O Conto do Cão Negro escrita por BlackLupin


Capítulo 16
Capítulo 16: O Convite




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O fim de sua vida estudantil batia à porta e naquelas últimas semanas que antecediam a sua formatura, Flori percorria o Castelo com um sentimento cada vez maior de nostalgia, lembrando tudo que vivera até ali, especialmente quando passava diante da Sala dos Troféus, onde ela e Sirius deram seu primeiro beijo. Aguardava ansiosa para a próxima etapa de sua vida, é claro, contudo, não podia deixar de se sentir um tantinho triste ao se dar conta de que estava vivendo seus últimos dias em Hogwarts e que teria muitas pessoas que talvez nunca mais voltasse a ver.

E ela não era a única; naqueles dias, o sétimo ano era uma das turmas mais caladas e pensativas da escola, cada qual ponderando em qual seria o seu próximo passo depois que se formassem. Uns planejavam viajar juntos para conhecer bruxos de diferentes culturas, outros já se programavam para iniciar em seu novo emprego logo depois que as férias terminassem, enquanto muitos apenas contemplavam a parede diante de si, como era o caso de Pedro que foi visto muitas vezes andando sozinho com um ar abatido e taciturno.

Quando prestaram o seu último exame e Flori se deu conta, com um leve sobressalto de que aquele provavelmente havia sido o último que fizera em sua vida, os alunos resolveram aproveitar seu tempo livre nos terrenos da escola, pois fazia um belo dia de sol. Ela estava descendo a escadaria de mármore compenetrada, repassando o exame de Transfiguração, que havia sido complicadíssimo em sua opinião, quando sentiu uma presença familiar ao seu lado.

— Podemos conversar? – Indagou Sirius.

As coisas andavam ótimas entre eles. Quase não haviam brigado naquele ano e nas raras ocasiões em que isso acontecia, eram sempre discussões bobas e que logo eram resolvidas. Eles também haviam passado muito mais tempo juntos do que o normal, visto que agora que Tiago e Lílian namoravam oficialmente, aproveitavam seu tempo livre para se encontrarem, bem como Remo e Marlene – a garota ainda não havia assumido que gostava dele, embora fosse vista frequentemente em sua companhia. Por isso, ao vê-lo com uma expressão tão séria Flori se assustou e varreu todo o resto de seus pensamentos de sua mente.

— Claro. – Afirmou. – Está tudo bem?

— Prefiro falar disso longe de ouvidos curiosos. – Respondeu ele.

Flori guardou as perguntas para si e o seguiu para fora do Castelo. Eles foram na direção do lago e pararam somente quando Sirius encontrou um lugar à margem em que não havia ninguém; havia poucas árvores ali, por isso estava deserto.

— Bem... sobre o que quer conversar? – Indagou a garota, aflita.

Pelo modo sério como o rapaz olhava para os tentáculos da Lula gigante lá no meio do lago deveria ser algo muito importante. Flori temeu que ele talvez estivesse pensando em terminar com ela. Ambos haviam conversado muito sobre seu futuro e chegado à conclusão de que não procuravam as mesmas coisas, o que tornava o término a resposta mais lógica.

— Sobre nós dois. – Disse.

Flori fechou os olhos; mesmo já imaginando aquilo o baque foi doloroso. Ela sentiu um nó na garganta e não teve forças para reagir. Não, ela não queria que tudo acabasse apesar das diferenças.

— Eu já decidi que irei aceitar a oferta de Dumbledore. – Revelou. – Assim como Tiago e os outros.

Alguns dias antes, o Diretor havia surpreendido o seu grupo de amigos na Sala Comunal da Grifinória para fazer um convite. Na ocasião, Flori desconfiou que ele havia aguardado que restasse somente os oito para aparecer. O convite constituía-se em chamá-los para fazer parte da Ordem da Fênix, uma organização que consistia em tentar acabar de vez com Voldemort. Muitos bruxos experientes e brilhantes faziam parte dela, inclusive alguns professores de Hogwarts e foi uma grande honra para todos eles que o próprio Dumbledore os convidasse, o que só poderia significar que os considerava tão capacitados quanto vários bruxos mais velhos. Os rapazes aceitaram na hora, o que gerou um risinho discreto do Diretor, que recomendou que todos pensassem muito bem antes de aceitar, pois estariam colocando suas vidas em perigo e disse que lhes dessem sua resposta definitiva antes do fim das aulas.

Não era surpresa nenhuma para ela que seu namorado estivesse disposto a fazer parte da Ordem, já que o desejo de enfrentar Voldemort e seus seguidores era antigo para ele, mesmo assim, era um choque para ela ter a confirmação de que ele estava mais do que disposto a colocar-se em risco pela causa, quase ansioso, na verdade.

— Eu imaginei que faria isso. – Murmurou ela, na falta de uma resposta melhor.

Sirius assentiu.

— Tem certeza de que não quer se juntar a nós? – Perguntou ele, não pela primeira vez. – Poderíamos fazer bom uso de alguém genial como você, Flori.

— Eu sei, mas, você sabe, não é o que eu quero fazer.

— Não, você tem razão, eu sei disso. – Afirmou depressa. – Eu só pensei que... bem, já que são vagas concorridas e a seleção demora...

A maior ambição de Flori, desde o quinto ano quando teve sua orientação vocacional com a professora Minerva e ela própria lhe sugerira essa profissão, era se tornar uma Desfazedora de Feitiços. Era uma ocupação que exigia muito daqueles que a escolhiam; era preciso ter um raciocínio rápido e lógico, lidar bem com a pressão e ter um amplo conhecimento em magia, ou seja, era extremamente rígida. Por outro lado, havia as viagens ao redor do mundo, a busca incansável por tesouros escondidos e uma boa dose de aventura que atraía muito a garota. Muitos alunos aplicavam-se para esta profissão, porém, as vagas eram pouquíssimas e Gringotes era muito exigente com quem escolhia. Além de o indivíduo ter de tirar os N.I.E.M.s necessários em Transnfiguração, Aritmancia e Feitiços, ainda eram julgados por outras questões, como seu histórico escolar, suas notas nas demais matérias, entre outras coisas, por isso era extremamente difícil ser selecionado para esse emprego, mas Flori procurava se manter otimista. Até porque, aquela era a única alternativa que lhe restava, já que aquelas avaliações costumavam durar muito tempo e ela não tinha certeza de quando sairia o resultado; poderia demorar até as férias, bem como poderia levar um ano.

— Bom, é algo a se pensar. – Considerou. – Mas confesso que não gostaria de me comprometer a nenhuma outra coisa sem saber do resultado antes.

— Certo, eu entendo. De qualquer forma, não é sobre isso que quero falar. – Anunciou.

Flori se preparou para o pior. Suportaria a notícia corajosamente, por mais dolorosa que fosse. Ela não queria deixá-lo, mas tampouco poderia obrigá-lo a continuar, ainda mais quando o futuro parecia tão obscuro.

— Nós não sabemos como serão as coisas daqui pra frente – começou Sirius, agindo horrivelmente parecido a como ela imaginava que agiria -, na verdade, não temos certeza alguma sobre nada. Tudo o que sei é que você é a pessoa mais importante na minha vida, Flori. – Declarou, pegando-a totalmente desprevenida com aquele discurso. – Eu a amo demais e por isso acho que devemos aproveitar nosso tempo juntos, por mais breve e incerto que seja. Dito isso, gostaria de convidá-la para morar comigo em Londres assim que nos formarmos.

Sua proposta foi tão inesperada, que a garota cambaleou e precisou se apoiar no tronco da árvore para não desabar. Esperava qualquer coisa daquela conversa, menos isso.

 - Morarmos juntos? – Repetiu sem fôlego.

Sirius parou ao seu lado e a segurou com firmeza.

— Você está bem? – Indagou preocupado.

— Estou, eu só... eu ja-jamais imaginaria que... Pensei que fosse terminar comigo! – Confessou.

— Enlouqueceu? Em hipótese alguma eu faria uma coisa dessas, nem que me ameaçassem de morte! – Declarou de maneira veemente.

— Bem, eu pensei que se fôssemos ficar um tempo longe por conta do que escolhemos para nós... quero dizer, parecia a resposta óbvia. – Justificou.

— Não me pareceu tão óbvio assim. A não ser que você esteja pensando...

— Não, de maneira alguma! Eu apenas pensei que, se caso você se sentisse preso a mim, talvez fosse uma solução. – Explicou Flori. – Mas eu não quero terminar, Sirius, eu lhe garanto.

Um sorrisinho surgiu em sua face.

— Ótimo. E também não é como se eu fosse ter tempo de conhecer outras garotas enquanto tento acabar com a raça dos Comensais da Morte. – Brincou e ela riu. – Mas você ainda não respondeu a minha pergunta. – Lembrou.

— É claro que quero! – Afirmou. – Só precisamos pensar numa forma de contar ao meu pai.

— Jack me ama, é lógico que não vai criar caso sobre isso. – Retrucou Sirius, com um sorriso convencido.

— Amava. – Corrigiu Flori. – A partir do momento que você tentar me “roubar” de casa, ele vai te matar.

— Você acha? – Indagou apreensivo.

— Pode apostar.

— Então tenho que provar que minhas intenções são boas. Talvez tenha que pedir a sua mão a ele. – Murmurou.

— Eu não entendo porque tem que pedir a ele se a mão é minha. – Retrucou ela. – Além do mais, você não vai me pedir em casamento dessa forma medonha, Black. – Disparou. – Eu quero tudo o que uma garota tem direito: ser pega de surpresa, o noivo ajoelhado, segurando o anel, lágrimas e toda essa breguice.

Sirius revirou os olhos.

— Fala sério. Assim eu até perco a vontade.

— Bom, então nesse caso é melhor eu procurar outro candidato a marido. – Sentenciou Flori.

— Rá! Boa sorte! Como se existisse alguém melhor do que eu.

Flori suspirou.

— Eu sempre me esqueço de que somos três nessa relação: eu, você e o seu ego gigante.

— Saiba que ele a ama tanto quanto eu. Isto é, depois dele mesmo, é claro. – Consertou Sirius, em meio a uma risada, deixando a garota aborrecida.

O casal continuou com alfinetadas do tipo no decorrer da tarde e mesmo não tendo tocado mais no assunto, Flori se sentia muito mais leve. Ainda que não soubesse o que o futuro lhes reservava, sentia-se muito mais confiante agora que sabia que teria Sirius ao seu lado.


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