Em qualquer dia num possível futuro escrita por Nemui


Capítulo 2
Capítulo 2




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         Korina começou o dia seguinte da mesma forma. Todos os dias, soltava as galinhas e dava comida para elas, enquanto sua mãe começava os trabalhos na padaria. Assim que acordou, deparou-se com um Sísifo ainda sonolento, mas bem disposto para acompanhá-la. Ele sorriu-lhe e colocou a inseparável urna nas costas.

            “Esse negócio não é muito pesado?”

            “Já estou acostumado a carregar esta urna para todo lugar. É nela que guardo a minha armadura. Quero tê-la à mão caso precise de proteção urgente, mas não vou vesti-la sem necessidade.”

            “Posso tentar carregar?”

            “Eu não recomendo. Ainda há um dia inteiro pela frente, não é? Não quero dar-lhe uma dor nas costas.”

            Mesmo assim, ele deixou que ela tentasse erguer a enorme caixa. Primeiro segurou a alça com apenas uma mão. Depois, tentou com as duas. Esforçou-se tanto, mas aquela coisa parecia pesar mais que uma pessoa. O próprio Sísifo a deteve:

            “Não vá além disso, vai se machucar. Aqui, eu levo.”

            E, como se erguesse uma caixa de papel, Sísifo recolocou a urna nas costas e sorriu-lhe:

            “Bem, estou pronto. Pode fazer o que tiver de fazer, irei acompanhá-la.”

            “Carregando essa coisa super pesada?!”

            “Já disse: estou acostumado. Não se preocupe comigo.”

            “Você por acaso é um monstro? Como consegue isso? É um truque?”

            “Não tem nada de truque. Minha função é protegê-la. Não poderia fazer isso se não estivesse preparado. E agora, qual é a primeira tarefa do dia? Se quiser, posso ajudá-la com coisas pesadas.”

            “Com esse negócio?!”

            “Eu posso deixá-la por perto, mas também não tenho problemas em fazer serviço pesado com ela. Enfim, vamos? Não quero atrapalhar o seu serviço.”

            “Você é um monstro? O quão forte é?”

            “Sou só um cavaleiro de Athena. Vejo que nunca encontrou com um. Não ligue para esses detalhes. Pode relaxar.”

            “Perto de você?”

            “Se eu quisesse te machucar, já o teria feito facilmente, não é verdade?”

            Diante da imensa força daquele homem, Korina não viu meios de negar. Ele era tão forte que podia expulsá-las facilmente da casa. Decidiu confiar na sua presença… por enquanto. Ele teve a gentileza de carregar água e comida para os animais, de modo que terminaram de tratá-los mais rápido. Korina recolheu os ovos e  tirou o leite, que Sísifo carregou tudo de volta para casa, como se não pesasse nada. Sua única dificuldade foi andar perto de um dos galos, que cismou em atacá-lo continuamente, levando-o a afastar-se do galinheiro. O sol começava a nascer, e o cheiro de pão inundava a casa. Precisavam começar cedo, pois tinham várias entregas a fazer de manhã. Por isso, tinham o desjejum ainda no escuro.

            “Realmente, ter você por perto agilizou bastante o trabalho”, comentou Jocaste. “Mas não precisa realmente ajudar. Sua função é só proteger a minha filha, não é?”

            “Ora, não é como se eu estivesse me esforçando muito andando atrás dela. Posso muito bem ajudar um pouco, em agradecimento pela acolhida… menos com aquele galo. Mas estou surpreso… é bastante trabalho para apenas duas pessoas.”

            “Já estou acostumada. Enquanto tiver forças para seguir com a padaria, continuarei assim. Antigamente, Silas era o que mais se encarregava de tudo. A padaria foi o primeiro trabalho fixo que ele assumiu, mas nunca ouvi nenhuma reclamação dele. Era muito empolgado com tudo.”

            “Sim… A respeito disso, há algo que quero discutir com a senhora. É sobre um diário dentre os pertences antigos dele.”

            “Ah, aquele diário… Ele nunca me deixou lê-lo. Disse que havia segredos profundos ali, que não queria que ninguém visse. Pediu para guardá-lo depois de sua morte, mas… não passa de um objeto inútil, já que ninguém consegue ler aquela escrita estranha.”

            “Na verdade… eu consigo ler o diário.”

            “Como?!”

            A surpresa de Korina do dia anterior pareceu ampliada em sua mãe, que se levantou da mesa.

            “Pode mesmo lê-lo? Você leu?”

            “Sim. Eu queria saber o motivo de ter que proteger Korina. Não o encontrei, mas vi uma parte dedicada ao meu irmão. E também… havia muitas declarações de amor à senhora e à Korina, assim como algumas coisas que ele não queria que ninguém soubesse. Pretendo respeitar a privacidade dele na medida do possível, mas creio que traduzir as belas mensagens que ele deixou à senhora seja algo aceitável. Gostaria que eu as traduzisse mais tarde?”

            O sorriso emocionado de Jocaste disse tudo. Parecia o rosto apaixonado da jovem que, há muitos anos, aventurara-se com um viajante pelo mundo, sem muito objetivo.

            “Faria isso por mim?”

            “Mas é claro. Tem mais do que direito de conhecer essas passagens. Fiquei comovido com o carinho que ele tem pela senhora e por sua filha. Além disso, ele tinha a esperança de ser lido um dia.”

            “Tinha?”

            “Sim… Não por uma pessoa qualquer… mas por alguém com o mesmo conhecimento que carrego. É uma honra que essa pessoa tenha sido eu; portanto, farei bom uso das informações que recolhi ontem. Mais tarde, terei o maior prazer de ler tudo para a senhora e à jovem Korina. Sei que vão ficar muito felizes. Mas, por enquanto, vamos nos concentrar no dia. Afinal, temos bastante tempo até o aniversário, não é? Mais de um mês.”

            “Encontrou alguma informação importante para o motivo de estar aqui?”

            “Eu sei que meu irmão e o senhor Silas se conheceram; isso ficou bem evidente no diário. Contudo, não sei de mais nada. De qualquer forma, já é motivo suficiente para eu levar esta missão a sério. Vou proteger a senhorita Korina com todas as minhas forças, eu prometo.”

            “Obrigada. Não sei por que Silas pediu isso a esse Santuário de Athena… mas confio nele e, por extensão, confio em você.”

            “Agradeço por sua confiança. Não vou traí-la, de forma alguma. E também preciso agradecer por me aceitarem na casa. Se houver algo a mais que eu possa fazer para ajudar, basta pedirem.”

            “Então… poderia ajudar a Korina a fazer as entregas de manhã? É sempre muito trabalho.”

            “É claro que sim. Estarei por perto de qualquer jeito mesmo.”

            “Não se importa?”, perguntou Korina. “Não é o tipo de trabalho que você faz, não é?”

            “Não mesmo. Já que estou de vigília, será uma boa forma de distração.”

            A ajuda prometida não se mostrou tão relevante, considerando que Korina já estava acostumada a fazer tudo. Preparou todos os pedidos com agilidade, enquanto ele apenas ajudou a carregar os pães até a carroça. Costumavam vender os pães não apenas no pequeno vilarejo, mas em outros na região, já que o pão de Jocaste era difícil de ser copiado.

            A diferença de fato surgiu quando a presença dele atraiu a curiosidade das mulheres, que ficaram impressionadas com sua educação no trato. A simpatia de Sísifo ao conversar com todas gerou um pequeno aumento das vendas, pois mulheres que nunca tinham comprado de Korina apareceram apenas para falar com aquele cavalheiro, tão gentil a todas.

            Ao final das vendas, Korina avaliou a quantidade restante de pães e notou que sobrara menos do que o de costume. Não comentou nada com o cavaleiro, mas a presença dele impulsionava as vendas da casa. Dirigiu-se para a estrada que os levaria para o vilarejo seguinte.

            “Agora temos mais de meia hora de estrada.”

            “Foi bem rápido lá. Desculpe, acho que não consegui ser de muita ajuda nas vendas. Você está tão acostumada com esse trabalho que não sobra muito espaço para eu fazer diferença.”

            “Não… Está tudo bem. Você me ajudou bastante.”

            “É mesmo? Que alívio. Espero que essas sejam semanas tranquilas, como hoje está sendo. Gosto desta sensação de paz. Eu realmente desejo que a promessa que meu irmão fez tenha sido apenas um ato de cordialidade…”

            “Mas você acha que não é?”

            “Dificilmente… Algo vai acontecer, tenho quase certeza. Portanto, enquanto as coisas estiverem calmas, eu gostaria de aproveitar.”

            “Como é ser esse tal de cavaleiro de Athena? Você luta em guerras?”

            “É o que um guerreiro faz, mas um cavaleiro de Athena faz muito mais. Nossa missão é defender o amor e a paz no mundo.”

            “Vocês precisam se esforçar mais nessa parte”, criticou a jovem, sem pensar muito. Sísifo riu com sua resposta.

            “Eu sei, o mundo é muito grande e não somos muitos. A verdade é que um cavaleiro de Athena é bem impotente sozinho. Defender a paz e o amor é algo que os próprios homens devem fazer, ou não haverá como buscar uma harmonia no mundo. Muitos erram, mas sempre há a possibilidade de aprender com os erros e consertá-los. Meu desejo é que todas as pessoas busquem o melhor para todos, consertando seus erros. Os cavaleiros de Athena só deveriam intervir quando algo foge do controle dos humanos.”

            “Mas você é humano… não é?”

            “Claro que sou! Mas eu fui treinado especialmente para ir além da capacidade dos homens comuns… A maior prova é a urna que eu carrego. Viu como é pesada, não é?”

            “Até a égua tá achando pesada.”

            “E ela traz a prova de que sou um cavaleiro de Athena. Nós somos conhecidos como guerreiros da esperança. Na mitologia grega, Pandora abriu uma caixa que carregava todos os males do mundo. No fundo dessa caixa, havia a esperança, que foi trancafiada. Essa é a visão do inferno dos homens, da perdição. Os cavaleiros de Athena existem justamente para devolver a esperança às pessoas. Esperança de salvação, de encontrar algo que já se imaginava perdido… como por exemplo a possibilidade de confiar em alguém.”

            “Hein? Se você não desconfiar das pessoas, será enganado uma hora!”

            “Sim, mas… Essa é uma forma triste de viver, não concorda? Não seria legal se você encontrasse alguém em quem pudesse confiar a sua vida?”

            O sorriso simpático de Sísifo era tão convincente que Korina quase concordou sem pensar. Contudo, negou com força, agarrando-se às suas convicções.

            “Nem pensar! Essa é a realidade, e eu vivo na realidade. Confiar nas pessoas é dar carta branca para te enganarem. Certa vez, havia um sujeito que fazia apostas no centro do vilarejo. O sujeito era um completo vigarista, mas eu fui a boba que foi lá apostar o meu dinheiro. Ele levou tudo. É isso que acontece com os inocentes neste mundo.”

            “Entendo que a desconfiança seja necessária… Mas… É muito bom, sabe? Ter alguém com quem você possa baixar a guarda… Quando estou no Santuário, toda semana, costumo reunir-me com um velho amigo na taverna para dividir uma garrafa, e nesse momento…”

            A frase ficou inacabada, atraindo a atenção de Korina.

            “E nesse momento…? Continue.”

            “Tem pessoas escondidas na frente”, avisou ele, assumindo um semblante sério. “Não possuem boas intenções.”

            “Pessoas? Que pessoas?”

            “Continue, mas fique atenta.”

            Ela não estava entendendo nada. Ele por acaso podia adivinhar pessoas ruins no meio do caminho daquele jeito? Tensa, pensou em parar o carro e dar meia-volta, mas algo na postura de Sísifo a levou a seguir sua instrução. Continuou adiante, até que três homens saíram do mato à beira da estrada, portando facões. Ela deteve o carro, e Sísifo imediatamente desceu para encará-los.

            “Nós estamos de passagem para a próxima vila. Poderiam nos dar licença?”

            “Não sem antes limparmos esse carro. Entreguem o cavalo também”, ameaçou um dos homens, agitando a arma no ar.

            “Se eu fosse você, não brincaria com coisas perigosas assim. Eu não vou dar nada, pois tudo aqui pertence a nós. Se querem algo, venham tirar de mim… se forem corajosos mesmo.”

            Korina já havia sido assaltada algumas vezes naquela estrada, mas aquela era a primeira vez que via alguém reagir. Sísifo foi veloz ao desviar-se das lâminas. Agarrou um dos homens e usou-o como escudo para o facão do companheiro, gerando um corte num dos braços. Empurrou-o na direção do outro e facilmente derrubou o terceiro. Um deles ainda tentou se levantar e continuar lutando, mas foi facilmente imobilizado no chão.

            “Hoje não é o dia de sorte de vocês. Se querem algo, precisam trabalhar para merecer, e não tirar daqueles que estão lutando para viver. Eu vou dar uma chance para que saiam daqui e recomecem suas vidas de forma honesta… Ou eu posso arrastá-los até a guarda. Vocês decidem o que fazer.”

            O assaltante com o braço ferido levantou-se e saiu correndo. Os outros dois foram logo em seguida, desaparecendo na mata. Sísifo retornou à carroça, satisfeito.

            “Pronto, eles não vão mais incomodar.”

            “Por que não os matou?”

            “Matar? Não é necessário. Não é assim que eu trabalho, senhorita. Agora vamos, o caminho está livre.”

            Continuaram na estrada, Korina com a pulga atrás da orelha. Se Sísifo era tão forte, por que não levar aqueles homens à justiça? Liberá-los era o mesmo que dar permissão para que assaltassem outra pessoa de novo. Sísifo pareceu ter lido seus pensamentos, pois voltou a justificar:

            “Matar é tirar da pessoa toda a gama de possibilidades para a sua vida. Tenho um colega que costumava ser como esses homens. Hoje ele é um cavaleiro de Athena, que luta para proteger as vidas das pessoas. Mas, se ele tivesse sido morto quando se desviou do caminho, não teria tido uma chance de redenção. Enquanto há vida, há conserto, há possibilidades. Isso também vale para aqueles homens.”

            “Isso é muita inocência, não acha? Provavelmente eles voltarão a assaltar as pessoas na estrada.”

            “É possível que voltem. É possível que não. Eu prefiro apostar nas possibilidades do que cortá-las de forma brusca. Bem, se eu os notar atacando viajantes na estrada de novo, não serei tão piedoso. Como ficarei por mais algumas semanas aqui, usarei esse tempo para avaliá-los.”

            “Você é insuportavelmente bonzinho.”

            “Já me disseram isso antes. Imagino que devo ser especialmente insuportável para você, que é tão desconfiada”, respondeu, sorrindo.

            Korina virou a cara, irritada. Ele era bonzinho demais para o gosto dela, ao mesmo tempo que sua companhia não era desagradável. O que mais a incomodava era aquela nobreza de espírito que, perto dela, só evidenciava o lado feio de sua desconfiança no mundo.

            Seria muito triste se toda aquela bondade se revelasse uma farsa no final, pois isso só provaria o quanto ela não devia confiar em nenhum homem.

—________________________________

            Aos poucos, a presença de Sísifo deixou de ser uma novidade ou mesmo uma ameaça. Seu modo educado de conduzir as tarefas transmitia tranquilidade e segurança. Além disso, depois de ter sido protegida daqueles assaltantes, acabou dando um voto de confiança por ele estar desempenhando seu trabalho, tal como prometera.

            Sua mãe, Jocaste, ficou extremamente emocionada ao ouvir as declarações de seu pai no diário e agora tratava o hóspede com toda a gratidão. Repetia velhas histórias de Silas a todo o momento, relembrando as aventuras apaixonadas de seu pai, que adorava visitar lugares diferentes e conhecer outras culturas. Sísifo a escutava atentamente, como se as ouvisse pela primeira vez.

            Ele ajudava em todas as tarefas da casa, sem se importar se eram sujas ou não, além de participar das vendas dos pães de manhã, sendo um sucesso entre as mulheres que passaram a comprar os pães apenas para vê-lo. Tudo isso ajudava a casa, mas Korina ainda repetia para si que não devia confiar plenamente nele. Jurara desde muito cedo nunca confiar nas pessoas para não se desapontar depois. Por isso, sempre ficava com um pé atrás quando lidava com a gentileza daquele visitante.

            Após uma semana de convívio, Sísifo estava em seu quarto, lendo mais declarações do diário. Eram páginas difíceis de ler por causa da tinta meio apagada, mas ele se esforçou para transcrever cada palavra:

            “Hoje Korina disse sua primeira palavra. Eu queria que fosse “papai”, mas foi “isso”. Dentre tantas palavras legais e significativas, ela escolheu uma bastante mundana, mas, de certa forma, reveladora. Tão pequena e já sabe nos dizer o que deseja, ainda que não consiga andar para alcançar os objetos ou nomeá-los. Personalidade forte, eu diria, de quem sabe o que quer. Tão fortes são seus desejos quanto o choro que me deixa desesperado, pois parece que o próprio Zeus a ouve do Olimpo e me reprova por negar algumas coisas.”

            “Ele menciona bastante os deuses gregos”, comentou Korina, pensativa.

            “Sim, é verdade. Isso mostra que ele tinha certo vínculo com o mundo dos cavaleiros de Athena também, apesar de não ter sido um. De qualquer forma, veja só quantas páginas ele dedicou para falar de você. Era um pai coruja.”

            “Ele era. Lembro pouco dele… mas lembro quando ficava no colo dele, protegida naqueles braços enormes. Eu sentia como se ninguém pudesse me machucar enquanto ele estivesse ali.”

            “Essa sensação é a que ele desejava transmitir a você. Eu sei como é. Eu também sinto todos os dias o desejo de proteger alguém que amo, com todas as forças.”

            “Você tem alguém assim?”

            “Sim, tenho sim. Está lá no Santuário de Athena. Meu desejo é sempre terminar minha missão e voltar para protegê-la.”

            “E, no entanto, está aqui me protegendo. Eu, que não quero essa proteção.”

            “Não quer? Preferia ter sido assaltada?”

            “Não, é claro que não! Mas eu sei lidar com essa realidade. Já escapei de alguns assaltos porque sempre ando desconfiada.”

            “Sabe, sabe sim. Até bem demais. De qualquer forma, que bom que nada aconteceu até agora!”

            “Aconteceu o assalto.”

            “Isso não é nada de mais. Qualquer cara mais forte poderia ter te protegido daqueles sujeitos. Você não tem noção do tipo de proteção que eu estou lhe oferecendo, não é? Heh… Mas é bom mesmo que acabe não sabendo. Bem, está ficando tarde. Se precisar de algo, estarei em meu quarto.”

            “Sim… Antes de ir, Sísifo, tem uma coisa que eu quero perguntar.”

            “Pergunte, estou aqui para qualquer dúvida.”

            “Você leu quase todas as páginas do diário para mim e minha mãe. Mas notei que tem páginas que não leu. O que mais tem no diário além das declarações?”

            A expressão de Sísifo passou para um sorriso um tanto melancólico ao responder:

            “Há uma parte relacionada à promessa que meu irmão fez a ele, que eu ainda estou tentando entender melhor. Não preciso ler essas páginas para vocês. Boa noite.”

            Ela tinha certeza de que ele escondia algo naquele diário. Mas que droga ela não entender grego antigo para saber o que era! Deitou-se na cama e ficou olhando para o teto. Só mais um mês para o seu aniversário, e ele iria embora. Era estranho como se acostumara com a presença de Sísifo naqueles dias, ajudando com as tarefas e fazendo companhia. Sentiria falta no momento em que fosse embora?


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