Kimi no Namae escrita por Mini Line


Capítulo 1
Seu Nome


Notas iniciais do capítulo

Olá olá o
Aqui estou eu, iniciando uma nova fanfic depois de quase um ano depois da última.
Como disse nos avisos, por falta de informações, estou inventando uma versão o avô do Natsume.
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807134/chapter/1

Quando a vi pela primeira vez, desejei que o vento pudesse sussurrar seu nome para mim.

Era meu trabalho exorcizar aquele youkai que estava brincando com ela. Ele não era nenhum tipo de assombração poderosa ou maligna, apenas um bobo que gostava de pregar peças em um casal de velhinhos para não ficar entediado. Ela corria ao redor de uma cerejeira e ele corria atrás, gritando "Devolva meu nome! Devolva meu nome ou me diga qual é o seu!"

Mas ela não disse para aquele Youkai qual era seu nome, nem o vento me disse durante os poucos minutos que fiquei observando a cena maluca da garota de cabelos ruivos desgrenhados, uniforme sujo, uns curativos no joelho e na bochecha, um taco de beisebol e o sorriso mais brilhante do que o próprio sol daquela tarde de Abril. 

Queria culpar as pétalas de sakuras, que caíam em cima deles ao se desprenderem pela brisa suave, por me deixar tão fascinado por aquele quadro. Talvez foi o cheiro das flores, talvez a risada gostosa de alguém que estava se divertindo sem se importar com nada mais neste mundo que me deixou hipnotizado.

Pena que para ela, as coisas tiveram uma perspectiva bem diferente quando a garota me viu pela primeira vez.

Assim que nossos olhares se cruzaram, ela se assustou. Não a julgo por isso. Qualquer menina ficaria assustada ao ver um garoto com um sorriso bobo no rosto, observando em silêncio entre os arbustos. Era óbvio que ela pegaria sua bolsa e correria, deixando a mim e ao Youkai com aquela dúvida cruel: Qual o seu nome, moça?

Não tive coragem de exorcizar aquele youkai. Não podia expulsar deste mundo uma criatura que a fazia sorrir daquela maneira. Foi a primeira vez que desisti de um trabalho, e devo admitir que minha família não havia ficado nada feliz com isso. Fiquei um mês de castigo por causa dela, mas me pareceu um preço bem pequeno comparado ao sorriso que eu vi. Aquilo sim valia ser protegido, não a paz de uns velhinhos… Certo?

Durante o final de semana, foram poucas as vezes que lembrei da garota e seu amigo youkai. Para ser sincero, já nem me lembrava daquele breve encontro durante a tarde de domingo ou na manhã preguiçosa de segunda. Talvez eu a esquecesse para sempre em poucos dias, quem sabe logo após o fim do castigo ou uns dias depois. 

Poderia ter acontecido assim, até que vi pela janela do segundo andar, ela entrando no pátio da escola. Estava sem os curativos, o uniforme limpo e os cabelos alinhados. Mas o que mais me incomodou foi seu rosto. De longe, parecia que queria fugir antes mesmo de entrar. Talvez correr até aquela cerejeira para rir outra vez e espantar aquela expressão de raiva e dor.

ー Seiichi! Planeta Terra chamando Seiichi-kun! ー Meu amigo, Masao estalou os dedos em frente ao meu rosto, então a perdi de vista, sem saber se entrou ou não na escola. ー Francamente! Até parece que viu um fantasma de novo.

ー Você e essas histórias de fantasmas. ー Revirei os olhos como sempre. 

Masao era um entusiasta do sobrenatural e nem imaginava que seu melhor amigo já o havia salvado algumas vezes das criaturas que ele acreditava, mas não podia ver.

O sinal tocou e fomos para a sala. Foi uma tortura as horas que se arrastavam, o inglês ruim da professora, a leitura chata na aula de literatura… O relógio nunca demorou tanto para dar algumas voltas.

Quando enfim chegou o intervalo do almoço, dei minha marmita para Masao e corri de um lado para o outro em busca da garota misteriosa, completamente em vão. Talvez pela escola ser grande, talvez por ela não estar lá… Comecei a pensar que talvez fosse um deles. Um youkai poderoso o suficiente para tomar a forma humana e enganar um exorcista. 

Tá, eu ainda era só um pirralho e não tinha tanto poder espiritual, mas identificar o sobrenatural era fácil, já que nasci com este dom.

Algum tempo depois do sinal bater, indicando a saída, terminei minha tarefa de limpar a sala e já estava pronto para voltar para casa quando minha visão periférica viu pela janela do corredor aqueles cabelos ainda mais ruivos ao serem banhados pelo alaranjado pôr-do-sol. 

A garota escrevia repetidas vezes "odeio vocês", mais uma vez sem perceber que eu a observava. Mas eu não era o único. 

Três garotos entraram pela porta da frente da sala. Eu tinha uma ideia de quem eram, embora não saiba dizer os nomes. Não que isso importe também.

ー Olha só! A esquisita ainda não foi embora. 

ー Tsc! ー Foi o único som que ela emitiu antes de tacar o giz na testa do garoto. 

Devo admitir que acabei sorrindo.

Mas é óbvio que os idiotas não deixaram aquilo barato e avançaram na garota. Mais óbvio ainda: não poderia ficar só assistindo.

Assim que um deles se aproximou da garota, levou um chute na barriga. O segundo teve seu avanço impedido por uma carteira que ela empurrou em sua direção. Já o terceiro agarrou em seus cabelos e eu agarrei no pulso dele, sem economizar na minha força.

ー O Kazehaya-sensei está na sala ao lado. Devo chamá-lo ou vão deixar a moça em paz?

A resposta que recebi foi um empurrão que quase me tirou o equilíbrio e uns palavrões que não vale a pena repetir, mas surtiu o efeito que eu desejei. Eles saíram xingando e fazendo ameaças, não a mim, mas para a garota que chamavam de "menina macho" e "aberração".

ー Você está bem? ー perguntei em um tom mais baixo, intrigado com aquele olhar raivoso que parecia amaldiçoar as costas daqueles três.

Ela não respondeu.

ー Eu sou Seiichi Natori. Qual o seu nome? ー Arrisquei um sorriso, mas ela sequer olhou. ー Garota?

Já estava um pouco constrangido com aquele silêncio. Se não tivesse visto ela reagir a voz dos três, acharia que era surda.

Ela me olhou com o cenho franzido, parecia olhar para dentro da minha alma e penei para sustentar o olhar sem desviá-lo. Vi ela abrir a boca para dizer alguma coisa, mas outra vez tudo o que recebi foi um estalar da língua no céu da boca antes dela pegar a bolsa e sair.

Dessa vez eu a segui.

ー Ei! Não vai me dizer seu nome? Você é nova na escola, não é? ー Ela apressou o passo e eu também. ー Ei! Espera! Eu não quero ser babaca como aqueles caras. Relaxa! Ei, menina!

Quando a alcancei, segurei sua mão na tentativa de fazê-la parar. Bem, consegui, mas não foi exatamente como imaginei.

Por reflexo - ou devo dizer instinto? - ela se virou já metendo um tapa na minha cara que me deixou atordoado. A força dela era impressionante. 

ー Me deixe em paz! Some! Morre!  ー Ela gritou.

Eu vi em seus olhos que estava assustada com aquele meu gesto.

ー F-Foi mal. Desculpe, senhorita. Não quis te incomodar. ー Desviei o olhar. Já não dava para encará-la, sabendo que um youkai a fazia rir enquanto eu, um humano, a assustava. Ela era mesmo esquisita afinal.

ー Tanto faz! 

Ela se virou e saiu apressada. Já eu, fiquei ali por um tempo, esperando que a marca dos cinco dedos suavizasse um pouco.

Aquela reação parecia um enigma para mim. Não conseguia entender nadinha sobre aquela garota. E olha que gente estranha eu conheço várias, principalmente em casa.

A família Natori vêm de uma longa linhagem de feiticeiros. Nossa missão neste mundo é proteger os humanos das criaturas conhecidas como youkais. Seres sobrenaturais, às vezes malignos, às vezes pacíficos, muitas vezes poderosos. 

Desde que me lembro por gente, posso ver essas criaturas, assim como minha mãe e meu pai, meu avô, meu bisavô… Além de vê-los, convivo com alguns. Como disse, nem todos são ruins. Meu pai e minha mãe tinham servos youkais que ajudavam a exterminar aqueles que são um perigo para a humanidade e até para os youkais mais fracos e inofensivos.

Naquela época, eu não tinha nenhum servo. Estava começando a trabalhar como exorcista, fazia alguns feitiços de proteção, mas nada realmente poderoso. Conheceria meus servos… Não, meus amigos youkais só alguns anos depois.

 

Voltei para casa ainda com o rosto vermelho pelo tapa, mas já não pensava mais no ocorrido. As ocupações no clube de futebol eram mais importantes.

Isso até eu ver ali, parada em frente ao meu portão, aquela garota. Ela olhava para a janela, ou para além dela, sem nem parecer perceber que eu a observava outra vez.

Precisei pigarrear para chamar sua atenção, dessa vez de uma distância segura, isso se ela não jogasse o taco de beisebol na minha cabeça.

Não sei dizer o que vi. Sempre fui bom em ler as pessoas, mas aquela menina estranha reagia a tudo da forma mais surpreendente possível. Quando ela se virou para mim, sorriu. Mas não era aquele sorriso que ela tinha quando a vi. Era um forçado. Mesmo assim, lindo.

ー Você chegou, Natori-kun! Que alívio! ー Ela se aproximou uns passos e eu já não sabia quais as intenções daquela doida. Me bater com o taco? Me ameaçar? Invadir minha casa? Nada disso. ー Foi mal pelo tapa. Eu estava irritada e descontei em você. Seus pais estão em casa? Posso entrar? ー Ela olhou mais uma vez para a janela.

ー Ah… Eles não estão. Mas vão chegar logo. ー Era mentira. Eles nunca chegavam cedo, mas como eu… Ah, não acredito que vou admitir isso! Como eu estava com medo dela, preferi não falar a verdade. ー E não precisa se desculpar. Não foi nada. Eu mereci o tapa. Você claramente não queria conversar e eu insisti, então… ー Dei de ombros, encerrando o assunto. Esperava que fosse o suficiente para ela ir embora.

Mas não foi isso o que aconteceu.

A maluca me segurou pelo pulso e me guiou para a minha casa. Mesmo falando que estava tudo bem, mesmo falando que meus pais não estavam, ela não se importou com nada e foi se convidando para entrar. Ou melhor, foi invadindo, já que em momento algum dei essa permissão. Ok. Também não neguei ou tentei impedir. A verdade é que eu estava curioso sobre ela. Sobre essa mudança súbita de humor. Sobre como ela achou minha casa. E principalmente…

ー Eu ainda não sei seu nome. ー Dei uma risadinha sem graça enquanto colocava os copos de suco e os sanduíches na mesa para nós dois.

ー Ah! Meu nome? É Reiko. Reiko Natsume. 

 

Naquele dia que a vi pela primeira vez, eu não podia imaginar quem seria Natsume Reiko. Naquele dia em que descobri seu nome, não fazia ideia que ela seria a garota por quem eu iria a me apaixonar.

O nome que eu nunca esqueci. O nome que ainda invade meus pensamentos como você invadiu minha casa. O nome que ainda amo.

Reiko.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada a você que leu até o final.
Deixe sua opinião se possível, pois vai me deixar muito feliz.
Beijos da Mini e até o próximo capítulo.
=*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kimi no Namae" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.