Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard


Capítulo 11
Bons Momentos - de aproximação


Notas iniciais do capítulo

Aeeee

Boa leitura! ♥



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Um bom momento era especial particularmente para Kiba. Algo que foi necessário para ele aceitar certas mudanças. Talvez não “aceitar”, mas conseguir que o processo natural se integrasse a rotina e as coisas pudessem fluir com naturalidade.

E isso dizia respeitoa Shinta, claro. O namorado de Masako.

Não bastava o rapaz ter a aparência de um encrenqueiro, ele constantemente aparecia com algum ferimento. Um olho roxo aqui, um lábio partido ali, arranhões acolá. Um padrão que deixava Kiba com receio de que o rapaz fizesse parte de alguma gangue, dessas que arrumam confusão com as pessoas e outras gangues. Situação que poderia colocar Masako em perigo!

Sua filha era uma Alpha! Não uma Alpha comum, claro. Sequer a segunda classificação, pois Masako estava um nível acima.

Socialmente falando, dentro das castas havia certas distinções que separavam os elementos que nasciam nela. No caso dos Alphas, qualquer casal poderia ser uma combinação que gerasse o filhote Alpha: Beta e Beta, Alpha e Beta, Beta e Ômega, eram casais que poderiam gerar filhos Alpha ou Ômega, como foi o caso de Kiba, nascido de dois Betas. Tudo era questão de genética, que vinha através de relações familiares ancestrais.

Alphas vindo dessas configurações eram comuns de se encontrar: fortes, rápidos, com voz de comando e todas as premissas que os tornavam as criaturas mais poderosas da sociedade. E então, uma subdivisão da casta, indivíduos como Aburame Shino, nascidos de um casal de Alpha e Ômega; os chamados “Alphas Dominantes”. Esse tipo de Alpha era considerado ainda mais forte do que os “comuns”, e Kiba sabia muito bem disso. Convivia com Shino e era capaz de sentir a força nunca usada daquele homem. Havia ferocidade e poder por baixo do jeito calmo e controlado.

Mas a natureza incrível não encerrou sua obra de arte por aí. Ela resolveu presentear o mundo com um tipo de Alpha ainda mais raro e incrível. Filhos não apenas de Alpha e Ômega, mas de um casal considerado Almas Gêmeas.

Masako era esse tipo, que recebia o nome internacional de “True Alpha”. De quem Kiba sequer captava algo como conseguia com Shino, o perfeito mar em calmaria e preludio inegável que anunciava as piores tempestades. Sua filha era forte e trazia em si, adormecidos, os instintos selvagens de uma Inuzuka. Graças aos céus ela nunca saiu dos eixos, e graças ao contexto moderno, talvez nunca viesse a sair.

Era nessa altura da reflexão que Shinta entrava nos pensamentos de Kiba. Se o moleque fazia parte de uma gangue e vivia brigando, havia a possibilidade de Masako ver o namorado em perigo, fato que faria seu instinto Alpha aflorar, o instinto de “True Alpha” aflorar e o cenário poderia ficar muito feio...

Para tranquilizar a si mesmo e colocar tudo às claras, Kiba resolveu chamar o jovem para uma conversa de homem para homem, talvez de Ômega para Ômega, onde ele exigiria saber mais sobre o comportamento desregrado antes de decidir se apoiaria mesmo o namoro ou teria que bancar o pai incompreensível ao proibir Masako de continuar com o rapaz, ainda que o reconhecesse como Alma Gêmea.

Shinta concordou sem grandes alardes. Shino não disse nada e Masako também não. Ambos os Alphas decidiram aguardar as cenas dos próximos capítulos. O comportamento soou a Kiba um tanto complacente, um olhar de tolerância à sua pseudo investigação. Esperava que mesmo Masako criasse caso e defendesse Shinta, conquanto ela apenas aceitasse que o pai tivesse o embate com seu namorado.

Um tanto mal humorado por ter essa percepção, estariam subestimando seu lado protetor só porque era um Ômega ou agia de modo paranoico? Quando era mais jovem, Kiba sentia-se injustiçado ao ser tratado com indulgência; diminuído apenas por nascer Ômega.

Chegou ruminando ao ponto de encontro: uma casa de banho público no distrito vizinho. Encontrou Shinta terminando de limpar a área da frente, finalizando o próprio turno no fim de tarde.

— Yo, tosan! — O garoto cumprimentou, fazendo o bico de Kiba aumentar. Que abusado!

— Yo. — Quase rosnou de volta.

— Vou guardar minhas coisas e já venho! — Shinta pediu e se afastou rumo ao quartinho dos funcionários.

Kiba apenas assistiu, inconformado com a aparência do futuro genro. FUTURO GENRO! O que Masako viu naquele punk com moicano verde (ele tinha a ousadia de tingir os cabelos de várias cores diferentes), piercing e brincos?! O moleque tinha até uma cicatriz! Ao menos não exibia nenhum ferimento visível... Talvez não tivesse brigado desde o último jantar na casa dos futuros sogros. FUTUROS SOGROS!

— Desculpa a demora, Kiba-tou! — Shinta voltou sorridente, com uma sacola de lona no ombro, olhando a telinha de um velho celular. — A vizinha vai ficar com minha irmãzinha até eu voltar. Podemos ir tranquilos.

O outro Ômega não disse nada. Ambos seguiram pela calçada, Kiba deixou que o garoto guiasse até algum lugar em que estivesse acostumado, para comerem alguma coisa enquanto colocava os pingos nos is e ele o escutava.

O distrito era bem diferente de onde morava com a família. As casas ali eram mais modernas, embora um tanto mais desgastadas. Não tinham a proximidade com a floresta em que Kiba e seus filhos cresceram brincando. Era um real bairro urbano em todos os sentidos.

Além da paisagem, Kiba notou a postura de Shinta, a caminhar com as mãos nos bolsos da calça, levemente inclinado para frente, alerta a tudo, apesar de não chamar a atenção com a aparência exótica. Talvez os moradores dos arredores já estivessem acostumados.

Estaria caçando encrenca ou vigiando se aparecia alguém da gangue rival?!

— Ah, não! De novo não! — Shinta exclamou tirando Kiba de seus pensamentos. — Espera aqui, Kiba-tou! Preciso resolver uns negócios!

Era isso!! Kiba arrepiou-se enquanto Shinta corria em direção a um beco lateral na rua. Com certeza encontrou os inimigos e os enfrentaria!! Claro que não ficou esperando, ia lá tirar a situação a limpo e...

O que encontrou não era nada do que esperava. Foi uma quebra de expectativas tão grande que ele levou alguns segundos para entender a cena que viu bem ao fundo do beco sem saída. Um Alpha e dois betas, todos adolescentes, e um Ômega que parecia um pouco mais jovem.

— Já falei que não quero esse tipo de coisa no meu território — Shinta falou ameaçador.

O Alpha riu e foi imitado pelos dois colegas.

— Como se eu ligasse! — E agitou a mão, balançando o pequeno Ômega que segurava pela frente da blusa.

Shinta chegou a dar um passo à frente, mas Kiba quebrou todo o clima de tensão:

— Que tá acontecendo aí, moleques?

O Alpha desconhecido notou a presença do adulto e hesitou em continuar o que fazia, soltando sua vítima com um safanão brusco. Deu meia volta e foi caminhando para sair do beco, seguido de perto pelos Betas. Ao passar por Shinta fez questão de acertá-lo com o ombro, para tirá-lo do caminho.

— Fica esperto, Ômega. — Ameaçou baixo, embora perfeitamente audível. Terminou enviando um olhar feio na direção de Kiba, que só ergueu as sobrancelhas diante de tanta petulância, ponderando se valia a pena grudar os moleques pela orelha e levar até os pais para expor o comportamento deplorável. Mas enquanto pensava, os três aceleraram o passo, adivinhando as intenções só pela expressão do adulto e sumiram rua abaixo.

— Você está bem? — Shinta perguntou para o menino que se levantava limpando as roupas.

— Sim, Shinta-nii! Obrigado!

— O mesmo de sempre? — Shinta perguntou solidário.

— Hn. Misturaram as castas na equipe de corridas também. Eu tento correr rápido, mas Alphas e Betas são mais rápidos! Não tenho culpa se nossa equipe perdeu na prova de revezamento. — O rapazinho lamentou, bravamente segurando as lágrimas. — Disseram que Ômegas são inúteis!

— Ômegas não são inúteis! Cada um tem seu lugar na sociedade, aqueles três que são uns babacas. Se eles te perseguirem me avisa!

— Mas... Shinta-nii... Você sempre apanha quando...

— Eu não apanho! — Ele cortou depressa. — A luta é injusta porque são três contra um. Se fosse uma luta justa eu chutava a bunda daquele cretino!

— Mesmo ele sendo Alpha?!

— Violência é errado. — Kiba se meteu no assunto, cruzando os braços e dando um conselho muito diferente do que seu passado comprovava. — Procure um adulto de confiança e diga que está sendo intimidado.

O menino concordou com um aceno de cabeça muito rápido, que deu a certeza a Kiba de que ele não seguiria. Achou melhor não insistir no assunto, sabendo como adolescentes pensavam e tentavam resolver os próprios problemas.

— Isso é um saco. — Shinta resmungou vindo se juntar a Kiba para juntos retomarem a volta para a rua. — Eles implicam com Ômegas desde que me dou por gente.

— São do bairro?

— Moram na mesma rua que eu. Debocham de tudo, por eu ser um Ômega, porque minha mãe morreu quando minha irmã nasceu. Quando meu pai deu no pé me infernizaram muito. Não tenho paciência.

Kiba não disse nada por algum tempo.

— Isso acontece sempre?

— O tempo todo, Kiba-tou. Por sorte Reiko é uma Beta e não implicam com ela. Mas nenhum Ômega escapa, perturbam todos. Eu que não levo desaforo pra casa! Ainda ensino uma lição pra esses caras!

Kiba ficou em silêncio, juntando os pontos. Os machucados não eram por fazer parte de uma gangue, era apenas a perseguição preconceituosa que alguns Ômegas sofriam. Talvez a aparência punk fosse um jeito de externar rebeldia, se protestar contra a sociedade. E se Masako acabasse se envolvendo na briga... Tal briga acabaria! Se a simples presença de Kiba botou os implicantes pra correr. Uma Alpha como sua filha seria muito mais assustador.

— Ah, é ali, Kiba-tou! — Shinta apontou um restaurante no fim do quarteirão. — Podemos comer algo e tomar uma cerveja!

— Oe, nada de cerveja! Você é menor de idade. — Kiba resmungou, fazendo o outro rir divertido.

— Não custa tentar né?

— Hummm pode tentar de parar de fazer coisas fora da lei! — Decretou.

— Hai, hai — o sorriso largo não enganou Kiba nem por um segundo.

E ele deixou passar. Sua mente se ocupando com os rumos que a conversa seguiria. Antes queria deixar certas coisas bem claras e desmascarar o envolvimento com uma suposta gangue. Agora queria saber mais sobre o jovem Ômega “justiceiro e defensor dos fracos”, que não se intimidava diante dos mais fortes, chegando às vias de fatos de apanhar para defender a própria casta.

Admirou um pouquinho o rapaz, permitindo que as barreiras caíssem. Continuaria olhando para Shinta como o punk encrenqueiro que roubaria sua filhotinha, mas pensamentos comuns de pai, sem o peso sombrio de julgamento e preconceito.

CENA EXTRA

— Brigou de novo? — a pergunta de Kiba tinha mais de conformismo do que de surpresa. Cruzou os braços tentando assumir uma postura brava prestes a dar um sermão.

Os Ômegas combinaram de se encontrar para comer um lamen, coisa que acontecia com certa frequência. Kiba ainda usava a postura de “mantenha os inimigos perto”, porque alguém que pretendia ficar... ficar... ficar INTIMO da sua filhotinha só podia ser inimigo!! Mas no fundo se preocupava com o rapaz. Principalmente quando ele aparecia todo cheio de hematomas.

Sabia que era o resultado de brigar contra um Alpha mau caráter, que gostava de fazer bullying com Ômegas.

Shinta olhou os ferimentos como se não fossem grande coisa.

— Precisa ver o estado do outro cara, Kiba-tou!! — vangloriou-se sem hesitar um segundo.

Kiba balançou a cabeça, inconformado. E acabou rindo.


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Notas finais do capítulo

Esses Ômegas... que coração resiste?!!

Espero que amem o Shinta do mesmo tanto que a gente ama ♥ esse menino veio sem ser esperado, nem mesmo por mim!! A vida de fanfics é uma caixinha de surpresas :D



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