Satisfied escrita por they call me hell


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

A ideia dessa história surgiu enquanto eu ouvia "Satisfied", do musical Hamilton, há alguns dias. No futuro devo adicionar mais alguns parágrafos, desenvolvendo melhor a ideia, mas gostei bastante de escrevê-la. Espero que goste também. :)



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— Satisfied —

baseado na canção homônima de "Hamilton"

 

A lua começava a se erguer no céu estrelado de verão e os convidados se aglomeram, formando um círculo ao redor dos recém-casados. Aquela era a união de duas famílias importantes e a celebração fazia jus à isso, com tudo de melhor que o dinheiro poderia comprar.

Daphne Greengrass reuniu toda a sua coragem e deu um passo à frente, atraindo os olhares e fazendo os noivos se virarem na sua direção. Ela era a única irmã da noiva e uma das amigas mais próximas do noivo, então era esperado que fizesse o primeiro discurso da noite.

— Um brinde ao noivo! — ela começou, erguendo seu copo.

As pessoas repetiram a sua frase em uma única voz e ergueram seus copos, compartilhando do brinde proposto.

— Um brinde à noiva — disse em seguida, provocando a mesma reação nos convidados. — Da sua irmã que sempre estará ao seu lado. 

 Depois que provaram suas bebidas, Daphne retornou o braço para junto ao corpo e sorriu. Astoria estava belíssima em seu vestido branco e Draco também estava muito bem, como havia de ser. Ela olhou para eles, sentindo-se orgulhosa pela união que sabia ser de sua responsabilidade.

 

* * *

 

Daphne e Draco se conheceram durante o primeiro ano em Hogwarts, sendo colegas de Casa. Eles eram muito parecidos e não demorou para que fizessem amizade e se tornassem inseparáveis, formando um grupo com Blaise, Pansy e Theodore.

Ele era um garoto bonito de cabelos loiros sempre muito bem arrumados e olhos cinzentos com riscos azuis muito sutis. Seus pais eram amigos e se encontravam com frequência em jantares ou bailes, mas eles nunca haviam se visto até então, pois as crianças nunca participavam desses eventos.

Ela adorava reclamar das coisas e ele adorava importuná-la sempre que era possível. "Você nunca ficará satisfeita", ele costumava dizer.

Com o tempo, pareceu natural que os sentimentos de Daphne por ele começassem a se transformar aos poucos. Ela não entendeu isso de início, porém. Assim, quando estavam no terceiro ano, Daphne o guiou entre as cabines do Expresso, animada com mais um período letivo.

— Para onde estamos indo? — ele perguntou, passando por várias cabines vazias.

— Eu quero te apresentar uma pessoa.

— Sendo assim, vamos em frente.

Eles pararam depois de algum tempo, diante de uma garota que escolhia uma cabine. Ela sorriu para eles.

— Astoria Greengrass — ela disse, estendendo a mão para ele.

— Greengrass?

— Minha irmã — Daphne sorriu, orgulhosa.

A partir daquele momento ela incluiu mais uma pessoa no grupo e nunca deixou Astoria sozinha ou desamparada, tornando aqueles de quem gostava os seus amigos.

Conforme os anos se passaram, o sentimento de Daphne por Draco cresceu até o ponto em que ela não pudera mais ignorá-lo, mas ela evitou confessá-lo por muito tempo, temendo a sua reação, e enquanto isso a amizade entre Astoria e Draco se fortaleceu e estreitou.

— Eu acho que estou apaixonada — sua caçula disse numa tarde, enquanto estavam sentadas na margem do Lago Negro.

— Quem é o sortudo?

Astoria olhou para a irmã, envergonhada.

— Draco.

A mais velha passou noites em claro pensando sobre aquilo. Ela amava Draco e o conhecera primeiro, ele deveria ser dela. Era justo. Porém, não conseguiria partir o coração de Astoria. Ela era pura e amável, não fora corrompida pelos horrores da guerra que se aproximava. Decidiu, então, que deixaria as coisas acontecerem naturalmente.

Quando a guerra estourou, Daphne aceitou a marca negra e lutou bravamente ao lado dos pais. Ter outra coisa para pensar, tomando o cuidado com a sua vida, a fez se esquecer daquilo pelo ano que se seguiu. E quando finalmente acabou, ela se ocupou com os julgamentos e os muitos funerais que se seguiram, escapando de ambos assim como a sua família, felizmente.

Assim que as coisas voltaram à normalidade, Astoria a contou em uma certa noite que vira Draco no Beco Diagonal. Parecera um comentário inocente, à primeira vista, mas isso fez Daphne perder o sono outra vez. Ao longo da madrugada, enquanto a irmã dormia tranquilamente no quarto ao lado, ela percebeu três coisas fundamentais:

Número um: ela era uma garota em um mundo onde o seu único dever era se casar com um rapaz rico e de boa família. O seu pai não tinha filhos homens, então era ela quem deveria elevá-los socialmente. Ela era a mais velha e a mais esperta, e as fofocas na cidade de Londres eram insidiosas. Draco era rico, mas sua família tivera a honra destruída depois da guerra com a condenação de Lucius. Isso, porém, não queria dizer que Daphne o desejava menos.

Número dois: ele estava atrás de alguém que pudesse melhorar a reputação da sua família e ela, assim como Astoria, era uma Greengrass. Ela teria que ser ingênua para ignorar isso. Talvez fosse por esse motivo que ela incentivara Astoria a convidá-lo para sair.

Número três: ela conhecia sua irmã como conhecia a si mesma. Draco nunca encontraria ninguém tão confiável ou tão gentil quanto a sua irmã, tinha certeza disso. Se ela dissesse para Astoria que o amava, ela se afastaria silenciosamente. Ele seria dela como tanto ansiava e sua irmã diria "eu estou bem", mas ela estaria mentindo.

Não demorou muito para que o casal anunciasse o início do relacionamento e Daphne ficou feliz por eles, mas quando ela fantasiava durante a noite, eram os olhos dele que via. Mesmo que não quisesse, ela ainda se pegava pensando em como as coisas teriam sido se não tivesse desistido tão fácil, mas ao menos Astoria era a sua namorada e a confortava saber que ele se casaria com a melhor pessoa que Daphne conhecia.

Ela os via nas celebrações mais importantes do ano, sempre ao risos, irritantemente felizes. Aquilo partia o coração de Daphne, mas ela fingia da melhor forma possível que não se importava com aquilo. Por mais que acabasse com ela, torcia pela felicidade deles de verdade, ficando noiva de Theodore Nott no fim das contas. Ao menos uma das duas seria feliz.

 

* * *

 

— Eu não poderia desejar alguém melhor para o meu amigo de longa data e sei que ele cuidará bem da minha irmã, aquela que eu mais amo nesse mundo — Daphne prosseguiu.

Astoria enxugou uma lágrima e Draco beijou o topo da cabeça dela, a puxando para mais perto de si antes de olhar mais uma vez para a cunhada.

— Eu desejo que vocês sejam felizes por toda a vida.

Ela acenou com a cabeça e os convidados bateram palmas, a deixando ainda mais emocionada. Sentindo que choraria, ela se afastou discretamente quando o próximo discurso começou. Estava uma noite linda e o gramado da mansão dos Malfoy estava decorado com perfeição, mas nada parecia agradável para ela naquele momento.

Draco tinha razão. Ela nunca ficaria satisfeita.


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