A Procura de uma Mãe escrita por brunadanih


Capítulo 8
Capítulo 8




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Ao chegar ao edifício da polícia, Ariana verificou que Lucifer já estava à sua espera no seu gabinete e com essa visão inspirou fundo.

— Bom dia, Lucifer. – Ela exclamou de bom humor, apesar de tudo a noite acabara bem, libertara alguma na sua energia a fazer sexo com Mark e sentia-se mais relaxada.

— Ontem não estive bem, fui até tua casa para falar contigo, mas vi que estavas acompanhada, não quis interromper. – Ariana levou-o para dentro antes que mais alguém ouvisse. – Não devia ter dito que aproveitaste a companhia de um colega teu? – Ele perguntou irónico.

— O Bureau não ficava muito feliz com essa informação, Lucifer, por isso agradeço que não a divulgas por aí. – Ela pediu séria, não queria que retirassem Mark da sua missão. – Foi apenas sexo, nada mais.

— Calma, minha querida, eu não direi a ninguém. Agora, temos que fazer um relatório, acredito. – Ariana suspirou e ambos se sentaram a fazer o relatório da noite anterior e aproveitaram para fazer também de outros casos. – A partir de agora vou ser mais simpático para ti.

Nos dias que se seguiram, Ariana verificou que Lucifer cumpria com a palavra, estava mais bem disposto e colaborativo nos casos em que ficavam juntos.

Nas suas folgas, que seriam ao fim de semana, Ariana aproveitou para organizar o armário e fazer compras. Foi à igreja e ajudou nalgumas atividades.

No dia seguinte ao fim-de-semana, Lucifer encontrava-se à porta do seu gabinete com um saco de papel.

— Bom dia, Ariana, trouxe-te um dos melhores donuts de LA. – Disse estendendo o saco que ela aceitou de bom grado, espreitando para dentro. Era de morango com pepitas de chocolate negro.

— Obrigada, Lucifer. – Ela deu uma dentada e automaticamente fechou os olhos, era delicioso. – É tão bom… - O homem sorriu-lhe, gostava de a ver bem-disposta. – Tens que me dizer qual é o sítio. – Ela pediu entrando no gabinete. Lucifer não entrou e ela fechou a porta quando ele se afastou. Estava contente de finalmente estar a adaptar-se. Daniel andava a fazer algumas sessões de terapia, Ella gostava de almoçar com ela e Lucifer tratava-a melhor. As coisas estavam a começar a endireitar-se.

Quase ao fim do dia, Ella chamou Lucifer ao laboratório fechando a porta por trás dele o que o deixou intrigado.

— Já tenho tudo sobre a Ariana. – Ella disse em tom baixo, apesar de estarem no laboratório. Lucifer olhou para o dossier que ela tinha, provavelmente estava lá toda a informação. Questionou-se se queria saber, gostava de Ariana, era uma pessoa fácil de se lidar, leve, mas também poderia querer magoar Chloe, tinha que se certificar.

— E então?

— Tudo normal. A mãe morreu no parto, o pai morreu quando ela tinha sete anos, mudou-se para Portugal para viver com o avô materno, sendo a única família que ela tinha. Estudou num colégio de freiras. O avô morreu quando ela tinha 18 anos, deixando-lhe toda a herança. Entrou na academia aos 19. Fez o curso e a academia e lutou para que o Bureau criasse esta figura de ligação que ela tem aqui. E conseguiu isso há mais de 5 anos, em Chicago. As coisas começaram a tornar-se um bocado estranhas aqui, mas nada de anormal. Ela viveu mais de três anos em Chicago, mas não havia casa ou arrendamento em nome dela. Mantinha a morada de DC. - Ella mostrava os papéis a Lucifer. – Há coisa de três anos, ela teve que fazer uma pausa por razões mentais. Ela alegava que tinha uma filha e que toda a gente conhecia, mas ela nunca engravidou, não há registos de nada disso. Falei com a melhor amiga dela e ela lembra-se do quão transtornada ela estava. Após esse problema, mudou-se para Las Vegas onde trabalhou, depois Miami, e por fim aqui. A única coisa estranha é que o nome dela aparece num caso que não foi a julgamento há um ano e tal, mas não consigo aceder à sua natureza. Ah e há 5 anos recebeu uma herança de mais 50 mil milhões de dólares de um familiar distante da Nova Zelândia, tudo legítimo, eu conferi.

— Então, ela é fiável? – Ambos sorriram, estavam tão felizes de poderem confiar nela. Gostavam muito da sua companhia e queriam poder falar com ela sem reservas. Ouviram batidas na porta, era Ariana que lhes acenava com a mão. Entrou de seguida.

— Ei, vinha-vos perguntar se querem beber um café agora à saída. Que dossier é esse, Ella, algum caso? – Ariana aproximou-se e viu o seu nome mesmo antes de Lucifer fechar e escondê-lo. – Eu vi aí o meu nome. O que é que estão a fazer?

— Não é nada de mais. Nada que precises de te preocupar. – Ella falou com um sorriso.

— Lucifer, sem rodeios e sabendo que nunca mentes, o que é isso na tua mão? – Ariana perguntou dura, ela tinha visto o seu nome. Precisava de saber o que era aquilo.

— Quando tu disseste que ias ocupar o lugar da Detetive, temporariamente. – Lucifer obrigou-se a dizer percebendo que ela ia interromper. – Eu pedi à Miss Lopez para te investigar. – Ariana ficou chocada com a revelação, nunca pensou que eles fossem reunir informação sobre uma agente federal.

— Vocês desconfiam assim tanto de mim?

— Nos precisávamos de saber, Ariana, peco desculpa. – Ella suplicou. – Sei que erramos e que não o devia ter feito.

— Mas nós precisávamos de saber quem tu eras. - Lucifer disse não se desculpando. – Eras uma desconhecida, por muito simpática que sejas...

— Para, se não vais pedir desculpa, para. – Ariana pediu exasperada.

— Tu tens que compreender, Ariana. – Ela negou com a cabeça, ela podia tê-lo investigado antes de ir para ali, mas não o conhecia, não fora falsamente simpática para ele.

— Andas aí a trazer-me donuts e a seres simpático quando pelas costas andas a reunir informação sobre mim? – Ela estava claramente transtornada e não ia esconder isso. – Pelo menos a Ella pede desculpa. Mas tu Lucifer, dividimos boleia todos os dias, garantiste-me que me ias tratar melhor, mas é só pela frente. Todos nós temos os nossos segredos e as nossas intenções, mas daí a fazer algo pela frente e outra por trás? Tu podias conhecer-me como uma pessoa normal. Ambos podiam, provavelmente eu teria dito tudo o que aí está. – Ela arrancou o dossier e começou a folheá-lo. – Vocês falaram com a Lily? Até os nomes dos meus pais e dos meus avós, esmeraste-te, Ella? Eu devo realmente parecer a maior ameaça do mundo para vocês. Até andaste a investigar a herança do meu familiar da Nova Zelândia. – Fora Raphael que fizera aquilo, ela não queria mas ele insistiu. – Descansa Ella, o Bureau investigou na altura e era tudo legítimo. Eu contar-vos-ia tudo isto! – Os olhos de Ariana passavam pelas páginas sobre a altura que ninguém acreditava que ela tivera uma filha.

— Então porque está o teu nome num caso que não foi a julgamento? A Ella não descobriu sobre o que era. – Lucifer teve a ousadia de perguntar.

— Não vou dizer. – Respondeu simples com ironia. – Vou deixar-vos a pensar que matei alguém a sangue-frio e que não arranjaram pistas que me incriminassem.

— Ariana, por favor. – Ella pediu. – Nós não queremos saber, espero que sejas capaz de me perdoar.

— Não precisas de te sentir culpada Ella, eu perdoo-te. – Ariana levou o dossier até ao gabinete sendo seguida por eles e de seguida pôs no triturador de papéis. – Queres dizer-me alguma coisa, Lucifer?

— Eu não me arrependo do que fiz. – O homem afirmou com convicção.

— Então podes sair do meu gabinete, ou podes ficar, estou mesmo de saída, e se calhar queres investigar mais sobre mim e que melhor do que ver o que tenho nas gavetas? Ella queres beber um café comigo?

Ella sorriu quando Ariana se dirigiu a ela com um sorriso e convidativa, percebia que ela estava a ser sincera com o perdão que lhe tinha oferecido. Olhou para Lucifer que parecia triste por Ariana não o compreender, mas a mulher tinha razão, ele podia pedir desculpa.

— Sim. – A perita foi até ao laboratório para agarrar nos seus pertences.

— Eu não estou chateada por terem investigado, porque compreendo a razão, estou chateada por não seres sincero nas tuas atitudes, se desconfiavas de mim, por que razão não o demonstravas como desde o dia em que comecei a trabalhar diretamente contigo? - Lucifer olhou-a sem perceber qual era o problema. - É muito difícil para ti, não é? Colocares-te no lugar dos outros?

Assim que Ella saiu do laboratório, Ariana seguiu com ela para um café à beira da praia e pediu-lhe para ir à igreja com ela. Depois de alguma insistência a morena cedeu.

Quando as duas chegaram, Ariana foi direta ao jardim onde estavam algumas crianças a brincar ao que rapidamente ambas se juntaram. Ficaram assim algum tempo e após as crianças se recolherem foram até à igreja onde Ariana se ajoelhou para rezar mais uma vez para ver Eleanor e Raphael. Ella juntou-se a ela pedindo coragem para enfrentar tudo o que se passava e para que as dúvidas pudessem passar.

De seguida foram jantar a casa de Ariana e sentaram-se à beira da piscina

— Queres dar um mergulho? – A loira perguntou. Ella nem pensou e tirou a roupa que usava e atirou-se de lingerie. Ariana foi vestir um bikini e preparar um cocktail para cada uma e juntou-se a ela. Ambas nadaram durante algum tempo enquanto bebiam o cocktail parando de vez em quando.

— Obrigada, Ariana, depois do que eu fiz, estares a fazer isto por mim significa muito.

— Eu gosto de ti, minha querida. E pediste perdão, isso significa muito mais que o erro.

— És realmente uma verdadeira cristã. – Ariana sorriu saindo da piscina e sendo acompanhada pela perita. Deu-lhe um robe e envolveu-se noutro, seguindo para dentro, sentando-se no sofá. – As coisas estão muito negras nos últimos tempos. Não tenho uma família muito unida e as pessoas do trabalho significam muito para mim. Quando aconteceu tudo aquilo... Como é que eu posso acreditar que Ele exista? - Perguntou apontando para o Céu. - E custa-me tanto duvidar, como se estivesse a perder parte de mim. – Lágrimas corriam pelo rosto de Ella. Ariana abraçou-a sentindo a sua dor e sabendo que não eram precisas palavras, só apoio. – Eu amo-O infinitamente, mas... Como é que Ele deixa isto acontecer? Como é que Ele deixa o mal vencer?

— Até Deus tem os seus limites, a maior parte das vezes tenho raiva Dele, Ella. Mas eu sei que Ele tenta o melhor como qualquer pai faz pelos seus filhos. Nunca sabemos se estamos a fazer o correto. – Ella olhou-a, será que ela estava a falar da filha imaginária? – Eu não tenho dúvidas que Ele exista, mas também não tenho dúvidas que ele não é perfeito como sempre nos ensinaram, apenas tenta fazer o melhor. O que aconteceu não foi fruto Dele, mas de pessoas que não percebem o mal que fazem.

— Sim, Ariana, mas queria tanto que Ele fizesse mais.... Peço-lhe tanta coisa, tanta ajuda e parece que Não me quer ouvir.

— Às vezes o melhor para nós não é o que queremos, às vezes a vida, Deus, dá-nos o que precisamos. Sei que é estranho, e não penso que precisavas da morte da Charlote ou da traição do Pierce, que vocês precisavam, mas podem vir coisas boas da dor. Quando eu perdi o meu pai, foi como se o mundo tivesse acabado, mas depois conheci o meu avô, algo que nunca teria acontecido enquanto ele estava vivo porque não se davam, entre num colégio onde aprendi tanta coisa… E ainda hoje me custa viver sem o meu pai, mas aprendi a valorizar o bom. E essa dor que sentes agora pode vir a tornar-se nalgo bom. Acredita nisso, acredita que quando Deus te tira com uma mão, devolve-te em dobro. – Ariana tinha que acreditar nisso, tinha que acreditar num plano superior.

— Bem, se isto não tivesse acontecido, talvez não estivesse a ter uma conversa contigo. A Chloe estaria cá, nós teríamos o nosso grupo e ela era muito desconfiada de ti, talvez nunca nos tivéssemos aproximado. – Ariana estava feliz. Ella fazia um esforço para sair daquela aura negra à sua volta. – Eu gosto muito da tua companhia, não me quis aproximar muito de ti por causa das reservas que sentia, mas adorei a tua vibe, adorei o teu sorriso fácil, e a tua força. Nota-se claramente que estás a passar por alguma coisa, mas enfrentas o dia com um sorriso nos lábios e de frente.

— Obrigada, Ella, também gosto muito de ti. Bem, está a ficar tarde, queres ficar por cá? De certeza que devo ter alguma coisa que te sirva e lavo num instante essa roupa interior. – Ella vestiu uma camisa que Ariana lhe deu e esta lavou e secou a roupa interior. De seguida ambas foram dormir. Naquela noite Ariana percebeu que estava a fazer algo que prometera não fazer, estava a criar uma amizade.

Lucifer entrou no gabinete de Linda sem lhe ter pedido nenhuma sessão e disparou logo de seguida.

— Eu sei que fiz o acertado. Ela não tem o direito de ficar chateada!

De seguida sentou-se no sofá e contou toda a história. Linda já sabia quem era Ariana, o nome da mulher aparecia em todas as sessões de Lúcifer, até mesmo quando ela era apenas a mulher dos olhos azuis. Lucifer como sempre não percebia os outros e queria que lhe dissesse que tinha razão. Porém, linda sabia que Ariana tinha razão, percebia a mulher, percebia Lucifer e não sabia como lhe explicar melhor do que Ariana.

— Lucifer, ela só quer que lhe peças perdão, que percebas que não podes agir de uma forma e fazer depois de forma diferente.

— Mas eu não fiz nada de mal.

— Lucifer, magoaste-a. – O homem olhou-a chocado. – Ninguém gosta de ser tratado assim.

— Eu sei o que tenho que fazer, tenho que ser mais simpático, mostrar-lhe que sou superior a ela e não levar a mal a implicância dela. Obrigada, Doutora, sempre prestável. – Lucifer saiu sorridente. Amanhã estaria tudo bem.


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