Me prometa escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo único - Me prometa


Notas iniciais do capítulo

IMPORTANTE: Para quem não sabe, uma das propostas de roteiro de "O Espetacular Homem Aranha 3" era que um grupo de cientistas, ligados à Oscorp se não me engano, criaria um experimento para tentar trazer pessoas de volta à vida, e uma das cobaias seria o capitão Stacy. Não gostei de tudo que vi desse roteiro, e acho até bom que não tenham feito, porque algumas coisas eram ainda mais nada a ver que o segundo filme, mas não me saiu da cabeça de como isso seria a porta perfeita pra trazer Gwen de volta, e o inestimável desperdício que seria se não fizessem isso. Então me vieram ideias e escrevi essa one-shot experimental. Se mais ideias vierem, talvez eu faça uma versão mais longa e mais detalhada dela no futuro. Algumas acontecimentos daqui podem mudar pra adaptar melhor a história se isso acontecer. Por hora fiquem com essa fic teste, e espero que gostem. ♥



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Me prometa

De Dani Tsubasa

(Piloto experimental)

Peter olhou em volta ao chegar na porta que tanto queria abrir e que ao mesmo tempo temia. Seis cobaias. Cinco experimentos falhos. Ele não sabia dizer, depois de todos os horrores que tinha descoberto junto com a polícia, qual das duas possibilidades seria a mais branda para qualquer cobaia que sobrevivesse, as normais pelo menos. Seu coração gritava para encontrá-la viva, mas só queria o melhor para ela. Se fosse demais... Depois de cinco meses, ele viveria com sua dor, por ela.

Sua mão tocou a porta enquanto a outra digitava a data de nascimento de Gwen no teclado ao lado. Uma luz verde acendeu e a porta dupla se abriu, exibindo mais um grande laboratório similar aos demais. Um armário com muitas portas, freezers, mesas, vidros, seringas, substâncias etiquetadas e toda a parafernália de laboratório. E o mais importante, que ele precisou respirar fundo e reunir forças para olhar, uma cápsula de hibernação no centro do lugar, com um monitor aceso, indicando que o aparelho estava trabalhando.

Se aproximando do aparelho, Peter viu a leitura de sinais vitais, que indicava um coração vivo, respiração superficial, e um processo de interrupção de hibernação em 60% de andamento. Com a invasão da área de experimentos, a polícia tinha ativado tudo acidentalmente, o que gerou a correria para identificarem depressa quem estava nas cápsulas, a fim de conter possíveis criminosos vivos, o que felizmente não encontraram. E para a sorte de Peter, tinham sido obrigados a confiar nele, dado o pouco tempo para a finalização do processo, e a pouca quantidade de agentes na área. Assim, se ela realmente estivesse ali, ele poderia acolhê-la.

Fechando os olhos com força para buscar coragem, ele passou o mostrador digital adiante, e ao abri-los de novo, seu coração quase colapsou. Estava escrito lá, como uma ficha de paciente, Gwen Stacy: Jogada da torre do relógio pelo Duende Verde; sinais vitais baixíssimos, ao ponto de serem confundidos com óbito; boa candidata para os experimentos de vida. Peter desabou, e chorou por baixo da máscara, de ódio, raiva, revolta, dor e tristeza. Era bom a polícia prender muito bem o responsável por fazer sua amada passar por isso, ou seria a última coisa em que esse indivíduo trabalhou na vida.

Ainda sem coragem de olhar para ela, Peter buscou pelas câmeras do local, estranhando que essa fosse a única sala de experimentos que não parecia ter câmera alguma. Sentindo-se mais à vontade com isso, e torcendo para não estar errado, caminhou lentamente para o lado da cápsula, vendo um corpo vestido de branco e coberto ali, e por fim confirmando o lindíssimo rosto de sua namorada. Sua expressão parecia neutra, sem sofrimento, mas sem qualquer sinal de conforto também. O peito dela subia e descia lentamente, mas nenhum outro movimento acontecia além desse. Peter bateu com cuidado no vidro, mas não houve reação.

Voltando ao monitor e passando para a próxima tela de informações, havia um texto enorme com a explicação teórica de uma cura quase milagrosa para traumatismos e danos graves nos ossos e coluna. A cura era quase instantânea, mas a dor era imensa, tornando necessária uma sedação geral, ou inibidores de dor em pacientes muito graves que podiam morrer de choque com sedativo ou anestesia. A base era um tipo de veneno de aranha modificado para se conectar ao DNA do receptor, e modificar a ação e estrutura das células, a fim de repararem danos. Outros resultados ainda eram desconhecidos. Peter tinha certeza de que ninguém além dele mesmo tivera acesso a essa parte da pesquisa de seu pai, mas a Oscorp podia ter deduzido algo parecido após Harry ficar louco, sendo agora ele mesmo um dos experimentos falhos que estava morto nos andares abaixo.

Peter respirou fundo tentando lidar com o coração disparado e a falta de ar que sentiu, e facilmente poderia ter desmaiado com a sobrecarga de informações se fosse uma pessoa comum. Passando para as próximas anotações digitais, ele encontrou várias fórmulas químicas e fotos, de duas espécies de aranhas diferentes, e a única herdeira resultante que se tornara a doadora do projeto. Uma aranha albina, adornada por padrões negros e rosa choque, que Peter tinha certeza de nunca ter visto.

— Mas que droga é essa...? - Murmurou para si mesmo, sendo interrompido por um apito suave de alerta.

O processo de despertar estava em 75%, e os sinais vitais ficando mais intensos. Correndo de volta para o lado de Gwen, viu seus olhos se moverem levemente sob as pálpebras fechadas, e outra vez seu coração afundou pensando no que poderiam ter feito com ela. Cinco meses não eram pouco em tal situação.

Ele ficou apático em sua observação enquanto o tempo e as possibilidades o torturavam interiormente. Tudo que desejava é que a polícia não terminasse de avaliar as demais salas mais cedo, e chegasse até ele, e a tirasse dele.

Foram cerca de trinta minutos até o marcador chegar em 100%, e um pouco mais que isso até que Gwen se mexesse, um pouco mais a cada minuto, e quando ela abriu os olhos, automaticamente o vidro da cápsula se abriu, sendo recolhido para a base.

Peter quase teve um infarto, e a observou enquanto ela piscava e retomava um pouco da consciência, olhando em volta e parecendo ainda dentro de um sonho, então virando-se de lado, se encolhendo e começando a tremer, tornando impossível que o herói continuasse parado.

— Gwen...? - Peter testou.

A princípio ela não pareceu reconhecer seu próprio nome, mas poucos segundos depois olhou para ele.

— Você é... - ela sussurrou, parecendo fraca para falar - Frio... - ela choramingou - Muito frio.

— Espere - Peter pediu, correndo em volta do laboratório em busca de algo melhor que um lençol para aquecê-la.

Abrindo um armário, ele agradeceu por sua sorte, encontrando não só um cobertor como as roupas que Gwen usava da última vez que ele a viu, guardadas num pacote plástico. Pegou as duas coisas e deixou o pacote de roupas em cima da mesa, então seguindo até sua amada e vendo-a tentar se sentar.

— Vem - Peter se aproximou, oferecendo ajuda.

Gwen pareceu pensar, mas o frio decidiu por ela, e permitiu que o Homem Aranha a ajudasse e a puxasse contra o peito, simultaneamente a envolvendo com o cobertor, ao que Gwen suspirou e fechou os olhos com gratidão, mesmo que ainda estivesse até mesmo batendo os dentes de frio.

— Por que... você tá chorando? - Ela perguntou quando Peter começou a soluçar.

— O que fizeram com você?

— Eu não sei... Não lembro direito. Mas doía muito, tinha alguém chorando e me segurando no colo. Depois eu dormi.

Peter chorou mais, enterrando o rosto mascarado nos cabelos dela.

— Você é minha vida - ele disse entre as lágrimas - Minha direção. Eu achava que tinha te perdido. Eu quis morrer cada dia que passei sem você.

Suas palavras despertaram algo, e o olhar de Gwen mudou. Ela já tinha ouvido isso antes.

— Peter... - o nome fluiu facilmente por seus lábios conforme as lembranças começavam a voltar.

— Você lembra de algo?

— A torre... O relógio... A ponte. Oxford... O Duende.

— Você lembra de algo mais?

— Muitas vozes. Eu fiquei com medo, porque não reconhecia nenhuma delas. Achei que podiam ser médicos... Mas um deles falou sobre a Oscorp. Então alguém furou meu braço com uma agulha. Eu queria abrir os olhos, mas tava exausta demais pra isso. De repente parecia que minha cabeça ia explodir, e meu pescoço se partir de tanta dor. Senti meu corpo queimar de febre, e apaguei de novo.

— Eu sinto muito, Gwen. Mas isso não vai acontecer mais. Você tá bem, e eu te achei.

Ela não respondeu, parecendo ainda confusa, e Peter realmente começou a temer pelos possíveis danos ou alterações em sua memória.

— Tô com muita sede.

— Certo... Espera um pouco.

Ele a soltou com relutância, vendo Gwen puxar o cobertor em volta de si, e pouco a pouco parando de tremer. Circulou pelo laboratório, procurando uma fonte segura de água, e encontrando uma espécie de mini escritório num canto da enorme sala. Havia um filtro, mas as garrafas lacradas pareciam muito mais seguras para ele, então Peter rasgou o pacote e pegou uma delas, voltando para Gwen e abrindo a tampa. A loura suspirou de alívio outra vez quando pegou o objeto e o levou aos lábios, aceitando ser abraçada novamente enquanto bebia. Deixou a garrafa fechada de lado quando o conteúdo estava quase no fim, e encarou os olhos brilhantes da máscara de seu herói.

— Você lembra quem eu sou? - Peter perguntou, a apreensão e tristeza visíveis em sua voz.

— Você é o Homem Aranha. Você me salvou na torre.

Peter soluçou outra vez, e respirou fundo para se obrigar a manter o controle, especialmente pela mudança no olhar dela de um segundo para o outro, que passara de confuso a apaixonado. Gwen ficou olhando-o assim por vários minutos em silêncio, e seus olhos verdes começaram a se encher de lágrimas como os dele. O coração dela acelerou junto com o seu, e pela primeira vez em cinco meses, Peter se sentiu vivo de novo.

— Eu achava que não.

— Mas salvou. Você fez o melhor que pode... Meu garoto inseto.

O coração de Peter quase parou mais uma vez naquela tarde, e ele puxou a máscara da cabeça antes que pudesse pensar, deixando que Gwen visse suas lágrimas, e o puxasse para ela, começando a chorar junto com ele.

— Eu te amo - ela murmurou depois de muito tempo - Obrigada por ter vindo.

— Eu nunca mais vou deixar você. Eu prometo.

Gwen assentiu, chorando um pouco mais até que ambos ficassem mais calmos, e ela o puxasse para um beijo desesperado, mas cheio de amor. Peter a beijou de volta, querendo que o momento nunca mais acabasse, mas eles tinham que sair dali.

— Meus sinais ficaram muito baixos. Eles também pensaram que eu tava morta, agora eu lembro... - Gwen voltou a explicar - Então falaram algo sobre cobaia, projeto, propina e... Meu pai. Parece que é um esquema grande. E há nomes. Tem uma lista em algum lugar.

— Meu Deus... - Peter deslizou a mão pelo rosto - Como vamos confiar nas autoridades assim?

— Não são autoridades, são infiltrados. Iam dar um jeito de sair depois que alcançassem o objetivo.

— Que objetivo?

— Trazer pessoas de volta à vida ou curar casos que a medicina não oferece mais esperanças, reabrir a Oscorp com outro nome e direção, e vender o serviço pra ricos e milionários.

— Tenho que tirar você daqui. A polícia tá nos outros andares verificando outras cobaias. Você é a única viva das seis.

Gwen pareceu assustada com o fato, mas manteve seu foco, como sempre costumou fazer.

— Como assim?

— Você não é a única que eles queriam trazer de volta. Lá embaixo tem dois mafiosos ricos mortos, um policial morto em combate, um milionário que faleceu por complicações de saúde mesmo, que é Harry, e...

— E...?

— Você não vai gostar de ouvir isso.

— Peter!

— Seu pai - ele falou como se as palavras pesassem uma tonelada.

Os olhos de Gwen marejaram novamente, mas ela apenas assentiu e desviou o olhar, tentando encontrar uma forma de lidar com aquilo.

— Ei... - Peter chamou, conseguindo que ela o olhasse - Eu sei que eu errei com você, e não tem como te compensar por aquilo, mas eu tô aqui agora, e eu não vou te deixar outra vez.

Gwen assentiu, lhe dando um sorriso.

— Então... A polícia deve chegar aqui em breve. É melhor irmos - ele disse, lhe estendendo o pacote de roupas.

Gwen pegou seus pertences e se moveu para colocar as pernas para fora da cama, deixando o cobertor cair para o colchão enquanto verificava suas coisas, encontrando tudo em perfeito estado.

— Achei que teriam jogado isso fora.

— Eu também...

— O que será que fizeram com meu celular?

— Eu guardei. Tá na minha casa. Eu nunca o liguei ou sequer olhei qualquer coisa antes de descarregar. Eu só guardei.

— Obrigada - Gwen sorriu - Que bom que você fez isso. Poderiam descobrir quem você é.

Peter assentiu.

— Você quer que eu... saia?

— Não. Eu não me importo que você fique. Provavelmente eu já fui desrespeitada nisso por muita gente desde que me raptaram seja lá de onde. Mas você aqui faz essa sensação horrível passar.

Os dois trocaram um sorriso e mais um beijo antes de Gwen tentar descer da cápsula, levando alguns minutos para conseguir ficar de pé sozinha e se trocar. Peter ainda insistiu em se virar para deixá-la à vontade enquanto ela se colocava em suas roupas íntimas, e não conseguindo conter um suspiro de emoção ao vê-la exatamente como ela estava da última vez que tinham se visto.

— Como vamos sair?

— Pela janela. Eu nos levo pra fora e pra longe por algum caminho seguro.

Gwen assentiu.

— Há quanto tempo eu morri?

— Cinco meses.

O olhar dela se contorceu em tristeza, mas Gwen assentiu.

— E minha família?

— Ficaram tão mal quanto eu. Especialmente sua mãe e Simon. Da última vez que os espionei, Helen falou em mudança. Mas não sabem ainda pra onde.

— Vai ser muito difícil - Gwen afirmou para si mesma - Eu preciso ir pra casa.

Peter concordou.

— Vai ser muito difícil - ele repetiu - Eu não vou deixar que se safem por tudo que fizeram com você. E vou ficar com você, eu prometo.

— Obrigada - Gwen sorriu, puxando-o para um beijo.

Ela caminhou até as cortinas e as abriu, ficando feliz em ver que não davam para alguma rua movimentada de Nova York. Peter recolocou sua máscara, abriu a janela e olhou o entorno, calculando seu caminho para fora. Então abraçando-a perto dele e tendo certeza que Gwen estava segura, ele voltou a fechar as cortinas e as janelas por fora, e levou os dois para longe da Oscorp.


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