My bad habits escrita por Vanilla Sky


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus jovens fãs Karedevil! Como vocês estão? Bem, eu espero ♥ bem-vindos a mais uma história!

Essa história vem sido escrita há algumas semanas já. É uma mistura de romance com toques de comédia e aquele clichê que todos amamos. Ela acabou saindo um pouco diferente do que eu imaginava a princípio, mas mesmo assim adorei escrever! E torço para que gostem também :)

Aproveitem, e boa leitura!



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O vinho rodopiou dentro da taça antes de Karen gentilmente posicionar os lábios na borda e inclinar o líquido em sua direção, apreciando o sabor pungente e mantendo os olhos fixos em seu acompanhante do outro lado da mesa, um rapaz alto e moderadamente bonito que conhecera no Tinder semanas antes. Por baixo do recipiente transparente, ela escondia um sorriso educado para demonstrar interesse no assunto discutido, contudo, seus pés balançavam incessantemente enquanto constantemente esfregava as palmas das mãos no vestido florido comprado especialmente para a ocasião.

— O mundo dos investimentos é maravilhoso, não acha? Mudando de assunto, o que mais você gosta de fazer? Além do trabalho, claro.

Karen se surpreendeu com uma pergunta direcionada a ela, já que isso ocorreu após uma verdadeira aula sobre investimentos e sobre como é possível ficar milionário guardando metade do salário mínimo que ela ganhava. Com todo o cuidado, pôs o recipiente de volta na mesa e serviu mais uma taça, seja lá quantas seriam necessárias para terminar a noite.

— Sair com meus amigos, eu acho.

Ele torceu o nariz. Karen propositalmente colocou dois dedos a mais de bebida. Muitas. Muitas taças seriam necessárias para terminar a noite com o mínimo de sanidade.

— Você não tem hobbies que despertem mindfullness? Não medita ou pratica um esporte?

“Eu medito para não descer a mão na sua cara”, pensou ela com um sorriso pela metade.

— Meditar é uma ótima maneira de trazer paz interior para o dia. Antes eu tinha um emprego horrível, ficava o dia inteiro fechado em um escritório e tinha dificuldades até de levantar da cama, porém com esses e outros hobbies eu tive uma mudança bastante significativa na minha vida...

E lá ia ele, contar das viagens maravilhosas que fazia ou dos filmes edificantes que assistia. Karen às vezes se perguntava por que aguentava aquilo. Era só pelo sexo, certo? Para ter companhia durante a noite e depois ignorar todas as tentativas de contato futuras. Mas, se era só por isso, por que ela passava a maior parte do tempo pensando em Matt Murdock, em seu lindo sorriso, na certeza de se divertir imensamente mais em sua companhia do que na do homem do outro lado da mesa?

A voz do acompanhante ficava cada vez mais distante, e ela usava a palma da mão para cobrir a boca e esconder o sorriso, reflexo da imaginação fixa em Matt.

~.~

Era só entrar lá.

Era só dar qualquer desculpa. Um caso urgente que chegara ao escritório. Um cliente que precisava de ajuda. Que Matt estava com ciúmes.

Karen usualmente percebia o ambiente ao seu redor antes mesmo de Matt. Enquanto esse notava características físicas, como o pulsar de um coração mentiroso, aquela sabia dos sentimentos quase vendo um espectro ao redor das pessoas, uma aura colorida capaz de indicar as intenções escondidas de cada um. Depois de uma semana falando pelo menos três vezes por período do dia sobre o incrível rapaz que conhecera online, era até surpreendente ela não ter sentido o ciúme emanado nos sorrisos tortos de Matt, ou, se percebera, ter a frieza de não comentar nada em voz alta.

Ele suprimiu um sorriso. Do lado de fora, Matt escutava os pés de Karen batendo no chão em ansiedade, o coração monótono sem sentir uma fagulha de animação enquanto a conversa – ou melhor, o monólogo – se desenrolava. Era criminoso sentir alívio quando ela não estava cem por cento feliz com a companhia. Ainda assim, sentia-se vivo; era a prova que ele não tinha sido completamente jogado de escanteio, tendo pisado na bola tantas vezes.

Ainda não, pelo menos.

A voz de Foggy o puxou de seus devaneios:

— Isso já está ficando meio ridículo.

Matt arqueou uma sobrancelha.

— Como assim?

— Nós vamos ficar a noite inteira sentados do lado de fora enquanto você pensa no que quer fazer?

— Mais ou menos – Matt deu de ombros, dobrando as pernas na frente do corpo – porque eu não sei o que fazer.

— Que tal deixar a Karen aproveitar o encontro dela? É uma ideia. – O amigo bocejou.

— Não a melhor ideia, eu diria. – Respondeu Matt.

— Que tal ligar para ela? É uma desculpa para ela ir embora caso o encontro esteja sendo tão ruim quanto você acha.

Foggy parecia tão esperançoso que seu sócio se sentia até mal de esmagar aquela alegria com um mero movimento de cabeça.

— Então o que você pretende fazer, Murdock? Entrar lá? – A ausência de resposta para aquela pergunta era perturbadora, e Foggy arregalou os olhos quando percebeu esse detalhe: Matt já estava com a ideia fixa, só precisava da bênção que acabara de dar – não, não, não...!

Mas já era tarde demais; Matt já estava sobre os dois pés, batendo o paletó para tirar a poeira da rua. Em seguida, abriu a bengala retrátil e entrou porta adentro no restaurante, ignorando as ofertas de ajuda das pessoas trabalhando no local para se dirigir exatamente onde Karen estava.

O coração da moça deu um salto quando Matt sem querer bateu na mesa usando a bengala.

— Opa, desculpa – disse ele. – Espero não ter entornado nada, sabe. Eu sou cego.

Karen imediatamente levantou da mesa com os olhos arregalados, enquanto seu acompanhante estava com a boca aberta sem saber o que dizer.

Matt!

O tom de voz da moça era uma mistura improvável de irritação e alívio, junto do crescendo de seu coração pulsante. O canto dos lábios dele fez uma curva para cima.

— Karen? Que surpresa! Como vai o encontro? Vai se importar se eu sentar com vocês um pouco?

— Matt, o que você está...

— Desculpem, o meu amigo está atrapalhando vocês...?

Foggy apareceu na mesa alguns instantes depois, o olhar cansado cedendo lugar a uma expressão surpresa a qual Karen percebeu instantaneamente ser falsa.

— Karen? Que surpresa! Como vai o encontr–

— Você também, Foggy? – Choramingou ela, escondendo o rosto entre as mãos.

A essa altura, Matt já tinha pedido uma cadeira a um dos garçons e sentado perto de Karen com a certeza de que ao menos metade dos pares de olhos dos presentes no local estavam grudados na mesa.

— O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou Karen com um sorriso torto. – O escritório fica um pouco longe...

— Ah, sabe, saímos para tomar umas e acabamos caminhando até aqui – Matt rapidamente respondeu.

— Karen, quem são esses?

A voz do rapaz do outro lado da mesa silenciou os três colegas.

— Matt Murdock e Foggy Nelson – ela limpou os lábios com um guardanapo ao falar deles. – São meus chefes e meus melhores amigos em Nova York.

Ele sorriu, um pouco atônito – Matt Murdock conseguia ouvir os músculos de sua mandíbula estirando, o coração falsear quando demonstrou interesse em saber mais sobre eles, até mesmo o tamborilar de seus dedos sobre o paletó. A voz da mulher ao seu lado, porém – aquela mulher por quem era perdidamente apaixonado e ansiava beijar de novo cada dia mais –, essa estava animada. Era a primeira vez que a ouvia tão feliz desde que seguira seus passos até o restaurante, contando sobre seu trabalho e das noites felizes nas quais o trio saia para comemorar, ou afogar as mágoas, eventuais risadas breves escapando entre as sílabas ao falar algo engraçado.

— Nós não vamos demorar – disse Matt enquanto apoiava a mão na mesa quando ela terminou de falar –, apenas espero que você cuide bem da Karen.

O acompanhante parecia ainda mais desconcertado.

— Não é como se a gente fosse casar... – respondeu, brincando.

— Não me interessa.

Matt soou extremamente ríspido; em seguida, estendeu a mão para Foggy ajudá-lo a levantar.

— Você pode ficar com ela hoje ou pelo resto da sua vida, apenas saiba que essa mulher é um tesouro se você se dispuser a escutá-la. Eu poderia dizer, “você só pode ser cego para não perceber o quanto ela é maravilhosa” – ele simulou aspas com os dedos –, porém eu, sendo cego, sei como a Karen é incrível, então você apenas seria burro, mesmo.

O rosto da jovem adquiriu imediatamente um tom rubro, perceptível através da pele branca e quente como dunas de areia no deserto. Colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, sussurrou:

— Matt, por favor.

— Eu já estou indo embora, Karen, não se preocupe – ele abriu a bengala e torceu os lábios antes de mostrar um meio sorriso. – Eu só espero que você – mesmo sem virar o rosto, todos sabiam que ele se dirigia ao acompanhante – saiba no seu coração que está com a melhor companhia de Hell’s Kitchen, e a mais linda também. Saiba aproveitar esse momento por que...

O silêncio momentâneo deu lugar a um tom de voz mais baixo:

— ... Muitas pessoas não sabem.

Ele esticou a mão oposta, que não segurava a bengala, e sentiu o osso do ombro dela ao alcance dos seus dedos, os músculos formigando ao que ele apertou delicadamente a volta entre o fim de suas costas e o início do tórax. Seu coração pulava em descompasso, as narinas inspiravam e exalavam o ar continuamente em seus pulmões freneticamente, e Karen simplesmente o observava ir embora, boquiaberta, incapaz de dizer qualquer coisa até a porta do restaurante se fechar.

Foggy, que seguia Matt pela rua, exclamou:

— Por que você entrou lá se nem trouxe a Karen conosco?

Um sorriso emergiu nos lábios de Matt – um sorriso deveras tristonho, porém, ao mesmo tempo, brilhante.

— Quando eu sentei na mesa e ouvi a Karen falando sobre nós, eu soube que seria egoísta tirá-la do jantar por um mero capricho meu.

— O cara tem jeito de não ser dos mais agradáveis... – Foggy argumentou fazendo uma expressão de nojo enquanto passava um dos braços ao redor do ombro do amigo. – Mas e se ele for um babaca com ela...?

— Aí não é bem o Matt Murdock que vai jogar como policial bom com ele. – Ele abafou uma risada. – Vai ser o Demolidor.

— Não será necessário.

Os dois pares de pernas subitamente cessaram e viraram o tronco para trás; Karen estava a poucos passos de distância, com os saltos na mão e o cabelo levemente bagunçado. Seu coração pulou um pouco a mais quando olhou para o rosto de Matt.

— Não tinha como o encontro continuar depois daquilo – Karen deu de ombros – e ele ainda pediu para eu pagar a conta.

— Filho da...!

A voz de Foggy soou completamente fora de tom, o que fez o trio rir em conjunto.

— Desculpe ter estragado seu encontro.

Matt deu um passo à frente, esticando o braço para tocar Karen, as lembranças de seu primeiro beijo sob a chuva preenchendo a mente de ambos com um calafrio o qual parecia ter atravessado o corpo de Karen e, em seguido, fora transmitido a Matt através de seu toque gentil.

— Não é como se fosse um encontro incrível. E, de qualquer forma, ele iria me mandar pagar a conta, então seria o pior sexo da minha vida.

Uma nova risada, dessa vez mais baixa e constrangida.

— Mas a noite ainda não acabou, então se vocês quiserem fazer alguma coisa... – Karen se ajoelhou e começou a calçar os saltos novamente – ... seria um desperdício ter gastado tanto nessa roupa para não a aproveitar.

Foggy deu dois tapinhas no ombro de Matt.

— Acho que é meu celular tocando, vejo vocês segunda feira no escritório? Vejo, né? Mal posso esperar para tirar sarro do Matt chamando o seu ex-ficante de burro. – Ele riu enquanto se afastava e pegava o celular no bolso, digitando alguma coisa.

Quando a jovem de levantou, o outro tinha o braço esticado para ela segurar.

— Para onde gostaria de ir, senhorita Page? – Seu sorriso era inegavelmente feliz, e Karen não pôde evitar de sorrir de volta.

— Como você sabia que era eu no meio de tantas pessoas no restaurante?

A mão de Matt delicadamente escorregou para ligeiramente acima do cotovelo da jovem, e ambos caminharam lentamente pelas ruas de Hell’s Kitchen; não tão cheias como o restante de Manhattan, mas ainda habitáveis, com algumas pessoas indo para casa após uma longa sexta-feira de trabalho.

— As pessoas possuem características muito únicas. Você, por exemplo, tem uma leve arritmia, então o seu coração naturalmente é um pouco mais rápido. E é perceptível, se você está animada, porque ele se torna automaticamente um tambor, o que só ocorreu, desculpe a falta de modéstia – Matt pigarreou –, quando eu cheguei.

— Então você não vai admitir que convenceu o Foggy a ir com você me seguir após o expediente e ficou sabe-se lá quanto tempo esperando a chance de entrar e tentar estragar o meu encontro para levar a um momento como esse? – Provocou Karen.

— Eu não sou obrigado a testemunhar contra mim mesmo, senhorita.

Karen mordeu o lábio inferior, depois sorriu, subitamente parando na calçada.

— Você ficaria surpreso se soubesse que eu passei boa parte do tempo pensando em você? – Uma breve pausa. – Durante o encontro, quero dizer – ela acrescentou logo após – por isso, obrigada por ter me tirado de lá. É como se você tivesse adivinhado.

Por baixo das usuais lentes vermelhas, as sobrancelhas de Matt arquearam, e ele abriu a boca algumas vezes, sem saber exatamente como responder. Ele jamais imaginaria que Karen tinha o pensamento fixo nele como ele tinha nela. Sentia-se extremamente surpreso, e até tinha a garganta seca quando Karen aproximou-se, umedecendo a ponta dos lábios antes de timidamente beijar o canto de sua boca.

— Desculpa, talvez eu esteja me excedendo...

Matt imediatamente segurou os bíceps de Karen, trazendo-a mais perto de seu corpo para procurar seus lábios novamente com a urgência guardada em seu coração por tanto tempo – a boca dela era macia e, caso Matt se concentrasse bem o suficiente, podia sentir o gosto do vinho caro impregnado nos arredores de sua boca, embebedando-o cada vez que se movia entre o lábio superior e inferior. Karen fechou os olhos, o coração pulando tanto que parecia querer arrebentar os músculos de seu tórax; ainda assim, uma sensação de paz se apoderava de seu corpo, o qual formigava da ponta dos pés até os nós dos dedos enterrados nos cabelos castanhos de Matt.

Quando se afastaram, Matt sussurrou, tão próximo que sentia a respiração dela na porção de pele exatamente abaixo de seu nariz:

— Lembra que eu tinha um péssimo hábito de estragar noites perfeitas?

— Lembro – Karen sorriu.

— Acho que está na hora de mudar isso. Nós estamos perto do meu apartamento, não é? – A moça balançou a cabeça. – Vou na frente e espero você para começarmos esse encontro do início.

Quando ele se afastou e abriu a bengala retrátil, Karen gritou:

— Não corra para não se machucar!

Matt virou o corpo em sua direção, arqueando as duas sobrancelhas, dizendo em silêncio “meu anjo, eu sou o Demolidor” antes de sumir na distância, provocando risos e uma ansiedade diferente em Karen. Era seu segundo encontro com Matt Murdock e, tendo em vista tudo o que passaram até então, era como se duas pessoas completamente distintas daquelas de seu primeiro encontro fossem se ver pela primeira vez. Da mesma forma, o ânimo de tê-lo beijado novamente trouxe asas para seus pés, e ela flutuou até chegar ao prédio dele, imediatamente entrando quando outro morador saía.

O último lance de escadas conectando o piso anterior com o seu apartamento era repleto de lembranças, cada degrau significando um momento diferente – quando saiu de sua cidade natal, as lembranças de sua mãe e seu irmão na mala ao chegar em Manhattan; quando conheceu Matt e Foggy, trabalhando para eles pouco tempo depois; seu primeiro beijo com Matt; quando, após a suposta morte dele, buscou pagar seu aluguel acreditando que ainda vivia, bem como o alívio, escondido pelas máscaras da tristeza, em o ver entrar em seu apartamento pela janela – todos aqueles momentos preenchiam a mente de Karen até ela tocar a campainha. Aquele lance de escadas, aquele apartamento, guardava tantas lembranças que Karen pegou-se observando mais tempo que o normal.

O sorriso de Matt Murdock iluminou o corredor tão logo ele abriu a porta, tirando a moça de seus devaneios.

— Pronta? – Perguntou, oferecendo seu braço. Ele tinha um perfume amadeirado com notas cítricas exalando de seu pescoço, além de usar a blusa social e a gravata sem o paletó, um estilo mais despojado que ela considerava incrivelmente sexy.

Karen enganchou o braço no dele e sorriu de volta, descendo as escadas com a certeza que aquela noite seria perfeita em sua tão desejada companhia.


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Notas finais do capítulo

aaaa eu espero que tenham gostado dessa história tanto quanto eu gostei de escrevê-la. Estou voltando de uma temporada meio ruim para a minha escrita em que fiquei ansiosa demais devido ao c*vid, porém eu amo esse casal com todas as minhas forças e vou encontrar forças sempre para trazer mais fics deles juntos (até o MCU tomar vergonha na cara e apresentar a Karen).

Queria muito agradecer à Lari, que deixou comentários lindos na minha última fic, In the Woods Somewhere, mas ainda não consegui respondê-la justamente porque me afastei do Nyah nesse período. Em breve prometo responder com todo o carinho! E obrigada ao Shini (que me escuta shippar esses dois) e ao Areiko (que também escuta sem nunca ter visto a série) ♥ vocês dois me apoiam mais do que imaginam!

É isso, nos vemos em breve ~ ♥ ~



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