Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII escrita por Aline Lupin


Capítulo 5
Capítulo 5




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Nos séculos passados, Londres era o local ideal para casamentos. O mercado das debutantes era feito por jovens entre 17 a 25 anos. Elas disputavam em salões de bailes uma chance de se casar bem, principalmente, com a nobreza. Mas, se ela conseguisse um senhor rico, já era motivo de alegria, se essa dama não fosse de uma família próxima ao círculo alta sociedade londrina. É claro que Lizzy sabia de tudo isso, devido a tantos livros que devorou sobre esse período histórico, contudo, ela não esperava protagonizar algo como aquilo. Principalmente, não esperava fazer parte da história. É claro, ela sabia que sempre se faria parte da história, independentemente da época em que se nascia, mas ela não esperava piscar os olhos e estar no final do século XVIII. Era algo muito inusitado.

Infelizmente, Lizzy percebeu que não era um sonho, nem alucinação. Ela estava realmente em uma casa alugada na Londres de dois séculos passados. E a decoração no ambiente era tão preservada, que talvez, ela estivesse entrando em um museu. Contudo, nem um museu conseguiria manter em estado intacto cada cômodo daquela casa e principalmente, o papel de parede florido.  Talvez, fosse um cenário cinematográfico, mas ela duvidava muito que estivesse em um, ainda mais quando ela foi convidada a sair na sacada por Georgiana. Ela observou as carruagens passando do lado de fora e a movimentação da cidade. Realmente, não havia como negar que havia voltado no passado. Restava então, apenas uma dúvida: como ela voltaria? Ou melhor: Como ela havia parado naquele século?

Ela pensou e pensou. Ela refez seus passos, se esquecendo de se vestir, no quarto de hospedes. Fora levada por Georgiana até o aquele local, no segundo andar, para se vestir adequadamente. E Georgiana emprestou um vestido a Lizzy poder trocar suas roupas. Disse que viria uma criada para ajuda-la, mas Lizzy dispensou qualquer ajuda. Afinal, ela sabia se vestir. Georgiana fez uma careta, ficando desconsertada, afinal, toda dama precisava de uma criada para se vestir, devido a todo o tecido que era necessário colocar por baixo do vestido. Não era uma tarefa fácil. Mas, Lizzy não estava preocupada com isso. Ela apenas se sentou na cama de dossel, quando ficou sozinha em seu quarto. Respirou fundo e tentou refazer seus passos, antes de chegar a ver o senhor Darcy.

— Tudo bem – ela disse, para si mesma – Está tudo bem, não é Boris?

O cachorro estava deitado no tapete, perto da lareira, parecendo muito bem, de fato. Nada o incomodava. Era ótimo ser um cão, pois não importava o tempo em que ele estivesse. Seria um cachorro e seria tratado como um. Já Lizzy, era uma mulher que naquele tempo, precisava se preocupar com sua reputação e se casar. Era algo ridículo de se pensar, mas ela sabia muito bem que estaria fadada a pensar naqueles assuntos, afinal, ninguém ali sabia que ela era uma habitante do século XXI e que sabia muito bem se sustentar e trabalhar. Seus pensamentos seriam considerados sandices e o mais provável é que ela ficasse mal falada. Mas, enquanto ela não pudesse voltar ao seu tempo, precisava arranjar uma solução temporária. Como, um ofício, um trabalho que pudesse fazer, para não depender da bondade dos Darcy.

— Calma Lizzy – ela pediu a si mesma, colocando as mãos sobre as coxas – Você precisa se lembrar de como veio parar aqui. Como foi isso? – ela se levantou e andou deu um lado a outro – Ok, você estava sentada na praça, com Boris – ela gesticulou no ar com as mãos, enquanto falava, como se estivesse explanando com mais uma pessoa do cômodo - E de repente, seu celular vibrou...É isso...o celular, que por acaso é do Alexander. Alexander!— Ela bateu na palma aberta com o punho fechado, constatando que aquele rapaz era o motivo de estar ali – É isso. Alexander, eu vou matar ele! Como é possível que ele tenha inventado uma máquina do tempo? Como? Vamos Lizzy, pensa...

A porta abriu, de forma que ela se sobressaltou e levou a mão ao coração.

— Senhorita, espero que o quarto esteja de seu agrado e...- Era o senhor Darcy. Ele interrompeu a fala e olhou para Lizzy, inspecionando-a com o olhar. E parecia contrariado, de repente – Acreditei que estaria vestida adequadamente, senhorita. O vestido não é do seu agrado? Se precisar de outro, poderia pedir a Georgiana para ajuda-la.

Lizzy respirou fundo, tentando controlar seus batimentos cardíacos. Ela estava assustada pela interrupção. Mas, seu coração estava batendo ainda mais forte devido à presença do senhor Darcy. Um personagem fictício, de um livro que ela sempre amou. Um personagem que ela sempre amou, também e que estava ali, diante dela. Ele era de uma beleza estonteante, devido ao seu porte alto e forte, além dos olhos azuis expressivos. Que Deus tivesse piedade dela, mas aquele homem estava a deixando a flor da pele.

Foi quando lhe ocorreu um pensamento.

— Er...o senhor não bateu na porta? – ela perguntou.

— Eu bati sim. Mas, acreditei que tivesse me ouvido...eu...- Ele estava ruborizado e envergonhado. Soltou a maçaneta da porta e colocou as mãos para trás, de forma que seus ombros se endireitaram e sua postura ficou reta – Peço seu perdão, senhorita. Eu deveria ter esperado uma resposta.

— Está tudo bem – ela acenou com a mão, afinal, ela nem tinha se vestido. Mas, se lembraria de trancar a porta ao fazer isso, pois ao que parecia às pessoas não tinham etiqueta naquele tempo. Apesar de isso ser tão bem retratado nos livros e filmes – E respondendo sua pergunta, tudo esta de meu agrado e agradeço pela sua ajuda, senhor Darcy. Mas, quero garantir que não irei me demorar aqui. Eu preciso encontrar uma forma de voltar para casa, por isso, peço um último favor – Ela esperou que ele dissesse algo, mas ele ficou calado, parecendo incentiva-la a continuar - Poderia me levar de volta ao parque onde nos encontramos?

Ele arqueou as sobrancelhas escuras, surpreso.

— A senhorita quer voltar para lá? Mas, por quê? – ele perguntou.

— Eu esqueci um objeto muito importante para mim lá. E preciso voltar senhor. Se não for incomodo – ela pediu.

— Posso pedir a um lacaio para voltar, senhorita. Prefiro que fique aqui, segura.

Lizzy entreabriu a boca, sem saber o que dizer. Qual seria o motivo para ele estar tão preocupado com ela?

— Senhor, eu tenho certeza de que um lacaio poderia ser muito útil, se ele soubesse o que procurar no parque, mas acredito que ele não saiba. E eu prefiro voltar, se não for incomodo. Se não puder me emprestar sua carruagem, eu mesmo irei sozinha.

Ele parecia incomodado, naquele momento, ao ouvir o que ela disse.

— É tão importante que volte para aquele parque? – ele perguntou, batendo o pé direito sobre o assoalho, de forma impaciente. Lizzy achou estranha a atitude dele.

Não compreendia o motivo para tantas perguntas. Ora essa, ela não devia nada a ele. E também, como ela explicaria que precisava do seu celular? O qual só viria existir dali dois séculos?

— Eu preciso ir senhor. Por favor.

Ele respirou fundo e assentiu, contrariado.

— Pois bem, eu irei com a senhorita – ele disse. E Lizzy não entendeu o motivo para ele querer acompanha-la – Apenas peço senhorita, que vista as roupas que Georgiana trouxe. A criada vira até seu quarto, eu presumo.

— Não preciso de ajuda, senhor – Ele parecia tão escandalizado quanto Georgiana pela recusa dela. Então, ela acrescentou: – Eu agradeço muito pela ajuda e pela amabilidade da sua família, senhor. Mas, eu não costume ter ajuda para me vestir.

— Ó, não? É estranho para mim uma dama não ter uma criada para fazer isso...bem...eu..- Darcy parecia desconfortável para continuar o assunto.

Lizzy veio em seu socorro, dizendo:

— Não há problema algum senhor. Se me der licença, eu irei me aprontar para voltarmos à praça, se estiver de acordo.

— Mas, precisa ser nesse momento? – ele perguntou, parecendo muito incomodado – Pensei que pudéssemos ir amanhã...Eu tenho assuntos...

— Então, não se incomode senhor – ela interrompeu, pois ele parecia desconsertado – Eu mesma irei buscar o que perdi na praça.

Ele parecia indeciso em deixa-la ir. Seu cenho estava cerrado e ele estava sério. E não disse nada, apenas a fitou, deixando-a temerosa que ele recusasse deixa-la sair daquela casa.

— Pois bem. Se for mesmo necessário, irei designar um dos criados para acompanha-la – ele disse, por fim, depois de um silêncio excruciante – Eu a deixarei, por agora. Se me der licença – ele fez uma reverência rígida, a qual ela retribuiu, então, ele fechou a porta atrás de si.

Lizzy deixou o ar que prendia sair e disse a Boris:

— Como vou viver com essas pessoas, Boris?

Ele apenas abriu os olhos que estavam cerrados e se espreguiçou.

— Você está muito confortável aqui, querido. Mas, não se acostume, iremos para casa em breve.

E ela esperava que fosse logo. Não iria suportar viver naquele tempo. Nem com aqueles vestidos estranhos. Enquanto se trocava, ela desistiu de colocar todos os tecidos que vinham juntos com o vestido e apenas passou o vestido de tom branco, por cima da cabeça. As mangas eram um pouco justas e eram curtas. Era um vestido longo que cobria os pés, com cintura alta, estilo império, com o busto reto. Ela sentia-se a própria Elizabeth Bennet, quando se mirou no espelho de corpo inteiro. Ao menos não era rodado. E para o alívio dela, ela e Georgiana tinham a mesma altura, mas na hora de colocar os sapatos de seda, o calçado ficou levemente apertado na ponta dos dedos. Por isso, ela optou pelo seu tênis de corrida. Testou andar e percebeu que aparecia um pouco, mas não havia como remediar a situação naquele instante. Lizzy então se ocupou em arrumar os cabelos castanhos, ao menos, deixando um coque, da melhor maneira possível e saiu do quarto, em seguida, sem Boris.

— Se comporte – ela pediu ao cão, antes de sair do quarto.

Lizzy desceu as escadas para o térreo e notou que havia um homem parado perto da porta. Ele sorriu para ela, por educação e fez uma reverência. O cavalheiro em questão tinha cabelos escuros e um olhar gentil.

— Senhorita Bennet, sou o senhor Dawson. O senhor Darcy me pediu para escolta-la até o parque. Tomei a liberdade de chamar a carruagem. Gostaria de partir?

Lizzy se espantou pela eficiência do senhor Dawson.

— Agradeço pela ajuda, senhor. Podemos ir.

Ele a escoltou, de perto enquanto eles saiam da residência do senhor Darcy e ele tomou a dianteira para abrir o portão para ela. Depois, a porta da carruagem, que estava parado ao lado da calçada. Ela embarcou e o senhor Dawson fechou a porta, seguindo com o cocheiro, na parte de fora da carruagem.

O cocheiro guiou a carruagem até chegaram ao parque perto do apartamento onde ela deveria morar, mas dali mais ou menos duzentos anos. Lizzy nem esperou que alguém abrisse a porta para ela e desceu, abruptamente. Ela refez o caminho pelo qual veio, quando saiu atrás de Boris e encontrou o banco do parque, mas não havia um celular ali na grama. Lizzy começou a respirar profusamente, sentindo o corpo tremulo. Seria possível que alguém tivesse encontrado o aparelho?

Foi, então que avistou um senhor passando, com uma bengala. Ele não parecia ter mais de quarenta anos e vestia uma cartola sobre a cabeça, além das roupas parecidas com as do senhor Darcy.

— Bom dia, senhorita – ele fez uma reverência para ela, a qual ela imitou. E ele se afastou dela, para seu desespero.

— Espere senhor – ela pediu. Ele se virou a fitando, desconsertado – Peço seu perdão, mas, gostaria de saber se o senhor não encontrou por aqui um objeto retangular, com uma tela de vidro?

O cavalheiro a encarou como se Lizzy tivesse três cabeças, ao invés de uma. Era óbvio que iria ser assim, pois ninguém naquele tempo havia visto um celular antes.

— É uma caixa, uma caixa metálica – ela tentou explicar, o que o deixou ainda mais confuso.

— Uma caixa de rapé? – ele perguntou um pouco escandalizado – Não vi senhorita.

— Ah, tudo bem – ela disse, desistindo de fazer perguntas ao cavalheiro.

— Bom dia, senhorita – ele fez uma reverência e saiu andando.

Lizzy suspirou, desalentada e procurou o celular pela pequena extensão do parque. Até mesmo perguntou aos passantes que cruzavam seu caminho, mas todas as respostas eram as mesmas. Ninguém havia visto tal objeto e confundiam sempre com uma caixa de rapé. Outros, com uma caixinha de música. Ela resolveu voltar para a carruagem, se sentindo derrotada.

O senhor Dawson abriu a porta para ela, assim que a viu.

— Senhorita encontrou o que precisava? – ele perguntou gentil.

— Não, senhor – ela negou com a cabeça.

— Eu sinto muito – ele disse, parecendo sincero – Gostaria de comprar o que estava procurando? Posso pedir que o cocheiro que a leve para alguma loja de sua preferência.

Ela se sentiu tocada pela forma atenciosa que ele a estava tratando. Lizzy não estava acostumada a ser tradada daquela forma.

— O senhor é muito gentil. Mas, eu nunca vou encontrar algo parecido por aqui – E infelizmente, se ela não encontrasse, nunca voltaria para seu tempo.

— Eu entendo senhorita – ele disse.

Lizzy entrou na carruagem e o senhor Dawson fechou a porta para ela. Durante a viagem de volta, que era curta, Lizzy sentiu o peito dolorido. Não sabia o que fazer e conforme o veiculo trepidava na rua, ela pensava em tudo que havia deixado para trás, para estar em um tempo que ela somente conhecia pela literatura e pelos filmes. Como faria para se sustentar ali, sem ter de casar? Como faria para pagar ao senhor Darcy pela ajuda que ele ofereceu? Ela apenas pensava em uma solução: ser governanta. Era algo ao qual ela estaria familiarizada, pois precisou ajudar sua irmã em sua educação. E Lizzy era ótima professora e havia feito faculdade de literatura. Então, seria algo fácil. Somente teria que contar com a ajuda do bom nome dos Darcy. Pois, com certeza não encontraria tão facilmente uma posição em Londres para ensinar os filhos de aristocratas ou dos burgueses.

Sua atenção voltou para um cavalheiro na calçada. Ele parecia destoar das pessoas que circulavam. Seu andar era parecido com alguém do século dela. Além do mais, suas vestes não condiziam com aquele século. Ele vestia um terno prateado, com um chapéu fedora sobre a cabeça. Seu olhar voltou para a carruagem e ela pode ver seu rosto. Ela o reconheceu pela cicatriz. Era Alexander.

— Alexander! – ela exclamou, espalmando a mão direita na janela.

Ele apenas acenou para ela, com a cabeça. E continuar a andar. Ela podia ouvi-lo assoviar, pela distância que estava. Era uma música conhecida por ela. Mas, qual? Lizzy estava atônita, que não pensou em descer da carruagem. Ela apenas percebeu seu erro, quando a carruagem virou a curva e Alexander saiu da sua visão periférica. Ela socou o teto, uma, duas vezes, mas o veiculo não parou. Ela pensou em saltar, mas isso seria um erro fatal, afinal, poderia se machucar. Mas, se ela não alcançasse Alexander, ela nunca saberia como voltar ao seu tempo.

A carruagem parou, de repente. E foi quando ela notou que estava em frente à residência dos Darcy. Ela saltou da carruagem, sem esperar e correu para a esquina, tentando ver se conseguia encontrar Alexander.

— Senhorita, para onde vai? – Ela escutou o senhor Dawson chamar.

Lizzy não respondeu, pois precisava correr para alcançar Alexander. Ela pode vê-lo atravessar a rua e entrar em uma carruagem. Ela nem pensou ao atravessar a rua e quase foi atropelada por um cabriolé. Ela pode ver a morte passando por seus olhos, ao ver os cavalos pararem abruptamente, a centímetros dela. E lá se ia sua chance de poder sair do século XVIII.

Alguém desembarcou do cabriolé e tocou no braço dela. Foi só então que ela notou que estava de frente para um cavalheiro ruivo. Seu olhar era gentil e ele tinha várias sardas pelo rosto pálido.

— Senhorita, está tudo bem? – ele perguntou – Peço seu perdão. Não tinha percebido que a senhorita estava atravessando a rua.

— Está...eu...er – ela estava ainda desorientada. De fato, parecia prestes a desmaiar. Sentia-se tonta devido a forte adrenalina que sentiu ao perseguir Alexander e quase ser pisoteada pelos cavalos.

As carruagens que vinham pararam atrás do cabriolé do rapaz ruivo e algumas pessoas perguntavam se ela estava bem.

— Acredito que ela vai desmaiar - uma senhora comentou, na calçada, com um o senhor.

— Ela precisa de um médico – outro senhor falou.

— Ela atravessou sem olhar – um cocheiro havia dito.

Lizzy percebeu o tumulto que estava causando ao estar parada ali e como não estava machucada, tomou uma decisão.

— Senhor, eu peço seu perdão. Eu não olhei para os lados ao atravessar – O cavalheiro ruivo apenas assentiu, ainda com um semblante amável e a segurava pelo cotovelo – Devo ir senhor. E o senhor deve retirar seu veículo da rua.

— Não posso deixa-la aqui sozinha – ele disse – Venha comigo. Eu a levarei para sua casa. Onde a senhorita reside?

— Estou com a família Darcy – ela respondeu.

Os olhos dele brilharam em reconhecimento. Uma carruagem passou ao lado deles. O cocheiro parecia irritado.

— Tira essa carruagem da rua! – ele gritou, ao passar e praguejou.

Lizzy se sentiu péssima ao ouvir as grosserias que o cocheiro dirigiu a eles.

— Ah, devemos ir – o cavalheiro ao lado dela, disse, a guiando para que subisse no cabriolé.

Aquela carruagem tinha o capote retrátil e não tinha uma cabine, como nas carruagens tradicionais. O veículo era puxado por dois cavalos de pelagem marrom.

Lizzy subiu com a ajuda do cavalheiro e se sentou no assento alto. Ele sentou-se ao lado dela, tomando as rédeas e guiando a carruagem a quinhentos metros, até chegar à residência dos Darcy.

Foi então que ele parou o veículo e a fitou demoradamente.

— Nós não fomos devidamente apresentados, senhorita. Qual é seu nome? – ele perguntou.

— Sou Elizabeth Bennet – ela respondeu, sentindo-se estranha ao falar aquele nome. Afinal, ela um nome que era da sua heroína de Orgulho e Preconceito – E o senhor é?

— Bingley. Charles Bingley. Sou amigo do senhor Darcy. E a senhorita deve ser amiga dele, eu presumo. E já a considero minha amiga – ele disse, de forma rápida. Até mesmo afoita. E deve ter percebido o quanto havia falado de forma rápida, pois ruborizou até as orelhas.

Lizzy conteve o riso.

— Bom, acredito que eu seja amiga dele. O senhor Darcy é muito amável – ela disse, sem o menor traço de ironia.

— Ah, claro. Ele é um homem muito bom – Bingley concordou, com entusiasmo – É um bom amigo – ele parou, parecendo não saber mais o que dizer. E Lizzy sentiu a vontade de descer do cabriolé, sentindo-se envergonhada. Então, ele disse: - A senhorita está aqui para a temporada, senhorita Bennet? E notei um fato curioso, a senhorita é parente de Jane Bennet?

Lizzy compreendeu a pergunta dele. Afinal, se realmente existia o senhor Darcy, outros personagens que estava no romance de Jane Austen, existiram.

— Não, senhor. Não a conheço.

Ele assentiu, parecendo triste, de repente.

— Ah, a senhorita e ela tem o mesmo sobrenome. Acreditei que pudessem ser parentes – ele disse – Mas, enfim, a senhorita ficara na cidade para a temporada?

— Acredito que não por muito tempo – ela respondeu, pois de fato não pensava em se delongar tanto. Iria atrás de Alexander e fazê-lo consertar aquela bagunça.

Bingley assentiu.

— Uma pena, senhorita. Espero vê-la em algum baile. Teria a honra de dançar com a senhorita.

— O senhor é muito amável – ela disse, por cortesia, mas ao mesmo tempo, percebeu os modos gentis dele. Charles Bingley parecia ser um cavalheiro raro, o qual parecia ter um bom coração – Eu devo ir senhor. Agradeço pela sua gentileza de me trazer até aqui.

— Disponha senhorita. Eu peço desculpas por causa tê-la atropelado – ele disse, com um sorriso amarelo – E espero vê-la de novo, senhorita.

— Igualmente, senhor – ela disse, descendo da carruagem.

Ela entrou pelo portão, passando por um senhor Dawson afoito, que perguntava se ela estava bem e para onde havia ido. Elizabeth apenas respondeu que havia visto um conhecido na rua, por isso havia corrido. E no hall de entrada, encontrou Georgiana Darcy, que carregava uma sombrinha na mão e uma bolsa de croché na outra.

— Ah, que bom que a encontrei – ela disse, com entusiasmo – Gostaria de me acompanhar em um passeio?

— Eu adoraria senhorita Georgiana – Lizzy respondeu.

Afinal, seu intento era sair e ver a possibilidade de encontrar Alexander. E quando o encontrasse, iria esgana-lo.


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