O Bailarino escrita por Mayara Silva


Capítulo 1
Os Marlborough


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAH VOLTEEEEEEEI

Sentiram minha falta?? Não? ;u; tá bom

AAAH eu to mto empolgada, de vdd! Finalmente, depois de uma parada de mais ou menos 3 meses, eu finalmente cheguei com mais uma fic! Gente, não foi hiato, eu só demorei muito pra terminar essa por causa da faculdade. Tá prontinha e quentinha com 57k de palavras! Ainda não sei se vou ficar postando de 3 em 3 dias ou 1 vez por semana como era antes, mas vcs vão descobrir uma hora XD

Enfim, pra essa fanfic to com uma proposta um pouco diferente. Ela é praticamente Original, foi uma tentativa minha de desapegar do tema MJ aos pouquinhos, só pra ver oq eu posso fazer sem ele, mas essa história ainda tem fortes influencias do KoP, então não adiantou muito kkkkkkkk também resolvi tentar um estilo de escrita diferente, algo mais rebuscado, mas pra quem não gosta, eu vou voltar com o meu estilo antigo, tá? Foi só um teste.

Inclusive, se vc é Top em português, aceito correções kkkkkkk

Eu espero que gostem! Essa história tem romance, suspense e mistério, e se quiserem uma dica, prestem atenção em cada detalhezinho, pq vai ser muito importante mais pra frente, viu? E ouçam Childhood do MJ nas partes q a música aparece ♥

É isso, boa leitura! Minha lista de fanfics futuras vai ser atualizada, já estou planejando mais! Se quiser dar uma olhada, só ver o meu site https://maybastidores.blogspot.com/



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Havia um casarão rústico no meio de um rigoroso inverno britânico.

 

Anelise não tinha muitas lembranças daquele lugar, exceto a de estar próxima de uma lareira, próxima o suficiente a ponto de sentir o calor das chamas aquecer as suas bochechas rosadas. Era possível ouvir, atrás de si, passos firmes de um par de botas pesadas, todavia, ela não ousou ver do que se tratava — até virou o rostinho, mas sentiu uma mão devolver-lhe o olhar para um quebra-cabeça à sua frente, iluminado pela luz do fogo.

 

Era um joguinho de cores pouco saturadas. Já tinha as bordas gastas, o desenho era pouco atrativo, mas havia uma quantidade pequena de peças e a montagem era fácil. Ouviu, mais uma vez, alguém ao fundo ligar a vitrola em uma melodia de tom fúnebre. Quem quer que estivesse atrás de si, aumentou o som, deixou a música inundar aquele ambiente, em seguida, saiu, deixou-a só. Anelise se concentrou na imagem que precisava montar, testou as peças umas nas outras, notou alguma figura se formar ali, até que, faltando pouca coisa para acabar…

 

… acordou.

 

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Quarto de Anelise, Casa dos Marlborough – 08:31 hrs

 

A Casa dos Marlborough era uma das propriedades mais opulentas do conde Herder de Marlborough, membro da elite londrina no século XX. Eduardo VII do Reino Unido havia assumido a coroa real há pouco tempo, a era eduardiana estava em seus primeiros anos de vida. Embora o povo britânico ainda estivesse se despedindo de sua tão amada rainha Vitória, aquele dia não era de lamentações, pois todos os empregados estavam empenhados na produção de um suntuoso festejo para comemorar o aniversário da preciosa filha do patrão, Sofia de Marlborough. Sabiam como o conde adorava a sua garotinha, a tão trabalhada comemoração precisava beirar a perfeição em todos os seus mínimos detalhes.

 

Anelise de Marlborough, por outro lado, estava dispersa.

Acordou tarde. Com um salto, levantou da cama, seu peito arfou, sua pele cintilava em suor. Novamente havia tido o mesmo sonho.

 

— Ah, pastel!

 

Resmungou. Sem mais delongas, correu para fazer a sua higiene antes que uma empregada ordenada pela sua mãe viesse buscá-la à força para o café da manhã.

 

Já sabia o que ia vestir: vestido azul com babados brancos, botas marrons de cano longo e os cabelos ruivos soltos e rebeldes, exatamente do jeito que sua mãe detestava. Não podia negar, era o que achava confortável, ela odiava esse tanto de babados e espartilhos, tinha apenas 17 anos, não queria estragar o seu corpo com todas aquelas parafernalhas.

 

Pegou o seu chapéu florido e saiu.

 

— Bom dia, bom dia! Senhora Everglow, onde está a mamãe?

 

— Bom dia, madame!

 

Respondeu a doce e sorridente mulher. Seu nome era justamente uma pista da sua personalidade, pois estava "sempre brilhante".

 

— Sua mãe está lhe esperando na sala de refeições. Mas, se quer um conselho, eu iria primeiramente ver a sua irmã! Lembra que dia é hoje?

 

— Ah, como eu posso esquecer?

 

Ela revirou os olhos, em seguida sorriu e saiu sem se despedir. Correu até o quarto de sua irmãzinha Sofia, que faria 15 aninhos e já estava toda impossível.

 

— Parabéns pra você! Nessa data querida!

 

— Bom dia pra você também… O que vai me dar de presente, irmãzona?

 

— Ué, meu parabéns já não é suficiente?

 

Anelise jogou os cabelos para trás e levou as mãos à cintura. Sofia negou com um balançar de cabeça e deixou uma risadinha escapar.

 

— Se não for uma joia bem cara e brilhante, um enorme vaso de flores silvestres ou um homem bem bonito e rico, não quero!

 

— Você mal fez quinze anos e já está pensando em homem? Valei-me…

 

Sofia riu mais uma vez e se levantou.

 

— Mamãe disse que não quer que eu fique encalhada que nem você!

 

— Não sou encalhada, tenho somente dezessete anos…

 

— Isso é muito, você sabe. Logo, os homens não vão olhar pra você.

 

Anelise suspirou. Sua irmã tinha certa razão, mas era difícil viver em uma época no qual a maior conquista que uma mulher poderia ter era um casamento precoce e bem sucedido. A ruiva esperava não se apaixonar tão cedo.

 

— Bom, quem está ficando velha é você, não me culpe. Além do mais, tem um menino que tá de olho em você há um tempo, não se finja de sonsa.

 

— O quê??

 

Anelise se afastou, com um sorrisinho no rosto, enquanto ia ao armário da irmã e escolhia um vestido cheio de frescuras para que ela usasse.

 

— Thomas Garth está louco para se tornar o senhor de Marlborough…

 

— Ah, faça o favor! Ele tem dezesseis anos, é muito moleque, e é pobre. Eu quero um homem bem endinheirado de, pelo menos, uns vinte e cinco.

 

— Menina, você só tem quinze anos, te falta um pouco de noção também, hein?

 

— E daí? Mamãe casou com dezesseis, e papai é dezoito anos mais velho que ela.

 

— Sim, sim, falta noção na família toda…

 

Anelise sentiu um travesseiro de plumas atingir as suas costas com a sutileza de um cavalo. Quase foi jogada para dentro do armário, mas conseguiu se conter. Aquela reação toda, no fim das contas, era apenas o seu drama.

 

— Sua maluca!

 

Ela gritou, rindo em seguida. Tomou o travesseiro em mãos e revidou na irmã, que riu com a brincadeira.

 

— Vi que calçou as botas… Você vai sair agora?

 

— Vou falar com mamãe e, depois, sair para distribuir os convites.

 

— Mas os empregados já não vão fazer isso?

 

— Prefiro muito mais sair para distribuir os convites a ficar e ter aulas de piano.

 

— É bem a sua cara… Boa sorte, irmã!

 

Disse Sofia, enfim levantando-se da cama. Anelise a deixou em paz e seguiu até a sala de refeições, um lindo espaço em tons de azul celeste e mármore branco, com um lustre cintilante no centro do teto da sala. À mesa, com alguns empregados já a servir, sua mãe e seu pai estavam presentes. Herder e Matilda de Marlborough, conde e condessa da elite londrina.

 

— Não corra, Anelise. Quantas vezes preciso lhe dizer?

 

— Desculpe, mamãe. Bom dia, bom dia, papai.

 

— Bom dia, minha filha. Venha, coma alguma coisa.

 

A ruiva suspirou discretamente e se acomodou junto a eles, com um pouco de má vontade.

 

— Eu não vou ficar muito, vou sair hoje…

 

— Não, não vai. Vai ficar com sua irmã.

 

— O quê??

 

Matilda lhe desferiu um olhar penetrante, esperando que ela entendesse que não devia responder ao pai daquela forma. Anelise suspirou com um pouco mais de força.

 

— Eu ia distribuir os convites!

 

— Os empregados farão isso, Anelise. Faça o que estou mandando e você não precisará ficar enfurnada no quarto durante a festa da sua irmã.

 

Dessa vez, ela bufou, sem conseguir esconder sua insatisfação. Para a felicidade de todos, o senhor Herder era um homem bastante paciente e buscava não se estressar com pequenas coisas.

 

Sem a mínima vontade de permanecer naquele ambiente, Anelise devorou a sua comida em poucos segundos e se levantou.

 

— Posso voltar ao quarto?

 

— Vá para o quarto da sua irmã.

 

Ela revirou os olhos e saiu novamente, mas não sem antes pensar em um plano.

 

Correu assim que saiu do campo de visão dos pais. Foi até o quarto de Sofia, que havia recebido o seu café na cama, cortesia de seu pai bajulador.

 

— Olha só, que chique!

 

— Não é? Papai me adora!

 

Anelise riu discretamente e negou com um balançar de cabeça.

 

— Sofi, preciso de você. Eu vou sair, preciso que me dê cobertura.

 

— Ai, ai… o que você quer agora, irmã?

 

A ruiva logo tratou de fechar a porta do quarto da irmã mais nova. Olhou para um lado e para o outro antes de trancar os portões e se certificar de que ninguém as flagraria.

 

— Eu vou sair pela sua janela. Se perguntarem sobre mim, inventa uma desculpa. Eu volto antes da festa começar.

 

— E o que eu ganho com isso?

 

— Se você não fizer, eu vou convidar o Thomas pra ser o seu par, hoje à noite!

 

Sofia bufou, sentindo-se vencida.

 

— Argh, você é cruel! Tá bom, tá… Vai logo e não demora.

 

Anelise sorriu e deu um beijinho na bochecha de sua irmãzinha antes de ir até a janela de seu quarto e escalar com maestria até o gramado esverdeado do jardim. Não era a primeira vez que fazia aquilo e definitivamente não seria a última.

 

Correu até os fundos, tomou a bicicleta de passeio do pai e tirou alguns convites das sacolas dos empregados, que estavam nos últimos preparativos para poder, enfim, espalhar as cartas aos convidados. Diferentemente das limitações impostas pelos seus pais, Anelise deixou o seu recinto e saiu distribuindo para as pessoas que acreditava que trariam cor ao aniversário de sua irmãzinha. O padeiro fazia pães e bolos deliciosos, a florista conhecia de có todas as mais belíssimas flores londrinas, e o estilista tinha um belo talento para vestidos e chapéus exuberantes, apenas coisas que sua irmã adoraria.

 

— Ei, pivete, sai da frente!!

 

Exclamou ela, freando com um pouco de dificuldade. O menino de pele clara, olhos azuis e leves sardas no rosto, logo se jogou para o lado numa tentativa de se proteger.

 

— É assim que você fala com o seu futuro cunhado?!

 

— Ah, é você, Thomas. Toma.

 

Deu-lhe uma daquelas cartinhas brancas. O menino pegou o envelope como se estivesse com uma pepita de ouro puro nas mãos.

 

— Eu não ponho muita fé nesse seu sonho de querer ser general, mas, se você conseguir desencalhar a minha irmã essa noite, eu mesma peço ao rei pra te pôr no exército dele.

 

— Está me desafiando, senhorita de Marlborough?

 

— Não vou falar duas vezes.

 

Anelise sorriu de forma sapeca e tornou a caminhar, agora arrastando a bicicleta do seu pai enquanto perambulava pelas ruas pacatas de Londres, ao lado do rapaz.

 

— E então, quais as novidades de hoje?

 

— Ah, o de sempre… Roubalheira… sodomia… uns assassinatos… Pelo visto, "Jack, o Estripador" ainda tá atuando por aí.

 

— Credo… ainda não pegaram esse homem?

 

— É um "Jack, o Estripador" de homens, dessa vez… e sequestrador de criancinhas.

 

A ruiva franziu o cenho.

 

— Sério?

 

— Você tá por fora, hein? Esse problema tá acontecendo desde antes da gente nascer. Ainda não pegaram o cretino… E, não, não é o Jack, é um outro maluco, mais um para a nossa competentíssima polícia britânica.

 

— Fala baixo, ou você quer que o rei te prenda?

 

Thomas gargalhou e tentou ser o mais discreto possível.

 

— Desculpe! É difícil elogiar a polícia ultimamente… Quero virar general e fazer alguma coisa pelo meu país, ou, pelo menos, me orgulhar dele um pouco.

 

— Boa sorte. Eu vou ficar com os meus problemas mesmo, obrigada. Não quero nada do país nas minhas costas.

 

— E quais são as suas novidades?

 

— Casar, meu querido. Eu aposto duas moedas que mamãe vai tentar me empurrar para algum bonitão hoje à noite. E eu, como sempre, vou pisar no pé dele, dizer que foi sem querer e sair de fininho.

 

— Ah, não, não vou apostar, preciso desse dinheiro para almoçar.

 

Anelise revirou os olhos e sorriu, em seguida puxou algumas moedas do bolso.

 

— Toma.

 

— Uau! Eu vou reclamar da minha vida pra você mais vezes!

 

Ela gargalhou e seguiu em frente. Não queria voltar para sua casa antes do almoço, então resolveu dar uma volta pelos parques não muito distantes da cidade, assim, deixaria o tempo passar.

 

Ao parar sua caminhada, admirou a paisagem à sua volta com discrição e, por fim, inspirou e expirou o ar límpido da natureza. Não era uma vista deveras inefável, apenas se tratava de um bosque de árvores altas e escuras, folhagens densas e flores a contar nos dedos, tudo isso acompanhado de um deprimente céu nublado há dias, mas ainda sim era o melhor que o seu olhar podia alcançar.

 

Logo sorriu.

 

— Quantas pessoas já devem ter passado por aqui? Barões, marqueses, clérigos…

 

— … escravos, servos, empregados…

 

Complementou Thomas, olhando para a menina com um olhar curioso, como se estivesse esperando sua reação. Ela moveu os ombros.

 

— Sim, sim, também… Nunca vi um escravo… foram extintos há muito tempo?

 

— Não… bom, eu sei lá. Não são animais, tá bom? E ainda tem uns no outro lado do Atlântico.

 

— Hum… que coisa…

 

— Ainda bem que isso acabou. De escravos, já temos o nosso próprio povo, não precisamos de mais gente.

 

— Tem certeza que o senhor quer ser general? Pelo visto, está mais preocupado com o país que o próprio rei.

 

Ela deu uma risadinha. Foi a vez de Thomas revirar os olhos e voltar a caminhar, fazendo com que a ruiva precisasse locomover sua bicicleta para alcançá-lo.

 

— Ei, ei! Foi brincadeira! Você vai à festa hoje, não vai?

 

— Claro que vou! Me espere lá…

 

— E não demore!

 

Arrastou as rodas por um caminho oposto ao dele e seguiu em frente, pedalando até os territórios de seu pai, enquanto o garoto seguia o curso da cidade. Estacionou a bicicleta de qualquer modo e sequer limpou os sapatos, prontamente subiu pela janela da irmã, pronta para a bronca que receberia. Para a sua felicidade, haviam a esquecido um pouco, Sofia estava animadíssima para outra atividade.

 

— Posso escolher o que eu quiser, mamãe??

 

— O que quiser. Vamos, me diga o quanto antes! O que vai ser? Um palhaço? Um músico? Um mágico?

 

Anelise arqueou a sobrancelha. Foi apenas colocar o pé no piso do quarto, que ouviu os cochichos de sua mãe e de sua irmã atrás da porta que dava para o closet abarrotado da menina. Em passos lentos, discretamente aproximou-se.

 

Ouviu Sofia exclamar, entusiasmada.

 

— O bailarino!


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

O bailarino.

Já ouviu aquele título antes. O artista que havia encantado a todos no cortejo de finados do ano passado. Anelise não tinha presenciado, ficara de cama. Boatos circularam pelos corredores daquela casa e diziam que aquele homem conseguiu levar consigo todas as lágrimas dos parentes mais próximos do falecido, apenas com intermédio de sua arte maravilhosa. Seus movimentos eram de estranha sutileza, seu corpo contorcia como uma onda, como se estivesse sendo conduzido pelas mãos do próprio Deus.
Obviamente, Anelise não acreditava em nada daquelas bobagens… não até que ela mesma presenciasse, e, finalmente, aquele dia havia chegado.



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