O lado oculto da Lua escrita por Vicky18


Capítulo 2
Capítulo 2: Lidando com o Desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Oie pessoal, voltei com mais um capítulo fresquinho pra vocês :)Tenham uma boa leitura



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Indústrias Fênix (I.F)-Centro de Burguess- 23:00

Mais uma noite em claro de trabalho no setor administrativo da I.F, mais um “tic tac” do relógio vermelho de parede que ecoava pela sala, mais um funcionário cumprindo hora extra, mais uma vez preso no escritório ao invés de estar com a sua família. Essa era a rotina diária de Jamie Bennett.

Dormir, comer, trabalhar.

 Sua vida era um ciclo vicioso que se misturava com necessidades fisiológicas e regras das quais ele estava preso por um contrato com uma empresa que certamente não era muito boa para seus empregados. Hoje era para ser um dia especial, e Jamie sabia disso.

 Enquanto arquivava uma pilha de processos e verificava as contas da empresa, Jamie, esfregava uma de suas mãos nos cabelos já grisalhos e ralos(por conta do estresse) lembrando do quanto sua filha mais nova estava empolgada na noite passada para comemorar o Halloween. Não poderia deixar de esboçar um sorriso levemente enrugado ao reviver aquela cena, Emma estava tão ansiosa enquanto saltitava pelo corredor de doces do supermercado e estava mais ansiosa ainda porque seu pai tinha lhe prometido que pediria doces com ela no dia seguinte.

Mas essa promessa não pôde ser cumprida, de novo.

Mas papai,você prometeu! ” Jamie ainda podia escutar a voz da sua filha no telefone depois de ter encerrado aquela ligação a algumas horas atrás.

Eu sei, mas amanhã a gente vai se ver de novo...eu prometo ” Assim como lembrou da resposta que sempre dava para Emma quase todos os dias, mesmo sabendo que não era a melhor resposta, sabia que a única promessa que poderia cumprir era a que voltaria pra casa.

Você sempre fala isso ” Emma realmente parecia decepcionada na ligação, sua voz baixa mostrava isso, por mais que ela tentasse demonstrar que estava irritada, Jamie sabia que ela estava triste, na verdade ela sempre ficava quando tinha que brincar sozinha enquanto os pais viviam trabalhando.

 Naquele momento em que tentava se concentrar no seu trabalho com o som ensurdecedor de um escritório, mais precisamente, um andar inteiro vazio. Jamie pegou o telefone fixo de sua mesa e ligou para casa, por algum motivo sentiu que precisava conversar com Emma mais uma vez, mas não sabia ao certo o que iria dizer, apenas gostaria de ouvir a voz dela para se animar e tentar animá-la um pouco.

Mas a ligação caiu na caixa postal, assim como a luz do escritório.

 Jamie suspirou impaciente e colocou o telefone de volta no seu devido lugar, certo de que tinha sido apenas algum problema na instalação elétrica do local (que não era das mais modernas).Com o computador desligado e a luminária de mesa piscando, o mesmo se alongou preguiçosamente antes de se levantar para checar a caixa de energia daquele andar (que se encontrava a alguns metros e portas de distância do seu pequeno escritório).

 Enquanto percorria as passagens e espaços entre as mesas vazias de seus colegas de trabalho, Jamie agradecia pela claridade que entrava por todo o local. Embora nunca tenha  gostado daquelas janelas de vidro enormes que subiam do carpete cinza até o teto branco(dando uma visão panorâmica do centro da cidade, mais especificamente das vias e dos cruzamentos geralmente congestionados) Ela estava sendo bem útil para manter aquela enorme sala bem iluminada pelos faróis de inúmeros carros, fazendo com que Jamie não esbarrasse em nenhuma poltrona que por um acaso estivesse fora do lugar.

Assim que se aproximou do trinco da porta da sala, pôde escutar muitas buzinas sendo tocadas ao mesmo tempo, como se fosse uma orquestra desajustada e irritante. Jamie não deu muita atenção para o que ouviu e prosseguiu até o corredor do andar onde estava a caixa de energia, sem se dar o trabalho de voltar para a janela do escritório para checar o que estava acontecendo do lado de fora.

Aparentemente, não havia nenhum problema na fiação quando Jamie deu uma olhada nos fios, mesmo tentando identificar se nada havia queimado (já que era muito comum a luz acabar com frequência no edifício por conta de problemas na fiação).

—A luz também a acabou no andar debaixo?-Jamie perguntou a uma mulher que entrou naquele mesmo andar por uma entrada de emergência. Pelo uniforme que estava usando, aparentava trabalhar na firma.

—Ah sim, me mandaram checar todos os andares, Sr.Bennett.- Quando a mulher se aproximou de um dos cantos do corredor que era iluminado por uma luz de emergência ,Jamie pôde identificá-la. Seu nome era Eliza e era da equipe de limpeza do edifício. Na maioria das vezes a avistava encerando os pisos do saguão de entrada do edifício e dos banheiros da firma, mas dificilmente a encontrava em algum corredor.

Diferente dos outros funcionários da limpeza, ela não se juntava com a equipe para almoçar e era bem quieta. Muitos a apelidavam de “esquisitinha”, mas Jamie nunca se incomodou com ela e nem com fato de não se abrir muito com as pessoas da empresa.

Além do seu comportamento, o que chamava a atenção era o seu rosto fino e magro sempre com o semblante sério e com os longos cabelos presos, junto ao seus braços e pernas finas que sempre faziam parecer que seu uniforme azul escuro fosse folgado demais para o seu corpo alto e excessivamente magro.

Sua aparência física rendia comentários maldosos entre alguns funcionários da limpeza, alguns se referiam a ela como “Bruxa” pelo seu jeito “assustador” de agir, mas Jamie sabia que ela estava longe de ser isso, já que sempre tratou todos com respeito e gentileza.

— Achei que o horário da limpeza terminava as 21:00, também está fazendo hora extra?

— Na verdade não era pra eu estar aqui hoje...Mas me chamaram pra jogar umas pilhas de documentos velhos fora. Estavam ocupando muito espaço.

— Entendo. Por acaso sabe quando a luz vai voltar?

— Não faço ideia, parece que a cidade toda está no escuro agora.

— Sério?!-Jamie respondeu visivelmente surpreso.- Então era por isso que os carros estavam buzinando tanto, talvez os semáforos tenham parado de funcionar também.

— Com certeza.- Assim que Eliza se preparava para sair do corredor, Jamie atraiu sua atenção novamente.

— Desculpa te atrapalhar, eu sei que ainda tem bastante coisa pra fazer hoje, mas você poderia me emprestar seu celular?-A funcionária se mostrou hesitante no primeiro momento, mas logo depois abriu o bolso da calça para tirar o aparelho.- O meu quebrou esses dias, por enquanto só consigo falar com a minha filha e com a minha mulher pelo telefone daqui.

— Sem problemas, fique a vontade.- Jamie pegou aparelho rapidamente e começou a digitar o número de sua casa, na esperança de que lá a luz não tivesse acabado, mas a caixa postal lhe mostrou o contrário. Logo depois ligou para o celular da mulher, mas este também caiu na caixa postal.

— Talvez esteja sem sinal.- Eliza se dirigiu timidamente na direção do rapaz para pegar seu celular de volta.

—Provavelmente.- Jamie devolveu o celular para a funcionária , apreensivo, mesmo sabendo que a luz poderia voltar em breve, sentia que tinha algo errado, mas não sabia descrever o que era.

— Ehr...Sr.Bennett?- A voz tímida de Eliza interrompeu a série de situações ruins que estavam sendo construídas pela mente de Jamie.- Gostaria de ficar com o resto dos funcionários lá no saguão até a luz voltar?

— Porque não? Não vou fazer nada de produtivo aqui em cima mesmo.

— Eu posso te levar lá se quiser, mas primeiro preciso ver se tem mais gente nos andares de cima.

— Não precisa se incomodar com isso, eu posso descer sozinho até lá.-Jamie se dirigiu até porta de emergência, até ser interrompido pela funcionária.

— É que as luzes das escadas de emergência queimaram e está tudo muito escuro lá dentro, como você está sem seu celular vai ser difícil descer até o térreo sem enxergar nada.- Eliza ligou a lanterna do seu aparelho e iluminou a escuridão que tomava conta das escadas de emergência, deixando Jamie sem escolha.

— Acho que posso aguentar subir mais uns lances de escada.- O rapaz disse em um tom bem humorado tentando disfarçar seu nervosismo interno. Mas sua tentativa foi frustrada quando recém começaram a subir aqueles lances de escadas para o 11° andar e se depararam com mais duas funcionárias descendo rapidamente as escadas, ambas pareciam estar muitos nervosas e logo Jamie descobriu o porquê.

Aparentemente, os filhos das duas tinham desaparecido depois que foram pedir doces perto de casa há alguns minutos atrás e como se não pudesse piorar, mais funcionários falavam a mesma coisa a medida em que eram encontrados nos demais andares. Ao ver toda aquela cena, Jamie tentou ligar para a sua mulher inúmeras e incontáveis vezes de todos os celulares que conseguiu pegar emprestado, mas continuava na caixa postal.

Ao subir mais lances de escadas e se deparar com o mesmo depoimento da maioria dos funcionários, o desespero só aumentava para Jamie que só conseguia pensar no pior naquele momento. Sem imaginar o que encontraria no último andar do edifício.

Assim que o grupo de funcionários junto a Eliza e Jamie adentraram no terraço,se depararam com uma das cenas mais assustadoras que já presenciaram.

O céu estava totalmente escuro ,sem nenhuma mísera estrela no céu e acima da vista panorâmica da cidade havia uma espécie de “nuvem” que era mais escura que o próprio céu. Essa estranha e desproporcional silhueta era tão grande e imponente que se estendia por toda a cidade, cobrindo até a ponta dos mais altos arranha-céus da região central de Burguess.

Era assustador como aquela névoa parecia “consumir” tudo o que estava no seu caminho e embora fosse daquela magnitude toda, não emitia nenhum som ou barulho, fazendo todos os funcionários que estavam observando aquela cena acharem que era apenas uma cumulonimbus trazendo algum temporal ou tempestade. Mas mesmo que fosse apenas uma nuvem, era estranha, já que também não poderia se sentir nenhuma rajada de vento vindo dela ou qualquer gotícula de chuva que pudesse ser sentida.

 Jamie queria acreditar que aquilo era apenas uma nuvem, mas algo lhe dizia que nem uma nuvem carregando a mais forte tempestade poderia ser tão amedrontadora quanto aquela forma que sobrevoava os céus.

Enquanto isso - A poucos metros dali...============

— CÉUS!O QUE É AQUILO?!- North tentava identificar aquele “mancha” que encobria quase toda a cidade de Burguess enquanto acalmava suas renas, que assustadas, se recusavam a passar pela névoa.

—  Eu vou dar uma checada.- Fada voou do trenó e praticamente mergulhou na escuridão sem pestanejar. Enquanto isso, Sandman voava para cima, afim de ver o tamanho daquela névoa e identificar se havia mais algo em volta da região.

— Encontrou alguma coisa, Sandy?-North ainda tentava controlar suas renas que agora estavam mais agitadas e nervosas.

 O guardião respondeu negativamente e pela sua expressão nem ele estava entendendo ao certo o que estava vendo. Assim que tinha subido para ter uma visão panorâmica de toda a região, só conseguiu ver um “manto” escuro cobrindo toda a cidade rapidamente, como se uma bactéria estivesse se proliferando por toda a superfície.

Quando desceu novamente para verificar se a névoa poderia ser feita de algum tipo de areia  mágica (a mesma que era usada por Breu) se surpreendeu com o que viu. Era uma matéria densa e fria, mas ao mesmo tempo quando Sandy tentava tocá-la não conseguia senti-la, era como se ela se dissipasse ao toque.

 Já a alguns metros abaixo da névoa, Jack e Coelho tentavam identificar o que era aquilo também.

 A única coisa que conseguiam ver era uma escuridão encobrindo tudo ao redor enquanto as pessoas corriam desesperadas para suas casas e outras mais curiosas filmavam com os celulares o que presenciavam. No entanto, se não bastasse apenas cobrir o céu, a névoa também ganhava espessura, descendo e cobrindo aos poucos as ruas como um tsunami.

— O Breu voltou?!- Jack se colocava em posição de ataque e apontava o cajado na direção da onda que estava prestes a consumi-los.

— Claro que não! Pelo menos eu espero que não...- Bunny também ficou em alerta à medida em que a névoa se aproximava.

 Assim que a nuvem estava a centímetros de distância de ambos, Jack dera um passo à frente, cutucando aquela forma desconhecida com o cajado.

— Que estranho, é como se fosse algo muito denso e ao mesmo tempo leve.

— Como assim?

— Não sei explicar, mas parece com...-De repente o cajado fora puxado com uma força descomunal para dentro da névoa. Frost prendeu bem os seus pés no asfalto enquanto Coelho o segurava para que não fosse engolido. E assim ficaram numa espécie de cabo de guerra com a névoa, até escutarem uma voz que ecoava de dentro dela. Uma voz bem familiar.

Eu não consigo sair!- A voz de fada parecia se dissipar em um eco, como se ela estivesse muito longe de seus colegas. Porém, quando Jack colocou todas as suas forças e conseguiu puxar um pouco do cajado para fora, percebeu que o que puxava para dentro eram as mãos da guardiã, que seguravam aquele cajado como se fosse sua única esperança.- Tem algo aqui dentro! Não sei o que é!

— Calma, fada! A gente vai te tirar daí!- Jack e Coelho colocaram mais força no seu impulso, tentando jogar todo o peso de seus corpos para trás, até que uma rajada de luz verde azulada os atingisse de dentro da nuvem, jogando-os para longe dali.

— FADA!- Jack se levantou com dificuldade e correu na direção da névoa, esperando ouvir a voz de sua amiga, mas a única coisa que ouviu foi o silêncio.

— JACK! O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?!- Coelho ainda tentava se levantar do chão quando viu que seu colega de trabalho estava a poucos passos de entrar na névoa. Ele tentou juntar mais forças em seus joelhos parar correr para impedir o guardião, mas nada pareceu adiantar quando viu Frost adentrando na nuvem e desaparecendo.


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