Shiruko escrita por Lyubi


Capítulo 6
Ansiedade




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Takao mal se deu conta de quando Midorima desligou a ligação. Ficou segurando o celular na orelha por um longo tempo. Colocou o aparelho no carregador de novo e se jogou na cama.

Não dormiu. Lembranças rodopiavam por sua mente. A cena do beijo era a mais insistente de todas. Mas tinha lembranças de antes também, do festival, de ver Shin-chan nas roupas típicas, da pouca resistência que ele fizera ao seu convite (como se apenas para não perder o costume de dizer "não" quando acabaria dizendo "sim" no final das contas), lembranças de quando se conheceram, do misto de amargura e deslumbramento, de como ele resistiu a sua amizade ou demonstrava resistir, por que Shin-chan tinha um jeito de autossuficiência que enganava um monte de gente, mas Takao percebia, no começo inconscientemente, que Midorima se sentia muito sozinho e queria ser incluído, queria ser amigo. Lembrava-se de um Shin-chan que ainda não conhecia, quando ele jogava na Teiko, como o odiou naquela época e mirou nele como seu rival.

O sábado passou em branco e estranhamente mal sentiu o domingo preguiçoso chegar e ir embora de novo. 

Despertou na segunda-feira ainda meio baqueado. Sem ter conseguido resolver as questões matemáticas que seu próprio cérebro criou. Não costumava ser tão inseguro. Takao não gostava do título de impulsivo, mas sabia que muitas vezes agia apenas pelo ímpeto de desafiar o medo, pela vontade de sair da paralizia, fazia besteiras. Mas não era imprudente. Nunca foi.

Viu-se tentando mascarar a ansiedade com sorrisos e piadinhas quando foi buscar Shintaro com o riquixá. Forçou uma conversação unilateral, mas a máscara era pesada e o silêncio de Shin-chan parecia incômodo, diferente da indiferença habitual. Mas seguiu falando assim mesmo. Um varal de "blablablás" levados pelo vento naquela manhã azul.

E depois vieram os colegas de sala falando sobre a volta às aulas. Sentia os olhos de Midorima acompanharem seus movimentos por detrás das lentes. Suava desespero.

No almoço se sentaram juntos, como sempre. Sozinhos. Não teve coragem de comer até que alguns senpais vieram fazer companhia; sentia que qualquer alimento ficaria rodando em seu estômago.

Mais aulas. Shintaro ficava na carteira detrás. Imaginava se ele estaria olhando. Queria virar para conferir, mas não queria que ele soubesse no que estava pensando. Ficou tenso o tempo todo.

E então o treino de basquete. Jogaram no mesmo time, nada diferente do habitual, nada que exigisse muito pensamento. Fluiu.

E então novamente o riquixá. Estava prestes a montar na bike quando Midorima o chamou.

Andaram até uma praça e Shintaro o convidou a se sentar ao lado dele num banco.

— Você lembrou — constatou.

O aperto que Takao sentia em seu peito, em seu pescoço, durante todo o dia, tornou-se mais forte.

Midorima meditou um instante em silêncio. Takao mal respirava.

— Desculpe.

A simplicidade naquela palavra fez Kazunari erguer a cabeça.

— Eu imaginei que diria algo assim, Shin-chan — deixou a tristeza transparecer na voz. — Está arrependido, ne?

— Estou.

Takao sentiu seu estômago afundar em dor.


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