Luzes da Cidade escrita por edboireal


Capítulo 1
A noite te assusta ou te conforta?


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Essa é a primeira vez que escrevo algo, então peço paciência.
Recomendo que toda vez que uma música for citada, você procure ouvi-la enquanto lê (foi essa minha intenção).
Boa leitura a todos!



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 Quantos meses haviam se passado desde a morte do meu irmão? Talvez 8? Era difícil ter noção de tempo quando tudo o que eu conseguia era dopar meus sentidos com um pouco mais de álcool. Emmett sempre fora para mim algo além de um laço sanguíneo, ele era meu melhor amigo e a minha maior fonte de inspiração; muito provável por essa falta de inspiração minha agenda como ator estava vazia, sem contratos recentes, sem ligações da minha agente (não posso culpa-la, recusava tudo sem pensar duas vezes). Dinheiro não era um problema, eu ainda continuava sendo um dos atores com a conta bancária mais recheada de Hollywood, mas o clichê de que dinheiro não compra tudo nunca fizera tanto sentido.

 Decidi encarar e aceitar qual dia de fato era aquele: o celular apontava um enorme 20 de março. Sim, o seu aniversário. Uma dor avalassadora me atravessou, perdi o ar e deixei aquela sensação tomar conta de mim. Meu maninho, apenas 28 anos e uma vida inteira pela frente. Maldito acidente de carro. Maldito dia infernal. Como eu queria estar no seu lugar, meu irmão. Daria tudo que tenho para estarmos, hoje, nos programando para ir aquele bar no centro que você tanto gostava. Iriamos assistir ao jogo dos Yankees, você ficaria bravo porque como um bom torcedor dos Meets eu te provocaria. Talvez eu te visse tomar um fora de uma garota bonita, acharia muita graça e provavelmente acabaríamos bêbados em algum karaokê.

 Suspirei fundo, dei o último gole na cerveja que eu estava tomando. Enfim uma decisão: o aniversário do meu irmão merecia uma comemoração. Olhei em volta do meu apartamento, a bagunça consumia o local, entretanto, ignoraria meus problemas imediatos e me focaria em ser uma pessoa normal por algumas horas. O relógio marcava 19h26, se eu me arrumasse rapidamente, conseguiria chegar ao outro lado da cidade até as 21h, pegaria uma mesa vazia ainda.

 Tomei um banho, decidi fazer a barba também, Emmett sempre me zoava dizendo que lenhadores perdiam feio no quesito mal cuidado quando eu deixava a barba por muito tempo. Moletom preto, jeans surrados e um tênis nike, um pouco de perfume talvez? Como se no fundo eu realmente me importasse com tudo aquilo. Peguei as chaves, desci as escadas, meu Porshe branco estava estacionado na entrada do prédio.

 Mais rápido do que imaginei cheguei ao bar no centro, ainda faltavam 5 minutos para as 21h. O bar não era grande, era escuro, temática voltada ao rock anos 80, uma pegada meio terror do Steph King... Tinhamos uma piada interna de que se existesse um local para uma convenção de vampiros seria aqui. Era nosso bar favorito verdadeiramente, quer dizer, agora só o meu bar favorito.

 A sorte estava ao meu lado: ainda haviam duas mesas ao fundo, me sentei e pedi uma dose de uísque. Ironicamente estava tocando Stairway to Heaven do Led Zeppelin. Deixei que o solo da guitarra me levasse de forma inconsciente a tempos mais felizes.

 Me assustei e despertei quando alguém me tocou e meus olhos encontraram outros olhos; o castanho mais intenso que eu já tinha visto, um chocolate quente, convidativo e aconchegante. Desviei rapidamente para observar o resto do rosto: cilios longos, bochechas marcadas e um formato de rosto que lembrava vagamente um coração. Observei o cabelo: era longo e chegava a altura da fina cintura e, semelhante aos olhos, o cabelo era chocolate. Ela usava um vestido justo que acentuava as belas curvas. A boca bem esculpida soltou com uma voz suave:

 — Com licença, eu poderia pegar uma cadeira? A que tem na minha mesa está quebrada e meu amigo pegou a outra. 

Assenti com a cabeça e vi o amigo que estava a acompanhando; era alto, pele bronzeada, cabelos negros. Pelo jeito que ele encarava a situação não parecia ser só amizade da parte dele.

 — Ei, você não é o Edward Cullen? Gostei muito da sua atuação na nova adaptação de Romeu e Julieta. - Como eu gostaria de ser anônimo nessas horas. Mais uma fã louca, talvez.

 — Bom, sou eu. Obrigada, foi um papel importante para mim. - Ela estendeu a mão e eu apertei.

 — Sou Bella. -

 Quando eu ia respondê-la, alguém gritou:

 — Bella, vai me deixar esperando aqui quanto tempo? A cerveja vai esquentar. - a voz era grossa e autoritária, o cara parecia ser um babaca, francamente. A menina ficou levemente corada.

 — Obrigada, foi um prazer te conhecer. - saiu puxando a cadeira e se acomodou na mesa a frente com o mr. babaca, decidi que seria melhor ficar de ouvidos atentos a eles dois, alguma coisa não me parecia certa.

 A mulher era muito bonita, isso era certo. Enquanto eu a observava pude notar que ela facilmente ficava corada e tinha um hábito de morder os lábios, sinais claros de uma pessoa timida. Alguma coisa nela despertou meu interesse, talvez porque Romeu fosse meu personagem favorito, talvez os olhos... A muito não prestava atenção em uma mulher. Antes da minha perda, eu ainda tinha algumas aventuras, sexo casual. Na verdade acho que nunca me apaixonei, de fato. Sempre achei que amor fosse invenção do capitalismo para vender CD do Bruno e Marrone. Também observei o cara ao lado dela: mr. babaca estava bebendo igual um Opala velho, batia a cerveja contra a mesa com tanta força que respingava no rosto de Bella, acho que era esse o nome que eu tinha ouvido. Uma banda começou a fazer um cover bem ruim do Guns N Roses e eu quase não ouvia nada que vinha da mesa dos dois até uma gritaria começar.

 — Jake, por que você não aceita que somos apenas amigos? Eu já disse que não te vejo dessa forma. - Ela se virou rapidamente contra o tal Jake que segurou seu braço esquerdo.

 — Você tem que entender que só eu vou te amar, teu passado vai te perseguir eternamente. - Ele afirmou.

Eu pude ver a marca que a mão grossa dele estava deixando no pulso fino de Bella. Levantei e o empurrei com toda força que consegui, ele soltou o pulso da garota e caiu contra uma mesa derrubando umas garrafas de vidro e fazendo a banda parar.

 — Seu escroto, quem você pensa que é? Vou acabar com tua raça! Por que é famosinho pensa que não apanha? - Disse tentando levantar do chão. Já estava me posicionando para tentar acertar um soco naquela cara de vira-lata que ele tinha.

 — Ei, o que tá acontecendo no meu bar? - Era o Harry, o dono do bar quem eu conhecia a mais de 7 anos e que tinha uns 2 metros de altura. - Você tá bem Edward? Esse maluco tá te enchendo? - Olhei em volta e todos estavam observando a confusão.

 — Tá tudo bem, esse babaca tava sendo grosseiro com a moça, tentei impedir que ficasse pior. - Harry puxou Jake pela gola da blusa e o pressionou contra parede.

 — Dá o fora do meu bar AGORA! - Ele estava direcionando o mr. Babaca para fora quando ele virou para Bella que estava vermelha num tom escarlate.

 — Você me paga, Isabella Swan! - a garota virou e baixou os olhos para o chão. Eu não gostei nenhum pouco daquilo, queria poder abraçá-la e dizer que ninguém a faria mal. O quê? Desde quando eu me importava com uma desconhecida qualquer?

 — O-obrigada. Ele perde o controle quando bebe, eu falei que não queria e ele tentou forçar a barra.. Meu Deus, eu tô com tanta vergonha. Você não precisava... - Eu a interrompi puxando seu pulso para examiná-lo, aparentemente ele não tinha machucado-a.

 — Você tá legal? Tá doendo? Quer colocar gelo?

 — Não, eu tô legal. Acho que vou pedir um táxi e ir pra casa.. Não curto muito ser a diversão de fofoqueiros aleatorios. - Segui seu olhar e pude ver que uma mulher estava filmando toda a situação.

 — Merda! Tenho que dar o fora daqui agora também. Posso te dar uma carona se você quiser... -

 Aceite, por favor, não quero ficar longe dessa mulher enigmática que acabou de chegar e me atraiu de forma intensa e estranha. Será que o excesso de cachaça tá me deixando doido?

 — Eu não quero dar mais trabalho.

 — Trabalho nenhum! -

 Fitei seus olhos e tentei falar de forma mais convincente possível. Ela mordeu os lábios e estreitou os olhos como se estivesse tomando a decisão mais difícil de sua vida.

 — Tá bom. Só porque esse horário vai ser difícil achar um táxi.. -

 Ela espiou a tela do seu celular que marcava 23h38.

 — Chegará sã e salva prometo. - Prometi.

 Paguei a conta, agradeci a Harry e caminhamos até meu carro.

 — Uau! Acho que nunca tinha visto um Porsche de perto. -

 Ela examinou o carro com atenção e pude ver certa excitação em seu rosto.

 — Então imagino que você nunca tenha dirigido um também. Aliás, você sabe dirigir, certo? -

 Ela assentiu com a cabeça.

 — Eu nunca pensaria nisso... Não teria a grana pra pagar se quebrasse. - A risada dela ecoou de uma forma alegre pela rua deserta. Com uma jogada certeira mandei as chaves para suas mãos.

 — Não se preocupe com isso, tenho mais dois na garagem. Não tenha pena de pisar no acelerador. - Seus olhos arregalaram, mas ela pareceu concordar com a ideia.

 — Hmm. Estava pensando... Já que estou quebrando minhas regras hoje, por que não vamos dar uma voltinha? Minha casa pode esperar um pouco. - Deu um sorriso de volta.

 — Estou a disposição. Qual é o plano? - Provoquei.

 — Coloca o cinto!

 Naquele momento, com Bella dirigindo meu carro a 190 km/h, eu percebi que já não reconhecia aquela garota timida e amendrotada que conheci no bar. Percebi que já era hora de saber mais sobre ela.

 — No que você está pensando? - Ela pareceu despertar dos próprios devaneios e respondeu quase como um sussurro:

 — Eu tô cansada de tentar ser quem não sou. Estou cansada de lutar contra meus próprios demônios para tentar agradar todo mundo, sabe? Eu vivo uma vida de mentiras.. Eu sou a Bella que sacrifica a própria felicidade pela do amigo. Tipo, você viu o que aconteceu com Jake hoje e eu nunca nem quis sair com ele.. Ele meio que chatageia.. - Com um suspiro ela parou de falar. Talvez ela quisesse que eu me pronunciasse, eu só não sabia como.

 — E o que você fez pro Mr. Babaca te chantagear? - Acho que fiquei tão confuso que franzi a testa. Ela deu aquela risada gostosa e me encarou.

 — Mr. Babaca? -

 — Sim, se tivesse prêmio babaca do ano ele ganharia o de mister. - ela me olhou com uma cara de diversão

 — É complicado. Talvez eu te explique depois. Estamos chegando. - Ela dobrou na autoestrada e estacionou na frente de um prédio antigo. Lembrava uma escola ou um estúdio de artes. Estava fechado e escuro, só era possível ver uma luz em uma vidraça no último andar do prédio. O prédio era um rosa berrante e chamava bastante atenção.

  — Chamativo, não? - Indaguei.

 — Eu descreveria como peculiar. - Nos encaramos e logo em seguida rimos em sincronia. Chamativo, peculiar ou não, um fato não poderia ser negado: ele estava fechado.

 — Espero que você não esteja pensando em invadir esse local, mocinha. - Ela me olhou com a mesma cara de provocação de mais cedo e respondeu:

 — Tá com medinho, Cullen? -

 Ela queria aventura? Ok. Eu já não tinha mais nada a perder e sentia falta de uma adrenalina correndo pelas veias. Andei até o portão com Bella atrás. O muro era baixo, mas não o suficiente para não se assustar. Tinha como subir apoiando um dos pés no portão. Subi rapidamente e estendi a mão para que ela subisse também. Ela ficou em pé em cima do muro para pular. Pensei com meus botões: quer ser doida ou quebrar um braço?

 — Você vai se machucar, senta e pula que é melhor.

 Ela revirou os olhos.

 — Por favor, temos a opção de fazer de forma divertida ou da forma chata. -

 Vai ser doida e eu vou junto nas ideias. Fiquei em pé. Retiro o que eu disse: é alto.

 — No três, hein. TRÊS! -

 Pulamos e caímos na grama fofa do jardim. Tenho que confessar foi bem divertido, comecei a rir. Eu me senti intenso diferente.

 — Tá vendo? Vivinho da Silva e rindo igual uma hiena. -

 É, minha risada era realmente esquisita.

 — Podíamos ter quebrado um braço e você sabe. -

 Ficou em pé e me estendeu a mão. Toquei e senti como sua mão era macia e quente.

 — Vamos! -

 Ela foi me guiando em silêncio. Estava procurando por alguma coisa. Paramos em frente a uma janela e com um macete de quem sabia o que estava fazendo, enfiou a pequena mão no pedaço quebrado da janela e a abriu.

 — Era fácil nos tempos de aula e continua até hoje. - Ela conhecia o lugar então.

 — Espera, você já estudou aqui? -

 — Estudei e atualmente trabalho.-

 — Além de querer ser presa, você quer ficar desempregada também? -

 Ela negou com a cabeça.

 — O estúdio está fechado. Eles estão reformando o teatro e dando uma trato no lugar. Sou professora de dança contemporânea e dou aula a 3 anos aqui. A reitora me ofereceu o emprego assim que me formei. -

 Entramos e estavamos em um corredor. Bella foi na frente e entrou em uma sala. Era ampla e tinha espelhos por toda parte, o chão de madeira brilhava de tão limpo. Haviam duas grandes janelas de vidro que refletiam tranquilamente as estrelas lá fora. Imaginei que de dia o lugar deveria ser claro. Bella fez sinal para que eu me sentasse ao chão e continuou caminhando até o pequeno som que havia no canto. Imediatamente reconheci o instrumental de Claire de Lune.

 — Você quer ver uma coisa? -

 Fiz que sim com a cabeça. Por algum motivo ela estava ligeiramente corada.

 — Então só presta atenção. -

 Ela se moveu lentamente até o meio da sala. Fechou os olhos e delicadamente começou a dançar. Era como se o chão estivesse se movendo sob os seus pés e talvez nem houvesse mais gravidade naquele lugar. Ondas de mar quando quebram na praia não teriam tal pureza. Eu estava fascinado, mal conseguia piscar. Entre um rodopio e outro, pude ver uma paixão que só quem ama o que faz demonstra. Eu queria que aquele momento durasse para sempre. Talvez eterno enquanto eu respirar e meus olhos pudessem contemplar com êxtase tão façanha. Bella era uma obra de arte que respirava graciosamente e voava entre um acorde da música e um passo de dança. A música terminou e eu queria implorar para que ela me desse mais daquilo. Eu tive vida durante aquele momento, eu soube o que apreciar. Eu tinha um novo motivo para ficar.

 — Você gostou? -

 Ela disse se aproximando e com um sorriso no canto dos lábios. O que eu diria que, de alguma forma, explicaria o que eu senti naqueles breves minutos? Desde a morte do meu irmão, eu sentia como se a alegria tivesse me virado as costas. Existia um mundo antes do Emmett e outro após sua partida, vendo Bella dançar foi como se magicamente meus pulmões tivessem ganhado dose de ar suficiente para uma vida feliz e plena.

 — Foi como uma magia. Bonito e único. -

Suas bochechas tomaram um rosado meigo.

 — Assim você me convence que danço bem... -

— Não acredito que você não acredita no próprio talento que tem.- 

— Não danço na frente de ninguém a algum tempo, só o básico para meus alunos. -

 — Então dança mais um pouco pra mim, por favor. -

 Queria implorar pela dose de dopamina que meu corpo experimentou a pouco.

 — Se você me acompanhar dessa vez, pode ser mais legal. -

 Ela esticou a mão e puxei lentamente, encostei meus lábios no dorso de sua palma e fui o mais gentil possível.

 — Você me daria a honra de uma dança, Isabella? -

 Com uma cara de sapeca ela mordeu o lábio inferior.

 — Acho que sim, a não ser que você queira pedir autorização pro meu pai e fazer uma corte formal. -

 Rimos juntos. Eu queria um pouco de tradição. Fui até o som e o conectei ao meu celular. Pensei que a música deveria nos comover de alguma forma. Escolhi Roslyn.

 — Ei, essa é muito boa, mas triste. -

 Coloquei a mão na cintura de Bella e a outra sobre seu pulso fino. Ficamos tão próximos que senti sua respiração. Conduzi-la era fácil como esperar manhã de Natal; eu sabia que fim daquilo havia uma recompensa maravilhosa. Nada falamos, o silêncio era confortável, amigável até. Eu pude expecionar cada detalhe da iris cor de chocolate dela. Eu senti que podia mergulhar naquela profundidade e me perder seria uma maravilha. Éramos gravidade de nosso próprio planeta e o que nos embalava era o som da música ao fundo.

 — No que você está pensando? - Decidi perguntar.

 — A vida é louca, sabe? Um dia seu amigo te convida pra tomar uma no bar, obviamente que com segundas intenções, mas você aceita. Que mal poderia acontecer, não é mesmo? De repente você acaba dançando com seu ator favorito. -

 Ela me encarou esperando alguma reação negativa e eu não pude lhe dar aquilo... Então ela realmente gostava do meu trabalho. Aliás, Emmett não era a única razão para eu ter desistido de atuar por um tempo. Estava numa crise existencial que colocava meu talento a prova, e se uma garota como Bella, que era talento com duas pernas, gostava do meu trabalho, de certo não era tão ruim.

 — Por que você gostou tanto de Romeu e Julieta? -

 Quero entender mais dessa garota. Eu preciso entender mais dessa garota.

 — Além de todo o clichê por trás de William Shakespeare, existe a beleza da vida e morte. A gente nunca sabe quando vai ser nosso último momento aqui, entende? Eu quero morrer viva de amor como eles dois, morrer pelo fato de ter encontrado a pessoa certa e poder partir em paz. Se isso não for o suficiente que venha a eternidade também desde que ela não seja solitária. No caso do filme que você fez, eu senti isso no teu Romeu, você entregou o que o William tanto queria passar ao público. -

 

Ela fez um gesto de reverência e bateu palmas.

 

— Meu irmão costumava dizer que o amor é como mergulhar num lago congelado; dói, mas se voce teve coragem é porque é louco o suficiente. -

 

Fechei os olhos. De dor eu podia entender, não só o amor romântico machucava.

— O amor é a morte dos que estão vivos, porém estão apenas existindo, e quando eles experimentam o amor pela primeira vez, eles renascem. -

 Ela deu um sorriso que de alguma forma me fez compreender o que ela estava querendo dizer. Quis tocar no seu rosto, encostei a ponta do meu dedo e contornei o arco do cupido de sua boca. Bella se aproximou o suficiente para que nossos rostos se tocassem. Abri a boca e deixei seus lábios encontrarem os meus. Era como beijar as pétalas de uma rosa. Suave, doce, gentil.

 — Eu acho que eu tive mais uma ideia...

 — Lá vem você com essas suas ideias. O que vamos fazer agora? Assaltar um banco? -

 Negou com a cabeça e soltou uma gargalhada.

 — Glub, glub, Cullenzinho. Nós vamos nadar! -

Com uma força que eu nem sabia que ela tinha me puxou e saímos em disparada sala a fora. Fomos pelo lado oposto ao que entramos; o jardim do estúdio rodeava todo o prédio. Apertando meus olhos pude observar que no fim do jardim havia um pequeno lago que refletia a lua de forma perfeita. Bella continuou me levando até chegar ao pier. Retirou o vestido de maneira sensual (ou talvez fosse minha imaginação), vestia uma lingerie preta com detalhes em renda. Ok, fazia tempo que eu não transava, mas não estava morto. Corei ligeiramente. Ela me observou pelo canto dos olhos, acho que notou meu rubor.

 — Tô começando a achar que você nunca viu uma mulher de calcinha e sutiã. -

 Ela foi se aproximando mais e dando um sorriso.

— Vamos! Tira logo a roupa porque senão eu vou desistir e congelar! - Obedeci.

Pelo visto ela queria ser presa, ficar desempregada e ainda pegar uma pneumonia. Quando finalmente fiquei de cueca me perguntei como andava meu físico. Não que eu estivesse exatamente com vergonha, entretanto eu também tinha desistido da vida de academia após o Emmett partir; ele era meu personal trainer. Até então nunca tinha ouvido falar de alguma pessoa que manteve o corpo malhado a base de pizza, cerveja e cigarros.

— Desculpe se não estou tão em forma como você que dança e provavelmente é rata de academia. -

Ela suspendeu o braço direito e fez um muck. Mais uma vez ela segurou minha mão me guiando e fomos até a a beira do pier. Eu gostava de como nossas mãos se encaixavam fácil, parecia certo.

— Pronto, Cullenzinho? -

Pulamos e a água gelada na pele me inundou como uma corrente elétrica.

Devagar e com certo jeito, puxei Bella para o mais perto que a água permitia. Eu a surpreendi, mas ela não negou. Minha mão encostou em uma mecha de cabelo solta no seu rosto e eu a coloquei atrás da orelha. Ela ofegou e seu hálito era quente, o que me gerou uma sensação gostosa contra o frio congelante. Encostei minha boca em sua testa e fui desenhando o contorno de seu delicado rosto até encontrar seus lábios. Respirei fundo, eu queria sentir cada maravilha que o seu toque podia me proporcionar. Comecei com um selinho, depois abrimos nossos lábios em sincronia. Encostei minha língua na dela e fui mapeando e sentindo o gosto quente de sua boca. Enquanto nos beijávamos, minha mão esquerda escorregou até a alça do seu sutiã.

— Posso? - Jamais faria algo que Bella não permitisse.

Ela afirmou com a cabeça e me puxou de volta ao beijo. Sua boca parecia ter urgência da minha. Continuei deslizando seu sutiã até ele estar exibindo seus seios. Seus mamilos eram de um tom rosa lindo. Senti meu corpo inteiro se enrijecer e arrepiar, assim como os pelos dela. Encostei um de meus dedos na boca de Bella e ela o tomou fazendo um sutil movimento de vai e vem. Tirei com ternura de dentro da sua boca e encostei no seu seio esquerdo fazendo um movimento circular com a ponta do dedo. Minha boca desceu de sua bochecha, passando pela clavícula, até encontrar o seio direito. Com uma delicadeza quase exagerada, encostei minha boca e fui passando a língua de forma uniforme. Ela gemeu no meu ouvido e eu não sabia se podia ficar mais excitado. Retiramos o resto de nossas roupas e as jogamos no pier. Nossos sexos se encontraram sem nenhuma dificuldade, foi natural e prazeroso. Eu estava dentro dela. Apesar da água gelada, eu poderia jurar que eu estava pegando fogo e entrando em transe. Talvez nunca tivesse sentido tanto prazer. Comecei de forma gentil e fui colocando mais pressão e rapidez nos movimentos. Nós conseguimos chegar ao ápice juntos.

— Você está bem? -

erguntei analisando o rosto de Bella. Parecia sereno.

— Tem como você me dar um copo de água? - Ela pediu e imediatamente começou a gargalhar.

Eu fiz algo de errado? O que eu tinha perdido? Água?

— Como eu te daria um copo de água aqui? Por que você tá rindo, doida? -

Ela fez um biquinho e imediatamente pareceu que soltaria uma grande história ou sermão.

— Poxa, Edward, nenhuma mulher nunca te pediu um copo de água quando terminou de transar com você? Pelo visto, eu acho que não. Na linguagem popular isso significa que foi bom e você conseguiu me cansar. -

Corei, mas fiquei realmente surpreso. Busquei em minhas lembranças se alguma de minhas aventuras já havia me pedido isso. Quando estava buscando as minhas lembranças, uma forte luz de laterna reluziu na escuridão do jardim. Bella pareceu soltar a alma do corpo de tão assustada.

— Quem são vocês? Isso é uma propriedade privada, seus moleques. -

A voz parecia ser de alguém que já tinha uma certa idade.

— Meu Deus, é o velho Cronenberg, ele é o vigia daqui. Eu tinha esquecido dele! -

Era oficial, aquela garota era louca..

— Tá, e agora fazemos o que? - Ela pareceu bem certa do que fazer quando me olhou e soltou com a maior naturalidade:

— Era ele quem devia estar naquela luz acesa na janela. Eu vou sair e distrair ele, enquanto isso você pega nossas roupas e quando eu disser já a gente corre o mais rápido possível, ok? -

Eu não tinha alternativa, além de aceitar. O velho já estava quase chegando ao pier, Bella nadou até a outra ponta.

— Ei, velhinho, vem me pegar aqui! - gritou ela.

A luz da laterna focou em sua direção, aproveitei e subi no pier para pegar as roupas. Bella alcançou a margem do lago e jogou uma pedra na janela fazendo cair pedaços de vidro para todo lado.

— Edward, já! -

Só vi ela correndo e eu indo atrás na maior velocidade que pude. Sim, estavamos correndo pelados enquanto invadimos o trabalho da garota que corria comigo. A cara dela era de pura diversão para situação toda. Seríamos pegos, com certeza. Ou será que não?

— Seus arruaceiros, safados, eu vou chamar a polícia! -

O velho Cro até tentou nos alcançar, mas a idade avançada dele esteve a nosso favor.

Com facilidade chegamos ao muro, eu subi primeiro e ajudei Bella a pular também. Ainda bem que o carro estava próximo. Peguei a chave dentro do bolso da calça e entramos. Se era possível fazer aquele porsche voar, eu descobriria agora

— Calma, Cullenzinho. Desse jeito vamos parecer mais suspeitos ainda com você dirigindo o carro a 210. -

Realmente ela tinha razão. Eu estava tão nervoso que nem pensei na possibilidade de uma viatura passar por nós.

— Desculpe, eu não estou acostumado a invadir os locais. - Ri de nervoso.

— Vai me dizer que não valeu a pena? - Ela me lançou um olhar que mexeu do consciente ao inconsciente da minha mente.

— C-claro que sim. - Gaguejei e Bella achou graça de mim.

— Tá, mas pra onde vamos agora? -

Dessa vez eu a surpreenderia. Tinha um lugar em Los Angeles que era meu favorito. Eu gostava e ir exatamente naquele horário para pensar, apesar de fazer um bom tempo que não ia.

— Surpresa. Que tal você escolher uma música para nós agora? Você pode conectar o seu celular ao som do carro. -

Eu pude vê-la pelo canto dos olhos mexendo em seu Spotify. Aparentava estar decidida.

— Essa é a minha música favorita de todos os tempos, sabe? Quando eu morrer quero que toque no meu velório. -

O instrumental começava com um piano. Reconheci de imediato.

— Easy? Mas esse não é o Leonel Richie. -

Os olhinhos dela brilharam e ela me lembrou um enfeite de natal reluzente.

— Não, é a versão do Faith No More. Eu amo que eles fizeram pra ser uma paródia e acabou sendo melhor do que o esperado. Eu ouço desde criança, me ajudou nos meus momentos ruins. -

Aquela música definitivamente entrou na minha lista de preferidas também. Estávamos bem perto, mas eu queria saber de tudo sobre ela. Teríamos tempo.

— Acho que vai ser necessário colocar roupas agora, também parece suspeitos dois pelados por aí. -

Estacionei o carro um pouco antes de chegar ao destino final para que pudéssemos nos vestir com nossas roupas encharcadas.

— Me acompanha e não desiste de mim. Prometo que vai ser legal. - Dei um sorrisnho de canto dos lábios.

— Confio em você. Eu acho. - Ela arqueou as sobrancelhas como quem duvida de tudo e todos.

Fui na frente e logo ali e estava o meu local favorito de LA.

O viaduto de Santa Fé continuava como sempre: lindo, charmoso e único. A pequena passagem que dava entrada aos pedestres era seguido por vários postes de luz. Ali tudo era como um sonho bonito e calmo; o tempo parecia não modificar a beleza do lugar.

Como já se passava das 4 da manhã, obviamente, não tinha ninguém.

— Nossa , que lugar perfeito! - Bella parou exatamente debaixo da luz de um dos postes. A luz fez refletir ainda mais seu sorriso sincero, seus cabelos úmidos e desgrenhados. Pude vê-la de todas formas em tão pouco tempo essa noite - e em todas, Bella era perfeita.

Eu não tinha certeza de muita coisa a algum tempo. Não tive certeza se um dia seria feliz de novo, não tinha certeza se o tempo curaria minhas feridas abertas. E ali estava eu, tendo a certeza mais absoluta que tive em toda minha vida: eu estava extremamente apaixonado naquela mulher que eu acabara de conhecer. Seria possível? Talvez. Eles não dizem que para amar você tem que ser um pouco louco?

— Agora vem a parte mais legal; nós vamos deitar bem aqui no chão.

— Para quem era tão certinho, você ta me surpreendendo.

Inclinei-me sobre o chão e deitei colocando as mãos atrás da cabeça. Bella também se deitou e repousou a cabeça no meu peito. Suspirei fundo deixando que o aroma do seu cabelo molhado me entorpecesse. Eu amava me sentir vivo de novo.

Ficamos em silêncio encarando as estrelas, imaginei se em algum lugar Emmett estava torcendo por mim. Se gostaria de Bella tanto quanto eu gostei.

— No que você está pensando? - Dessa vez foi ela quem quebrou o silêncio.

Pigarreei. Não sabia se ela deveria descobrir sobre os meus demônios internos ou se os compreenderia. Decidi arriscar.

— Meu irmão, Emmett. Ele morreu num acidente alguns meses atrás. É complicado ainda.

Palavras não eram suficientes para descrever quão difícil era, de fato.

— Eu li alguma coisa sobre isso em algum site. Você se sente a vontade para falar a respeito? Meio que você sumiu depois do ocorrido, né?

— Bella, os abutres da mídia lucram com minha desgraça. Quer dizer, minha assessora faz o que pode para amenizar a situação. Eu sumi desde a morte dele porque eu queria estar em seu lugar, entende? Ele morreu por minha causa, eu sei disso. Nunca deveria ter pedido pra que ele fosse comprar mais cerveja bêbado. Eu nunca deveria ter ceifado a vida do meu irmão daquela forma. Eu me odeio e tenho tanto nojo de mim mesmo que já não consigo me olhar no espelho.

As lágrimas rolaram de forma involuntária no meu rosto. Senti-me sujo e ao mesmo temo aliviado, pois confessei algo que me atormentou durante todo esse tempo. Um fardo a menos, porém Bella merecia alguém muito melhor que eu.

 Gentilmente ela limpou as lágrimas com a ponta dos seus dedos e fez um caminho de beijinhos por minha bochecha. A sensação de estar vivo foi lentamente se reinstalando em meu coração.

 — Escute, você não poderia imaginar o que aconteceria com seu irmão. Todo mundo carrega uma cruz, Edward, eu posso te garantir, só que cabe a nós decidir até qual ponto ela interfere em nossas vidas. Eu te garanto, porque já passei por algo parecido.

 Virei-me para encará-la. De repente seu rosto parecia tão cansado e triste.

 — Do que você está falando? - Perguntei.

 Bella respirou fundo lentamente e em seguida crispou os lábios.

 — Sabe o lugar que te levei agora pouco? Ali é um centro de recriação para dependentes de álcool e drogas. Eu tive problemas com heroína dos meus 14 aos 17 anos. Aquele lugar foi meu refúgio, a dança quem me salvou, entende? Eu não sei se estaria viva se não fosse a arte. Decidi dedicar minha vida a ajudar quem está passando pelo mesmo que eu.

 Eu acalentei seu corpo o máximo que pude. Ela era mais preciosa do que eu jamais poderia imaginar.

 — Isso é passado, Bella. Temos uma vida inteira pela frente.

 Ela pareceu se encolher o máximo que podia no meu peito.

 — Quando o Jake disse que eu não arrumaria mais ninguém, ele tentou me ferir com algo que guardo a 7 chaves.

 — Você pode me contar o que quiser.

 Nada poderia mudar minha opinião a respeito dela. Na verdade, agora eu admirava mais sua coragem.

 — Uma noite, quando eu tinha 16 anos, fugi de casa pra alimentar meu vicio. Peguei o carro da minha mãe e fui. Certa hora, eu já estava tão drogada que não tinha mais condições de dirigir... Eu bati o carro. Fiquei em coma por algumas semanas e quando acordei eu era a notícia do momento. Na escola, passei a ser a esquisita drogada. Em casa, fui a rebelde que acabou com a vida da minha mãe. Levei muito tempo pra me recuperar disso tudo.

 Senti suas lágrimas caindo em meu peito. Eu nada disse, mas tudo experimentei naquele momento . Apesar de ter feito sexo com ela mais cedo, intimidade nenhuma se comparava com aquilo. Sexo mostra o corpo, expor seus sentimentos mostra sua alma, quem que ficar nu dessa forma? Isso não pareceu nos incomodar. Estavamos apenas sendo nós mesmo; duas pessoas magoadas pelo tempo. Duas pessoas que, por a caso, se cruzaram e foram felizes durante uma noite.

 Voltei a encarar a beleza angelical de Bella. Lembrei-me de um trecho do poema de Frank O'Hara.

 — Tem um poema que eu gosto muito e eu nunca tinha encontrado ninguém que me fizesse ver sentido nele. Não até hoje.

 Corei. Será que eu estava sendo muito precipitado?

 — Recite-o.

Os seus olhos voltaram a ter aquele brilho que lembrava Natal.

 — "E a exposição de retratos parece não ter nenhum rosto, só tinta. De repente, você se surpreende que alguém tenha se dado ao trabalho de pintá-los. Olho pra você e prefiro de longe olhar para você do que para todos os retratos do mundo".

 Tentei recitar com a voz mais suave e serena possível, olhando em seus olhos, um sussurro leve.

Bella me surpreendeu. Seus lábios tomaram os meus e seu beijo foi uma resposta imediata. Eu não cabia em mim de alegria.

 — Agora eu entendi aquela música do Capital Inicial.

 Ela riu e imitou um microfone com o punho.

 — Música? Qual? Canta aí e eu digo se esperava ou não.

 — Não! Eu não sei cantar. Desiste.

 — Canta ou eu vou fazer cosquinhas..

 Já estava me preparando para o ataque quando ela concordou.

 — Ok, ok, mas não aceito risinhos e nem reclamações..

 Ela se pôs em pé e fingiu estar encarnando algum personagem, imaginei. Me sentei para observar meu show particular.

 Bella colocou sua mão sobre o poste, começou a rodopiar e em planos pulmões iniciou a música.

 — "Dias de verão e noites de inverno; A cidade as vezes é um inferno; Criei então um universo; Onde tudo era perfeito e feito pra nós dois; Passamos muito tempo sentados na calçada; Falando sobre tudo e não dizendo nada; Seu sorriso vale mais de mil palavras; Deixa que o futuro fica pra depois; Depois da meia-noite nós acendemos as luzes da cidade; Nos abraçamos e ficamos juntos até nascer o sol."

 Ela terminou fazendo uma reverência e eu dei uma salva de palmas.

 — Pelo visto, você tem mil e um talentos, Swanzinha.

 — Obrigada, obrigada. Estou aqui nesse viaduto sempre que encontro um famoso e ele me faz cantar.

 Rimos juntos. Coloquei-me em pé e sussurrei no seu ouvido:

 — Agora, então, nós vamos pra última parte dessa música. Vamos nos abraçar e assistir nascer o sol.

 Passei meus braços pela sua cintura e a abracei.

 Ao longe, o sol já dava seus primeiros sinais no céu, que agora tomava uma leve cor laranja.

 — Sabe de uma coisa? A música diz "por quanto tempo só nós dois?", eu espero que seja muito mais do que uma noite, Bella. Nada acontece por a caso. Nós dois estamos exatamente onde deveríamos estar.

 Ela sorriu e concordou.

Pensei em meu irmão e imaginei que aquilo tudo não fora um plano dele pra mim. Ele quis que eu estivesse ali com a Bella. Ele quis que eu tivesse lutando pela felicidade. No fim, eu quem ganhei um presente no dia do seu aniversário. Sua matéria não estava mais presente, mas enquanto eu o amasse, suas lembranças não me deixariam desacreditar na pessoa incrível que um dia esteve ao meu lado. Eu sempre seria grato a ele.

 Contemplamos o nascer do sol em silêncio e eu jurei que viveria para sempre aquele momento feliz enquanto existisse vida em mim.

 — Temos muitas outras músicas para viver a história descrita, Edward Cullen.- Ela comentou enquanto eu via a verdade nos seus olhos.

 — Diversas, Isabella Swan.

FIM.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado.



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