Hayato era um lobo solitário e isso acabava sendo algo que ele conseguia deixar claro apenas com sua presença arredia e olhar enfezado, estando disposto a comprar briga a partir de um mero aceno de mão mal pensado, ele sempre vivera em seu próprio mundo - em sua própria tempestade - que ninguém nunca se importou ou se preocupou verdadeiramente em entender, cego demais em sua própria revolta até que o céu lhe trouxesse a tranquilidade de um cenário sem grandes turbulências.

Entretanto sem a umidade da chuva e seu acúmulo de nuvens, não existem tempestades e tão pouco trovões na ausência desses fatores.

E não fora sozinho que o lobo solitário abrigado no peito de Hayato conseguira o posto de guardião da tempestade ao lado de seu tão idolatrado décimo, em verdade somente ocupando um espaço na família que se formara ao redor de Tsunayoshi que ele enfim entendera o significado de fazer parte de uma família e de como sozinho, seu elemento em essência tal como sua personalidade, só seriam capazes de causar destruição passando longe de serem capazes de fornecer a proteção e segurança aqueles que passaram a serem queridos por ele.

Ao menos fora o que ele pensara observando Lambo dormir em seu colo, depois de causar o caos na casa dos Yamamoto com sua insistência em aprender a lutar com uma espada em mãos e apenas testando o bom humor do pai de Takeshi, que também dormia com a cabeça recostada em seu ombro depois de aturar todas as ideias absurdas do garoto.

Naquele momento ele sentia conforto e tranquilidade, seu coração parecia feliz demais só de estar servindo de apoio para dois corpos sonolentos.

— O garoto sabe como se divertir.

— É surpreendente você ter conseguido lidar com ele tão bem.

Tsuyoshi se sentara ao seu lado com um copo de chá em uma das mãos, a outra afagando os cachos do cabelo de Lambo, que agora roncava com a boca aberta.

— Takeshi não foi uma criança quieta, se é o que te incomoda.

Um sorriso tímido surgira sem que ele notasse.

— Nisso eu consigo acreditar.

E como se apenas ter seu nome sendo mencionado fosse o suficiente para que ele se pronunciasse, Takeshi se dera por desperto.

— Mas eu não era tão agitado quanto o Lambo, nisso você tem que concordar pai.

— Acho que nenhuma criança chega perto do garoto.

Os dois acabaram rindo diante do comentário, quase acordando Lambo junto e fora pura sorte o sono do garoto ser pesado o suficiente para voltar a puxá-lo para a terra dos sonhos.

Suspirando, Hayato voltara a brincar com as mechas cacheadas dele.

Ter ficado a cargo do bezerro barulhento naquela tarde pôde ter sido o prenúncio do caos para ele, com nuvens carregadas sobre sua cabeça, prontas para eclodir em uma tempestade ferrenha mas acabara que ter encontrado com Takeshi no meio do caminho fizera com que aquele dia acabasse se tornando um dos mais memoráveis e longe dele pensar que apenas brincar com Lambo, até que ele se esgotasse por completo, fosse ser algo tão reconfortante para seu coração.

Hayato Gokudera era alguém cercado por nuvens tempestuosas mas aqueles que se atreviam a ficar e esperar pelo fim da tempestade eram agraciados com uma dedicação fora do comum.