Eu mal podia acreditar que era uma mulher casada agora, foram tantas as dificuldades para que enfim eu conseguisse admitir meu amor por Darcy e ele por mim, eu o amo tanto, e pensar que eu quase havia perdido isso, só me fazia valorizar ainda mais a nossa relação.

  _ Querida, chegou a hora de fazermos compras para o inverno, faça uma lista para que eu mande Dickinson até a cidade amanhã logo pela manhã. - disse Darcy ao adentrar em nosso quarto, estou desfazendo minhas tranças enquanto devaneio e me arrumo para a cama. 

  _Eu fiz o cardápio para três meses, você acha que será o suficiente, meu amor?

  _ Acredito que sim, as estradas provavelmente já terão sido liberadas em três meses. Já pedi para que cortassem a lenha também, Pemberley é bastante fria no inverno, temos de estar preparados.

  Se eu pudesse, passaria o dia todo na cama, mas como dona de casa, tinha minhas obrigações diárias agora, então era impossível, eu tinha toda uma rotina a seguir.

A primeira neve caíra no dia anterior, e a temperatura também, eu amava o inverno, acompanhar a paisagem verde ser toda substituída por branco mudando completamente o ambiente, fazendo até mesmo com que as pessoas ficassem mais elegantes, era tudo muito lindo, mas eu nunca havia passado essa época do ano em um lugar tão remoto, a mansão do meu marido era muito afastada de tudo, por essa razão tínhamos de nos planejar muito para que tudo ocorresse bem enquanto durasse o frio. As estradas estavam começando a ser interditadas devido às tempestades de neve, então não podíamos mais perder tempo, Dickinson tinha de ser rápido nas compras no dia seguinte, mas era bastante competente me deixando bem tranquila em relação a isso.

  Darcy já está deitado, me observando enquanto coloco a camisola de seda rosa, sua favorita.

  _ Como sempre, linda. - fala enquanto me deito e me ajeito em seus braços rapidamente, minha pele toda arrepiada devido ao frio, mesmo com a lareira acesa, o ar gelado ainda se fazia bastante presente, num quarto enorme como o nosso, nem uma lareira em cada canto esquentaria totalmente o cômodo.

  _ Como você consegue não sentir frio? - pergunto, ao notar que seu corpo está quente em contraste ao meu.

  _ Como sentir frio com uma mulher como você ao meu lado?

  Eu amava seus flertes, sempre aumentando minha autoestima, eu sempre vivera na sombra de minha irmã perfeita, Jane, todos os homens sem nenhuma exceção, se apaixonavam por ela, enquanto eu e minhas irmãs ficávamos em segundo plano. Apesar de nunca desejar ser o centro das atenções, eu amava o fato de ser a única para quem Darcy olhava.

  _ Se me lembro bem, você disse que apesar de tolerável, eu não era bonita o bastante para tentá-lo. - me recordo de uma conversa sua com o Sr. Bingley que ouvi quando nos conhecemos, lembro de ter ficado bastante ofendida na época e achá-lo extremamente arrogante.

  _ Elizabeth, você sabe que eu só disse aquilo para que ele me deixasse em paz, sabe o quanto sou tímido em meio a pessoas desconhecidas e ele estava fazendo um alarde sobre o fato de eu não estar convidando as damas para dançar.

  Eu já sabia, é claro que ele já havia me explicado praticamente todas as suas atitudes que me fizeram duvidar de seu caráter assim que noivamos. E isso fez com que eu percebesse o quão preconceituosa fui em várias dessas ocasiões, meu orgulho havia sido ferido e eu simplesmente presumi que ele era o pior dos seres humanos, nunca de fato lhe dando chances para conseguir me mostrar de fato quem era. Graças a Deus, e algumas obras do destino, conseguimos resolver todos os mal entendidos entre a gente.

  _ Eu sei querido, só estou brincando com você. - deposito um beijo em seus lábios o fazendo sorrir. - Pois agora me abrace, passe um pouco desse calor, pois estou congelando aqui.

  Ele me aperta contra seu corpo e sinto como se pudesse viver em seus braços, me sinto tão confortável ao seu lado que esqueço completamente do frio, ele beija o topo de minha cabeça e sussurra que me ama.

  Consigo entender claramente a importância de um casamento por amor agora, e graças a Deus fui uma das sortudas que conseguiu essa proeza, meu coração se aperta por todas as mulheres que se submeteram ao casamento arranjado para conseguir seu sustento. Me sinto a pessoa mais sortuda do mundo por ter encontrado um homem doce, lindo e inteligente para construirmos uma família juntos e passarmos o resto de nossas vidas compartilhando experiências e escrevendo nossa história no livro da vida.

  Penso em Lydia, que ao fugir com Wickham acabou atraindo para si, uma vida solitária e com dificuldades. Penso em Charlotte que optou por suportar o chato do Sr. Collins apenas por pensar que seu tempo havia se esgotado e se não fosse com ele, não seria com mais ninguém. Penso em minhas irmãs que ainda estão solteiras, torço para que elas sigam o mesmo caminho que Jane e eu, que encontrem companheiros bons o suficiente para amá-las.

  Darcy passa a mão por meus cabelos soltos e sinto meus olhos pesarem. Meu coração se aquece ao perceber que essa era minha vida agora, eu era amada e desejada por um homem com um coração bom, e ele faria de tudo por mim, assim como eu por ele. Pego no sono em poucos instantes e sonho que estou em frente a uma fogueira com Darcy sentado ao meu lado, assando marshmallows e sorrindo calorosamente em minha direção.

  Eu não precisava de mais nada, já era a mulher mais feliz do mundo. Não queria nem pensar onde eu estaria agora caso Darcy tivesse desistido de mim depois que o rejeitei na primeira vez que pediu minha mão em casamento.

  Acordo no meio da noite apenas para ter certeza de que não era apenas um sonho, que ele realmente estava ali ao meu lado, e pra minha surpresa ele está acordado, encarando o teto, perdido em pensamentos.

  _ Está tudo bem meu amor? - questiono, ele me lança um olhar cheio de admiração.

  _ Só estava aqui pensando o quão sortudo eu sou por te ter em minha vida, você definitivamente é o meu tesouro mais precioso Elizabeth, eu te amo de todo o meu coração, sinto como se um dia sem você ao meu lado, seria tempo demais.

  Eu me coloco sentada na cama e o abraço, ele me puxa para que eu fique em seu colo e cola seus lábios nos meus enquanto acaricia meu corpo delicadamente, seu toque faz o meu corpo todo se arrepiar, eu não sabia o que era desejo até finalmente sentir o que eu sentia ao ser tocada por Darcy, lembro da primeira vez que fizemos amor, ele todo carinhoso e preocupado em me deixar confortável. Eu estava nervosa, mas consegui relaxar quase de imediato enquanto ele me beijava carinhosamente. Hoje em dia, às vezes, quem o procura sou eu, apesar de ser um tabu entre as mulheres ao meu redor, essa história de tomar a iniciativa, eu não estava nem ai, para minhas amigas, o sexo era uma obrigação do matrimônio, elas não se deixavam sentir prazer por achar que era algo sujo. Mas, eu não conseguia ver nada de errado em gostar de fazer amor com seu marido, em ser tomada pelo prazer e literalmente perder o controle de seu próprio corpo enquanto uma adrenalina nos invade deixando-nos em completo êxtase. Se isso era imoral, eu era a rainha da imoralidade, e meu marido simplesmente amava isso em mim.

  Em nossa mansão em Pemberley, o inverno era quente. Afinal, eram meses em que Darcy não precisaria se ausentar para trabalhar e ficaria em casa comigo, dormiria ao meu lado todos os dias e me manteria aquecida com o calor de seu corpo e a imensidão do seu amor, porque se tinha uma coisa que ele fazia questão, era em provar que me amava, seja com ações ou com palavras, ele sempre deixou muito claro que eu era a pessoa mais importante para ele, e eu fazia questão de retribuir seu amor a altura.