Tudo estava bem... escrita por Wizard Apprentice


Capítulo 20
Capítulo 20 - 2o ano


Notas iniciais do capítulo

Voltei :)



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— Gi... Ginny, o que está acontecendo? Perguntou Harry. 

Tinta escorria pelas mãos da garota, e suas vestes estavam sujas. Sua aparência era tenebrosa, a tinta viscosa parecia sangue, e até suas lágrimas pareciam contaminadas.

— Harry, sou eu.. Sou eu quem está atacando os nascidos trouxa. - Seus joelhos cederam e ela caiu de joelhos no chão.

O garoto se levantou rapidamente do sofá para segurar a amiga e conseguir convencê-la a  se sentar junto a ele. 

Conjurou uma lareira flutuante, daquelas bonitas que a Hermione costumava conjurar nas festas e nos acampamentos que faziam no bosque próximo à Toca. Aquilo acendeu uma chama de saudades no peito de Harry, mas não era a hora para isso.

Ginny afastou seus braços, se sentia suja e indigna de receber qualquer carinho.

Harry conjurou duas barras de chocolate, e uma manta para a menina.

— Ginny, não importa o que você me disser, eu estou do seu lado, ok? Come um pouco de chocolate, ele é encantado, vai tirar um pouco da tristeza que você está sentindo e você vai criar coragem para falar tudo o que precisa. - Ele pegou uma das barras e quebrou um pedacinho.

Ela comeu, e ele esperou que ela conseguisse criar forças para parar de chorar.

— Harry, eu... Eu estou atacando os nascidos trouxa. Eu abri a câmara secreta... As vezes eu simplesmente entro em transe, e quando acordo, alguém foi atacado. Eu sei que sou eu. É tudo culpa minha 

— Não é verdade, Ginny. É Tom Riddle. Você está com o diário dele, e ele está te controlando através daquelas páginas amaldiçoadas. Você é inocente!

— No início, talvez - Ginny começou a falar sem emoção, como se simplesmente precisasse dizer o que diria em seguida, de forma mecânica, mas expressivamente arrependida. Seu olhar estava perdido no bruxulear das labaredas.

— No início?

— Harry... - a menina soluçou, mas se manteve firme - eu não sei explicar, mas... Com o tempo eu fui deixando, sabe. Toda a raiva, todo o ódio de Tom Riddle tomar conta de mim. O amargor desses sentimentos foram se tornando tão... Sólidos, tão intensos. Eu queria sentir raiva, ver a dor dos outros... E eu não percebia o que estava acontecendo...

Harry continuou em silêncio.

Ele não ia julgar a garota, porque sabia exatamente como era aquela sensação.

— Eu contei pra ele sobre sua amizade com a Luna... E ele me torturou com isso. Me disse que eu nunca seria boa o suficiente para você. Que você nunca teria olhos para mim porque eu não sou especial e nem bonita. Eu passei a ter pesadelos horríveis, sabe. Comecei a ver coisas que não são bonitas...

O ódio no coração de Harry aumentava a casa frase.

— Mas eu gostava. Eu queria mais combustível para sofrer mais. E parecia que Tom Riddle ficava mais forte e as coisas mais vividas na minha mente. As vezes eu tinha a sensação de que ele saia do diário e ficava me observando, sabe. No dormitório, antes de dormir... Eu... Eu acho que enlouqueci, Harry.

— Ginny, você não enlouqueceu coisa nenhuma. Tom Riddle é o nome de nascença de Lord Voldemort. Eles são a mesma pessoa. Ele é muito forte e é natural que...

A garota explodiu em lágrimas.

— Você nunca vai me perdoar, Harry! Eu sei que não vai, eu contei tudo que sabia sobre você pra ele, que você é o maior bruxo da escola, que você e Dumbledore são amigos... Até contei que você me perguntou se eu estava falando com ele naquele dia... 

Merda. Pensou Harry. Isso não estava nos planos. 

— E como ele reagiu? 

— Eu não sei, Harry. Depois disso parece que tudo piorou ainda mais. Eu fui ficando mais fraca. Ele me prometeu que poderia fazer com que você se interessasse por mim, se eu fizesse uma coisa por ele. Ele queria que eu te levasse até ele, na câmara secreta. 

— Quando? 

— Eu não sei. Eu disse que não iria fazer isso, e ele ficou furioso. Eu peguei o diário e joguei ele no vaso sanitário do banheiro da Murta, hoje depois que o Justino foi atacado, mas não consegui destruir o diário de forma alguma. Nem um único arranhão. Aquele objeto é perigoso, Harry. 

— E como você criou forças para me contar tudo isso?

— Acho que me afastar dele foi suficiente para quebrar a maldição. Eu me sinto zonza, e estou horrível... Mas eu precisava te avisar... Eu tenho medo que ele saia do diário e venha atrás de você.

— Ginny, é com você que temos que nos preocupar agora. Eu não quero que ele venha atrás de você. 

— Você não me odeia? - Aquela pergunta veio do que pareceu ser outra Ginny. Uma pitada de cor iluminou suas bochechas cadavéricas, e ela sorriu como a criança que era. 

— É claro que não, sua boba, mas precisamos falar com Dumbledore. E pegar o diário antes, é claro.

A garota se lançou sobre ele e lhe abraçou. 

— Obrigada, Harry. - Ela se afastou, mais séria do que antes, e disse: - Não sei se tenho forças para me aproximar daquilo de novo. 

— Não se preocupe, eu vou com você até Dumbledore, e depois busco o diário. Sua recuperação tem que ser a prioridade, tabom? 

— Eu acho que nunca vou voltar ao normal, Harry. As coisas que eu fiz e vi vão me atormentar pra sempre.

— Somos eu e você assim, Ginny. Você não está sozinha. - ele sorriu meio melancólico. - eu sei como é. Sempre que precisar de um amigo para conversar sobre, pode me procurar. Mesmo. É muito importante falar sobre para que essas coisas não engulam a gente, tabom? E você não é fraca ou má. Você foi possuída pelo maior bruxo das trevas de todos os tempos e está aqui para contar a história, não é mesmo? 

Ela riu baixinho.

— Eu me sinto um lixo. 

— Vai passar, a culpa faz parte, mas o tempo cura tudo... Vamos, precisamos falar com Dumbledore! 

Eles se levantaram e ela deixou a manta no sofá. Era madrugada, e os corredores estavam escuros e vazios. 

A garota não demonstrou medo algum, senão da perspectiva de se aproximar do diário. Era realmente como se uma parte dela tivesse morrido.

Na escadaria para a sala do diretor, que claro, Harry conhecia a senha, ela murmurou baixinho:

— Você é ótimo, Harry. E você vai ser meu. Um dia, pode demorar o tempo que for... Mas vai ser só meu.

 

Harry explicou brevemente ao recém acordado diretor o que acontecera, e porque não podia esperar, mas Dumbledore era esperto. Não ia deixar o garoto se aproximar, de noite e sozinho da entrada da câmara secreta, não quando Riddle estava forte e solto por aí. Aquilo poderia sim esperar até o amanhecer, quando, juntos, eles iriam até lá. 

Dumbledore foi muito carinhoso com Ginny, mas já era de se esperar. Ofereceu mais chocolate, e, para poupar a menina de repetir toda a história, permitiu que Harry colocasse a memória que tinha da conversa na penseira, e partiram dali. 

Ginny não queria ficar sozinha, então Harry foi com ela até a ala hospitalar, e dormiu sentado na cadeira ao seu lado. Madame Pomfrey deu um pouco de poção para não sonhar. 

Ah, Harry conhecia bem aquela poção. Desde os 18, era uma grande aliada.


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Notas finais do capítulo

Drama! O que acharam?



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