Flowery lungs escrita por Liudi


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hello people!

Parece que está se tornando uma tradição postar uma one as vésperas de um evento importante da minha vida. Minha criatividade aflora de um jeito nessa épocas que chega a ser pecado não aproveitar pra escrever (provavelmente esse foi o jeito que meu cérebro encontrou para eu não surtar tanto).

Tentei fazer essa meio angst mas acho que falhei, sou rendida demais para fazer esses dois sofrerem, me julguem.

Espero que gostem, fiz com carinho. Boa leitura.



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  A tosse começou dois dias depois que ela se deu conta de tudo.

  Estava perdida em seus pensamentos completamente confusos. Se perguntava porque ele e porque agora.

  Tudo bem que ela e Poseidon já não brigavam havia um tempo, havia agora entre eles uma coexistência pacífica e em alguns momentos até amigáveis. Ela tentava entender o porquê de seu cérebro desenvolver aqueles sentimentos.

  Ele era bonito sim, todos eles eram, e também tinha certo charme. Contudo, o que realmente chamou a atenção de Atena foi sua mente.

  Poseidon tinha uma mente muito afiada, ele e a deusa da sabedoria conseguiam passar horas conversando sobre tudo e qualquer coisa sem se cansar um minuto sequer.

  Ela se viu gastando cada vez mais tempo ao lado dele e até mesmo sentindo sua falta quando ele não estava por perto.

  Entretanto, mesmo que ele correspondesse seus sentimentos algo entre os dois não poderia acontecer. Ambos tinham deveres à cumprir, Atena com seu juramento e Poseidon com a sua esposa.

  Então a única coisa adequada a ser feita era esquecer de uma vez por todas aquela história.

  Infelizmente ela receberia o pior dos lembretes. Atena estava em seu quarto quando aquilo aconteceu pela primeira vez.

  A biblioteca e seu escritório eram áreas proibidas já que Poseidon sempre passava por lá e a deusa agora precisava evitá-lo a todo custo.

 Estava tudo perfeitamente bem e então veio o primeiro acesso de tosse, aquilo por si só já era incomum. Deuses não ficavam doentes nunca.

 Entretanto, o que aconteceu depois foi ainda mais lhe surpreendeu.

 Na mão em que Atena havia usado para cobrir a boca repousava agora uma pétala de branca.

  Atena não se desesperou de imediato, ainda não entendia o que estava acontecendo e também não achou que aquilo aconteceria novamente.

  Mas aconteceu e as pétalas estavam ficando cada vez maiores. A primeira era do tamanho de um grão de arroz entretanto agora já estavam do tamanho de um bago de uva.

  Intrigada e assustada decidiu pesquisar o que era. Depois de duas noites sem dormir encontrou apenas uma breve menção em um livro muito, muito antigo.

 

Doença de Hanahaki

  Essa doença atinge pessoas que não tem o amor correspondido, fazendo assim com que elas sufoque perdendo o ar até a morte.

  Quando se está com essa doença a pessoa tosse pétalas de flores, posteriormente, flores inteiras. Até chegar ao estágio do buque que tem leva a morte. Há quem diga que a pessoa possa virar um jardim inteiro.

  O livro caiu de sua mão batendo no chão com um baque surdo.

  Atena encarou o nada muito atordoada. Aquilo não poderia ser verdade, poderia?

  Ela decidiu então que precisava de uma segunda opinião, nesse caso especifico a da deusa do amor.

—-

    — Não, não. — Afrodite balançou a cabeça desesperada depois de ver Atena tossir as pétalas em sua frente.

  Agora a cada acesso de tosse Atena cuspia mais de uma. Ela estava piorando muito rápido.

    — Por favor me diga que há uma chance de cura além das sugeridas ai. — Atena suplicou também desesperada.

  O rosto de Afrodite caiu em pesar.

    — Eu receio fortemente que não. — Encarou Atena com uma pena genuína. — Não há nada que possa ser feito sem você contar pra ele, é isso ou a morte.

    — Eu não posso contar a ele.

    — Você não só pode como deve. É direito dele saber.

    — E se eu contar e ele não me corresponder? Morrerei do mesmo jeito, só que bem mais humilhada.

    — Você só saberá se contar pra ele.

    — Não, eu já disso que não. Eu darei outro jeito. E você não contará nada a ninguém.

    — Ah, eu não vou é? — cruzou os braços de forma presunçosa.

    — Não vai mesmo. E sabe o porquê? Você me deve. Eu te ajudei a escapar da armadilha de Hefesto aquele dia então você vai jurar pelo Estige não dizer nada ou quer que eu vá falar com Hefesto? — Atena tinha as mãos na cintura e encarava a deusa do amor de forma muito séria.

    — Você não faria...

    — Quer pagar pra ver? — Seus olhos demonstravam, uma determinação tremenda.

    — Ok — ergueu as mãos em rendição — eu juro pelo Estige que não direi nada.

  Atena saiu feito um furacão pela porta deixando Afrodite muito insatisfeita pra trás.

  A deusa do amor jurou por si mesma que não deixaria Atena levar seu plano louco a diante. Afinal, ela não era a deusa do amor por nada.

—-

  Atena praticamente corria em direção ao seu quarto. Agora que os acessos de tosse estavam piores ela estava se isolando ainda mais.

  Não queria que ninguém visse aquilo e pedisse explicações. Aquilo era seu problema para resolver, não precisava da interferência alheia.

  Sua linha de raciocínio foi interrompida quando trombou violentamente em alguém.

  Se não fosse a pessoa em questão segurá-la pela cintura ela teria indo de encontro ao chão.

    — Nossa que pressa. Vai tirar o pai da forca?

  Ao ouvir aquela voz os olhos da deusa se arregalaram, havia trombado com quem mais queria evitar.

  Ergueu seus olhos devagar e lá estavam aqueles olhos incrivelmente verdes que lhe encaravam de forma profunda.

  Atena tinha suas mãos nos braços musculosos dele que irradiavam um calor muito acolhedor.

  Seus olhos vagaram pela parte de cima do corpo dele. Dos cabelos sempre revoltos, ao maxilar proeminente e finalmente os lábios que pareciam extremamente beijáveis.

    — Atena. Está tudo bem?

  Poseidon trouxe Atena de suas divagações.

    — Ah sim. Claro. Porque?

    — Eu te provoquei e você não me respondeu. — Tocou a testa dela gentilmente com as costas da mão. — Eu acho que acertei. Sua temperatura está meio alta.

    — Eu já disse que estou bem. — Se desvelhenciou dele rapidamente.

  Tudo o que não precisava naquele momento era de Poseidon, justo ele, na sua cola.

    — O que você tem? Anda sumida e está agindo muito estranho.

    — Eu não tenho nada e mesmo que tivesse algo não seria da sua conta. Pode por favor me deixar passar? Ao contrário de certas pessoas eu tenho muito mais o que fazer do que importunar os outros.

  Poseidon se afastou chocado. Não via tamanha arrogância para com ele a muito tempo.

  Ficou olhando ela se afastar enquanto tentava entender o que tinha feito a ela.

—-

  Atena se encostou atrás da porta fechada de seu quarto buscando recuperar seu fôlego.

  Sentia seu peito pesado e estava ficando cada vez mais difícil respirar. Ela sabia que seu tempo estava acabando então precisava pensar em algo o mais rápido possível.

—-

  Acordou horas depois. Tinha dormido sentada atrás da porta. Seus músculos estavam rígidos e apesar de estar suada sentia frio.

  Demorou um tempo até ela ter forças pra se levantar e quando ela conseguiu um acesso de tosse a deixou tão tonta que ela quase caiu.

  Estava muito desorientada. Que horas eram mesmo?

  Parecia ser fim de tarde, porém seu corpo parecia ter dormido mais do que algumas horas.

  Alguém bateu na porta fazendo sua cabeça latejar com o barulho.

    — Quem é? — A rouquidão em sua voz lhe deixou assustada.

    — Afrodite. Posso entrar?

    — Não. O que você quer?

    — Vim te buscar. Está na hora quase na hora do jantar em família.

    — Espera, como assim? O jantar é daqui a dois dias.

    — Não. O jantar é hoje. Você que está sumida a dois dias.

    — Droga, droga, droga. — Murmurou se esbarrando pelo quarto muito agitada.

    — Você tá piorando não tá? Pelos deuses, porque você não pode escolher a droga do caminho mais fácil uma só vez na eternidade?

  Antes de Afrodite resmungar mais a porta se abriu, então ela entrou.

    — Caramba Atena. Você está horrível.

    — Como se eu não soubesse. Preciso da sua ajuda.

    — Eu estou vendo. Felizmente nada é impossível para essa deusa do amor. Poseidon não vai nem ver o que o atingiu.

    — Não, assim. — Mal terminou de falar e sua tosse começou.

  Seu corpo se sacudia enquanto pétalas e mais pétalas surgiam. Por causa da tosse acentuada acabou vomitando também mesmo não tendo nada no estômago.

  Atena encarou a flor inteira caída no chão. As pétalas brancas estavam manchadas de sangue. Quanto tempo tinha até expelir um buquê inteiro ou morrer tentando?

  Estava assustada, muito assustada.

  A morte sempre foi um conceito muito abstrato para todos eles. Eles eram maiores que aquilo. Somente seres insignificantes se abalavam com uma coisa como aquela.

  Atena se perguntou se estava pronta para desistir de toda a sua existência por culpa de um simples sentimento.

  Ela era uma guerreira afinal, a melhor delas e que jamais fugia de uma batalha. Coragem era algo tão enraizado em si quanto o sangue que corria em suas veias.

  Sentia-se boba por se acovardar perante um sentimento.

  Muitos subjugavam o amor como uma coisa desnecessária, como uma fraqueza. Atena não. Ela entendia plenamente a força daquele sentimento. Somente um tolo subjugaria a força do amor.

  E era por isso que ela era tão cautelosa com ele.

  Durante os séculos ela viu tudo ao que as mulheres foram submetidas, muitas vezes em nome do amor e foi por isso que ela fez seu juramento.

  Sabia que no momento em que deixasse o sentimento interferir em suas ações aquele seria seu fim.

  E então ela se encontrou naquela situação.

  Valia a pena ir contra tudo aquilo que acreditava para se manter viva? E se Poseidon não sentisse o mesmo? A morte doeria mais do que seu orgulho ferido?

  Ela tinha que admitir que durante todo aquela semana tinha pesquisado e tentando tudo o que podia para parar a maldita doença mas não havia mais o que fazer.

  Ou falava com Poseidon de uma vez ou aceitava sua morte de bom grado.

    — Você precisa tentar e se não der certo pelo menos você tentou.

  Atena se assustou com o toque repentino.

    — Você é a deusa do amor. Me pouparia o tempo que não tenho se pudesse me dizer os reais sentimentos dele.

    — Não é assim tão fácil. Você e ele são os dois mais complicados nesse quesito. Poseidon aprendeu a camuflar o que sente tão bem quanto você.

    — Então seus poderes não funcionam?

    — De certa forma. Eu preciso estar próxima dele. Infelizmente ele tem fugido de mim a cada oportunidade que tem. Dada a minha experiência eu tenho certeza de que significa algo, sem contar que ele demonstrou um interesse incomum em você nessa semana.

  Atena ponderou aquilo pelo resto do tempo em que passaram a arrumando.

  Afrodite não tocou mais no assunto. Sabia muito bem que se empurrasse demais Atena se fecharia e era de conhecimento comum que a deusa só fazia o que queria.

  No fim aqueles dois se mereciam, aqueles dois teimosos.

  Afrodite teve mais trabalho para camuflar as densas olheiras de Atena do que o resto.

  Então antes da hora do jantar as duas já estavam a postos no grande salão.

  Aquilo estava chique demais para um simples jantar em família. Atena não deu muita bola, desconfiava que sua família jamais iria aprender o real significado da palavra simples.

  Vasculhou o salão com o olhar a procura dele. Precisava fazer aquilo antes que sua coragem acabasse.

  Se desanimou um pouco ao ver que Anfitrite estava com ele.

  Estranhou a situação. Ela quase nunca ia ao Olimpo, se estava ali algo importante estava para acontecer.

  Poseidon encontrou seu olhar então veio todo animado em sua direção. Atena até pensou em recuar. Felizmente Afrodite, que estava atrás dela não deixou e ainda a empurrou na direção dele.

    — Afrodite, Atena. — Cumprimentou relaxadamente.

    — Olá Poseidon. Apolo está me chamado. Vejo vocês depois. — Sorriu satisfeita para os dois antes de se retirar rapidamente.

  Atena não teve nem tempo de protestar antes de ser deixada sozinha com Poseidon.

  Os olhos verdes a encaravam. Viu mais de uma vez eles dançaram sobre seu corpo. Poseidon estava compenetrado em sua análise. Quando não encontrou nada de alarmante na postura dela ele finalmente relaxou.

    — Você parece melhor hoje. — Tocou gentilmente o braço dela.

    — Eu nunca estive mal para começar. — Rebateu no automático.

  Se repreendeu mentalmente quando o sentiu recolher o toque.

  Belo começo Atena.

     — Não foi o que pareceu. Todos notaram você — demorou a encontrar a palavra — diferente essa semana. Só ficaram cabulados demais para perguntar já que você entra na defensiva e só falta nos bater quando insinuamos minimamente que há algo de errado.

    — Eu já disse que não há nada de errado. — Praticamente rosnou.

  Poseidon apenas ergueu a sobrancelha como se disse ‘O que foi que eu falei?’ ao mesmo tempo que sua consciência a chamava de mentirosa descaradamente.

  Percebendo alguns olhares sobre os dois, principalmente o da esposa dele, Poseidon a puxou para um canto mais privado antes de continuar a conversa.

    — Você sabe que pode me dizer qualquer coisa não é mesmo. Eu prometo que não vou te julgar, talvez até consiga te ajudar mesmo não tendo uma mente não brilhante quanto a sua. — Brincou no final tentando diminuir o peso de sua declaração.

  Poseidon não entendia muito bem o que sentia por Atena. Só sabia que mesmo sendo um sentimento novo também era bem forte.

  Entretanto, não era nem a intensidade que o assustava. Sabia muito bem que era temperamental.

  Ser intenso era parte da sua natureza, algo ao qual não era capaz de dissociar sem perder quem ele era.

  Já estava acostumado. Amar era só uma das coisas que fazia com intensidade. E mesmo se não dava certo, quase todas as vezes, ele não se arrependia, afinal tinha dado tudo de si.

  O que o preocupava mesmo era em como Atena iria reagir.

  Atena era o oposto de si. Raríssimas eram as ocasiões em que deixava suas emoções vencerem. Mesmo assim ele foi paciente e foi recompensado por isso. Nos últimos meses havia progredido de tal forma que agora os dois possuíam de fato uma relação.

  Não era amorosa, ainda não. Mas se encaixava como uma camaradagem. Atena estava mais aberta com ele, ele via como sua máscara caia (minimamente, mas cada pedacinho de autenticidade que ele conseguia arrancar dela era uma vitória) e ele não poderia ficar mais feliz.

  Mas o que tinham não era o suficiente. Seu corpo precisava de mais. Mais proximidade, mais carinho, mais afeto, mais amor.

  Se viu cada vez mais contendo seus toques e carícias com um medo genuíno de assustá-la e assim perderem tudo o que já tinham conquistado.

  E então aquela semana chegou e ele viu todo seu progresso indo por água abaixo. Além de ter se fechado ela estava estranha, quase como se estivesse doente.

  E mesmo sabendo que aquilo era impossível ele não deixava de ficar preocupado.

  Sabia que Atena era mais do que capaz de lidar com qualquer coisa, entretanto queria muito estar ali para ela. Com muita coragem se aproximou ainda mais. Uma de suas mãos foi parar na cintura dela e a outra em seu cotovelo.

  E então ele a abraçou. Timidamente de início, mas quando ela não fez nenhum esforço para se soltar ele a apertou mais.

  E de repente tudo sumiu. Naquele instante tudo era deles.

  Ambos os corações descompassados não sabiam no que focar primeiro. Se era no cheiro do outro, em como eles se encaixavam. Era um turbilhão de sensações, mas a mais proeminente delas era conforto.

  Aquilo também os deu esperança.

  Com a coragem renovada ambos sentiram que poderiam finalizar o que pretendiam fazer naquela noite.

  Atena se soltou de forma brusca e Poseidon ficou sem entender nada. Ela se virou de forma rápida segundos antes de mais um ataque de tosse.

  Quando Poseidon tentou interferir totalmente preocupado ela o afastou com seus poderes.

    — Eu sabia que você não estava bem. Por favor me deixa te ajudar. — Pediu ele tentando desfazer a barreira que ela havia posto entre eles.

  E então tão repentino quando começou aquilo terminou.

  Atena fez as duas flores sumirem rapidamente. No momento que a barreira caiu ele tentou se aproximar mas ela sumiu.

  Com muito esforço ela conseguiu chamar Afrodite sem chamar atenção dos outros. A deusa do amor a ajudou a refazer a maquiagem e olhava para Atena de forma cada vez mais preocupada.

  Nem mesmo sua super maquiagem conseguia disfarçar que havia algo errado.

    — Você falou com ele?

    — Não sobre isso. Não consegui chegar no assunto.

    — Você tá cada vez pior, estamos sem tempo. Acredito que seu prazo limite seja hoje.

  Outro acesso de tosse se fez presente para provar seu ponto. Vinte minutos e três flores depois Atena estava pronta novamente.

  Seus músculos do tronco protestaram veemente quando ela se levantou. Seu peito agora tinha um chiado incômodo que não a deixava respirar sem fazer barulho, entretanto sua determinação venceu. Ela precisava estar naquele jantar.

  Quando voltaram ao salão Poseidon não estava mais lá, nem ele, nem a esposa e nem Hera.

  Ele havia esperado por Atena pois queria contar tudo antes de fazer o que tinha que ser feito e então ela sumiu e seu tempo estava se esgotando. Tinham somente aquela noite em específico para realizar o ritual que daria fim ao seu casamento.

  A muito as coisas entre ele a esposa já não estavam boas. Mas foi quando ela começou a se aproximar de Atena é que tudo piorou de vez.

  Anfitrite logo notou e embora Poseidon negasse ao máximo foi por Atena que chegaram a aquela decisão. Já não havia amor entre eles a muito tempo, apenas carinho e mesmo estando plenamente conscientes daquilo nenhum dos dois nunca chegou a sequer cogitar o assunto divórcio.

  Mas então, um dia Poseidon foi ao Olimpo e voltou sorridente. No momento em que o ouviu mencionar Atena sem fazer nenhum comentário espirituoso ela soube que o tinha perdido.

  E estava tudo bem.

  E então estavam ali. Com seu quase ex-marido agoniado que olhava para todos os lados como se procurasse alguém.

  Quando o ritual se encerrou e a aliança em seu dedo se partiu libertando-os da promessa feita a tantos éons atrás ela foi rapidamente abraçada enquanto ele agradecia e se desculpava por tudo antes de sair às pressas da sala.

  Ela sabia exatamente para onde ele iria então desejou de coração que ele fosse feliz.

—-

  Quando voltou à sala de jantar encontrou tudo abandonado as moscas. Apenas Afrodite estava ali, ela o esperava.

    — Onde está Atena? — Perguntou afobado. Pouco lhe importava onde os outros estavam.

  Atena era tudo o que lhe importava no momento.

  Afrodite deu seu sorriso mais satisfeito sabendo que o coração dele estava no lugar certo. Enquanto o guiava pelos corredores explicou a situação, mas nada o preparou para o que ele iria encontrar.

  Ali, deitada sobre a maca com lençóis brancos Atena parecia minúscula, tão diferente de sua presença imponente habitual.

  Eles entraram bem no meio de um dos acessos de tosse.

  Atena estava ocupada demais tossindo várias e várias flores para perceber o moreno entrando e Afrodite saindo com seu pai de arrasto de lá.

    — Vai ficar tudo bem, eu estou aqui agora.

  Atena deu um pulinho ao ouvir a voz dele. Ainda lhe era estranho ouvi-lo direcionar tanto carinho a ela, porém seria um prazer enorme se acostumar a aquilo.

    — Eu preciso te dizer uma coisa. — Sua garganta parecia em carne viva depois de tanto tossir.

    — Eu também. Me deixa começar, me deixe começar. Prometo que serei rápido – ela assentiu e então ele continuou — Eu acho que esse é o dia mais louco da minha existência. Eu me divórcio e então descubro que a pessoa por quem eu estou apaixonado está prestes a morrer, por pura teimosia. Tinha que ser filha do seu pai pra ser tão dramática. Eu te amo Atena. – Acariciou o rosto dela de leve. — E eu não sei o que faria da minha vida sem você. O que eu sinto por você é tão grande que as vezes eu acho que vai me comer vivo. Eu me recuso te perder agora que finalmente podemos ficar juntos.

  As lágrimas escorreram dos olhos de Atena, ela estava salva, mas ela não teve muito tempo para pensar nisso. Seus lábios logo foram tomados pelos dele iniciando uma dança lenta e constante.

  Seria mentira se Atena dissesse que jamais havia imaginado como seria beijá-lo. Entretanto nada a preparou para aquilo. Era muito melhor que sua imaginação.

  Sentiu o ar se esvaindo de seus pulmões, seu pulso completamente acelerado, seu mundo fora de foco e teve certeza que nada havia a ver com a doença.

    — Funcionou? — Poseidon perguntou abestalhado.

  Atena riu de forma gostosa. Sua respiração estava descompassada, isso era verdade. No entanto Atena sentia-se leve de uma forma a qual nunca imaginou poder sentir.

    — Não sei — fingiu pensar um pouco — Talvez eu precise de mais alguns beijos para ter certeza.

    — Te beijarei pela eternidade se for preciso. — Falou sério acariciando o rosto dela antes de beijá-la outra vez.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?



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