrável e soltando um resmungo alto por dor. A luz verde sumiu, então, e Armenimon caiu de sua altura até chegar ao chão uma vez mais.

— Eu estou aqui para manter a Ordem de nosso Mundo Digital! - rugiu Alphamon. - Essa é a diferença entre um Cavaleiro de Deus, como eu, e um arruaceiro e criminoso como você!

Armenimon não dizia nada. Grunhia, no entanto, frente às dores que sentia. De corpo trêmulo, ele remexeu-se ao chão e, com dificuldades, ergueu-se. Mostrou a face e então Alphamon viu o estrago que havia causado: uma parte da metade direita da máscara havia quebrado, de forma que um único olho de retina vermelha apareceu-se à vista.

— Os dados que você coletou por tanto tempo de massacre lhe serão tirados. - continuou Alphamon. - E toda a vida tirada em solo digital será trazida de volta.

— Não. - murmurou Armenimon. - Nada vai ser tirado de mim, nunca!

O demônio falou e, com calma, levou as duas mãos às laterais do corpo, demonstrando as palmas e criando, nas lâminas, um brilho que era ora vermelho ora negro. Por fim, restava-lhe abrir a boca e atestar algo importante.

— Nada, porque esse poder é meu!!

Armenimon avançou em corrida. Alphamon, vendo aquilo, percebeu que era hora da batalha se encerrar. Estendeu a mão esquerda ao lado e, de forma coreografada, jogou-a para cima e para baixo, para a esquerda e para a direita. Em alguns instantes, formou-se uma camada densa de energia da qual o Cavaleiro arrancou, numa invocação, uma Espada Suprema, de lâmina espaçosa e comprida, que trajava cores similares às de sua armadura. Usou-a, com as duas mãos, para um golpe massivo assim que Armenimon aproximou-se, jogando-a num ângulo horizontal. O demônio saltou, esquivando-se do ataque, e, de princípio, acertando o ombro direito do cavaleiro com um corte vertical que lhe fatiou uma pequena parte da armadura.

Os duelistas cruzaram lâminas por breves instantes e Armenimon por pouco conseguiu manter-se num mínimo pé de igualdade na luta. Um último golpe, por parte de Alphamon, levaria a batalha ao fim: novamente na horizontal, ele guiou a espada para um corte preciso e Armenimon, por sua vez, ergueu os dois antebraços para defender-se com suas lâminas. Confiante, usou de seu poder para imbui-las uma vez mais numa energia negra e vermelha, mas mesmo isso não foi o suficiente - a Espada Suprema do Dragão cortou-lhe as lâminas fora, porém o impacto, junto da energia, fizeram ricochetear a espada de Alphamon para longe ao mesmo tempo. Perder suas armas fez com que Armenimon hesitasse por um instante. No entanto, ele foi o único que hesitou: Alphamon, apressadamente, meteu a mão direita à área do pescoço do adversário e, com força, empurrou-o para baixo, levando-o nocauteado ao chão.

— Chega. - disse o Cavaleiro. Armenimon, de uma forma ou de outra, tentava medir forças contra seu adversário para erguer-se e livrar-se, sem sucesso. - Sua era de pecados chega ao fim agora. Você será levado para a Justiça de Yggdrasil e caberá somente à Ele decidir o qu-

O som que interrompeu a fala de Alphamon era inconfundível - o som de uma placa magra e fina de aço ou ferro adentrando uma outra estrutura similar. Junto com o som, veio a dor e a realização; Armenimon, de alguma forma, havia feito a lâmina de seu braço esquerdo crescer novamente e ela foi então, mergulhada novamente numa energia negra, cravada à altura das costelas de seu adversário. O Cavaleiro resmungou e perdeu levemente o equilíbrio, enquanto que o demônio erguia o tronco e encarava o outro olho a olho.

— Esse mundo... - disse Armenimon. Abriu um sorriso que não poderia ser visto por Alphamon devido à sua máscara. - nunca vai se livrar de mim...

O mesmo som agudo e violento de outrora seguiu adiante à frase de Armenimon, indicando que seu antebraço direito havia feito recrescer sua lâmina e havia, também, cravado-a à altura do peito do Cavaleiro. Alphamon, por sua vez, faltou com qualquer expressão facial. Sua mão direita, que ainda via-se à altura do pescoço do demônio, fez brilhar uma luz verde, preparando um último ataque. A luz brilhava cada vez mais forte e, em cinco segundos, tomou a vista de ambos os duelistas, que, até o final, encararam um ao olho do outro.

De nenhuma forma os quatro adolescentes poderiam conceber uma história como aquela.

— ... E o que aconteceu depois disso? - questionou Kepler.

— Armenimon foi derrotado. - respondeu o Agente. - Os dados que coletou ao longo de toda a sua história de crimes foram tirados dele, de forma que perdeu os poderes. Perderia também a própria vida, mas...

Antes de continuar, Zero hesitou por alguns instantes.

— Ele foi perdoado por Deus e pôde continuar vivendo. - disse. - No entanto, foi condenado por um castigo: junto com seus poderes, perdeu também as memórias e as noções de quem era. Voltou a viver como um Digimon fraco e odiado por aqueles que o conheciam, vagando sem rumo pelas terras.

— Não me parece uma punição muito justa perto de tudo o que ele fez. - comentou Aimee. Ela assim o disse pois não pôde manter-se em silêncio; a fala pulou de si tal como um animal que, até então enjaulado, pula à liberdade.

— … As únicas coisas conhecidas que poderiam ser maiores que os crimes de Armenimon são o perdão e o amor de Deus. - respondeu o Agente. - Talvez não possamos compreender, mas Yggdrasil jamais seguirá a regra do “olho por olho”. Não é essa a visão de justiça que Ele segue.

Aimee acenou positivamente com a cabeça e não disse mais nada. Agnes, por sua vez, enxergou-se na fala de Zero; era praticamente impossível, para ela, entender como um crime tão bárbaro como aquele descrito poderia ser perdoado.

— De qualquer forma, foi depois disso é que começou um outro problema, um problema talvez até maior. - continuou ele. - A camada massiva de dados que Armenimon trazia consigo era tão densa que Yggdrasil não pôde manipula-la facilmente. Ele tentou prender todo esse poder numa Relíquia Sagrada que, por sua vez, também não aguentou tanto poder e acabou quebrando-se e caindo em solo digital. Ela partiu-se em onze pedaços diferentes, que caíram em onze polos diferentes de nosso mundo.

— Se um Digimon pode absorver os dados e energia de outro... - comentou Ian. - isso significa que...

— Sim. Eles podem absorver a energia dessas relíquias também. E o primeiro que fez isso foi o próprio Armenimon, pouco tempo atrás.

Os quatro humanos não disseram nada. Pensativos, baixaram a cabeça. Aimee, em exceção, encarou Gabumon uma vez mais.

— Junto com parte de seus poderes, Armenimon recuperou também suas memórias. - continuou Zero. - Ele se lembra de tudo o que aconteceu e está agindo, nesse momento, para reaver todas essas relíquias e todo o seu poder. Ele provavelmente fará um massacre ainda maior no meio de seu caminho e seu objetivo é novamente de ir até Yggdrasil, dessa vez ainda mais forte.

— E vocês não podem pedir pra que os próprios Digimon absorvam o poder dessas relíquias pra batalhar contra Armenimon. - afirmou Kepler, levando o dedo indicador curvado até a boca.

— Não, não podemos, pois, se absorvidas por algum Digimon, elas vão contaminar esse indivíduo com as memórias e intenções vis de Armenimon.

— É por isso que você pediu a nossa ajuda? - questionou Agnes. - Você acha que a gente pode usar esse poder, de alguma forma, sem ser tomado pelo mal?

— Como vocês não são originados desse mundo, não são compostos como os Digimons, então não poderão absorver, para si, nem o poder e nem a essência de Armenimon que há nas relíquias, mas... não se enganem, há força em vocês. Há energia dentro de suas almas, e acredito que ela possa servir como um filtro... se vocês se aliarem, cada um à um Digimon, vocês poderão dar, à eles, poder suficiente para batalhar. Vocês poderão dar, à eles, um poder maior que normalmente qualquer Digimon poderia ter sozinho.

Aimee, uma vez mais, encarou Gabumon, que lhe encarou de volta. A garota sorriu e, então, o Digimon sorriu também.

— O objetivo da missão seria de procurar pelo máximo de relíquias possível para tira-las do alcance de Armenimon, e, claro, se possível, derrota-lo. Se não aceitarem a missão, eu os levo de volta ao seu mundo, assim como combinado no começo, e procuro por outros indivíduos...

Assim que o Agente terminou sua fala, Aimee virou o rosto à esquerda, encontrando os olhares de seus amigos. Alguns breves instantes foram mais que suficientes para que todos entendessem-se. Juntos, eles encarariam o mesmo destino.

— É claro que a gente aceita. - disse a garota. - Vamos ajudar.

Zero baixou o rosto levemente. Sentiu-se feliz e realizado. Desde o começo, ele não tinha dúvidas de que aqueles quatro humanos aceitariam sua missão, pois, com certeza, eram heróis em seus corações.

— Nós agradecemos. - disse ele. - Haverá de viver, em vocês, o desejo de nosso Criador.

— Eu só tenho uma dúvida... - retomou Ian. - O que aconteceu com Alphamon no final? Onde ele está?  

Os quatro adolescentes e Gabumon encaram Zero em seguida. Apesar de não haver rosto naquele ser, foi nítido, à eles, que o Agente havia se surpreendido.

— ... Bom, ele... Alphamon cumpriu com o seu destino. - disse. - Ele cumpriu com seu objetivo e defendeu o núcleo de Yggdrasil, como o mais valente dos Cavaleiros, contra a maior ameaça já vista na história.

Passaram-se alguns breves instantes de silêncio e Zero percebeu que apenas aquelas palavras não satisfariam a pergunta e a curiosidade daqueles que lhe encaravam.

— Quem sabe o vejamos vivo novamente em algum momento, seja em nossa era ou em alguma próxima. - finalizou ele.

Uma leve tristeza abateu o coração dos quatro humanos e de Gabumon. Junto dela, veio também uma vontade de poder fazer a diferença - uma vontade de jamais deixar que injustiças como aquela acontecessem novamente.

Zero levantou-se, gesto esse que, intuitivamente, convidou aos outros cinco ali presentes a levantarem-se também.

— Nossa localização atual é próxima da Cidade do Princípio, lugar onde ocorre o nascimento de novos Digimons. - disse o Agente. Virou o corpo e apontou, com a mão direita, ao leste dali. Os olhares dos humanos guiaram-se à região apontada. - Minha recomendação seria que seguissem por lá. Infelizmente não tenho, para lhes passar, as localizações atuais das Relíquias, de forma que precisaremos de exploração por parte dos senhores.

— Pode deixar, deixa com a gente. - disse Ian.

Agnes foi a primeira a perceber que os pés de Zero, pouco a pouco, desapareciam no invisível. Ela o encarou, mas, confusa, não disse nada.

— Há tantos e tantos Digimons de bom coração nesse mundo. - disse o Agente. - Não será difícil encontrar aliados. Desejo-lhes toda a força e sorte... e tenho certeza de que nos veremos de novo no final.

De baixo à cima, o corpo de Zero continuava a desaparecer, jogando, pelos ares, algumas pequenas partículas amarelas. Em poucos segundos, ele já não estava mais ali; havia, agora, nada além de um emaranhado de partículas, que, aos quatro humanos, fez lembrar as estrelas do céu de seu próprio mundo. Alguns instantes depois, no entanto, já não havia mais nada.

— Bom, já que a gente não conhece esse lugar... - disse Aimee. Virou-se e encarou seu amigo Digimon. - Acho que a gente vai precisar de um guia.

— ... Um guia? - indagou Gabumon. Tal questionamento arrancou um sorriso da garota e dos outros humanos ali presentes.

— Não quer vir com a gente? - perguntou ela de volta.

Gabumon, sem jeito, não soube o que responder. Teve medo, pois era clara a ameaça do mal pelo qual o mundo passava. Viu, no entanto, a mão direita daquela garota humana estender-se em sua direção. Trocou olhares com a menina e viu, nos olhos dela, uma luz que nunca antes havia visto. Sentiu-se solicitado e necessário, de forma que talvez nunca antes tivesse o sido. A hesitação morreu e o medo também morreu. Não havia alternativa - Gabumon ergue a mão esquerda e a amarra à mão de Aimee. Sua perna direita avança em caminhada e seu rosto sorri pela primeira vez naquele dia. Sua cabeça é alcançada por Ian, num gesto simples de cumprimento e abraço, enquanto Kepler e Agnes também aproximam-se. Gabumon vê-se rodeado de seres tão diferentes, que, ainda que não o conhecessem, já o consideravam um amigo, coisa essa que nunca havia lhe ocorrido até então. Torna-se claro, para ele, que o seu lugar é ali, junto daquele grupo, ajudando e honrando aqueles humanos por todo o tempo que ainda houvesse.

 

 

Digimon: Relics of the Sacred


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