Aurora Boreal - Twilight escrita por Julie Álvares


Capítulo 8
Nós


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora!
Estou empenhada em continuar isso aqui, prometo!



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Eu respirei fundo aguardando seu convite, eu precisava de um gesto, um sinal de que era exatamente aquilo que ele queria, mesmo que fosse meia palavra.

Mas ele me olhou daquele jeito intenso e repleto de um desejo ardente e silencioso e estendeu a mão:

— Venha, Bella, eu vou lhe mostrar a casa. Ela significa muito pra mim. É meu lugar favorito em todo o mundo.

Sorriu de um jeito quase inocente, deixando aquele momento sensual e inebriante pra trás, de uma hora para outra.

Eu estava mais uma vez ali, entendendo tudo errado?

Até quando Edward Cullen iria me confundir e me enganar?

Eu estava começando a ficar irritada. Sinceramente.

Peguei sua mão estendida, seu toque gelado me atingiu com mais força agora que eu estava mais quentinha por estar naquela sala aquecida.

Então ele beijou minha mão.

— Bella, eu quero você. - Ele chegou mais perto. - Eu quero lhe mostrar o quarto, eu acho que você vai amar.

Como aquele beijo podia ser tão gostoso quando pensei ter a sensação de que os lábios eram frios e firmes demais para serem humanos?

Sorriu e me puxou escada acima, a casa realmente era quentinha e aconchegante. Passei pela sala e olhei mais uma vez para a lareira e em frente um tapete felpudo que estava me chamando de certa forma.

Eu me animei de novo, eu não sabia o que ele estava tentando fazer mais eu entraria naquele jogo, eu estava ali para me divertir, me divertir com ele.

Fomos até a última porta no final do corredor, ele a abriu e me vi maravilhada com o quarto amplo e iluminado, decoração puramente feminina, a cama com dossel quase tirou meu fôlego, rodeada de cortinas, era o quarto de uma princesa.

Eu olhei pra ele, nos olhos e tomei fôlego antes de dizer qualquer coisa e me arrisquei:

— Esse quarto é lindo, Edward. - eu sorri apaixonada pelo lugar. Como e quando eles haviam construido aquele lugar? E porquê?

— É seu. - Ele abriu um de seus sorrisos mais lindos, que eu havia visto poucas vezes. Bem, na verdade eu sentia que as poucas vezes que havia visto não estavam documentadas em minha memória, eu podia jurar que já havia visto outras vezes, mas eu não podia me lembrar quando.

E isso ia contra tudo o que eu acreditava que tivesse acontecido entre nós.

Então eu cheguei perto dele e coloquei minha mão em seu rosto. Dividida entre o choque de que havia algo muito errado com minha memória e o outro choque de saber que aquele quarto era meu, ainda assim, eu não pude deixar de tentar tocá-lo para saber ou entender até onde aquilo estava me levando.

Sua pele era muito firme pra ser humana, como eu já havia constatado na outra noite, com textura suave mas muito dura. Era uma pedra, macia ao toque mas dura demais pra se tratar de uma pele orgânica.

Edward não era humano, mais uma vez aquela certeza me impregnou.

Olhei para os detalhes em seu rosto, os olhos um pouco mais escuros agora, lamentei não ter notado antes, os cilios espessos, muito perfeitos e imutáveis, a sobrancelha muito cheia e bem demarcada...Eram esses os detalhes que lhe garantiam alguma humanidade. Uma falsa sensação de que ele podia ser um habitante comum desse planeta.

Mas percebi que esse desejo era nosso, dos expectadores, nós queriamos secretamente que aquela perfeição fosse apenas humana. A verdade é que ele não poderia ser. Ele não chegava nem perto.

Ele ainda me olhava. Ele franziu as sobrancelhas, como se houvesse perdido algo. Eu cheguei mais perto.

Eu era tão baixinha que minhas orelhas encaixavam entre o seu peitoral musculoso, eu o abracei, fiquei ali, com os ouvidos atentos aos seus batimentos cardíacos, eu esperei por eles, mas eles nunca vieram. Edward não tinha um coração?

Um estremecimento passou por meu corpo. Ele não tinha sangue em seu corpo? Como funcionava? Qual era a engrenagem da sua sobrevivencia? Eu não sabia, mas então ele me abraçou também e esperou...

Ele sabia que eu chegaria as conclusões que eu chegava naquele momento e esperava por minhas perguntas ou por minhas respostas.

— Obrigada pelo quarto, mas não entendo como ele poderia ser meu. - Respirei fundo mais uma vez sentindo seu cheiro inebriante, ainda com a cabeça em meio aqueles músculos esculpidos em pedra.

— É tudo seu, Bella. - ele passou a mão por meu cabelo. - Eu construi tudo isso pra você.

Ou ele era louco ou eu estava alucinando. E eu estar alucinando fazia muito mais sentido.

Então eu parei de tentar entender como e por que eu estava ganhando uma casa dele. E fui pra uma questão mais complexa... Uma questão complexa sobre sua origem.

Afinal Edward e toda a sua família só podiam ser alienígenas.

Então ainda abraçando-o eu toquei no assunto da forma mais sútil que encontrei:

— Quando pretendia me contar que nem sempre viveu nesse planeta? - Fechei os olhos.

Era o meu melhor e único palpite: Extraterrestre.

— Eu não sou um ET, Bella. Errou feio. - senti que ele sorria.

Notei aquela altura que Edward também não respirava.

— Eu não tenho outro palpite. - Suspirei resignada e me afastei para olhar nos seus olhos.

— Pra começar, eu gostaria de contar que eu posso ler seus pensamentos quando esta distraída, quando esta realmente absorta ou quando esta dormindo, mas quando esta concentrada ou fazendo algo: não, então, nesse momento eu não consigo ler seus pensamentos e isso me deixa louco. E não é assim com todo mundo, no geral eu leio qualquer pensamento em qualquer condição de qualquer outro humano ou... - ele hesitou. - vampiro.

Minha pele se arrepiou.

Edward podia ler minha mente. Ele sabia que eu era virgem? Que humilhante.

Ele era um vampiro, como aquilo era possível? Então antes que eu caísse eu andei até a cama e me sentei no grande colchão que era a coisa mais confortável que eu já tinha sentido ou visto em minha vida.

Ele era um monstro? Eu estava alucinando. Mesmo.

Eu já sabia que Edward não respirava. Isso estava claro desde a última vez que nos vimos, ele não respirava naquele dia, apenas simulava uma respiração, mas hoje ele nem tentava.

Um vampiro esta tecnicamente morto, o que faria todo sentido, e sem mais nem menos, eu estava completamente rendida ao que ele estava me dizendo, sem de fato achar estranho que aquilo fosse a coisa mais absurda que alguém poderia dizer, eu realmente não deveria estar acreditando nisso, mas fazia sentido, é como se eu estivesse reconhecendo aquela história, como se eu já soubesse disso, mas me esquecera.

Ele tinha esperança que isso viesse a tona, mas aquilo estava suprimido no fundo de minha alma, era impossível que eu me lembrasse sem que antes ele dissesse. Essa era a verdade, conforme ele me dizia coisas, portas dentro de mim estavam sendo abertas. Abertas às frestas e não escancaradas, eu só podia entender que o fato de ele ser um vampiro era real... Mas só.

Nada mais vinha em minha mente sobre ele ou sua família.

Olhei pra ele enquanto ele se aproximava, eu estava triste com aquilo, porque eu teria que saber sobre absolutamente tudo que implicava em ser aquela criatura, e então minha noite de sexo com o Cullen estava completamente frustrada, de novo. E aquilo era humilhante mais uma vez, porque era a única coisa que eu queria mais do que aquela conversa que era mais do que importante, meu desejo por ele era tão forte, ainda mais que agora eu sentia que nós estávamos ligados por aquele estranho segredo.

— No que consiste sua dieta? - Arrisquei aquela pergunta.

— Sangue animal, minha família e eu. - Sorriu.

— Hmm... - Disse avaliando. - Interessante. Por favor, eu vou te encher de perguntas, espero que não se importe... - Ri para aliviar a tensão. - Você está morto?

Respirei fundo esperando a resposta.

— Sim. - Ele disse apenas. - Pode perguntar tudo o que você quiser, Bella.

Então meu estomago roncou. Eu estava com fome, mesmo que o barulho fosse mais uma sensação e não teria sido ouvido por qualquer outro ser humano, eu sabia que Edward tinha ouvido e sentido.

— Acho que você precisa comer alguma coisa. - Ele disse sorrindo. - Acredita que eu não estava muito preparado pra isso? Acho que vou ter arranjar algo pra você comer, me desculpe por esse deslise imperdoável, mas faz bastante tempo que eu não socializo com humanos.

Então eu me senti desesperada por não incomodá-lo.

— Edward, por favor, esqueça isso, eu posso comer mais tarde quando for pra casa, além do mais eu estou treinando pra residência, não terei muito tempo pra comer então imagino que eu vá estar sempre com fome... - sorri e me levantei pra segurar sua mão.

Ele entrelaçou seus dedos nos meus e levou minha mão até seus lábios e a beijou, arrepiando todo o meu corpo.

— Você não ficará com fome em nossa casa.

Nossa?

Caramba, ele disse mesmo a palavra "nossa" e aquilo tava cada vez mais intenso.

Eu estava intensamente louca.

E antes que eu pudesse formular mais pensamentos sobre aquilo ele me disse:

— Eu espero voltar antes que você desista de mim. - Ele beijou a ponta do meu nariz e sumiu.

Sumiu.

Sumiu mesmo, corri para o corredor, a porta estava aberta o que provava que ele havia passado por ali uma vez que ele havia fechado quando entramos, a porta da entrada da casa estava aberta porque eu podia sentir o frio entrando. Então corri para fechar.

Então eu estava sozinha ali, por pouco tempo.

Enquanto vagava pelo primeiro andar encontrei outra sala repleta de livros e um piano de calda.

Um piano que parecia ter custado mais do que toda a minha bolsa estudantil até a especialização.

Bom, ele parecia custar mais do que todo o dinheiro que eu poderia sonhar na vida, e não que todo o resto da casa não fosse suficientemente luxuosa.

Era tremendamente injusto que os Cullens fossem uns tremendos esbanjadores.

Respirei fundo e me sentei em frente ao piano e levantei a coisa que cobria as teclas, passei minhas mãos por ela, eu sabia que Edward havia tocado naquele piano, sabia que ele ficava ali sozinho tocando aquele instrumento gracioso e caríssimo.

Então mergulhei para um lugar no passado, uma lembrança muito esclarecedora, para ajudar a clarear meus pensamentos diante daquele deus grego que logo voltaria a minha frente e me enfeitiçaria com sua beleza:

Ele havia me tratado tão mal naquele dia, eu tinha tomado toda a coragem que alguém como eu precisaria para ir até alguém que estava sempre cercado da família para dizer que queria poder se despedir e ele havia dito um simples: "Esquece, Srtª Swan, nós não somos amigos."

Aquilo havia cortado meu coração e claro, me humilhado, Alice virou o rosto e a loira alta me olhou como se eu fosse um inseto nojento. Daquilo eu me lembrava.

Nem tive coragem de olhar para os demais, eu me sentia suficientemente humilhada só de olhar para as duas mulheres. Jess e Angela me prometeram que jamais falariam sobre Edward de novo e então nós nunca mencionamos, nunca dissemos que sentíamos falta da beleza deles no colégio, ou até mesmo da riqueza ostentosa de seus carros no estacionamento da escola de Forks.

Mesmo que sentíssemos.

— Queria poder apagar essa memória em especial de sua mente.

Tomei um susto e olhei pra trás onde ele parava na porta.

Ele podia ler meus pensamentos quando estava distraída. Era verdade... Isso se não estivesse mentindo e pudesse ler meus pensamentos a qualquer momento.

Tudo era possível agora que eu tinha certeza que ele podia ler meus pensamentos.

— Desculpe, achei necessário lembrar. - Desviei o olhar e fiz um muxoxo. - Não é nada pessoal, mas aquele dia me ensinou algumas coisas sobre você... Então... Se acordar amanhã e me chamar de Srtª Swan não será necessariamente um espanto.

Ele respirou fundo.

— Eu nunca vou fazer aquilo com você de novo, Bella. - Ele chegou perto e segurou meu rosto para que eu o encarasse, o olhasse em seus olhos agora amendoados, estavam dourados na última vez, mas agora, mais escuros. - Bella, aquilo foi a pior coisa que eu poderia ter feito, eu fui estúpido, mas em minha defesa eu fiz isso por seu bem, Bella, eu queria poder te mostrar, te mostrar o que eu vi se eu tivesse ficado naquela época, no quanto as coisas seriam diferentes, pra nós, pra sua família, pra minha família e ate mesmo pra Jacob Black.

O nome me causou um arrepio. O que ele podia saber sobre Jake? A não ser a história que Jake me contara em La Push uma vez.

Calma... Eu estava quase me contando sobre o conteúdo daquela história e ela tinha tudo o a ver com o que estávamos conversando naquele momento.

Mas a lembrança não vinha.

Eu estava mentalmente exausta, olhei pra Edward, pra aquele homem imenso e sedutor com o rosto que beirava ao de um menino e o abracei com força. Ele me abraçou também, não sei por quanto tempo, não sei porque, eu ainda tremia, eu só não queria mais pensar sobre aquilo e nem tentar lembrar, eu me sentia psicologicamente exausta, então disse:

— Por favor, por favor, podemos falar sobre isso amanhã? - Perguntei enquanto sentia o cheiro almiscarado e inconfundível que vinha dele.

Era o melhor cheiro, o melhor homem, o melhor abraço e a mais linda voz que eu já havia ouvido.

Era sem sombra de dúvidas o homem mais lindo que eu já havia visto também, então eu estava ali aninhada contra seu corpo, torcendo pra que ele aquele momento não terminasse nunca.

Sabia que acontecia algo estranho com ele agora e acontecia algo estranho com ele 6 anos atrás.

Ele estava confuso, estava absorto em seus pensamentos, mas eu sabia que ele tinha voltado por mim e por mais que eu estivesse alucinando, naquele momento eu não tinha nenhuma escolha se não acreditar nele.

Acreditar nele sobre ter sido difícil ser um grande babaca comigo, e que havia sido difícil ter me dito aquelas coisas. Ele estava tentando me proteger. Ele se sentia no dever de me proteger naquela época.

Mas... Me proteger de quê?

Eu tinha tantas perguntas, eu jamais pararia de fazer perguntas naquela noite até que alguma coisa começasse a fazer sentido e só de pensar na complexidade das respostas com as quais eu teria que lidar... ali, naquele momento, encostada ao peitoral duro e musculoso de Edward Cullen eu tinha decidido que nós teríamos uma noite mais do que agradável e que eu descansaria ali, que naquele dia, pelo menos naquela noite eu fingiria que tudo aquilo podia e teria de esperar porque nós tínhamos assuntos mais importantes pra lidar...

Nós.

Daquele jeitinho que estávamos, juntos.

Eu não sabia quanto aos sentimentos dele, mas eu sentia que todo o universo estava trabalhando em favor daquele abraço e dos beijos que viriam, porque eu iria beijar Edward Cullen a noite inteira se fosse possível.

Eu podia sentir agora o sentimento quente e eletrizante que estava guardado em algum lugar em meu coração, ele escapava de um lugar obscuro e esquecido e preenchia meu corpo com insanidade.

Eu estava em casa, era minha sensação. E que sensação estranha e perturbadoramente... Prazerosa.

 


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Notas finais do capítulo

Gratidão à você que chegou até aqui!



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