O Sol que me aquece escrita por Thay Paiva
Notas iniciais do capítulo
Oii, tudo bem?
Capítulo quentinho caindo ;)
O final de semana havia chegado e eu estava a caminho de casa no momento.
— Filha, está tudo bem? Estou te achando tão calada. - Observou meu pai, não queria falar sobre o assunto com ele, então só respondi.
— Está sim, só um pouco cansada. - Ele passou o caminho todo falando como foi sua semana e eu interagia uma vez ou outra, até que chegamos em casa.
Minha mãe não estava em casa, então fui direto para o quarto. Tentei ler algo, mas meus pensamentos não me acompanhavam, coloquei estão uma série aleatória, eu nem estava prestando atenção só deixei passar e quando vi já estava no episódio três, ouvi batidas na porta.
— Posso entrar? - Era minha mãe, fiz que sim com a cabeça, ela se sentou na cama comigo. - Bianca, o que está acontecendo? - Deitei a cabeça em seu colo enquanto lhe contava tudo.
— Há querida, sinto muito. - Ela dizia acariciando meus cabelos. - Como você se sente com tudo isso?
— Eu não sei, acho que um pouco confusa. - Me apoiei sobre o cotovelo. - Eu deveria estar com raiva, mas não estou. Mas estou muito chateada, dá pra entender?
— Dá sim. Você estava começando a gostar dele e se decepcionou, é normal está chateada. Mas filha, você precisar conversar com ele, sei que é complicado, mas tente entendê-lo, pelo que me disse ele passou por um momento traumático. - Fiz que sim ainda pensativa, deitei a cabeça em seu colo novamente. - Esclareça tudo, e se não for pra ser não será.
— Obrigada mãe, vou tentar fazer isso. - Fiquei em seu colo mais um pouco, no fim acabamos assistindo a série juntas, coloquei do início.
O fim de semana tinha acabado e voltando para a escola, ainda não estava pronta para a tal conversa, então tentei me afastar o máximo possível. Resolvi me dedicar a treinar, fazia horas que estava dançando e não tinha a intenção de parar.
— Bianca, nós vamos a cantina quer ir com a gente? - Laura quis saber entrando na sala de dança.
— Agora não obrigada, preciso treinar mais um pouco. - Disse me alongando.
— Você passou a tarde treinando, precisa parar um pouco. - Insistiu Maya.
— Eu sei o que estou fazendo. - Não queria ser grossa, mas eu estava focada.
— Não parece. - Sussurrou, eu fingi não ouvir e continuei.
— Quando acabar, sabe onde estamos. - Laura diz e as duas saem.
Não sei realmente quanto tempo passei ali, meus pés já estavam dando sinal de exaustão, mas eu não queria parar, amanhã seria a apresentação e eu...
— Não acha que já treinou o bastante? - Era ele.
— Não. - Respondi sem o olhar, meus pés vacilaram, me recompus e continuei.
— Mas que droga Bianca, já está aqui a horas, o que está querendo provar? - Parei.
— Eu não quero provar nada, só quero estar perfeita pra amanhã.
— Mas você já é perfeita. - Voltei a dançar pra que ele não percebesse o quanto as suas palavras mexeram comigo. Meus pés vacilaram novamente. - Já chega. - Caminhou em minha direção me assustando um pouco quando me colocou em seus ombros.
— O que está fazendo, me larga. - Resmunguei esmurrando suas costas, ele não me deu ouvidos e contínuo caminhando decidido. Agradeci por todos já estarem em seus quartos, ninguém estava vendo aquela cena. - Pra que me trouxe aqui? - Olhei ao redor, era a mesma sala em que nós vimos pela primeira vez.
— Eu não respondi a sua pergunta no parque. - Se aproximou diminuindo a proximidade entre a gente. - Eu vejo você. - Me afastei.
— Eu não acredito. - Ele segurou meu braço, encarrei sua mão. - Quando? - Me olhou confuso.
— Quando o que?
— Quando você me viu, de verdade.
— Quando você entrou na sala e me viu tocar pela primeira vez, quando dançou com os olhos fechamos enquanto eu tocava, era como se você e a dança fossem uma só, estava tão perfeita... - Ele dizia olhando nos meus olhos, pude ver verdade e ao mesmo tempo senti um alívio, foi antes de nós beijamos.
— Então quando nós beijamos...
— Era em você que eu pensava. - Colocou a mão na lateral do meu rosto, me retrai com seu toque. Eu sei que pode parecer estranho e meio egoísta, eu não queria que ele a esquecesse, somente que não me usasse. - Bianca eu gosto de estar com você. - Se aproximou novamente.
— Eu também gosto de estar com você. Mas eu não consigo, não quero ser sombra de ninguém. - Ele me olhou meio irritado, mas não comigo parecia mais consigo mesmo.
— E não será. Me desculpa por te fazer se sentir assim. - Dessa vez eu me aproximei dele, enquanto ele mantinha os olhos nos meus eu o beijei.
— Por que isso? - Pareceu meio confuso, a real é que eu não sabia, só senti vontade.
— Não sei. Uma despedida talvez? - Ele iria falar algo, mas eu o impedi. Se continuasse ali não iria agir conscientemente. - Eu preciso de um tempo. - Concordou. Sai da sala o mais rápido que pude, e antes que mudasse de ideias fui para o meu quarto, as meninas já estavam na cama.
Comecei então a cuidar dos meus pés tentando não fazer nenhum barulho, mas Maya acordou.
— Me diz que não estava treinando até essa hora. - Se sentou para me encarar.
— Não, estava com o seu irmão. - Ela não pareceu surpresa. - Mas algo me diz que você já sabia. - Tirei agora a outra sapatilha.
— Desculpa, estávamos preocupadas, você não parava de treinar, olha o estado dos seus pés. - Se levantou e se sentou no chão ao meu lado me entregando uma bolsa de gelo. - Coloca isso pra desinchar. - Agradeci. - Bianca ele gosta mesmo de você, nunca vi meu irmão assim antes, fazia tempos que ele não tocava e tocou várias vezes com você.
—Ele poderia ter me falado, mas escolheu mentir.
— Ele estava confuso. - A encarei sem dizer nada. -Sei que sou suspeita pra falar, mas depois que a Marina se foi nunca mais o tinha o visto assim, tão alegre, o fato de você ser parecida com ela não foi o que o fez continuar, no início talvez, mas eu conheço meu irmão ele não se envolveria com alguém se não gostasse. Eu vejo como olha pra ele, gosta dele também, não é?
— Gosto. - Terminei de enfaixar os pés e me levantei.
— E então, está aí a resposta os dois se gostam. - Ela pareceu pensativa antes de falar. - Sabe, o que aconteceu com Marina me fez ver a vida de outra forma, aproveitá-la mais, não sabemos o dia de amanhã, então porque perder tempo.
Eu sabia que Maya estava certa, mas mais do que chateada eu estava com medo, medo de me machucar. E lá estava ele de novo, o medo, sempre me impedindo de fazer algo. Eu precisava tomar uma decisão ou iria ficar paralisada assim como fiquei com a dança
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