A Procura de uma Mãe escrita por brunadanih


Capítulo 6
Capítulo 6




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Nessa noite Ariana dormiu muito mal. Sonhou com Raphael, de como ele mostrara que a amava na noite em que se declararam um ao outro. Sonhou com o dia de nascimento de Eleanor, de como Raphael lhe segurara na mão e respirara com ela, de quando lhe depositaram a filha nos braços e de como tinha sorrido pela família que ganhava. E a sensação de perda de tanta felicidade assolara-lhe completamente e destruíra novamente o seu espírito, mas Ariana esforçou-se e seguiu para o trabalho. Quando chegou lá, Lucifer já se encontrava encostado à porta do seu gabinete de braços cruzados.

— Bom dia, Ariana. Pronta para mais um dia de trabalho? Garanto-te que nem todos os casos são fáceis como os de ontem. – Ela olhou-o.

— Meu querido Diabo. – Ariana aproximou-se dele desafiante, ficando a menos de 5 centímetros de distância sentindo a sua respiração. – Acredita quando te digo, eu sei que não, agora sai-me da frente. – O homem afastou-se desconfortável. Ariana passou, mas antes de entrar no gabinete virou-se para ele. – Lucifer, tu és mesmo o Diabo?

— Por que perguntas isso, estás com medo de mim? – Ele perguntou com um sorriso.

— Oh, Lucifer. – Ariana suspirou. – Acredita, quem quer que sejas, eu não tenho medo de ti, mas também não tenho medo do Diabo, tenho mais medo de mim, do que estou disposta a fazer para conseguir o meu objetivo. Eu iria ao Inferno, iria ao Paraíso, rezo a Deus todos os dias, morreria mil vezes, torturar-me-ia para toda a eternidade se isso significasse que ia conseguir alcançar a minha felicidade.

— Isso não parece ser muito saudável, nem muito inteligente, sacrificares a tua alma pela tua felicidade terrena? Uma eternidade por uma vida?

— Por uma vida com sentido sim. – Ela respondeu-lhe antes de entrar no gabinete e fechar-lhe a porta. Assim que o fez fechou os olhos. Raphael destruíra-a. Mostrara-lhe a maior felicidade possível e deixara-a para trás à cata dos cacos.

Assim que Ariana fechou a porta, Lucifer foi até Ella que o olhava atenta, tinha visto de longe a pequena discussão com Ariana. Apesar de tudo, algo lhe dizia que Ariana era boa pessoa e não queria prejudicar ninguém, mas também estava com receio desta nova situação.

— Que aconteceu Lucifer? – Ella perguntou.

— Eu não confio nela. – O outro respondeu. – Não quero trabalhar com ela. Ela é estranha.

— Lucifer, só não a conhecemos ainda. – Ella tentou ser razoável. – De qualquer forma temos que nos habituar. Ela vem aí.

— Bom dia, Ella. Como estás? – A loira sorriu-lhe.

— Bem, obrigada e tu?

— Sim, noite mal dormida, mas nada que não aguente. – Ariana sorriu. – Lucifer, há um novo caso. Queres vir?

— Posso ir sim. Hoje levo o carro. – O homem afastou-se. Ariana olhou para Ella que lhe sorriu

— Hoje não sou eu que vou analisar. Ariana, a licença da Chloe afetou-nos a todos, mas principalmente o Lucifer. Espero que consigas ter paciência com ele. – A morena pediu.

— Ella, todos nós temos as nossas mágoas, mas devemos fazer de tudo para que isso não afete os outros. – Ariana suspirou derrotada. – Não te preocupes, serei uma paz de alma hoje. – Ela piscou o olho e seguiu de encontro ao colega que não esperara por ela. Quando Ariana deu por si, já Lucifer estava no carro com o motor ligado. – Ofereces-me boleia ou sigo sozinha? – Ela questionou.

— Como não quero ser o culpado de teres um acidente por adormeceres ao volante podes entrar. – Ele sorriu-lhe. Ariana entrou no carro e eles seguiram. Lucifer dirigia a alta velocidade na esperança de a aborrecer, mas se tal incomodava a mulher ela não disse uma palavra. – A noite deve ter sido mesmo longa, se não aguentas noites mal dormidas talvez não as devesses procurar. – Ele comentou com um sorriso pervertido.

— Preferia ter dormido mal pelo que sugeres, mas não foi o caso. – Ela retorquiu simples. – Nem todos preenchem as noites como tu as preenches. – Ariana era uma mulher que gostava de sexo, antes de Raphael tivera bastantes casos de uma noite ou de uma temporada, até mesmo depois de se aperceber que ele não voltaria o fizera. Porém desde que estava em LA que ainda não tinha tido sexo com ninguém. Talvez precisasse disso para relaxar mais um pouco.

— Parece estares com inveja. – O homem provocou mais uma vez. – Mas nem todos temos estofo para tal. É apenas um facto.

— Oh, Lucifer, eu não tenho inveja disso, acho que não tenho inveja de ninguém para ser sincera, mas muito menos por sexo. É algo bom, mas há coisas muito melhores, como a família e o amor. Gostas de acelerar o carro? – Ela inquiriu.

— Sim, é um dos meus hobbies preferidos. Porquê? Estás a sentir-te mal?

— De todo, sempre adorei velocidade, mas preferia que tivesses mais cuidado, visto que podes ser mandado parar e estamos em serviço para LAPD. – Ariana pediu, porém ele ignorou o pedido e seguiu viagem.

Chegando ao local do crime verificaram que a vítima se tratava de uma mulher, Elena, na casa dos 30 que fora morta com um tiro no seu carro quando chegara ao local de trabalho. As câmaras de segurança não mostravam a cara do assassino, mas era claramente um homem.

Ao questionarem os seus colegas de trabalho, perceberam que a mulher tinha um caso com um colega e depois de terem uma pequena conversa com ele, Lucifer afirmou:

— Foi ele.

— E como é que chegaste a essa conclusão, Génio? – Ariana ergueu a sobrancelha com dúvida. Reparara que o colega, Ryan, fora demasiado evasivo nas suas questões e revelava alguns indícios de culpa, mas tinham que examinar as provas e levá-lo a um interrogatório na esquadra.

— Ora, é óbvio, ele é casado, ela era a outra, segundo alguns colegas eles tinham um caso e a Anne referiu que a Elena estava farta de esconder a relação. Provavelmente ameaçou o Ryan de contar à mulher e ele quis cortar o mal pela raiz. – Ariana tinha que concordar com Lucifer, aquele cenário era muito provável.

— Vamos primeiro esperar a análise de provas.

— Agente, encontramos uma arma nos caixotes do lixo por trás do edifício. – Um policial dirigira-se a eles.

— Enviem para análise, por favor. – Ariana seguiu o seu caminho e fez mais algumas entrevistas. No fim de fazerem todo o levantamento, Lucifer e Ariana entraram no carro. – Estou esfomeada, podemos passar nalgum sítio para comprar alguma coisa para comer?

— Não vou almoçar contigo. – Lucifer afirmou simples. – Só quero a tua companhia para o estritamente necessário.

— Eu só estava a pedir que passasses nalgum sítio para comprar alguma sandes ou assim. – A mulher estava magoada, não lhe tinha feito nada e ele ainda a tratava como se ela fosse uma péssima companhia, quase que uma inimiga.

— Podes comprar algo perto da delegacia. – Lucifer continuou viagem deixando Ariana ainda com mais raiva.

Enquanto eles seguiam viagem, Ariana olhava pela janela, a vista era completamente diferente de Chicago, até mesmo de Miami, mas tudo o que via lembrava-a de Raphael e de Eleanor, dos dias de férias que tirava para ir com eles até à praia, de como Eleanor aprendera a nadar ainda antes de andar e de como Raphael construía os melhores castelos de areia. Com essa memória, Ariana permitiu-se sorrir. Apesar da dor que sentia, Raphael não lhe tirara as lembranças, algo que ele poderia ter feito, algo que ele fez a muitos amigos que conheciam Eleanor. As pessoas diziam que recordar é viver, mas nunca se tinham enganado tanto, apesar de sentir grata pelas lembranças, parecia que cada vez que recordava, a esperança de encontrá-los diminuía, e parte da sua alma morria. Ariana não sabia se era possível morrer de tristeza, não havia muito consenso médico sobre esse tema, mas se fosse, Ariana estava com os dias contados. Quando saíra de Chicago perdera o contacto com muitos dos seus amigos uma vez que se focara no trabalho e em encontrar a filha e o amado- Em Miami não se permitira fazer amizades porque sabia que poderia ter que abandoná-los mais cedo ou mais tarde, porém mesmo assim, tivera um grupo com quem convivia e até tivera alguns casos com pessoas locais e até mesmo com colegas, mas não queria pensar nisso, essa era outra dor. Agora em LA, também não queria fazer amizade com as pessoas, mas queria ter uma ligação de parceria com os colegas. A única coisa que fizera mais pessoal fora juntar-se a uma igreja local e ajudar no cuidado de algumas crianças que aguardavam que os pais conseguissem ter estabilidade financeira e emocional para ficarem com a sua guarda.

Lucifer olhava para a mulher de relance, queria conseguir ler-lhe a mente para perceber o seu propósito. Parte dele queria acreditar que ela não era uma ameaça. Ele interessara-se por ela mal a tinha visto e mesmo agora, que pretendia fazer-lhe a vida num inferno, ele tinha uma vontade inexplicável de conversar com ela, conhecê-la, ajudá-la de alguma forma, descobrir a causa de todas as suas dores. Lucifer desviou o pensamento, tinha que se focar, iria pedir a Ella para despachar a sua investigação, tinham que descobrir a intenção da Agente.

Ao chegarem à delegacia, Ariana dirigiu-se a uma roulotte e comprou uma sandes de frango e comeu-a sentindo o sol na cara. Tinha que ir para dentro e enfrentar o trabalho e Lucifer.

Ao entrar no departamento, Daniel dirigiu-se a ela:

— Ariana, enviaram os resultados das perícias da arma. As impressões digitais correspondem a Ryan Baker.

— Manda alguém para o ir buscar, por favor. – O homem assentiu. – Sabes do Lucifer?

— Saiu para almoçar.

— Obrigada, se entretanto ele não chegar agradeço que me assistas no interrogatório. – Ariana dirigiu-se até à máquina de café e serviu-se de um expresso. Precisava de mil cafés para aguentar o resto do dia e agora tinha que liderar um interrogatório.

Ao fim de vinte minutos, Ryan Baker chegou ao edifício e visto que Lucifer ainda não chegara, Daniel dirigiu-se com Ariana até à sala de interrogatórios.

— Olá mais uma vez, Mr. Baker. – A mulher cumprimentou. – Este é o meu colega, Daniel Espinoza. Temos algumas questões a fazer-lhe sobre o assassinato de Miss Hughes. Pode-nos responder de novo há quanto tempo a conhecia?

— Há dois anos, quando ela começou a trabalhar na empresa. – O homem mostrava-se agitado e rodava a aliança de casamento com a mão.

— E que tipo de relação tinha com ela de momento? – Ryan olhou-a frustrado.

— Éramos colegas.

— Mas muitos colegas vossos afirmam que tinham uma relação fora do âmbito profissional, uma relação de origem romântica. Corrobora isso?

— Não, isso é mentira, eu sou casado e amo a minha mulher. – Ele gritou exaltado.

— Cuidado com o temperamento. – Daniel avisou.

— Então pode-nos dizer que fotografias são estas que encontramos na cloud de Miss Hughes? – Ariana questionou mostrando fotos onde os dois surgiam sozinhos em jantares e bares em pleno clima romântico. O homem olhava aquelas fotos surpreendido. – Apesar do telemóvel de Miss Hughes ter desaparecido conseguimos aceder à cloud que nos revelou estas e muitas outras fotografias vossas e cruzando algumas datas com os dados do seu cartão de crédito temos as faturas de alguns destes jantares.

— Ouça, a verdade é que sim, eu tinha um caso com a Elena, mas a minha mulher não pode saber disso por favor. – O homem estava desesperado.

— Encontramos a arma que foi usada para matar a Elena, Mr. Baker e as impressões digitais correspondem às suas. O que nos tem a dizer sobre isso? – Ariana inquiriu.

— Eu, eu…

— Foi o quê, Ryan, a Elena estava farta de ser a outra e queria revelar tudo à tua mulher? – Daniel perguntou chegando-se para a frente ao que o homem o olhou com lágrimas nos olhos.

— Eu não… A Elena…

— A Elena está morta, Ryan. – Ariana respondeu dura. – Por que razão está a Elena morta?

— Ela, ela… Ela pressionou-me para contar à minha mulher, para a deixar, mas… Eu tenho dois filhos, eu não podia abandonar a minha família. Tem que compreender, Agente Carvalho, eu não podia deixar aquela mulher destruir a minha vida. Ela era linda e eu deixei-me levar pela tentação, mas ela não tinha o direito de arruinar tudo o que eu tinha construído! Por isso sim, eu comprei a arma e… E tive que o fazer, tive que a matar…

— A Elena era livre e desimpedida, Ryan, foi o senhor que destruiu a sua vida, a sua, a dos seus filhos, a da sua mulher e a vida que a Elena podia ter tido. – Ariana e Daniel levantaram-se. Um guarda levou Ryan sob custódia. – Obrigada pelo apoio Daniel. – Os dois saíram sendo logo observados por Lucifer.

— Não podias ter esperado por mim, não é? Preferes este Douchebag a ajudar-te? – ele questionou irritado.

— O Daniel estava disponível, eu não tenho culpa que te tenhas demorado no almoço, se não tivesses tantas reticências em almoçar comigo estarias aqui e terias estado naquela sala. Agora com licença, como tenho algum tempo vou aproveitar para falar com algumas pessoas que me têm pedido. A luz do meu gabinete vai estar vermelha. – Ariana tinha uma luz acima da porta que mostrava se ela estava disponível ou não.

Nessa tarde, Ariana focou-se em ouvir várias pessoas e ajudá-las com alguma terapia. Saber que conseguia ajudar era reconfortante.


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